Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Mateus 15:1–9

Nesta passagem, a palavra “anciãos” (ARC, a versão NVI a traduz com a expressão "líderes religiosos") não se refere àqueles que ocupavam uma posição oficial na sinagoga; antes, ela se refere aos antigos, aos grandes especialistas na Lei de outrora. Suas regras e tradições foram transmitidas de forma oral, até que, finalmente, no terceiro século depois de Cristo, foram postas por escrito, formando uma obra conhecida como a Mishná. Considerava-se que essas tradições expressavam a essência do serviço de Deus. Foi assim que a religião ética foi enterrada sob uma pilha de tabus e regras.

1. Qual teria sido o propósito desses fariseus e escribas, os quais tinham vindo de Jerusalém para ver Jesus na Galiléia (vide Marcos 7:1 e ss.)?

2. De acordo com este relato, qual era o seu foco? Os ensinamentos de Jesus? Seu poder milagroso? Sua forma de vida? Ou algo mais?

3. Você acha que os corações desses fariseus e escribas estavam no lugar certo? Por que ou por que não?

4. Por que era tão perversa era a forma em que, por meio de sua tradição, tinham invalidado a ordem de Deus de honrar seus pais, como Jesus lhes mostrou?

5. Você consegue pensar em três “tradições” ou “regras” parecidas com as dos fariseus que existem em igrejas de hoje que afirmam acreditar na Bíblia? Como essas igrejas tentam justificar essas tradições?

6. Qual foi o veredicto que Jesus deu nos vv. 7-9? Por causa disso, o que aconteceu com o louvor e os sacrifícios que eles tinham apresentado a Deus?

7. Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?



Reflexão meditativa
Deus primeiro, depois a família ...

“Se você já foi exposto ao ensinamento cristão de nossa cultura por algum tempo, você já deve ter ouvido sobre o conceito de hierarquia de prioridades. De acordo com essa hierarquia, você deve colocar Cristo em primeiro lugar em sua vida, seu casamento e família em segundo lugar, sua igreja em terceiro lugar, as pessoas em quarto lugar, etc. A sequência das prioridades se torna muito menos precisa e organizada depois do número dois ou três, mas acho que já deu para entender como o conceito funciona. Deus e a família estão no topo da lista, e o trabalho nunca aparece numa posição superior à do número três ou quatro." (D. Sherman e W. Hendricks, Seu trabalho é importante para Deus)

Eu concordo com o questionamento que Sherman e Hendricks fazem sobre se a Bíblia realmente ensina tal hierarquia. Os fariseus estavam usando esse tipo de crença numa hierárquica para invalidar o mandamento sobre o dever de honrar os pais, com o pretexto de dar prioridade a Deus. Foi por isso que Jesus os repreendeu em Mateus 15.

Em Sua resposta à pergunta sobre qual é o grande mandamento, Jesus esclarece que na realidade não há nenhuma hierarquia: “‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento'. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo'." (NVI-PT). (Mateus 22:37-39)

Talvez você esteja pensando, "Mas não é certo que ao dizer isso Jesus estava colocando Deus em primeiro lugar e as pessoas em segundo lugar?"

Pois bem, precisamos entender o seguinte:
1. Estas palavras de Jesus foram ditas em resposta à pergunta sobre qual é o maior mandamento, não quais são os dois maiores mandamentos.

2. A resposta de Jesus não termina com o versículo 39 incluída acima; continua no versículo 40, na qual Jesus enfatiza que "destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas". Isso significa que nenhum desses dois mandamentos pode existir de forma independente, mas que ambos juntos formam a base de todos os mandamentos.

3. Todas as Escrituras nos mostram claramente que nosso amor a Deus é demonstrado principalmente pela forma em que amamos e tratamos as pessoas. “Pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (NVI-PT). (1 João 4:20)

É por meio dos nossos relacionamentos em família e de nossa vida na igreja, no trabalho, na escola ou em nossa comunidade que expressamos o nosso primeiro amor pelo Senhor. A razão pela qual cuidamos das pessoas e focamos nelas é precisamente porque amamos o Deus que ama as pessoas. Ele nos deu tanta prioridade que até sacrificou o Seu próprio Filho para que pudéssemos ter a vida eterna.

