Nesta semana, continuaremos com o nosso estudo do Evangelho de Lucas.
O relato da visita dos pastores terminou com a declaração de que Maria "guardava todas essas coisas", e este segundo capítulo também termina com a declaração de que Maria "guardava todas essas coisas". Essas duas frases funcionam como um recurso literário conhecido como "inclusão"; seu propósito aqui é destacar os objetivos de Lucas ao incluir este relato da longa visita de Jesus no templo:
(1)
Lucas omite os eventos ligados à tentativa de Herodes de acabar
com a vida de Jesus, cujo resultado foi que José teve que fugir para o Egito com
sua família, de onde voltaria para
(2) Leia o versículo 40 e as palavras de Maria no versículo 48: Você acha que Jesus cresceu como uma criança normal, ou que ele cresceu sem precisar enfrentar as mesmas dificuldades que todas as crianças experimentam ao longo da infância, e que (como afirmam certos pseudo-evangelhos) Ele podia fazer todo tipo de milagres, até mesmo quando era criança?
(3) Quão importante é o fato de Lucas ter mencionado a idade precisa de Jesus?
(4) A família estava celebrando a Páscoa em
(5) O que Jesus teria feito durante aqueles três dias no templo sem os seus pais?
(6) Você acha que Ele só estava fazendo perguntas, ou que na verdade Ele estava de forma muito sutil ensinando esses mestres?
(7) Você acha que Jesus sabia que Seus pais O estavam procurando? Ele estava sendo desobediente? (vide o v. 51)
(8) Reflita sobre a resposta de Jesus no versículo 49.
a. O que Ele quis dizer com a frase "na casa de meu Pai"?
b. Por que parece que Ele estava repreendendo José e Maria por tê-Lo procurado?
c. Por que Maria teve que “guardar” este evento em seu coração?
- O que isso nos ensina sobre a compreensão de Maria sobre a identidade de Jesus?
- O que isso nos ensina sobre a maneira como Maria recebeu a repreensão ou a advertência de Jesus?
(9) Qual foi o propósito de Lucas ao registrar este evento específico da infância de Jesus?
(10) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens" (NVI-PT). (Lucas 2:52)
Em nossos dias, os ouvidos das pessoas estão tão surdos que não querem ouvir falar de um Jesus comum demais; por isso, elas têm despertado o seu interesse por alguns dos pseudo-evangelhos que a igreja primitiva rejeitou como falsos.
Entre esses pseudo-evangelhos e escritos apócrifos estão o Evangelho da Infância, de Tomé (escrito provavelmente no século 2), o Evangelho de pseudo-Mateus (escrito provavelmente no século 6 ou 7) e o Evangelho árabe da Infância (escrito provavelmente no século VI). Estes evangelhos retratam um Jesus que tinha a capacidade de fazer milagres até mesmo na Sua infância, e que de fato os fazia. Duas das histórias mais comuns parecem ser uma que conta que Jesus deu vida a 12 pardais de barro, e outra na qual Ele amaldiçoa uma certa criança, a qual mais tarde se debilita e morre.
Mas a razão pela qual os quatro Evangelhos fornecem muito pouca informação sobre a infância de Jesus é precisamente porque Ele teve uma infância muito normal. Podemos supor que as histórias milagrosas sobre a infância de Jesus já estavam sendo difundidas na época de Lucas, e que a razão pela qual ele decidiu incluir um relato da infância de Jesus (provavelmente depois de consultar Maria) foi porque ele considerava necessário corrigir essas falsas noções sobre Jesus.
A maneira como José e Maria trataram e repreenderam Jesus mostra que eles faziam com Ele o que teriam feito com qualquer criança normal. E embora Jesus tenha demonstrado o Seu autoconhecimento de ser o Filho de Deus mediante a Sua resposta bastante contundente em 2:49, Lucas destaca a o fato de Ele ter obedecido constantemente os seus pais terrenos (2:51).
