Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 9:1–13

(1) Se você fosse um judeu, qual seria sua reação depois de ler ou ouvir o argumento apaixonado de Paulo nos capítulos anteriores sobre a futilidade da lei de Moisés (a mesma lei que sua criação judaica teria lhe ensinado a adorar como algo sagrado, e na qual estava baseada sua garantia da salvação em Deus)? Que reação (ou sentimentos) isso teria provocado em você?

(2) Por que Paulo, ao enfatizar esta verdade, recorre à sua consciência, e até mesmo ao Espírito Santo?

(3) De quem Paulo o lembra, no que se refere ao amor que ele tem por seu povo? (vide Êxodo 32:32)

(4) Como você pode imitá-lo na sua própria intercessão pela salvação de seus entes queridos?

(5) Faça uma lista das bênçãos (ou privilégios) que pertencem aos israelitas, conforme mencionado por Paulo. Como esses privilégios revelam o coração de Deus?

(6) Leia a última parte do v. 5. Quem é Cristo? Quão importante é este versículo para a doutrina da Trindade?

(7) É óbvio que os israelitas foram escolhidos de acordo com o plano de Deus; daí a pergunta lógica: "O plano de Deus falhou?" ou, nas palavras de Paulo: "A palavra de Deus falhou?" Qual é a resposta de Paulo no v. 6?

(8) Voltando ao tema de "filiação" do capítulo 8, Paulo destaca o verdadeiro fundamento desta adoção, a qual se baseia numa "promessa" e não nas "obras", nem na "carne":
a. De que forma Gênesis 21:12 comprova sua afirmação?

b. De que forma Gênesis 25:23 comprova sua afirmação?

c. De que forma Malaquias 1:1-3 comprova sua afirmação?
(9) Embora neste trecho Paulo esteja se referindo a Israel, até que ponto essas realidades descrevem a "filiação" que você tem em Cristo?

(10) Você se sentiu perturbado ao ler Malaquias 1:1-3? Por que ou por que não?

(11) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O amor verdadeiro dói

Imagine a seguinte cena: onde quer que Paulo fosse, ele entrava primeiro na sinagoga local, não só porque era um ponto de partida lógico e tático para compartilhar o evangelho, mas também porque ele amava profundamente o seu próprio povo e desejava que eles confiassem em Cristo, como ele tinha feito. No entanto, quase sem exceção, além de ser rejeitado por seu povo, também sofria perseguições, espancamentos, e até mesmo atentados contra sua vida.

Mas a perseguição não o dissuadiu de ir às sinagogas; ao contrário, a perseguição o levou além das sinagogas, para o próprio templo em Jerusalém (Atos 21). Por quê? Antes de embarcar na sua última viagem a Jerusalém, Paulo desnudou sua alma aos cristãos gentios em Roma, dizendo,
"tenho grande tristeza e constante angústia em meu coração. Pois eu até desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo por amor de meus irmãos, os de minha raça" (NVI-PT) (Romanos 9:2-3).
Se ele estava disposto a intercambiar sua própria salvação pela de seu povo, não havia nada na terra capaz de impedi-lo de alcançar o seu próprio povo para Cristo!

Como já sabemos, há somente dois personagens bíblicos que amavam tanto seu povo que estavam dispostos a fazer isso — um é Paulo e o outro Moisés (Êxodo 32:32).

No entanto, ambos foram profundamente feridos pelo seu povo, mas mesmo assim eles não desistiram.

Que exemplo tão tremendo para aqueles de nós que somos pastores! Devemos imitá-lo, por mais difícil que seja!

Que exemplo tão grande que todos nós devemos seguir enquanto buscamos a salvação dos nossos entes queridos!

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 9:14–21

(1) Sua resposta à pergunta 10 da lição anterior incluiu a mesma objeção que Paulo apresenta no v. 14?