Watchman Nee entendia isso muito bem. Ele escreveu seu famoso hino, "Deixe-me amar", cujas últimas linhas são estas: "Concede-me que eu chegue aos meus últimos dias buscando agradar aos outros." Ninguém acusaria Watchman Nee de buscar agradar somente às pessoas. Todos estariam de acordo em que Watchman Nee colocava Deus em primeiro lugar em sua vida. Mas essas últimas palavras de sua canção revelam claramente sua compreensão de que, ao colocar Deus em primeiro lugar, ele se humilharia para buscar o bem dos outros que estavam ao seu redor.

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Mateus 15:10–20

1. Parece que os discípulos estavam mais preocupados em não ofender os fariseus. Por quê? Será que os corações dos discípulos estavam no lugar certo?

2. Por que Jesus chamou os fariseus de condutores cegos? Deus os tolerará?

3. De que forma nós também podemos ser condutores cegos?

4. Parece que Jesus perdeu a paciência ao escutar a pergunta de Pedro no v. 16. Por quê? (Será que Pedro ainda estava tentando justificar a pergunta que ele tinha feito no v. 12?)

5. A essência do que Jesus quis dizer com essa declaração é que a comida não pode contaminar ninguém; isso está em desacordo com a lei levítica que faz uma distinção entre alimentos limpos e alimentos impuros (vide Lev. 11). No entanto, Jesus também faz a declaração de que não veio para abolir a lei, mas para cumpri-la (Mt 5:17). Como você pode reconciliar ambas declarações de Jesus à luz de 2 Coríntios 3:6?

6. Você consegue suportar uma pessoa que come sem lavar as mãos? Na próxima vez que isso acontecer, o que você deve fazer?

7. Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Deixe-me amar

Na Reflexão Meditativa de ontem citei uma frase do autor Watchman Nee. Hoje eu lhe convido a refletir sobre as palavras da seguinte canção escrita por ele. Esta canção já teve um grande impacto nas vidas de inúmeros crentes. (Observação: Eu prefiro a minha própria tradução mais literal da última linha desta canção: "Concede-me que eu chegue aos meus últimos dias buscando agradar aos outros".)

(Consulte a versão bilíngue desta lição.)



Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Mateus 15:21–31

1. Por que Jesus escolheu ir para a região predominantemente gentia de Tiro e Sidom se Ele tinha sido enviado somente para as ovelhas perdidas de Israel? (É certo que Ele só foi enviado a Israel?)

2. A mulher cananéia também o chamou de "Filho de David". O que isso nos ensina sobre a mulher e sua compreensão de quem era Jesus?

3. Por que Jesus escolheu ficar em silêncio, e qual foi o efeito que essa ação teve nos discípulos, a julgar por suas palavras? (O que eles querem dizer com a expressão "Manda-a embora"? Essas são palavras de compaixão e intercessão ou palavras de irritação?)

4. Por mais duras que as palavras de Jesus no versículo 26 possam parecer (trata-se provavelmente de um provérbio judaico humilhante que refletia a atitude dos discípulos, os quais provavelmente disseram "amém" em seus corações), reflita sobre esta declaração e pense sobre o que ela mesma afirma sobre quem Jesus é e o que Ele pode fazer.

5. Em vez de se sentir insultada, a mulher assumiu de bom grado a analogia do cachorro. Para além de seu desespero (seu desejo de ver a sua filha curada), que tipo de fé foi a que ela mostrou, uma fé que era tão diferente da dos judeus da época — ela tinha uma fé no poder de Deus ou uma fé no coração de Deus? Ou algo mais?

6. Quando terminou este encontro, o que a mulher tinha aprendido sobre Jesus?

7. O que os discípulos tinham aprendido sobre Jesus?

8. Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?