A razão pela qual Jesus se absteve de exercer o Seu poder divino e cresceu como qualquer criança normal está em sintonia com as seguintes palavras do livro de Hebreus: “Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana... Por essa razão era necessário que ele se tornasse semelhante a seus irmãos em todos os aspectos" (Heb. 2:14, 17).
(1) Em que época João Batista começou o seu ministério? (vide a Nota I abaixo)
(2) Por que Lucas escolheu dar tantos detalhes para assinalar o momento exato do início do ministério de João?
(3) Embora a purificação pela água tenha sido um ritual religioso comum entre os judeus, parece que o batismo (tal como João o praticava) não era um rito de purificação popular. Qual a importância do batismo como símbolo de arrependimento e perdão dos pecados? (vide a Nota II abaixo)
(4) A profecia de Isaías (Isaías 40:3-5) nos dá detalhes sobre o ministério de João e seu propósito.
a. Por que ele realizaria o seu ministério no deserto, na região rural ao redor do rio Jordão?
b. Como o seu ministério preparou o caminho (ou endireitou as veredas) para Jesus?
b. Qual poderia ser o significado de aterrar os vales, nivelar as montanhas e colinas e endireitar ou aplanar os caminhos tortuosos ou estradas acidentadas?
(5) As multidões chegavam a João para receber o batismo de arrependimento. Por que ele as chamou de "raça de víboras"?
a. Se sua motivação para ser batizado por João não era o arrependimento, o que teria sido?
b. O que havia de errado com a confiança que eles tinham no fato de serem filhos de Abraão?
c. A que frutos “que mostrem o arrependimento” João se referia?
(6) Se ser batizado por ele não era suficiente para fugir da ira vindoura, para que servia?
(7) Nos vv. 11-14 João dá exemplos de “frutos”
de arrependimento para diversas categorias de pessoas. Descreva os frutos do
arrependimento refletidos em cada um dos seguintes versículos:
a. v. 11
b. v. 13
c. v. 14
(8) Quão relevante é a mensagem de João para você hoje?
(9) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
Nota I :
Lucas assinala com muita precisão em que momento o ministério de João teve o seu início. De acordo com a história secular, o décimo quinto ano de Tibério César corresponde aos anos 28-29 d.C.; Herodes Antipas governou a Galiléia de 4 a.C. a 39 d.C.; Filipe, irmão de Herodes, governou sua tetrarquia de 4 a.C. a 33-34 d.C.; e Lisânias não é mencionado na história secular. Anás foi sumo sacerdote entre os anos 6 e 15 d.C., quando foi deposto pelo governador romano Grato, sendo sucedido por seu genro Caifás, que serviu entre os anos 18 e 36 d.C.
Nota II :
O CBTEL contém uma das discussões mais completas sobre o que significam as palavras usadas aqui para se referir ao batismo, bem como suas práticas. Embora o significado principal das várias formas da palavra em si não seja mergulhar ou imergir, em cada uma das quatro ocorrências da palavra na Septuaginta significa "imergir, mergulhar ou submergir". No entanto, eu acho que a melhor interpretação é a de Paulo em Romanos 6, a qual, quando usada para se refirir ao batismo cristão, faz mais sentido quando se entende como uma referência à imersão total.
"O que devemos fazer então?" (NVI-PT). (Lucas 3:10)
Um dos argumentos mais fortes daqueles que criticam a teologia da "salvação pela fé" é o medo de que a graça da salvação que vem por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo seja transformada numa "graça barata". Alguns desses críticos tentam usar estas palavras de João Batista em Lucas 3 para defender a sua posição, uma vez que João chama cada pessoa a produzir “bom fruto” para que não seja “cortada e lançada ao fogo” (Lucas 3:9).
No entanto, aqueles que tão facilmente usam estas palavras de João para apoiar o argumento de que a salvação exige que as obras sejam acrescentadas à fé ignoram o contexto desta passagem.