(2) Como parte de sua reafirmação da soberania de Deus, Paulo usa dois eventos no livro de Êxodo para mostrar que "isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus" (Rom. 9:16).
a. Como é que Êxodo 9:16 comprova o seu argumento? (vide a Nota 1)

b. Como é que Êxodo 33:19 comprova seu argumento? (vide a Nota 2)
(3) À luz desses dois versículos, o que você acha do "endurecimento" do coração de Faraó (Êxodo 8:32)? (Mais uma vez, gostaria de chamar sua atenção para a frase de Tom Rees que já citei em outro estudo: "O mesmo sol que endurece a argila é aquele que derrete a cera.")

(4) Você já fez a mesma pergunta que Paulo cita no v. 19? Por que você fez essa pergunta?

(5) Paulo usa duas perguntas retóricas para dar uma resposta sensata. Quais são essas perguntas retóricas?

(6) Considere os dois exemplos usados por Paulo nas seções anteriores (nos vv. 1-13). Embora seja verdade que Isaque foi escolhido em vez de Ismael para ser herdeiro da promessa, assim como Jacó foi escolhido em vez de Esaú, isso quer dizer que Ismael e Esaú não seriam abençoados, nem herdariam a vida eterna (quer dizer, a salvação)?

(7) Contanto que seja um verdadeiro filho de Deus, realmente importa se você for escolhido para algum "propósito especial" ou apenas para o "uso comum"? (9:21)

(8) Com base no conceito que você tem da justiça (ou naquilo que você percebe ser a injustiça de Deus), o que deveria ter acontecido com você? Como Deus deveria tê-lo tratado?

(9) Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Nota 1:
Essas palavras foram ditas por Deus ao Faraó antes de Ele mandar as pragas mais severas (especialmente a última, que causou perda de vidas). Portanto, o que você acha que Deus desejava ao dar este aviso ao Faraó? Como ele deveria ter reagido ao ouvir essas palavras de Deus? Isso não é mais uma evidência da misericórdia de Deus?
Nota 2:
Para você entender o contexto do v. 19, é importante ler o pequeno trecho que se encontra em Êxodo 33:12-23. Qual é a mensagem que Deus queria transmitir a Moisés?

Reflexão meditativa
Uma pergunta difícil, uma resposta difícil!

Ao longo dos anos, tanto crentes quanto não crentes me perguntaram muitas vezes sobre a aparente injustiça de Deus ao nos criar e então permitir que pecássemos e fôssemos condenados.

Muitos deles até questionavam a noção da predestinação, perguntando: "Como Deus pode nos culpar ou condenar se Ele já decidiu o nosso destino?"

É obvio que a humanidade tem feito estas mesmas perguntas ao longo dos milênios. Por isso, não é de admirar que o apóstolo Paulo tenha enfrentado as mesmas (ou semelhantes) perguntas. No entanto, a diferença entre o apóstolo Paulo e eu é que ele não tem vergonha de confrontar estas questões delicadas com respostas ainda mais difíceis. Em Romanos 9:20-21, lemos o seguinte:
Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou, ‘Por que me fizeste assim?' O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso?
Basicamente, Paulo não nos dá nenhuma resposta. Gostemos ou não, Paulo simplesmente afirma que não podemos desafiar a Deus. Essa é a sua resposta. Se me permitirem colocar palavras em sua boca, eu diria que o que Paulo está dizendo é que há certas questões para as quais talvez não existam respostas satisfatórias deste lado do céu.

Aliás, acredito que a questão da "predestinação" é um daqueles mistérios que devem ser deixados sem resposta; se tentarmos resolvê-lo (talvez motivados por um desejo de exonerar ou defender a Deus) possivelmente acabaremos sendo como os três amigos de Jó, provocando uma repreensão direta de Deus:
"Quem é esse que obscurece o meu conselho com palavras sem conhecimento?" (Jó 38:2)
Na minha opinião, a questão da justiça de Deus foi resolvida de uma vez por todas pelo sacrifício de Seu Filho na cruz.

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 9:22–33

Talvez seja útil ter em mente o argumento anterior de Paulo, no qual ele usa personagens como Faraó como exemplos do que significa ser objeto da ira de Deus. A seguir, Paulo procura desenvolver ainda mais este conceito:

(1) No caso do Faraó, de que forma Deus mostrou muita paciência com ele?

(2) Como essa paciência serviu para fazer repercutir a ira e o poder de Deus?

