O Evangelho de João
João se descreve como "o discípulo a quem ele amava" neste evangelho que (de acordo com Clemente de Alexandria) ele escreveu em resposta à insistência de seus discípulos para que redigisse um "evangelho espiritual" para complementar os três evangelhos sinópticos já existentes. Acredita-se geralmente que João escreveu este evangelio enquanto ele morava em Éfeso, na segunda metade da última década do primeiro século depois de Cristo.
Seu propósito ao escrever o Quarto Evangelho, apesar de sua velhice, é dado no verso 20:31: “Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (NVI-PT).
Destacam-se as seguintes características do Evangelho de João:
- Ao contrário dos evangelhos sinópticos, este evangelho dá muitos detalhes sobre o ministério de Jesus em Jerusalém, onde Ele falou abertamente sobre sua identidade como o Messias .
- Comparado com os Evangelhos Sinópticos, este Evangelho contém mais detalhes sobre a conversa de Jesus na Última Ceia na sala do andar superior (capítulos 13-17).
- Neste evangelho, Jesus menciona explícitamente ou faz alusão à "vida eterna" pelo menos 14 vezes, muito mais do que nos Evangelhos Sinópticos.
- João registra sete milagres de Jesus, os quais ele chama de "sinais", que comprovam a Sua identidade. Também inclui os discursos "EU SOU" de Jesus (por exemplo, "Eu sou o pão da vida", "Eu sou a luz do mundo", etc.) para destacar o fato de que o próprio Jesus se proclamou como o "Grande EU SOU".
- Finalmente, este evangelho tem uma estrutura específica que organiza a narração dos ministérios de Jesus em torno das diversas festas dos judeus (2:12-12:50).
Tomaremos tempo para refletir sobre os detalhes das características acima conforme aparecerem no contexto da nossa reflexão bíblica diária.
Vv. 1:1-18—Esta é a porção que os comentaristas chamam de "O Prólogo". É um poderoso resumo de quem é Jesus. Hoje examinaremos a primeira parte:
1:1-5— Jesus é a Palavra—o Deus Criador
(1) João inicia sua apresentação da pessoa de Jesus com exatamente as mesmas palavras com as quais começa o Antigo Testamento grego: “Ἐν ἀρχῇ” (No princípio). Qual é a importância disso?
(2) Qual foi o papel que a "Palavra" desempenhou na criação? (vide especialmente Gênesis 1:3, 6, 9, 14, 20, 24 e 26—observe a repetição da palavra "disse"; vide também Salmos 33:9)
(3) Com base na descrição nos vv. 1-3, quem é Jesus?
(4) Além de ser o Deus Criador ...
a. ... o que significa que Ele é "vida"?
b. ... o que significa que Ele é a "luz dos homens"?
1:6-8—A Apresentação de João Batista: É interessante notar que João usa termos negativos e positivos em sua introdução de João Batista (quem não deve ser confundido com o discípulo João):
(5) Qual foi a missão de João Batista?
(6) Você não acha estranho que João tenha sentido a necessidade neste momento preciso de seu poderoso Prólogo de esclarecer quem foi e quem não foi João Batista? Qual pode ter sido a razão disso?
(7) Qual foi o testemunho que João Batista deu sobre quem era Jesus em relação a ele? (vide v. 15)
(8) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“No princípio era aquele que é a Palavra[a]. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio” (NVI-PT). (João 1:1-2)
É natural que as pessoas se perguntem por que o apóstolo João, já com seus 90 anos, escolheu escrever um quarto evangelho apesar de os três "evangelhos sinóticos" já estarem em circulação. Embora ninguém saiba com certeza o que significa o comentário de Clemente de Alexandria de que os discípulos de João insistiram que ele escrevesse um "evangelho espiritual", o próprio apóstolo João explica claramente o seu propósito. Aparece um pouco antes da conclusão de seu evangelho: “Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (NVI-PT). (João 20:31)
Também é compreensível que no final do primeiro século, quando o evangelho já estava difundido por todo o Império Romano, houvesse mais interesse no Cristianismo, o qual estava atraíndo pessoas de todas as raças, culturas, religiões e níveis de educação. Uma vez que João era o único apóstolo ainda vivo que tinha sido testemunha ocular da vida, morte e ressurreição de Jesus, ele queria escrever um evangelho que salientasse a diferença entre Jesus e todos os outros deuses, e entre o cristianismo e todos os mitos e especulações filosóficas. Eu acho que é por isso que ele começa seu Evangelho apresentando Jesus como a Palavra, o Logos; ele não diz que Jesus é o Logos grego, mas mostra que Jesus é diferente, a fim de não gerar crênças sincretistas.