Nada do que João ensina ou faz pode conduzir à salvação; caso contrário, ele não seria o preparador do caminho, mas o próprio "caminho". O tempo todo, João procura desviar a atenção da multidão de si mesmo e levá-la sobre Jesus, dizendo: “Eu os batizo com água. Mas virá alguém mais poderoso do que eu, ...Ele os batizará com o Espírito Santo ... ” (Lc. 3:16).
Portanto, o seu batismo é o que prepara o caminho para Jesus, no sentido de que o arrependimento de seus ouvintes só receberia o verdadeiro perdão se eles depositassem a sua confiança no Messias, que é Jesus Cristo.
No entanto, ao prepará-los para crer em Cristo, João procura fazer "com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais" (Mal. 4:6). Em outras palavras, ele visa trazê-los de volta a uma fé relacional que se baseia no amor ao "seu próximo como a si mesmo" (Mateus 22:39).
Se eles estivessem dispostos a amar a Deus, crendo em Seu Filho, esse ato de voltar os corações uns para os outros garantiria que sua fé não fosse uma fé egocêntrica, mas que de fato atendesse às exigências dos Mandamentos.
Os cristãos evangélicos fariam bem em refletir sobre isso!
(1) Em sua opinião, por que motivo as pessoas estavam se perguntando se João era o Messias? (apesar de ele mesmo não ter feito nenhum milagre.)
(2) Quais eram as “boas novas” que João pregava?
(3) Nos vv. 16-17, João fala sobre Cristo:
a. Como ele se comparou a Cristo?
b. O que ele quis dizer quando disse que Cristo batizaria com o Espírito Santo e com fogo? (vide Atos 2)
c. Que aspecto das boas notícias é, na verdade, "más notícias"?
(4) Herodes não era judeu. Por que, então, João se deu ao trabalho de repreendê-lo também?
(5) Que exemplos podemos aprender de João nesta curta passagem?
(6) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“...enquanto ele estava orando, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea” (NVI-PT). (Lucas 3:21-22)
Apesar de a versão de Lucas do batismo de Jesus ser bastante breve, ela contém várias reflexões especiais que Lucas deseja transmitir.
Em primeiro lugar, ele menciona que o Espírito Santo desceu sobre Jesus no momento em que Ele estava orando. No batismo que praticamos hoje, quem ora é geralmente quem batiza e não quem está sendo batizado.
A pergunta interessante é esta: Sobre o que Jesus estava orando, e por que isso resultou tanto na descida do Espírito Santo quanto no testemunho verbal de Deus Pai?
Em outro artigo, sugeri que o Deus Pai deve ter ficado tão entusiasmado com a ação de Seu Filho que Ele abriu a janela dos céus e clamou com alegria sobre a demonstração do compromisso do Filho de seguir em frente com o Seu plano para salvar a humanidade, embora isso implicaria a Sua morte. A sua imersão na água é um símbolo desse compromisso.
Sua voz que vem do céu também é um testemunho público da identidade de Jesus.
É possível que a oração que Jesus fez naquele momento não tenha sido diferente daquela que Ele fez ao Pai em João 17. Nesta Sua última oração antes de começar a Sua caminhada em direção à cruz, Jesus expressa mais uma vez o Seu compromisso de glorificar o Pai, e pede que o Pai O glorifique (João 17:1).
Nesta oração no batismo de Jesus, o Pai responde tanto com uma expressão de Sua alegria quanto com a descida do Espírito Santo em forma visível para o bem daqueles que estão nas margens do rio. Aliás, lemos no Evangelho de João que João Batista creu que Jesus, seu primo, era o Filho de Deus por causa dessa experiência (João 1:33-34).
Eu acredito que quando usamos o batismo para mostrar o mesmo compromisso de seguir a Cristo até a morte, nós deleitamos a Deus Pai tanto que Ele não consegue conter as Suas emoções e expressa o Seu deleite do céu em nosso caso também.