(3) De que forma a paciência de Deus, junto com a Sua ira, desempenhou um papel central até mesmo na história do povo de Israel? Pense em toda a história de Israel, desde seu início até a época de Paulo.

(4) De acordo com os vv. 9:23-24, quem são os objetos atuais da misericórdia de Deus, e de que maneira essa misericórdia faz repercutir as riquezas de sua glória? (Filipenses 4:19)

(5) Como parte de sua demonstração da misericórdia de Deus, especialmente a misericórdia que Deus mostra para com os gentios, Paulo cita Oséias 2:23 e 1:10 respectivamente.
De acordo com a interpretação tradicional dessas profecias, elas se referem ao destino das dez tribos do norte que foram deportadas para a Assíria no ano 722 a. C. Essas tribos iriam para uma terra estrangeira onde não seriam mais "Meu povo" (1:10), mas finalmente seriam conduzidos de volta à sua terra como povo de Deus.

Mas Paulo esclarece que, na verdade, esta profecia não se refere somente ao Seu povo Israel, mas também aos povos estrangeiros que moram no estrangeiro, ou seja, aos gentios (você e eu).

Como o cumprimento dessas profecias demonstra a misericórdia de Deus por você e por mim? (Tente substituir o seu nome no lugar dos pronomes nas profecias de Oséias.)
(6) É bastante óbvio que, começando no início do capítulo 9, a intenção de Paulo é expressar sua compaixão pelo seu povo, Israel. Portanto, ao afirmar a incrível misericórdia que Deus mostra aos gentios (os quais não eram amados e nunca haviam sido povo de Deus), Paulo cita Isaías 10:22-23 e 1:9 a fim de destacar a misericórdia que Deus também mostra a Israel.

Em que sentido estes trechos de Isaías são passagens de esperança e não de condenação?

(7) Nos vv. 9:30-33, Paulo salienta mais uma vez a razão principal do fracasso de Israel.
a. De acordo com Paulo, qual é essa razão principal?

b. Nesse sentido, como os muçulmanos de hoje são como esses judeus?

c. De acordo com as passagens citadas por Paulo (Isaías 8:14 e 28:16), quem é a pedra de tropeço?
(8) Mais tarde, em Romanos 10:11, Paulo citará Isaías 28:16 novamente. Ele enfatiza o tema de não ficar envergonhado.

Por que Paulo citaria Isaías duas vezes para exortar os judeus de que aquele que busca a Deus através da fé em Cristo independente das obras e da lei "jamais será envergonhado".

(9) Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Jamais seja envergonhado

De vez em quando ouço cristãos bem-intencionados usarem palavras como as seguintes para animar os não-crentes a tomarem uma decisão por Cristo: “Dê uma chance (para a fé cristã). Mesmo se você morrer e descobrir que o céu e o inferno realmente não existem, não terá perdido nada."

Duvido muito que o apóstolo Paulo estaria de acordo com semelhante método de evangelismo.

Para começar, poderia fazer-se a mesma afirmação sobre qualquer outra "boa" religião do mundo.

O problema que surge quando nós, os cristãos, a fazemos, estamos admitindo a possibilidade de que os profetas da antiguidade, os apóstolos e até mesmo Jesus tenham sido mentirosos. Pior ainda, os convertemos em tolos. Quem morreria por uma fé que pode acabar sendo falsa? Só um tolo faria isso!

Em sua carta à igreja em Roma, Paulo garante aos irmãos que sua fé no evangelho de Jesus Cristo jamais será envergonhada (5:5; 9:33; 10:11), e quanto a ele mesmo, não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (1:16).

No próprio livro de Romanos, Paulo nos mostra o poder de Deus na criação, Seu poder ao longo da história de Israel (o povo escolhido de Deus) e, de maneira ainda mais poderosa, Seu poder na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Em outras palavras, a fé cristã está firmemente baseada em fatos históricos e no bom senso. No entanto, Paulo mostra que o poder do evangelho é confirmada ainda mais através da experiência pessoal de vitória sobre o pecado nas vidas de todos os que crêem.

Em outras palavras, a fé cristã é comprovada de forma objetiva e confirmada de forma subjetiva.