Os filósofos da antiguidade usavam o termo logos com vários sentidos. Os sofistas o usavam para se referir ao
discurso, enquanto Aristóteles o usava no âmbito da retórica para se
referir ao "discurso racional" ou ao "argumento". Para os filósofos estóicos, o termo estava relacionado com o princípio divino doador de vida que permeia o
Universo. Mas João afirma categoricamente que Jesus não é uma ideia, nem
uma figura misteriosa, mas Deus, o Deus Criador, por quem "todas as coisas foram feitas ... sem ele, nada do que existe teria sido feito." (João 1:3)
Portanto, embora busquemos evangelizar outras pessoas cuja cultura ou fé é diferente da nossa, e procuremos estabelecer um diálogo com elas, é importante que nunca sincretizemos Jesus com seu sistema de crenças. A mensagem de João é clara: nem todas as religiões são iguais e nem todos os deuses são iguais. Deus é nosso Senhor Jesus Cristo.
1:9-13—A verdadeira luz: Com este prólogo, João prepara o terreno para a história de Jesus que ele está prestes a contar.
(1) Mesmo antes de prosseguir com a leitura, você consegue formar uma ideia sobre como o mundo receberia esta Luz Verdadeira?
(2) Por que o mundo que Ele criou e que pertence a Ele O rejeitaria? (v. 5)
(3) No entanto, João também prepara o terreno (no versículo 12) para as boas novas que ele anunciará ao longo dos próximos 20 capítulos.
a. Quais são essas boas novas?
b. Em que sentido o versículo 12 é uma definição do que é a "fé salvadora"?
c. Como essa fé nascerá? (v. 13)
1:14-18 - A palavra tornou-se carne
(4) O que significa a frase "a palavra tornou-se carne"? (Observe como Paulo desenvolve o significado mais profundo dessa afirmação em Fp. 2:6-8.)
(5) Note que a palavra "viveu" no versículo 14 é a mesma palavra que no Antigo Testamento significa "tabernaculó". Como o uso dessa palavra aprofunda sua compreensão da "Encarnação" de Jesus?
(6) Agora, João apresenta com ainda mais clareza quem é Jesus:
a. De acordo com o v. 14b, quem é Jesus?
b. Quais são as palavras que João usa para descrever a intimidade que existe entre Deus Pai e Seu Filho? (vv. 14, 18)
c. Qual é (pelo menos) parte do propósito da encarnação de Jesus? (v. 18)
(7)
É importante ter em mente que o discípulo João escreveu sobre Jesus
cerca de 60 anos após Sua morte e ressurreição. Ao fazer isso, ele dá testemunho das seguintes duas coisas:
a. Ele viu a glória de Cristo (v. 14): você consegue se lembrar de alguns eventos ou ocasiões em que João viu a glória de Cristo? (Marcos 9:2 e ss.; João 20:19 e ss.; João 17: 3 e ss.—Sua glória na cruz)
b. Ele experimentou a plenitude de Cristo, a qual ele literalmente descreve como "graça sobre graça" (v. 16). O que significa isso? Você também já experimentou isso? Por que ou por que não?
(8) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (NVI-PT). (João 1:14)
Como o apóstolo João declara de maneira poderosa no prólogo do seu Evangelho, Jesus, o Verbo, não é outro senão o próprio Deus Criador, o Criador, a fonte da vida e a Luz dos homens. Depois de afirmar isso, João dá testemunho de que a Palavra se fez carne e é cheia de graça e verdade (mais tarde, em 1 João 1:1, ele também dá testemunho de que ele a viu com seus próprios olhos e a tocou com suas próprias mãos). Em outras palavras, Ele não só é a verdade no sentido objetivo, mas também é um "Deus pessoal". Isso me lembra de um encontro que tive há vários anos com certo acadêmico da China.
Enquanto esse acadêmico estava estudando numa escola teológica de pós-graduação no Ocidente e participando de um programa Alpha patrocinado pela igreja numa cafeteria local, ele considerava que o cristianismo era muito credível; no entanto, era difícil para ele acreditar num "Deus pessoal".
Ele me disse: “Eu cresci num ambiente ateu; por isso é difícil para mim aceitar a noção de um 'Deus pessoal'".