(1) Lucas dá uma versão mais condensada do batismo de Jesus (3:21-22). Consideremos a sua abordagem:
a. Lucas nos diz que o Espírito Santo desceu sobre Jesus enquanto Ele estava orando. Qual poderia ser a relação entre estes dois eventos?
b. Qual poderia ser a importância do fato de o Espírito Santo ter descido sobre Ele em forma corporal?
c. Que impacto isso teria causado em João Batista? (vide João 1:32-34)
d. Quais foram as palavras que o Deus Pai pronunciou do céu? Com base nessas palavras, quais foram os sentimentos que Ele expressou e por quê Ele os expressou?
e. Por que o Deus Pai decidiu fazer isso no batismo de Jesus?
(2) De acordo com Lucas, em que momento Jesus começou o Seu ministério?
a. O que Ele tinha feito duranto os primeiros 30 anos de Sua vida?
b. Será que Ele não deveria ter começado este grande e importante ministério muito antes, uma vez que assim Ele poderia ter viajado para mais lugares, e ainda mais pessoas teriam visto os Seus milagres e ouvido a Sua pregação?
(3) Lucas também nos dá uma genealogia de Jesus. Compare esta genealogia com a de Mateus (em Mateus 1):
a. Na genealogia de Jesus registrada por Mateus (Mateus 1), com quem Mateus começa e com quem ele termina?
b. De acordo com Mateus 1:1, qual foi o propósito de Mateus ao incluir a genealogia?
c. Na genealogia de Jesus registrada por Lucas, com quem Lucas começa e com quem ele termina?
d. A julgar pelas palavras "Ele era, como se pensava, filho de José" (Lucas 3:23), qual foi o propósito de Lucas ao incluir esta genealogia?
(4) Com base na passagem de Lucas que lemos hoje, quem é Jesus?
(5) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério” (NVI-PT). (Lucas 3:23)
Embora João Batista retrate Jesus (e com razão) como alguém que é muito mais poderoso do que ele mesmo, cujas sandálias ele não era digno de desamarrar, e cujo juízo final é digno de temor, é interessante notar que Lucas nos dá a idade de Jesus tinha quando Seu ministério público começou. Isso nos leva a perguntar por que Jesus esperou tanto antes de começar o Seu ministério público.
Embora existem diversas tradições da igreja quanto ao ano em que José morreu, o fato de ele não ter estado presente no casamento em Caná nos mostra que ele teria morrido antes de que Jesus começou o Seu ministério. Também sabemos que a última vez que José é mencionado é quando Jesus foi deixado sozinho no templo por três dias quando tinha 12 anos. Em qualquer caso, Jesus com certeza teria atingido a idade de Bar Mitzvah (Filho da Lei, uma etapa que, de acordo com a tradição, começa aos 13 para os meninos judeus) antes da morte de José.
É lógico supor que a razão pela qual Jesus teve que esperar até os 30 anos para começar o Seu ministério é que, uma vez que Ele era o filho primogênito de Maria, Jesus teve que cuidar de Sua família na ausência de José. Devido à pobreza de Maria, isso significava que Jesus teria precisado levar adiante o negócio de Seu pai, tornando-se carpinteiro (e de acordo com Marcos 6:3, Ele de fato foi carpinteiro).
É bastante surpreendente pensar que Jesus teve que atrasar a Sua obra de salvação devido à Sua piedade filial! Que exemplo Ele deu a todos nós que temos pais que dependem de nós para seu bem-estar, quer sejam viúvos ou não.
(1) Lucas nos diz em que momento Jesus foi tentado. Consideremos as implicações de cada um dos seguintes detalhes:
a. Ele estava cheio do Espírito Santo.
b. Ele foi conduzido ao deserto pelo Espírito Santo.
c. Ele não comeu nada por 40 dias (e noites).
(2) Por que foi necessário que Jesus enfrentasse esta série de tentações? Por que isso aconteceu antes mesmo do início oficial de Seu ministério?