Infelizmente, estou convencido de que ninguém pode experimentar esse poder do evangelho em sua vida "dando uma chance" para o evangelho. Duvido muito que os primeiros discípulos teriam arriscado uma perseguição imediata se sua mentalidade fosse uma de “dar uma chance para o evangelho”, se não estivessem totalmente convencidos de sua própria pecaminosidade e da verdade do evangelho.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 10:1–13

(1) Embora possa parecer que a intenção de Paulo ao usar toda esta evidência do Antigo Testamento é condenar os judeus, ele afirma que seu desejo e oração é que eles sejam salvos. Como você pode imitar o desejo e a atitude de Paulo na hora de discutir racionalmente com aqueles cuja salvação você está buscando?

(2) Paulo sempre se considera apto a compartilhar o evangelho com os judeus. Por quê? (vide também Atos 22:17-21)

(3) Paulo diz que o zelo dos judeus não se baseia no "conhecimento", uma vez que que eles "ignoram" a justiça que vem de Deus:
a. O que é essa justiça que procede de Deus?

b. Como você definiria o conhecimento, conforme a palavra é usada neste contexto?
(4) O que significa a seguinte declaração: "o fim (gr. télos) da Lei é Cristo"?
(5) Paulo continua explicando como a justiça pela fé em Cristo foi profetizada na Lei (a qual não é capaz de dar vida, como já foi demonstrado) em Deuteronômio 30:12-14. O que Moisés tenta destacar em Deuteronômio 30:12-13? Como Paulo interpreta essas verdades para nós?

(6) Moisés salienta em Deuteronômio 30:14 que a palavra está (tão) perto de nós, que está em nossa "boca" e em nosso "coração". Responda às seguintes perguntas à luz da expressão "a palavra da fé" que Paulo usa para se referir a esta palavra:
a. Como a fé se expressa com a boca?

b. Como a fé se expressa com o coração?
(7) Qual é a importância do ato de confessar com a boca que "Jesus é Senhor"?

(8) Qual é a importância do ato de crer em nosso coração que "Deus o ressuscitou (Jesus) dentre os mortos"?

(9) Tem-se dito que Romanos 10:9 relata as palavras ditas pelos primeiros cristãos quando eram batizados. É possível confessar com a boca sem confessar com o coração, ou vice-versa? Por que ou por que não?

(10) Há quanto tempo você é cristão? Houve um momento em sua vida em que você duvidou se aquilo que acreditava era verdade? Como as verdades expressadas em Romanos 10:11-13 podem ajudá-lo com respeito a isso?

(11) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O anti-semitismo cristão

É certo que o apóstolo Paulo ataca ferventemente a noção da justificação por obras defendida pelos judeus de sua época. Mas também é evidente que o que Paulo está atacando são suas heresias, e não o povo judeu em si, ao qual ele mesmo pertence. Aliás, começando no capítulo 9 de sua epístola escrita a esta igreja em Roma, uma igreja que era composta de uma maioria de cristãos gentios, Paulo mostra seu amor pelo seu próprio povo, os judeus, com palavras não menos fervorosas que aquelas que usou em seu ataque às suas heresias.

Observamos um aumento na perseguição aos cristãos durante os primerios séculos após a vida do apóstolo Paulo. Embora essa perseguição tenha sido patrocinada pelo Estado, sem dúvida foi fomentada em parte pelos judeus que viviam no Império Romano. O resultado disso foi que muitos pais da igreja primitiva continuaram advertindo o povo judeu sobre sua continuada rejeição de seu Messias, Jesus Cristo. Alguns deles pregaram num tom tão forte quanto o do apóstolo Paulo:
"E as calamidades que eles (os judeus) sofreram por serem uma nação tão perversa, a qual, embora seja culpada de muitos outros pecados, não foi punida por nenhum deles tão severamente como por aqueles que foram cometidos contra nosso Jesus." (Orígenes, 185-254)
Infelizmente, à medida que Roma se cristianizou e a igreja se tornou uma poderosa instituição, parte da retórica dos padres se converteu numa licença para realizar atos anti-semitas, o que levou a uma discriminação civil e política contra o povo judeu. Em alguns casos, houve até ataques físicos e assassinatos de judeus.