Em outras palavras, se a Palavra mencionada em João 1:1 fosse apenas uma verdade objetiva, uma teoria ou um simples conceito, ele não teria nenhuma dificuldade para reconhecer que essa Palavra é a verdade absoluta; no entanto, o que era muito difícil para ele era acreditar que essa verdade fosse uma pessoa.
À medida que continuávamos a nossa conversa, o seu verdadeiro problema começou a ficar evidente: se a Palavra fosse simplesmente uma verdade objetiva, seria como qualquer outra filosofia que pode ser puramente cognitiva, um mero conhecimento mental. É verdade que, embora abraçar esse tipo de verdade possa até mesmo afetar a perspectiva ou o comportamento moral de uma pessoa, a busca dessa pessoa pela verdade nunca terá fim. Ele mesmo comentou que “muitas das chamadas verdades do passado já foram derrubadas, assim como serão derrubadas muitas das verdades que hoje consideramos verdadeiras”.
No entanto, se é certo que a verdade conforme ela é afirmada na Bíblia — a Palavra que existe desde "o princípio" — não é somente a verdade absoluta, mas também um "Deus pessoal", segue-se que além de ser um verdade que deve ser reconhecida, ela é um "Deus pessoal" a quem todos devem entregar as suas vidas; não é apenas uma verdade que deve ser abraçada, mas um "Deus pessoal" com o qual devemos entrar num relacionamento.
Para aquele erudito, tudo isso era arriscado demais; chegava próximo demais e era, em suas próprias palavras, "definitivo demais!"
Talvez você se pergunte: "Definitivo demais? O que tem de errado em ser definitivo?"
"Bem", disse ele, "nesse caso, qual seria o seu valor?" Ele estava se referindo ao cobiçado Ph.D. e à erudição que ele havia buscado e obtido ao longo de muitos anos numa das principais universidades da China.
Sem dúvida, a busca pela verdade na vida é, em si mesma, um processo muito estimulante, mas a fé em Jesus como a verdade absoluta e nosso Deus pessoal é definitiva, no sentido de que nessa busca finalmente encontramos o caminho certo. O livro de Provérbios o explica muito bem: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e a ciência do Santo, a prudência" (Provérbios 9:10). Qualquer tentativa de buscar a verdade sem Jesus Cristo, e sem ter um relacionamento salvador com Jesus Cristo, está fadada ao fracasso.
Depois de nos dar uma apresentação poderosa sobre a identidade de Jesus, João agora nos conta o que aconteceu durante a primeira semana do ministério de Jesus (de 1:19–2:11). Hoje refletiremos sobre os dias 1 e 2:
1:19-28—Dia 1—Aquele que prepara o caminho
João Batista estava ministrando (e batizando) na margem do rio Jordão quando os sacerdotes e levitas se aproximaram dele (v. 28).
(1) Com base nas perguntas feitas pelos líderes religiosos em Jerusalém, qual foi sua atitude com relação a João?
(2) Se esses líderes realmente pensavam que João talvez fosse Elias (Mal. 4:5) ou o profeta que eles equiparavam ao Messias (Deuteronômio 18:15, 18, 19), por que não fizeram suas perguntas em pessoa?
(3) Quem João disse que era? (v. 23; vide Isa. 40:3)
(4) João era de fato Elias? (vide Mateus 11:14)
(5) Uma vez que João deixou claro que ele não era o Messias, por que os fariseus o confrontaram sobre o fato de que ele estava batizando as pessoas? Qual é a implicação de sua pergunta? (v. 24)
(6) Em que sentido a resposta de João “preparou” o caminho para Jesus? (vv. 26-27)
1:29-34 —Dia 2—O testemunho de João—João, agora na presença de Jesus, O aponta e dá testemunho de Sua identidade:
(7) A primeira coisa que ele disse foi que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo:
a. Como os ouvintes judeus teriam entendido isso?
b. Você não acha que isso lhes teria lembrado o Cordeiro Pascal de Êxodo 12, especialmente o versículo 13?
c. Há um detalhe que talvez tenha passado facilmente despercebido pelos ouvintes judeus: De quem é o pecado que João menciona?
(8) Qual é o segundo detalhe que João salienta no versículo 30? Quão importante é esta declaração sobre Jesus?
(9) Agora, João corrobora sua afirmação com o seu próprio testemunho, uma vez que ele era uma testemunha ocular:
a. O que é seu testemunho? (v. 32)
b. A que evento ele se refere? (vide Mateus 3:13-17)
(10) Qual é a diferença entre o batismo de João e o batismo de Jesus? (vide Atos 1:5; 2:33)
(11) Que impacto esse testemunho pode ter tido nos ouvintes? Qual é seu impacto em você?