(3) A primeira tentação:
a. Qual foi a causa da fome de Jesus, a qual parece ter dado ao diabo esta oportunidade de tentá-Lo? Que lição podemos aprender disso?
b. Com que argumento o diabo desafiou Jesus a dizer à pedra que se transformasse em pão?
c. Jesus precisava ordenar que a pedra se tornasse pão a fim de demonstrar quem Ele era? Por que ou por que não?
d. Será que Jesus poderia ter simplesmente ignorado o diabo?
e. Se essa tentação não tivesse sido atraente para Jesus, eu acho que o diabo nem sequer teria tentado usá-la. Portanto, o que teria acontecido se Jesus tivesse transformado a pedra em pão para saciar Sua fome? Isso teria sido ceder à tentação do diabo? Por que ou por que não?
f. Como Jesus respondeu ao diabo?
g. Como você classificaria esta tentação específica?
h. O que podemos aprender sobre como vencer este tipo de tentação?
(4) A segunda tentação:
a. Por que Jesus esteve disposto a ser levado a um lugar tão alto?
b. Jesus poderia ter dito o seguinte ao diabo: "A autoridade e esplendor terrenos não significam nada para mim". Por que Ele não disse isso?
c. Como Ele respondeu a esta tentação?
d. À luz das considerações acima, como você classificaria esta tentação específica?
e. O que podemos aprender sobre como vencer este tipo de tentação?
(5) A terceira tentação:
a. Por que o diabo repetiu o seu desafio com as palavras: "Se és o Filho de Deus"?
b. Jesus tinha respondido às tentações anteriores com a palavra de Deus. Agora, o diabo também usa a palavra de Deus para tentar Jesus. Por que o diabo estaria disposto a usar até mesmo a Palavra de Deus para nos tentar?
c. Leia o Salmo 91:11-14, do qual o diabo citou somente os vv. 11-12. Quão importante é o fato de ele ter omitido o versículo 14?
d. Como Jesus respondeu a esta tentação?
e. À luz das considerações acima, como você classificaria esta tentação específica?
f. O que podemos aprender sobre como vencer este tipo de tentação?
(6) Lucas diz que o "Diabo o deixou até ocasião oportuna":
a. Você consegue pensar em outros momentos da vida de Jesus que proporcionaram ocasiões mais oportunas para o diabo?
b. Leia Lucas 23:35. Quão parecida foi esta tentação com as três tentações sobre as quais lemos hoje? Qual delas teria representado o maior desafio para Jesus? Como Ele respondeu à tentação que experimentou enquanto estava na cruz? (Isaías 53:7)
(7) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Se és o Filho de Deus, manda esta pedra transformar-se em pão ... Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo" (NVI-PT). (Lucas 4:3,9)
Já existem muitos bons comentários e artigos sobre a tentação do nosso Senhor; por isso, eu acho que não tenho muito a acrescentar. No entanto, entre os muitos comentários e artigos que tenho visto sobre este tema, o que ainda me impressiona profundamente é a observação de Henry Nouwen sobre o que ele percebeu na primeira tentação de Jesus, a saber, a tentação da relevância.
Jesus sabia muito bem quem Ele era, e na verdade não precisava demonstrar nada. Portanto, apesar de Sua necessidade urgente de resolver o problema da fome, Ele não cedeu ao desafio do tentador de transformar as pedras em pão.
Em nossos dias, a necessidade urgente parece ser resolver os muitos problemas que existem na sociedade, não para o nosso próprio bem, mas para o bem dos outros. Mas apesar disso, a verdadeira questão continua sendo a da relevância. Não queremos que o mundo pense que a nossa mentalidade é tão celestial que não podemos ser úteis nesta terra. Sentimos a necessidade de demonstrar para nós mesmos que somos relevantes, que podemos resolver problemas, que podemos alcançar resultados!