O anti-semitismo se tornou popular em diversos momentos da história da cultura cristã europeia, intensificando-se no século 13, quando o rei Eduardo I expulsou os judeus da Inglaterra no ano 1290. Em 1492, os judeus da Espanha foram forçados a se converter ao catolicismo ou a deixar o país. Muitos fugiram para Portugal, de onde acabaram sendo expulsos novamente em 1497.

Muitos eruditos acreditam que o anti-semitismo cristão desempenhou um papel importante no Terceiro Reich nazista e no Holocausto.

No entanto, essas ações horríveis não devem ser vinculados com os ensinamentos do Novo Testamento. Embora seja um fato que Deus castigou o povo de Israel por sua rebelião com a destruição de sua nação, algo que fora profetizado claramente pelos seus próprios profetas, e embora seja um fato que eles rejeitaram seu Messias, crucificando-o numa cruz, também é um fato que Jesus morreu na cruz por eles. O amor de Deus nunca os abandonou,
"Porque Deus tanto amou o mundo ..." (João 3:16)
e sem dúvida eles fazem parte do "mundo".

O fato de Israel continuar rejeitando Jesus Cristo devia despertar em nós um amor e paixão por eles, como disse Martinho Lutero em um de seus últimos sermões:
"Queremos tratá-los (os judeus) com amor cristão e orar por eles, para que se convertam e recebam o Senhor."

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 10:14–21

Como se Paulo conseguisse ouvir a objeção de alguns dos seus ouvintes judeus que diziam, "O que diremos daqueles que não tiveram a oportunidade de ouvir sobre este caminho de justiça (quer dizer, o caminho da fé)?", ele apresenta a seguinte resposta:

(1) Se invertêssemos a sequência de palavras, o texto ficaria assim: sem envio não há pregação; sem pregação ninguém ouve; se ninguém ouvir não há fé; e sem fé ninguém invocará o nome do Senhor (Rom. 10:13). Isso faz sentido para você? Por quê? Porque não?

(2) Como é que tudo isso pode tornar belos os pés daqueles que anunciam boas novas (Isaías 52:7)? Você gostou da escolha de Paulo da palavra "belo" para descrever os pés dessas pessoas?

(3) Isaías 52:7 proclama simplesmente, "O seu Deus reina". No entanto, como essa proclamação ganhou corpo na vida de Paulo?

(4) No v. 10:16, Paulo salienta que nem todos os israelitas aceitaram as boas novas (Isaías 53:1). Ele então propõe várias possíveis explicações para isso e responde a cada uma delas com base no Antigo Testamento:
a. É porque não tiveram a chance de ouvir? (Salmo 19:4)

b. É porque não entendem? (Deuteronômio 32:21)

c. De acordo com 10:21 (uma citação de Isaías 65:2), qual é a verdadeira explicação?
(5) Paulo afirma que a salvação de nós, os gentios, provocou ciúmes e raiva nos israelitas. Quão verdadeira é essa afirmação? A que conclusão podemos chegar ao pensarmos na discriminação (tanto oficial quanto extra-oficial) que existe atualmente em Israel contra os cristãos? (Não se esqueça de que em outro estudo expliquei que todos os judeus têm o direito automático de voltar a Israel e se tornarem residentes permanentes, menos aqueles que são judeus messiânicos, ou seja, judeus cristãos.)

(6) Sem dúvida, o argumento de Paulo é válido com relação aos israelitas. Mas quais são suas implicações para os gentios, os quais atualmente constituem a maioria da população mundial? Quais são suas implicações para nós, ou melhor, para você?

(7) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Nosso Deus reina

No meio do seu lamento sobre a falta de fé de seu povo, Paulo subitamente irrompe em alegria ao pensar que, ainda assim, as boas novas já foram proclamadas: "Como são belos os pés dos que anunciam boas novas" (Romanos 10:15). O autor da música (traduzido para o espanhol) abaixo retoma belamente esses pensamentos de Paulo ao descrever a beleza do evangelho em si. Meditemos sobre a letra desta canção. Se você conhece a melodia, cante com adoração e louvor.