Reflexão meditativa
Deus pode e Deus quer

Jesus elogiou esta mulher cananéia que tinha "grande fé". (Mat. 15:28) Tenho refletido muito sobre a razão pela qual ela tinha uma fé tão grande.

Embora ela fosse uma gentia, ela de alguma forma já reconhecia que Jesus era o Filho de Davi, que Ele era o Messias de Israel. E embora ela também tenha reconhecido Jesus como Deus, Ele teria sido um Deus estrangeiro para ela.

Apesar disso, ela pediu a Jesus que a curasse. Isso em si foi o ato de uma fé extraordinária.

Mas Jesus estava determinado a testar ainda mais a sua fé, e usou palavras tão duras que têm surprendido todos os leitores da Bíblia ao longo dos séculos. Mas a chave para entender que Jesus de forma alguma estava sendo áspero com ela é a declaração que fez aos discípulos: "Eu fui enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel". Se isso fosse verdade, por que Ele teria escolhido passar um tempo nas cidades gentias de Tiro e Sidom? Sabemos com certeza que Jesus foi enviado para salvar toda a humanidade. Mas apesar disso, nenhum dos discípulos questionou Sua declaração. Parece que essa declaração só serviu para reforçar os preconceitos que eles já tinham contra os gentios. Isso foi demonstrado claramente nos primeiros capítulos do livro de Atos. Foi muito difícil para eles acreditarem que os gentios podiam ser salvos e receber o Espírito Santo, assim como os judeus.

Embora Jesus tenha fingido ser como os outros judeus “que falavam com uma insolência arrogante sobre os 'cães gentios' ” (Barclay), a mulher aceitou de bom grado o insulto e continuou insistindo com o seu pedido; o resultado de suas ações foi que Jesus a elogiou por sua grande fé.

Sua fé de fato era grande, pois além de ter fé no poder de Jesus para curar, sua perseverança mostrava que ela também tinha fé na Sua compaixão. Ela conhecia o coração de Deus. Sabia que se Jesus era Deus, ele certamente teria compaixão dela. Sua fé no amor de Deus não vacilou, nem mesmo depois de escutar o comentário aparentemente indelicado de Jesus.

De fato, pode até ser mais fácil confiar no que Deus pode fazer; é muito mais difícil confiar que Ele o fará, principalmente quando o tempo vai passando e parece que Deus não se importa, ou inclusive, como no caso desta mulher, parece que Deus se tornou hostil para conosco. Mas esta mulher cananéia acreditava em ambas as coisas: Deus pode fazê-lo e o fará.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Mateus 15:32–39

O entorno, o local e outros detalhes deste relato são tão diferentes do que encontramos no relato da alimentação dos 5.000 no capítulo 14 que os dois relatos não podem se referir ao mesmo evento. Aliás, Marcos diz claramente em Marcos 8:19-20 que foram dois eventos distintos.

1. Quão faminta estava a multidão? Por que Jesus ainda não tinha feito nada? O que Ele poderia ter feito nos três dias anteriores?

2. Por que é tão especial o fato de Jesus ter mencionado especificamente as circunstâncias nas quais se encontrava a multidão?

3. Como você pode imitar o Senhor com respeito a isso?

4. Se você fosse um dos discípulos e já tivesse testemunhado a alimentação dos 5.000, qual teria sido sua resposta a Jesus?

5. Em comparação com a primeira multiplicação, quantos pães e peixes a multidão tinha desta vez? O que podemos aprender com sua resposta no versículo 33?

6. Você ainda lembra da maior libertação que já experimentou? Se acontecer novamente (ou uma situação semelhante), você confiará em Deus imediatamente, sem hesitar, sem reclamar e sem nenhuma preocupação? Por que ou por que não?

7. A maioria dos comentaristas minimiza a importância do fato de Mateus ter usado termos diferentes para se referir aos doze cestos e aos sete cestos. No entanto, ambos os relatos revelam que houve sobras. Qual seria a importância dessa observação?

8. Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Quem está corrompido?