Mas Henry Nouwen tinha toda a razão! Não temos nada a oferecer ao mundo, salvo o nosso próprio quebrantamento. Mas isso é tão inadequado, tão fraco e tão anti-evangélico! Nós pertencemos, temos influência, até mesmo influência política. Nós temos respostas! Pelo menos isso é o que pensamos.
Mas, na verdade, se seguirmos os passos de Jesus, a única coisa que poderemos oferecer é o nosso quebrantamento, a nossa fraqueza, a nossa oração, a nossa presença desajeitada, um vaso quebrado. Mas no meio do nosso quebrantamento, da nossa fraqueza, da nossa oração, da nossa presença desajeitada e do nosso vaso quebrado está o nosso tesouro, o Senhor Jesus Cristo. O nosso quebrantamento é onde encontramos a plenitude nEle. A nossa fraqueza é onde encontramos a força nEle. A nossa oração desesperada e desamparada é onde encontramos esperança nEle. Nossa presença desajeitada é onde encontramos Emanuel. E nosso vaso quebrado é onde encontramos um grande tesouro nEle.
Não temos nada a oferecer ao mundo, salvo Cristo. Mas cada vez que oferecemos ao mundo a nossa suposta plenitude, com as nossas próprias forças, com as nossas orações eloqüentes, com a nossa influência social e com o nosso carisma, colocamos Cristo, o nosso tesouro, de lado.
Infelizmente, essa tentação de ser relevante pode não ser uma força externa; muitas vezes vem de dentro da própria igreja.
(1) A julgar pelos relatos de Lucas que temos lido até agora, quais podem ter sido as notícias que tinham se difundido por toda a região rural (do Jordão)? O que poderia explicar o grande interesse que tinha sido gerado? O que isso nos ensina sobre a eficácia do ministério de João?
(2) Embora Jesus tenha passado a maior parte de Sua vida em Nazaré, esta parece ser a primeira vez que Ele falou na sinagoga com estas pessoas. Qual pode ter sido a atitude desses ouvintes de Sua cidade natal, os quais teriam conhecido Seu pai, Sua mãe e Seus irmãos?
(3) Jesus leu e falou com base na passagem em Isaías 61:1-2. Ao dizer: "Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir", Jesus estava afirmando que Ele mesmo era a pessoa de quem Isaías tinha escrito. Consideremos cuidadosamente a passagem que Ele leu:
a. "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu". Como essa declaração faz eco das repetidas vezes que Lucas menciona Espírito Santo nos versículos anteriores no capítulo 4?
b. Sua missão incluiria (a) pregar as boas novas aos pobres; b) proclamar liberdade aos presos; (c) recuperação da vista aos cegos; (d) libertar os oprimidos; e (e) proclamar o ano da graça do Senhor. Consideremos juntos cada um desses aspectos:
- Jesus libertou algum preso, entre os quais estava João Batista? Porque não?
- Jesus libertou algum dos oprimidos, especialmente os israelitas, que estavam sendo oprimidos pelos romanos? Com certeza esse era o tipo de liberdade que o povo desejava receber com o aparecimento de seu Messias.
- À luz disso, devemos interpretar esta passagem com base somente no contexto imediato de Seu entorno físico?
- Quem eram, então, os pobres que podiam ouvir as boas novas? Quais são as boas novas?
- Quem são os prisioneiros que seriam libertados por Jesus? Do que eles seriam libertados?
- Quem são os cegos que recuperariam a vista? Qual era a sua cegueira?
- Quem são os oprimidos que seriam libertados por Jesus? Do que eles seriam libertados?
- Portanto, o que é "o ano da graça do Senhor"? (vide Isa. 49:8-9; 2 Cor. 6:2)
(4) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?
Nota:
Se você fizer uma comparação direta da passagem do Velho Testamento com a versão da passagem que Jesus leu, notará algumas diferenças óbvias. Essas diferências existem porque a versão que Jesus leu (isto é, aquela que Lucas registrou) era uma tradução grega do VT, conhecida como a Septuaginta, enquanto a passagem do VT é uma tradução direta dos manuscritos hebraicos.