(12) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Disse: 'Eu sou a voz do que clama no deserto: 'Endireitai o caminho do Senhor', como disse o profeta Isaías" (NVI-PT). (Jo. 1:23)
Os quatro evangelhos não só mencionam o ministério de João Batista; também enfatizam que tanto ele quanto seu ministério foram preditos pelo profeta Isaías. Em outras palavras, seu ministério não devia ser considerado com ligeireza, uma vez que ele tinha desempenhado um papel importante na inauguração do plano de salvação de Jesus Cristo.
Os quatro evangelhos nos mostram o impacto imediato do ministério de João, no qual ele denunciou corajosamente os pecados dos líderes religiosos, chamando-os (e o povo) ao arrependimento. Seu ministério foi muito bem-sucedido, e foram muitos os líderes religiosos que receberam o seu batismo de arrependimento.
Mas o propósito de seu ministério era desempenhar um papel preparatório, uma vez que se mais tarde esses mesmos judeus arrependidos não tivessem escutado seu testemunho sobre quem era Jesus, seu batismo de arrependimento teria sido em vão.
Acontece que alguns dos que receberam o batismo de arrependimento de João acreditaram em seu testemunho e seguiram a Jesus; entre eles estava, pelo menos, Andrés.
No relato completo escrito pelo Dr. Lucas, que começa com o seu Evangelho e continua com o Livro de Atos, descobrimos que embora muitos dos apóstolos tivessem ficado em Jerusalém, muitos dos discípulos de João se espalharam pela Ásia Menor e até além de suas fronteiras, levando consigo o evangelho. Assim, eles desempenharam um papel importante na divulgação do evangelho além de Jerusalém. Tudo isso foi resultado do ousado ministério de João Batista.
Embora saibamos que ninguém é indispensável quando se trata do ministério da igreja, é impossível não se perguntar "E se ...?" —O que teria acontecido se João não tivesse sido fiel no cumprimento de seu papel como aquele que prepararia o caminho do Senhor? E se ele tivesse chamado a atenção das pessoas para si mesmo em vez de para Jesus Cristo?
1:35-42—Dia 3—Os primeiros discípulos—É evidente que o próprio João já havia atraído muitos seguidores; naquele dia dois de seus discípulos mais próximos estavam com ele.
(1) João poderia ter dito muitas coisas quando apontou o Jesus. Por que ele decidiu dizer novamente a seus discípulos que Jesus é o Cordeiro de Deus?
(2) O que esses dois discípulos fizeram? Por quê? Você teria feito o mesmo? Por quê?
(3) O que Jesus lhes perguntou? Por quê?
(4) O que a sua resposta revela?
(5) A julgar pelas ações de André no versículo 40 e pelo que ele disse a Pedro no versículo 41, qual foi o efeito sobre André de ter pasado um dia com Jesus?
(6) Por que Jesus mudou o nome de Simão imediatamente? Qual foi o significado histórico dessa mudança? (Mateus 16:18)
(7) Do ponto de vista histórico, quão importante foi a ação de Andrés?
1:43-51—Dia 4—O homem em quem não há falsidade
(8) Quão semelhantes foram as ações de André e Filipe?
(9) Com base nas palavras de Filipe, o que sabemos sobre a fé inicial que esses primeiros discípulos tiveram a respeito da identidade de Jesus? (v. 45)
a. O que eles tinham aprendido sobre Jesus, tanto pelo testemunho de João quanto pelo pouco tempo que já tinham passado com Jesus?
b. O que eles ainda precisavam aprender sobre Ele?
(10) Qual foi a reação imediata de Natanael? Com relação à sua fé, que tipo de ceticismo ele demonstrou?
(11) Filipe tinha alguma resposta para rebater o desafio de Natanael? Como Filipe lidou com ele?
(12) Observe a pergunta feita por Natanael: "De onde me conheces?" e a resposta de Jesus: “Eu o vi quando você ainda estava debaixo da figueira, antes de Filipe o chamar”. Talvez não entendamos totalmente o que realmente aconteceu:
a. Como Natanael interpretou a resposta de Jesus? (vide Salmos 139:1-6)
b. O que ele fez em resposta a isso? (v. 49)
c. Como sua resposta foi diferente de tudo o que os outros discípulos tinham falado sobre Jesus? Por quê?