Nuestro Dios Reina
Coro
¡Reina Dios!
¡Reina Dios!
¡Reina Dios!
¡Nuestro Dios!

1   
Cuán bellos son los pies
de aquel que anuncia hoy
noticias del Señor;
predica paz, proclama gozo y salvación:
¡Reina Dios! ¡Reina Dios!

2    
No vimos hermosura
ni atractivo en Él
cuando en la cruz murió;
Fue afligido, mas su boca no abrió;
redención Él obró.

3      
Venció la tumba
con poder y gloria real,
resucitó Jesús;
hoy a la diestra
de Su Padre Él está;
¡Gloria a Dios, vive hoy!


Leonard E. Smith, Jr.
https://www.youtube.com/watch?v=ep7VmablMwc
• # 42 // Vamos comemorar sua glória

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 11:1–12

Ao defender sem ceder um centímetro as boas novas da justificação pela fé em Jesús Cristo, independente da lei, Paulo se aproxima cada vez mais à revelação do plano supremo de Deus para o povo de Israel, o povo com o qual no princípio ele fez o pacto abraâmico.

(1) No v. 1, que evidência apresentado por Paulo mostra que "Deus não rejeitou o seu povo, o qual de antemão conheceu"?

(2) O que ele quer demonstrar ao citar 1 Reis 19:10, 14 e 18?

(3) Como a eleição de Paulo (um dos remanescentes da época atual) serve para reforçar o argumento de que esta eleição não é baseada em obras, mas é pela graça?

(4) A maioria dos comentaristas (que eu já li) interpretam o v.7 da mesma maneira que os tradutores da versão NVI (ou seja, "os eleitos o obtiveram"). De acordo com essa interpretação, embora o remanescente (isto é, os eleitos) tenha obtido a justiça (por meio da fé), o coração dos demais foi endurecido. Paulo cita Deuteronômio 29:4 e Salmos 69:22-23 para provar o seu argumento. A relevência da primeira citação é óbvia, mas a da segunda (do Salmo 69) é mais interessante. Paulo atribui claramente este salmo messiânico a Davi (que é um tipo de Cristo), enquanto os versículos 22-23 se referem a seu inimigo:
a. Como é que aqueles que estão empenhados em fazer obras e guardar a lei se tornaram inimigos de Cristo?

b. O que a palavra "mesa" normalmente significa no Antigo Testamento (por exemplo, no Salmo 23:5, onde na versão NVI é traduzida como "banquete")? Em 11:9, o que é essa "mesa" que se converteu num "laço ... e uma pedra de tropeço" para aquele que rejeita a Cristo?
(5) De fato, se da pedra de tropeço e da transgressão dos israelitas vieram salvação e riqueza para os gentios, o que aconteceria se a casa inteira de Israel se arrependesse de sua transgressão? Você pode imaginar como será aquele dia?

(6) Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O remanescente

A maioria das situações que enfrentamos na vida cristã podem nos deixar inquietos e desanimados. No entanto, em vez de enxargarmos um copo meio vazio, podemos enxergar o copo da vida meio cheio. Isso não se trata tanto de uma decisão filosófica, mas de uma realidade que experimentamos como filhos de Deus. Como entes queridos do Senhor, podemos contar com a realidade da promessa de Deus de que "Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam" (Rom. 8:28).

É assim que Paulo também enxergava o declínio atual de seu povo, os judeus. Por mais que os repreendesse por rejeitarem seu Messias, Jesus Cristo, Paulo conseguia enxergar um vislumbre de esperança de que ainda há um remanescente entre eles que foi escolhido pela graça (Rom. 11:5). Sua explicação também não é um mero exercício filosófico. O próprio Paulo é um dos remanescentes. E uma vez que Deus preservou um remanescente, esse remanescente é um precursor do regresso de Seu povo que acontecerá um dia. Em outras palavras, embora hoje o copo esteja meio cheio, um dia transbordará.