"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres" (NVI-PT). (Lucas 4:18)
Desde o surgimento do Evangelho Social defendido por Walter Rauschenbusch, muitos têm usado esta passagem de Lucas, na qual Jesus prega sobre Isaías 61:1-2, para afirmar que Ele é a pessoa de quem Isaías falou, e para reduzir o evangelho a um dimensão terrena.
No entanto, é indiscutível que o evangelho de Jesus Cristo que aparece ao longo do Novo Testamento inteiro se trata antes de mais nada da salvação das almas para a vida eterna por meio do arrependimento e da fé nEle. Isso não quer dizer que fazer o bem e defender a justiça social sejam temas que os cristãos possam ignorar. Esses são temas tão fundamentais para o que significa ser um humano criado à imagem de Deus que não podem ser chamadas de "missões", mas antes uma expressão básica da dignidade humana. Muitas outras religiões prosperam nessas questões, mas o evangelho é muito mais do que isso. Somente o evangelho de Jesus Cristo pode oferecer o perdão dos pecados e a vida eterna.
Portanto, a verdadeira missão do Cristo ungido não foi ...
... pregar o evangelho somente aos carentes de recursos físicos; se essa fosse a missão de Cristo, teria sido fácil para Ele eliminar a pobreza ou, pelo menos, reduzir a desigualdade que havia entre ricos e pobres. Mas o evangelho com certeza é uma boa notícia para aqueles que reconhecem a sua pobreza diante de Deus, isto é, a sua necessidade desesperada de confiar em Deus para a vida eterna.
... libertar os que foram presos injustamente, uma vez que Jesus não libertou ninguém da prisão, nem mesmo João Batista. Essa provavelmente era a razão pela qual João ficou tão confuso. Na verdade, Jesus veio para libertar todos os que estão presos e acorrentados pelos seus próprios pecados e luxúrias.
... recuperar a vista dos cegos. Embora Jesus de fato tenha curado alguns cegos, Ele não devolveu a vista a todos os cegos. Em algumas ocasiões, Ele até advertiu aqueles cuja vista havia sido restaurada a não divulgar as notícias de sua cura (Marcos 8:26, Mateus 9:30). Mas é verdade que Ele veio dar vista a todos os que têm sido cegados pelas mentiras de Satanás e vivem nas trevas espirituais.
... libertar os oprimidos. Isso era o que os judeus de Sua época mais desejavam. É óbvio que Jesus não fez nada para derrubar os romanos. Ao invés disso, Ele se submeteu voluntariamente ao Seu julgamento e condenação, o que O levou à crucificação na cruz. Mas a boa notícia é que Ele veio para libertar todos os que estão sendo oprimidos pelas exigências da vida, pelas pressões no trabalho, na família e na sociedade, e pelos seus próprios pecados, a fim de eles encontrarem descanso para as suas almas (Mateus 11:28- 30).
Todas as profecias na passagem de Isaías que Jesus leu foram de fato cumpridas em seus ouvidos e diante de seus olhos, uma vez que Ele veio para expiar nossos pecados com a Sua morte, e com a Sua ressurreição reconciliar-nos com Deus. Sua morte derrotou o pecado e Satanás, e libertou todos os que crêem nEle, e por meio de Sua ressurreição Ele nos oferece a vida eterna. Nós, os que cremos nEle, temos recebido graça da parte do Senhor, que nos receberá em Seu Reino eterno.
(1) Lucas provavelmente nos deu uma versão muito condensada do que Jesus pregou naquele dia; no entanto, a resposta dos ouvintes é bastante interessante. Apesar de eles terem ficado surpresos com as palavras graciosas de Jesus, eles responderam dizendo: "Não é este o filho de José?". O que eles quiseram dizer com isso?
(2) Devemos nos concentrar nas palavras que são pregadas e não em quem é o pregador? Por que ou por que não?
(3) Qual foi a acusação que Jesus fez contra os habitantes de Sua cidade natal?