(13) Como Jesus recompensará a fé de Natanael (e a dos outros discípulos)? (v.51; vide Gênesis 28:12 — a escada que liga o céu à terra)
(14) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Natanael respondeu e disse-lhe, 'Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel' " (NVI-PT). (João 1:49)
João deixou claro que a razão pela qual escreveu mais um relato do Evangelho apesar de os Evangelhos Sinópticos já existirem, foi “para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus” (João 20:31). Além de tentar provar a identidade de Jesus por meio dos muitos milagres registrados em seu relato do Evangelho, João começa com os testemunhos pessoais dos primeiros discípulos de Jesus. Ao fazer isso, ele compara não só os pontos de vista de Seus discípulos, mas também as suas próprias pessoas.
Embora o texto identifique apenas dois dos primeiros discípulos de Jesus que já eram discípulos de João Batista (1:35), não é irrazoável supor que todos os discípulos cujos nomes aparecem no primeiro capítulo também eram discípulos de João, uma vez que todos eram irmãos (como Andrés e Pedro) ou amigos íntimos (como Felipe e Natanael). Mesmo se eles não fossem discípulos de João Batista, todos teriam ouvido seu poderoso testemunho sobre a identidade de Jesus. Eles já teriam crido no testemunho de João; portanto, a única coisa que lhes faltava era conhecer Jesus pessoalmente. Foi isso o que fizeram quando O seguiram e ficaram com Ele.
Depois de passar um dia com Jesus, André rapidamente encontrou seu irmão e apresentou-o a Jesus, dizendo, "Achamos o Messias". Mais tarde, quando Jesus tomou a iniciativa de chamar Filipe, ele, por sua vez, encontrou seu amigo Natanael e disse, “Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José” (NVI-PT). (João 1:41, 45)
O simples fato de eles terem ficado com Jesus mais ou menos um dia e ouvido Sua pregação foi suficiente para estes discípulos acreditarem que Jesus é de fato o Messias (ou seja, o Cristo) que Moisés e os profetas haviam predito. No entanto, esse tipo entendimento ou a crença está ligado principalmente à função ou papel que Jesus desempenharia no Reino de Deus, e não necessariamente à sua identidade, como se essa questão não fosse tão importante para eles.
Mas era importante para Natanael. Ele não chegou a Jesus com intenções puramente "utilitárias", motivado pelo desejo de ver o que Jesus podia fazer por ele e por Israel. Ele estava mais interessado em quem Jesus realmente era. É por isso que Jesus se revelou a ele de uma forma tão pessoal.
Primeiro, Jesus mostrou-lhe que o conhecia de dentro para fora - Ele sabia que era um homem sem falsidade; em seguida, Jesus lhe disse que o tinha visto antes mesmo de Filipe se aproximar dele. Isso significa que ele sabia que Felipe iria chamá-lo e já sabia de longe o que ele tinha dito para Felipe.
Esse conhecimento íntimo foi suficiente para convencer Natanael de que Jesus não é somente o Messias, mas também o Filho de Deus! Para Pedro, seriam necessários mais alguns anos até ele reconhecer que Jesus é o Filho de Deus (Mateus 16:16). Qual foi, então, a diferença entre Natanael e os outros discípulos? Nas palavras de Jesus, ele era um homem sem falsidade. Uma pessoa sem falsidade é abençoada, porque aos que têm um coração puro, Deus até mostrará "coisas maiores do que estas". (João 1:50)
As Bodas de Caná—Embora João tenha registrado que este evento ocorreu no "terceiro dia",
essa expressão não se refere à numeração anterior, uma vez que o relato sobre a aparição Jesus no Jordão já terminou, e João prossegue com o seu testemunho sobre os "sinais" que Jesus realizou. Com relação a
esta expressão usada por John, Lightfoot nos informa que, de acordo com a
tradição judaica, as festas de casamento eram celebradas no "terceiro dia".
Outros estudiosos são da opinião de que a expressão se refere ao terceiro dia da semana (terça-feira).
Talvez seja útil dar uma olhada na breve linha do tempo dada por Marcos que resume o que ocorreu entre o primeiro contato de Jesus com os "aspirantes" a discípulos e este milagre em Caná:
Marcos 1:9-11—Ele se encontra com João Batista e é batizado por ele, dando-lhe a oportunidade de recrutar pelo menos André, Pedro, Filipe e Natanael.
Marcos 1:12-13—De volta na Galiléia, Jesus entra no deserto para ser tentado.
Marcos 1:14-15—Jesus começa sua primeira viagem oficial pela região da Galiléia.