Isso me lembra de um sentimento parecido que Mateus expressou quando escreveu o primeiro capítulo da genealogia de Jesus: embora os três períodos de 14 gerações tenham apresentado um declínio constante, uma espiral descendente — do período glorioso dos patriarcas ao período do reino dividido e, finalmente, ao período do exílio — Deus ainda preservou um remanescente. Justamente quando Israel pensava que não havia mais esperança, chegou o momento mais brilhante da história de Israel. Nasceu o Filho de Davi e de Abraão! O copo que estava meio cheio agora está transbordando!

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 11:13–24

Por alguma razão, ainda existem sentimentos anti-semitas em alguns meios cristãos. Mas esta passagem de Paulo deveria acabar de uma vez por todas com tais sentimentos e com qualquer tentativa de justificá-los.

1. O ministério de Paulo aos gentios foi uma escolha dele mesmo? (Atos 9:15)

2. Se a decisão fosse do Paulo, o que ele teria feito? (Atos 22:17-21)?

3. É justificado este motivo (parcial) para ser o apóstolo dos gentios? (Rom. 11:13-14) Por que ou por que não?

4. De acordo com a interpretação tradicional, os "primeiros frutos" e a "raiz" se referem a Abraão, Isaque e Jacó (Calvino, Lenski, etc.); de acordo com a interpretação moderna, eles se referem aos primeiros discípulos (os judeus), como Paulo. Na sua opinião, qual das duas interpretações faz mais sentido na hora de tentar entender esta passagem? (vide Nota)

5. Não sei se você já encontrou cristãos que discriminam o povo de Israel com base na sua antiga rebelião contra Deus no VT e na sua rejeição e crucificação Cristo. Caso sim, como Paulo responde a essa atitude em 11:17-18? Você concorda com Pablo? Por quê?

6. Em 11:22, Paulo pede que consideremos a bondade e severidade de Deus.
a. Tente descrever a severidade de Deus para com Israel ao longo de sua história e até os dias atuais.

b. Tente descrever a bondade que Deus mostra para nós, os gentios. Tenha em mente o que Romanos 1 diz sobre o que nós éramos antigamente.
7. Você acha que todos os auto-proclamados cristãos são necessariamente salvos? (Vide Mateus 13:24-30; 3:12.)

8. Com que fundamento Paulo considera que, apesar do endurecimento dos judeus, “quanto mais" serão enxertados em sua própria oliveira?

9. Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Nota:
A interpretação tradicional é baseada na suposição de que os elementos mencionados na passagem não representam judeus ou gentios individuais, mas grupos de pessoas. De acordo com essa interpretação, o enxerto e corte representam os gentios e judeus como grupos de pessoas. Essa interpretação tem o apoio do próprio capítulo, uma vez que Paulo se refere à "plenitude dos gentios" (11:25) e menciona "todo o Israel" (11:26). Além disso, 11:28 serve para explicar que a eleição deste último (Israel) ocorre “por causa dos patriarcas”. Daí o significado dos primeiros frutos e da raiz.

Reflexão meditativa
Segurança eterna

A passagem que estudamos na reflexão sobre a Bíblia de hoje (Romanos 11:13-24) "parece ... colocar em dúvida a salvação." Permite-me compartilhar com você a interpretação tradicional desta passagem, na forma em que é expressa no comentário de João Calvino:
"Minha resposta é esta: que, uma vez que esta exortação (de tomar cuidado para que não sejam cortados) se refere à subjugação da carne, a qual sempre é insolente, até mesmo nos filhos de Deus, em nada derroga a certeza da fé. E devemos notar e lembrar especialmente o que eu já mencionei, a saber, que o discurso de Paulo não vai dirigido tanto a indivíduos, senão a todo o corpo dos gentios, entre os quais poderia haver tido muitos que se inflavam em vão, professando uma fé que não possuiam . . Por essas razões Paulo ameaça os gentios, e não sem razão, com a excisão ... do qual ele está falando, não poderia se aplicar a indivíduos, cuja eleição é imutável, com fundamento no propósito eterno de Deus. Nesse sentido, o que Paulo declara aos gentios é que se eles se regozijarem contra os judeus, a retribuição pelo seu orgulho lhes será preparada; porque Deus reconciliará consigo mesmo o primeiro povo, do qual se divorciou."

(Calvin, Romanos, 430)

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