Não há dúvida de que o surgimento da abordagem histórica e gramatical da exegese tem enriquecido a nossa compreensão das Escrituras; no entanto, ao mesmo tempo, tem aberto o caminho para os céticos colocarem em dúvida a verdade da inspirada Palavra de Deus. Infelizmente, esses céticos não estão mais somente no meio liberal; também estão presentes no meio evangélico.

Um exemplo disso é a forma em que interpretam o milagre da alimentação dos 4.000 em Mateus 15. Lenski lamenta que “alguns intérpretes modernos consideram que os relatos das duas alimentações das multidões se referem em realidade ao mesmo evento. O problema é que existem diferenças quanto à hora, o local, o número daqueles que foram alimentados, o número de pães, de peixes e de cestas cheias de sobras”. (Lenski, Mateus, 602)

Na minha opinião, a evidência mais forte com relação à isso é o fato de Marcos ter deixado muito claro em Marcos 8:19-20 que se trata de dois eventos diferentes.

O estudo da língua original e dos contextos cultural e histórico dos tempos bíblicos é uma disciplina importante para nós que vivemos numa época tão distante daquela; nos permite ter uma compreensão mais profunda e precisa dos ensinamentos, narrações, parábolas e profecias que foram inspirados pelo Espírito Santo por meio de autores que os puseram por escrito. Mas todas estas pesquisas acadêmicas devem ser realizadas com uma atitude de humildade e fé — humildade, para não chegarmos ao ponto de criticar a Palavra de Deus, mas que qualquer informação que descobrirmos mediante a nossa sabedoria humana seja avaliada pela Palavra de Deus; fé, porque cremos que os autores das Escrituras foram inspirados pelo Espírito Santo e que, portanto, "nem a menor letra, nem o menor traço de caneta desaparecerá de forma alguma" da Palavra de Deus, e que nada poderá ser adicionado à Bíblia ou eliminado dela. (Mateus 5:18; Apocalipse 22:18-19)

Infelizmente, enquanto os estudiosos da Bíblia e os professores continuarem a ostentar a sua sabedoria cética com relação às Escrituras nos seminários e nos púlpitos, a primeira coisa que pensarão muitos cristãos leigos ao encontrarem trechos das Escrituras que parecem difíceis de entender ou ilógicas é isso: "Talvez a minha versão da tradução esteja incorreta", ou pior ainda, "Os manuscritos devem estar corrompidos".

Na minha opinião, a melhor atitude é aceitar as Escrituras assim como são. Embora eu ainda gaste todas as minhas faculdades intelectuais com a análise do conteúdo das Escrituras e com a consulta de recursos confiáveis e piedosos, também me humilho e oro ao Espírito Santo, o autor original: "Guia-me à Tua verdade." Na maioria das vezes, o Espírito Santo abre a minha mente para ver coisas que sempre estiveram aí sem que eu o percebesse. Mas às vezes continuo ignorante com respeito ao significado mais profundo da passagem; no entanto, até nisso tenho aprendido a agradecer a Deus, porque, no final das contas, Ele não é obrigado a me mostrar tudo o que eu gostaria de saber, somente aquilo que preciso saber.

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Mateus 16:1–12

1. Ao pedir um sinal, os fariseus estavam tentando pôr Jesus à prova. Com relação a que queriam pô-Lo à prova?

2. Jesus já havia feito muitos milagres. Por que eles pediram "um sinal do céu"? Do ponto de vista dos fariseus, em que sentido um sinal do céu seria diferente de qualquer dos milagres que Jesus já havia realizado? É correto fazer esse tipo de distinção?

3. Se Jesus tivesse dado a esses fariseus “um sinal do céu”, eles teriam crido nEle?

4. É óbvio que seu problema não era a falta de um sinal, nem mesmo a falta de compreensão quanto à sua interpretação. De acordo com Jesus no v. 4, qual era o verdadeiro problema? O que significam as palavras "geração perversa e adúltera"?

5. Embora seja óbvio que nos vv. 5-6 Jesus estava tentando dar um ensinamento concreto, como os discípulos o interpretaram?