Marcos 1:16-20—Jesus chama Pedro, André, João e Tiago "uma segunda vez" (isso explica porque, após um encontro tão breve, eles estariam dispostos a tomar a decisão decisiva de deixar tudo para seguir Jesus).
(1) Estes discípulos teriam passado alguns dias com Jesus enquanto voltavam juntos para a Galiléia. É útil usar um pouco de imaginação ao refletir sobre as seguintes perguntas:
a. O que esses discípulos teriam aprendido sobre Jesus durante esta viagem?
b. Ao ver os discípulos de Jesus, o que Maria teria pensado sobre todas as profecias que tinha lido e as revelações que tinha recebido sobre o seu filho, Jesus?
(2) É óbvio que este casamento não foi bem planejado, uma vez que todo o vinho foi consumido cedo demais. No entanto, Deus agora usa essa situação embaraçosa para exibir a Sua glória. Em sua opinião, por que Maria se voltou para Jesus e disse, "Eles não têm mais vinho"?
(3) A resposta de Jesus é significativa:
a. Independentemente de como interpretamos o uso do termo "mulher", podemos ter certeza que não era um termo que um filho normalmente usaria para se dirigir à sua mãe. À luz disso, o que Jesus queria dizer a Maria quando usou esse termo?
b. Como Ele confirma essa intenção quando diz "Ainda não é chegada a minha hora"? (vide também João 7:6)
(4) Maria fica desanimada ao ouvir as palavras de Jesus? (v. 5)? O que as suas ações nos mostram?
(5) Para que serviam os seis potes de água? (Estima-se que a capacidade de cada um era de aproximadamente 20-30 galões de água.)
(6) O que poderiam estar pensando os servos enquanto seguiam as instruções que tinham recebido?
(7) O que poderiam estar pensando os discípulos enquanto testemunhavam tudo o que que estava acontecendo?
(8) Que tipo de sinal é esse para os discípulos?
(9) Alem disso, qual é o possível significado espiritual do fato de esses seis potes que eram usados para a purificação cerimonial (a qual era inútil para a purificação da alma) agora serem enchidos com vinho a fim de alegrar o casamento?
(10) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Todos servem primeiro o melhor vinho e, depois que os convidados já beberam bastante, o vinho inferior é servido; mas você guardou o melhor até agora” (NVI-PT). (João 2:10)
Deixe-me compartilhar a observação de R.V.G. Tasker sobre o significado deste "sinal" que Jesus realizou na festa de casamento em Caná:
“Ao transformar a água em vinho, Jesus não fez uma exhibição desnecessária de Seu poder sobrenatural, mas um milagre didático com um profundo significado. Alguns críticos têm feito observações muito desfavoráveis ao comparar este milagre de 'luxo' (como o têm rotulado) com os atos misericordiosos de cura que Jesus também realizou. Eles perguntam se realmente era necessário prover tanto vinho para uma festa de casamento. E embora isso tenha ajudado o anfitrião a esquivar-se de uma situação embaraçosa, pode-se dizer honestamente que esse milagre trouxe algum benefício duradouro para aqueles que estavam presentes? No entanto, essas são as perguntas erradas, uma vez que nenhum dos milagres de Jesus foi um simples ato de bondade cujo único propósito era aliviar o sofrimento humano. Eles eram sinais (para usar o termo que João sempre usa neste Evangelho para se referir a eles) cujo propósito era mostrar a glória de Jesus e a maravilha de Seu amor redentor.
“Este milagre específico não é seguido por um discurso que expõe a sua verdade espiritual. Por isso, somos obrigados a deduzir o seu significado o melhor que pudermos, com base na própria narrativa e tendo em mente o contexto do Evangelho como um todo; e quando temos em mente estes fatores, é razoável supor que Jesus queria usar o simbolismo da água transformada em vinho com o duplo propósito de expor a insuficiência do judaísmo como uma religião salvadora e de começar a revelar aos seus discípulos a necessidade de Sua própria morte redentora. O evangelista afirma que ali perto havia seis potes de pedra, do tipo usado pelos judeus para as purificações cerimoniais. Isso parece ser mais do que uma simples nota explicativa para leitores não judeus. Talvez forneça uma pista sobre como devemos interpretar o incidente. A água contida nesses vasos era usada para a lavagem cerimonial das mãos e a purificação dos utensílios usados para beber. Era um exemplo ao mesmo tempo da natureza do farisaísmo e sua fraqueza. Esta mesma água ... foi o que Jesus transformou em vinho, um vinho que, uma vez que ele dá vida e força e, como disse o salmista (Salmo 104:15), 'alegra o coração do homem', é um símbolo apropriado do novo poder espiritual que o derramamento do sangue de Jesus tornaria disponível para a humanidade."