(4) Era errado esperar que Ele fizesse em Nazaré os muitos milagres que tinha feito em Cafarnaum? Por que ou por que não?
(5) No entanto, os dois exemplos que Jesus citou do Velho Testamento parecem mostrar que o problema deles era ainda mais sério. Qual era esse problema mais sério (quer dizer, o problema real)?
(6) Por que eles ficaram furiosos quando ouviram os dois exemplos que Jesus deu?
(7) O que a sua fúria os levou a fazer?
(8) Qual era o seu pecado?
(9) Jesus estava sendo muito duro com estas pessoas de sua cidade natal? Por que ou por que não?
(10) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Todos falavam bem dele, e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Mas perguntavam: 'Não é este o filho de José?'" (NVI-PT). (Lucas 4:22)
As palavras que Jesus falou aos habitantes de Sua cidade natal, Nazaré, parecem ser muito duras. Uma vez que Jesus tinha crescido em Nazaré, estas pessoas teriam conhecido o Seu pai, a Sua mãe e Seus irmãos. Embora tenham considerado Suas palavras incríveis e poderosas, era muito natural eles terem perguntado: "Não é este o filho de José?". Em outras palavras, não era fácil para eles aceitá-Lo como o Messias, e reconhecê-Lo como o Filho de Deus teria sido ainda mais difícil. É importante lembrar que, inicialmente, nem mesmo os próprios irmãos de Jesus criam nEle (João 7:5). Isso serve para destacar um dos aspectos mais feios da natureza humana, a saber, a nossa tendência de desprezar os nossos.
Embora a maioria das igrejas que crêem na Bíblia procurem basear suas decisões em princípios bíblicos, há pelo menos uma área em que simplesmente achamos difícil adotar esses princípios bíblicos, e os ignoramos de maneira descarada. Refiro-me à decisão da igreja de chamar um novo pastor.
Sabemos muito bem que o caráter do servo de Deus é muito mais importante do que os seus dons, o seu carisma e sua educação; entretanto, a maioria, senão todas as igrejas, chamam um novo pastor principalmente com base nesses critérios externos. Qual é o problema das nossas igrejas? É uma falta de fé? De coragem? De sensibilidade e obediência ao Espírito Santo? Ou simplesmente uma falta de vontade de deixar para trás a nossa mentalidade secular?
Em certa ocasião, visitei uma igreja em Nova York que de forma milagrosa comprou um prédio escolar abandonado para as reuniões da igreja. Digo que foi "de forma milagrosa" porque eles já tinham apresentado a sua oferta às autoridades com base somente na fé, e não no dinheiro, o qual eles não possuíam.
Mas a ação mais milagrosa que realizada por esta igreja foi a maneira como chamaram o seu pastor sênior. Quando o pastor sênior anterior se aposentou, eles iniciaram um procedimento para encontrar um substituto; como qualquer boa igreja, eles fizeram isso com muita oração. Mas as orações desta igreja foram diferentes—eles oraram com um espírito obediente. O Espírito Santo os guiou a nomear, não um homem que tinha doutorado, nem um pastor experiente, e nem mesmo um pastor com grandes habilidades para a pregação, mas o zelador da igreja, um homam que havia demonstrado um caráter marcado pelo amor, tanto para com os homens quanto para com Deus, além de muito zelo pela evangelização. E a igreja obedeceu.
Para encurtar uma longa história, disseram-me que metade da congregação deixou a igreja por causa dessa decisão. A razão por isso não era somente que o pastor não tinha títulos acadêmicos, mas porque ele era um deles. Mas apesar disso, sob a liderança do seu novo pastor, esta igreja prosperou, experimentando um crescimento importante e desenvolvendo um ministério de discipulado exemplar que alcançou até mesmo os sem-teto.
Eu gostaria que mais igrejas vivessem honestamente a sua afirmação de serem igrejas que creem na Bíblia, especialmente na hora de chamar um novo pastor.