6. Por que eles imediatamente relacionaram a declaração de Jesus sobre o fermento com o fato de eles não terem levado pão? Por que a resposta deles obteve uma repreensão tão severa por parte de Jesus, quem os acusou de ter “pequena fé”?

7. O que eles deveriam ter aprendido e entendido com os dois milagres, e por que Jesus lhes perguntou sobre as sobras?

8. Jesus os advertiu contra o fermento dos fariseus e saduceus. O que representa ou significa o fermento? Quais são os fermentos dos fariseus e saduceus?

9. Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A abordagem errada

É interessante ler os comentários de Jesus sobre a “pequena fé” dos discípulos em Mateus 16, os quais foram feitos pouco depois de Jesus ter elogiado a grande fé da mulher cananéia no capítulo 15.

Aconteceu que os discípulos tinham esquecido de trazer pão para a viagem. O discípulo que era responsável certamente se sentia mal por isso. Por isso, quando Jesus aproveitou a oportunidade para dar-lhes um ensinamento concreto - não para puni-los por sua negligência, mas para dar-lhes uma lição muito mais importante sobre o seu dever de se protegerem contra os ensinamentos dos fariseus e saduceus - eles se tornaram sensíveis demais e interpretaram as intenções de Jesus de forma incorreta.

Em vez de repreendê-los por sua atitude defensiva, Jesus os repreendeu por terem pouca fé. Acho que nisso há uma lição relevante que devemos aprender, especialmente quando se trata de ter uma compreensão correta de quais questões são as mais importantes no ministério do reino.

Jesus sempre foca o coração. Ele estava preocupado com o fato de que, não obstante os Seus ataques implacáveis contra os ensinamentos dos fariseus (cujo pecado era uma hipocrisia que se baseava na observância externa da lei) e dos saduceus (cujo erro consistia em sua obstinada rejeição da ideia da ressurreição), Jesus sabia que os erros desses dois grupos atuariam como o fermento, propagando-se até mesmo entre os Seus próprios seguidores. Vemos que Seu temor não era descabido, uma vez que a noção de salvação pelas obras e a dúvida sobre a ressurreição são duas das questões apologéticas mais importantes para o apóstolo Paulo. No entanto, a única coisa que preocupava os discípulos naquele momento era a possibilidade de Jesus ficar irritado com a sua negligência ao não terem levado pão.

O que realmente entristeceu  Jesus ao repreendê-los por sua pouca fé foi seu enfoque errôneo. Nenhuma necessidade material (seja o pão ou seja alguma outra coisa) deveria ser o foco de atenção de Seus seguidores. Nosso foco deve estar sempre nos assuntos do coração.

Se em nossa igreja ou em algum outro ministério cristão estamos gastando muito tempo e energia lidando com necessidades materiais ou outros problemas relacionados com isso (muitas vezes com o pretexto de que seja um assunto espiritual, quando na verdade é um assunto administrativo), estamos repetindo o erro dos discípulos.

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Mateus 16:13–20

Se você procurar nos mapas incluídos em sua Bíblia, encontrará a cidade de Cesaréia de Felipe ao norte do Mar da Galiléia. Esta cidade tinha sido ampliada e embelezada por Felipe, um dos filhos de Herodes (que governava esta região na qualidade de tetrarca), quem a chamou Cesaréia de Felipe em homenagem a César e a si mesmo (Lenski, COTNT, Mateus, 618). Os discípulos já tinham seguido Jesus durante um tempo considerável; tinham visto Seus milagres, ouvido Seus ensinos e testemunhado a feroz oposição dos fariseus. Já conheciam Jesus de perto. É neste capítulo (16:21 e ss.) que Jesus começa a revelar Seu plano final de sofrimento.

1. Em geral, quem as pessoas pensavam que Jesus era?

2. Teria sido uma grande honra ser considerado como Elias ou Jeremias . Por que isso não foi suficiente para Jesus?

3. Por que Jesus fez esta pergunta complementar: “E (neste contexto, a palavra grega traduzida "e" significa "mas") vocês? Quem vocês dizem que eu sou?" Qual é a importância da palavra "mas"?