(TNTC, John, 55)
Os Evangelhos Sinópticos contêm um relato de uma purificação do templo que ocorreu quando Jesus fez Sua viagem final a Jerusalém (vide Marcos 11:15-19). No entanto, o tempo e o contexto do evento descrito em João são claramente diferentes aos do evento registrado nos Evangelhos Sinópticos. É possível que este evento registrado em João tenha sido a razão pela qual Jesus se mudou para a Galiléia imediatamente depois e estabeleceu a base de seu ministério lá:
(1) Uma vez que Ele mesmo era “o Cordeiro de Deus”, o que teria estado na mente de Jesus enquanto ia a Jerusalém para celebrar a Páscoa?
(2) Acredita-se que os sacerdotes "alugavam" espaços no pátio do templo para ajudar os peregrinos a comprar os animais para os sacrifícios (para que eles não tivessem que levá-los ao templo) e para que pudessem trocar seu dinheiro pelas moedas que eram usadas para ofertas no templo.
a. De acordo com Jesus, o que tinha de errado com essas práticas? (v. 16)
b. Por que Jesus ficou tão zangado que Ele açoitou aqueles que estavam envolvidos nessas práticas?
c. Que lição importante devemos aprender destes eventos?
(3) Por que, de todas as porções das Escrituras, as ações de Jesus lembraram os discípulos do Salmo 69:9?
(4) Qual foi a reação dos líderes judeus diante de Suas ações (v.18)? Era necessário ter alguma autoridade para fazer o que Jesus fez no templo?
(5) É importante notar que nos vv. 19 e 21 Jesus usa a palavra "naos", o qual se referia ao "santuário interno" em vez da palavra "hierón", a qual se refere a todo o recinto do templo (vide a Nota abaixo):
a. A que evento Jesus se refere no versículo 19?
b. Os discípulos entenderam naquele momento o que Ele estava dizendo? Por que ou por que não?
(6) As pessoas que estavam presentes "creram" porque viram seus milagres; no entanto, Jesus não se confiou a eles. Qual poderia ser o problema de uma "fé" que se baseia somente em ver milagres?
(7) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
Nota :
“O
templo era uma estrutura magnífica. Herodes tinha começado a sua
reconstrução, em parte para satisfazer seu desejo de construir e em
parte como parte de um esforço por manter boas relações com seus súditos
judeus, entre os quais gozava de grande popularidade; para que cumprisse esses dois propósitos, o edifício precisava ser excepcional. A obra ainda
estava em andamento quando Herodes morreu; aliás ela continuou por
muito tempo depois de sua morte. O templo não foi concluído até o ano 63 d.C.
(e logo foi destruído por Tito no ano 70 d.C.).”
(NICNT, Juan, 176).
“Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas" (NVI-PT). (João 2:15)
O apóstolo João nos ajuda a entender a possível razão pela qual Jesus teve que passar a maior parte de Seu ministério na Galiléia e não em Jerusalém. A purificação do templo que ocorreu nesta fase inicial do ministério de Jesus sem dúvida teria enfurecido os líderes religiosos. Uma vez que sua “hora” de glorificação por meio da morte na cruz “ainda não chegou” (João 2:4), Jesus decidiu deixar Jerusalém, onde Sua morte seria finalmente consumada.
No entanto, apesar da ira que Jesus mostrou diante da flagrante profanação da Casa de Seu Pai pelos sacerdotes e pelo povo, Ele expulsou os vendedores de animais e os cambistas com um simples “chicote de cordas” que Ele mesmo tinha feito, e não com o tipo de flagelo cujos golpes Ele sofreria antes de Sua crucificação.
William Barclay nos ajuda a entender como era a adoração no templo naquela época:
- O imposto do templo tinha que ser pago com moedas judaicas, e "as outras moedas eram estrangeiras e, portanto, impuras". No entanto, os cambistas ganhavam quatro pence com esse câmbio de moedas, o equivalente de um "salário de um dia".
- Além do que ganhavam com a venda dos animais de sacrifício para a conveniência dos peregrinos (cujo valor tem sido estimado como sendo aproximadamente "dois milhões e um quarto"), eles também ganhavam uma enorme quantidade de dinheiro com essas transações.
É óbvio que essas "extorsões" tão flagrantes teriam enfurecido nosso Senhor Jesus. No entanto, Ele poderia tê-los amaldiçoado, punindo-os com fogo do céu; ou, pelo menos, já que Ele ia açoitá-los, sem dúvida mereciam o flagelo romano, o qual era "uma longa correia de couro, incrustada em certos intervalos com pedaços de osso afiados e bolinhas de chumbo". Foi isso o que o próprio Jesus experimentaria antes de Sua morte. Mas em vez disso, os cambistas e vendedores foram açoitados com "um chicote de cordas" que Jesus tinha feito — um chicote de misericórdia, não um chicote de ira! (As citações acima foram extraídos de "The Daily Study Bible Series", de William Barclay, Mateus, 363 e João I, 109-11).
(1) O que você sabe sobre os fariseus? (vide a Nota abaixo)
(2) Em sua opinião, por que João menciona especificamente que Nicodemos veio visitar Jesus à noite (uma observação que ele repete em 19:39)?
(3) O que Nicodemos sabia sobre Jesus? ( v. 2)
(4) João não explica por que Nicodemos foi ver Jesus; Além disso, Nicodemos não Lhe fez nenhuma pergunta. Qual foi, então, o seu propósito em visitar Jesus à noite?
(5) Jesus começa a conversa com as palavras "Digo-lhe a verdade" (v. 3).
a. Quantas vezes Jesus repete essa afirmação no decorrer da conversa?
b. Por que Jesus enfatizou isso a Nicodemos?
(6) É óbvio que Nicodemos queria "ver o Reino de Deus".
a. Você acha que o motivo da sua visita estva relacionado com esse desejo? Por quê?
b. Quem está qualificado para entrar no reino de Deus?
c. O que significa nascer de novo "da água e do Espírito"? (vide Efésios 5:26)
(7) Que verdade sobre o novo nascimento Jesus procura ilustrar por meio da analogia do vento?
(8) À luz disso, como você sabe que você já nasceu de novo?
(9) Jesus usa o pronome "nós" repetidamente para se referir àquele que testifica das coisas celestiais. À luz do v. 13, a quem esse pronome "nós" se refere?
(10) Por que Jesus usa a expressão "coisas terrenas" para se referir ao que Ele disse sobre o novo nascimento?
(11) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
Nota:
Além do que João nos diz aqui sobre os fariseus, a saber, que eles eram governantes judeus, também sabemos que eles conheciam bem as Escrituras; no entanto, eles eram oponentes ferozes de Jesus e foram alguns dos principais responsáveis pela Sua morte.
“Digo-lhe a verdade: 'Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito' ” (NVI-PT). (João 3:5)
Em nossa época, a expressão Born Again Christian (cristão nascido de novo) foi popularizada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter. Isso é bom no sentido de que até mesmo os não-cristãos têm percebido que o cristianismo não é uma simples religião, mas uma fé que exige uma mudança interna na vida da pessoa. No entanto, essa expressão também pode sugerir a possibilidade de que possa haver cristãos que não nasceram de novo, algo que sem dúvida é impossível!
Jesus deixa muito claro que “Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo” (João 3:3). Em outras palavras, só pode haver um tipo de cristão, a saber, o cristão nascido de novo. Se você ainda não nasceu de novo, você não pode ver ou entrar no Reino de Deus, e não adianta dizer que você é cristão.
Nosso antigo eu é pecaminoso, e é inútil tentar reformá-lo. O apóstolo Paulo nos explica que “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível pode herdar o imperecível”(1 Coríntios 15:50). Portanto, é somente quando nascemos de novo pelo Espírito Santo através da fé em Jesus Cristo que podemos estar unidos a Cristo em Sua morte, a fim de estar unidos a Ele em Sua ressurreição (Rom. 6:5).
De fato, este processo de renascimento ocorre em nosso espírito; portanto não é observável a olho nu. No entanto, como Jesus disse, é tão real quanto o sopro do vento; além disso, sua realidade não é algo que só pode ser sentido; também pode ser visto. Portanto, se afirmamos que já experimentamos esse renascimento, devemos sentir mudanças em nossos corações, a mais óbvia das quais é uma sensibilidade à convicção do Espírito Santo quando pecamos. Além disso, também haverá em nossa vida mudanças externas visíveis que até mesmo as pessoas ao nosso redor serão capazes de perceber. Se depois de seu novo nascimento os seus entes queridos e amigos próximos não perceberem nenhuma mudança em sua vida - em como você fala, em seu sistema de valores, em suas ações — você deve se perguntar se você realmente nasceu do novo!