4. Por um lado, é óbvio que a resposta de Pedro era correta; no entanto, era suficiente ele ter reconhecido Jesus como o Cristo (quer dizer, o Messias)? Porque não?

5. Em geral, o que as pessoas hoje dizem sobre a identidade Jesus? Em que aspectos eles têm razão? Em que aspectos eles estão errados e qual é a magnitude do seu erro?

6. E você? Quem você pensa que Jesus é?

7. A que Jesus atribuiu a resposta correta de Pedro? E a resposta de você? Como você obteve essa resposta?

8. Neste trecho, Jesus faz um trocadilho, uma vez que o nome "Pedro" significa "seixo", enquanto a palavra "pedra" se refere a uma rocha muito maior. Antes de tentarmos entender estes versículos, leiamos João 20:23, onde é evidente que Jesus não falou somente com Pedro, mas com todos os discípulos. Portanto, de acordo com esta passagem, tudo o que Jesus estava dizendo a Pedro, ele estava dizendo a ele como representante dos outros discípulos. Sendo esse o caso, o que ou quem estava sendo representado por Pedro?

9. Aqui, no versículo 18 encontramos a primeira vez que Jesus usou a palavra “igreja”, cujo significado original é “um grupo de pessoas que são chamadas”. Imagine que você fosse um destes discípulos que ouviu Jesus usar o termo "minha igreja" pela primeira vez:
a. Que imagem isso tinha evocado em sua mente?

b. Por que esse grupo de pessoas precisa ser edificado, quase como se fosse uma estrutura?

c. O que significa a palavra "rocha"? Por que esse "edifício" precisa de uma rocha? Uma vez que Pedro é só um representante, quem está incluido como parte desta rocha?

d. Quais são os desafios que essa “igreja” enfrentaria?

e. O que Jesus diz no v. 19 se refere à Sua autoridade ou a Sua função? Por quê?

f. Em última análise, quem e o que determinam qual será o destino eterno de uma pessoa, com relação ao perdão e à vida eterna?

g. Nesse sentido, o que são as "chaves" do Reino dos Céus?
10. De acordo com o que aprendemos no resto do Novo Testamento, como os discípulos usaram essas chaves?

11. De que maneira nós, a igreja, devemos continuar a usar essas chaves?

12. Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Quem liga e quem desliga?

Para nossa reflexão meditativa de hoje, deixe-me citar as próprias palavras de Calvino sobre o significado desta difícil passagem em Mateus 16:18-19:
“A essência desta declaração é que Cristo queria assegurar aos Seus seguidores a salvação prometida a eles no Evangelho para que pudessem esperá-la com a mesma segurança que eles teriam se o próprio Jesus descesse do céu e prestasse testemunho dela. Por outro lado, ele também queria aterrorizar os escarnecedores, para que não pensassem que seu escárnio dos ministros da palavra ficaria impune. Ambos os propósitos são extremamente necessários, uma vez que o inestimável tesouro da vida nos é mostrado em vasos de barro (2 Coríntios 4:7), e se a autoridade da doutrina não tivesse sido estabelecida dessa forma, a fé nela teria estado, em quase cada instante, pronto para ceder ...

“É uma grande honra sermos os mensageiros de Deus, cuja função é assegurar ao mundo a Sua salvação. A maior honra conferida ao Evangelho é a de ser declarado a embaixada da reconciliação mútua entre Deus e os homens (2 Cor 5 :20) Em suma, é uma consolação maravilhosa para as mentes devotas saberem que a mensagem de salvação trazida a eles por um pobre mortal foi ratificada diante de Deus. No entretanto, deixe os ímpios zombarem como quiserem da doutrina que é pregada a eles por ordem de Deus; um dia eles aprenderão a magnitude da verdade e seriedade da ameaça que Deus faz pela boca dos homens. Finalmente, que os mestres piedosos, confiados nesta garantia, sejam encorajados e que outros defendam com ousadia a graça vivificante de Deus, mas que não falem com menos ousadia contra os endurecidos escarnecedores de sua doutrina ...

“Mas dir-se-á que Cristo se dirige somente a Pedro. É verdade; Ele o faz porque só Pedro, em nome de todos, confessou que Cristo era o Filho de Deus, e só a ele vai dirigido o discurso, o qual se aplica igualmente aos demais. Além disso, não se deve desprezar a razão aduzida por Cipriano e outros, a saber, que Cristo falou a todos na pessoa de um homem, a fim de recomendar a união da Igreja."
(Trechos de Comentário de Calvin, Vol. XVI. pp. 294-296)

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Mateus 16:21–28

1. Em que sentido a resposta de Pedro sobre a identidade de Jesus é totalmente diferente da resposta dada por outras pessoas (além do papel que teve a revelação divina mencionada em Mateus 16:17)?

2. Embora a resposta de Pedro tenha sido boa e correta, o que ele pensava sobre o papel messiânico de Jesus e o que significava ser discípulos do Messias?

3. Mateus usa o verbo “repreender” para descrever as palavras de Pedro. Quem Pedro pensava que era?

4. Por que Jesus o chamou de Satanás? Em que sentido foi uma pedra de tropeço? O que significa a expressão "pedra de tropeço", de acordo com o versículo 23?

5. O que Jesus quis dizer com as palavras “vir após mim" (ARC)? Tente elaborar a definição mais precisa possível.

6. O que significam as seguintes frases?
a. "renuncie-se a si mesmo"

b. "tome sobre si a sua cruz"

c. "siga-me"

Você já fez tudo isso?
7. O que seguir a Jesus tem a ver com “salvar” e “perder” a vida? Ganhar o mundo inteiro necessariamente leva à perda da alma?

8. Qual seria o título mais apropriado para este trecho? Por quê?
a. O custo do discipulado (NIV)

b. A condição para seguir a Cristo (JB)

c. O caminho da cruz (TNIV)

d. Você consegue pensar num título melhor?
9. Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A orientação espiritual

Quando Randall Cunningham, o famoso zagueiro, estava pensando em se juntar à uma equipe de futebol, ele procurou o seu pastor para saber sua opinião. Numa entrevista alguns anos depois, esse mesmo pastor disse o seguinte: "Ele pediu orientação à pessoa errada".

Admiro a honestidade e humildade deste pastor, e espero que todos nós que somos pastores, especialmente aqueles que ministram aos outros como líderes espirituais, tomemos nota disso.

Os conselheiros se sentem cada vez mais pressionados a dar respostas àqueles que buscam orientação. A realidade é que nós não conhecemos a vontade de Deus para a vida de outras pessoas, a menos que se trate de escolhas de caráter moral. A única coisa que devemos fazer é escutar aqueles que nos pedem conselhos, orar com eles e dar sugestões que estão de acordo com o bom senso e / ou com os princípios bíblicos.

Mas cada vez mais encontro casos em que pastores ou conselheiros espirituais têm a ousadia de dizer aos que buscam seus conselhos o que devem fazer, como se eles tivessem uma linha direta com o céu. Isso não só é arrogante, também é perigoso. Eu sei que, em última análise, a pessoa que busca o aconselhamento deve assumir a responsabilidade por sua própria decisão; todavia, qualquer pastor ou mentor espiritual que oferece mais do que um simples conselho está sendo irresponsável. Isso é perigoso não só para quem busca o nosso conselho (uma vez que nos convertemos numa pedra de tropeço para ele fazer a vontade de Deus), mas também para nós, porque estamos escolhendo brincar de Deus.

Temo que isso não se deva tanto à arrogância do mentor espiritual, mas à sua tendência de sucumbir à cultura popular, uma cultura que exige respostas e resultados como prova de competência. Henry Nouwen tem razão: nós não temos nada a oferecer, salvo o nosso eu vulnerável.