Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 11:25-32

Paulo continua advertindo os cristãos gentios contra a fomentação de qualquer hostilidade contra Israel:

1. Qual é o mistério que Paulo nos revela agora sobre o futuro de Israel?

2. Quando isso vai acontecer?

3. Quais são as implicações desse mistério para você como indivíduo?

4. Paulo usa várias passagens do VT (Isaías 59:20-21 e Jer. 31:33-34) para afirmar a realidade deste mistério; no entanto, se os cristãos gentios forem considerados como uma espécie de "Israel espiritual", essas profecias poderão ser consideradas como já cumpridas. À luz disso, não parece que o propósito de Paulo ao citar essas passagens que apóiam a revelação do mistério é mostrar que a aliança de Deus com Israel deve ser entendida não apenas num sentido espiritual, mas também num sentido concreto?  O que você pensa sobre isso, especialmente à luz do v. 29?

5. Como você pode resolver a aparente contradição no v. 28? É fácil entender o que Paulo quer dizer quando afirma que eles são "amados" pelos pais, mas por que ele diria que os judeus são inimigos (de Deus) "por causa" dos gentios?

6. Em v. 30, Paulo usa a seguinte dedução lógica para tentar nos assegurar ainda mais da certeza do futuro arrependimento de Israel:

Os gentios:
Antes eram desobedientes—
  através da desobediência de Israel →
    agora receberam misericórdia!

Israel:
Agora se tornaram desobedientes—
  através da misericórdia concedida aos gentios →
    poderão receber misericórdia!

A expressão "a misericórdia dos gentios" provavelmente se refere ao tipo de misericórdia que os gentios receberam—
De acordo com o v. 32, qual é a conclusão de Paulo com base nessa misericórdia?

7. Reflita cuidadosamente sobre a conclusão de Paulo no v. 32;
a. Qual foi a causa da desobediência dos gentios?

b. Qual foi a causa da desobediência de Israel?

c. O que Deus poderia ter feito em resposta à desobediência de ambos (os grupos de pessoas)?

d. Em vez disso, o que foi que Ele fez?
8. Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Todo Israel será salvo

Admito que não gosto muito de debater sobre opiniões políticas porque não quero me deixar enredar na política partidária. Como cristão que acredita na Bíblia, é claro que não posso estar de acordo com as propostas da esquerda em favor ao aborto e ao homosexualismo; no entanto, também desconfio de parte da retórica anti-imigrante da direita. Seria ainda pior se me envolvesse no debate sobre a atuação de Israel no Oriente Médio.

No fundo, eu amo Israel com o mesmo amor expresso por Paulo em Rm 11.28,  "são amados por causa dos patriarcas". Apesar de ter um coração endurecido, eles continuam sendo o povo da aliança de Deus.

Alguns cristãos se regozijam com as notícias de que parece haver um ressurgimento de fervor religioso em Israel, e que muitos estão se dedicando ao estudo da Torá. No entanto, as notícias deste renascimento religioso não são inteiramente boas, especialmente ao se considerar o que está acontecendo entre muitos grupos ultraortodoxos como o Edah Haredit. Recentemente, num lugar chamado Beit Shemesh, integrantes desse grupo conseguiram impedir a construção de um shopping depois de quebrar vitrines e cometer atos de vandalismo no local da construção. Fizeram isso porque acreditavam que "o shopping levaria a uma inevitável mistura dos sexos e ao comportamento indecente". Quando na mesma cidade foi inaugurada uma nova escola para meninas, grupos de homens Haredim começaram a gritar aos pais e cuspir nas meninas que chegavam; alguém até jogou esterco nas paredes da escola. As meninas agora precisam ser escoltadas pela polícia quando vão para a escola, e tudo porque esses grupos ultraortodoxos estão tentando limitar os papéis sociais e as oportunidades educacionais das mulheres.

O fato de esses judeus estarem retornando apaixonadamente à Torá parece ser o resultado de um endurecimento ainda maior nos seus corações contra o verdadeiro evangelho em Jesus Cristo.

Enquanto isso, a nação de Israel continua a enfrentar forças externas que buscam exterminá-la. Mas acho que quanto mais escura for a noite, mais perto estaremos do amanhecer. Deus permanece fiel, e um dia “todo o Israel será salvo”. Naquele dia, o nome de Jesus será honrado não só pelos gentios, mas também pelo seu próprio povo.

(A informação sobre os eventos que ocorreram em Beit Shemesh vem do artigo A Spade to Dig With, First Things, Novembro de 2012.)

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 11:33-12:2

1. Paulo, inspirado por sua conclusão no v. 32, irrompe em uma das doxologias mais gloriosas da Bíblia. Portanto, leia novamente as suas observações sobre o v. 32 da lição anterior (caso você pulou essa pergunta, será necessário refletir um pouco sobre ela antes de tentar entender a doxologia de Paulo que examinaremos hoje).

2. Com base em suas reflexões, inspiradas também no v. 32, como você ecoaria os louvores de Paulo sobre o plano de salvação de Deus para Israel e para os gentios:
a. Quais são as riquezas que se materializam?

b. Que tipo de sabedoria é revelada?

c. Que tipo de conhecimento é demonstrado?

d. Por que Paulo diz que os juízos de Deus são insondáveis?

e. Em que sentido Seus caminhos são inescrutáveis?
3. Ao pensar sobre o plano de salvação de Deus, Paulo faz eco do mesmo louvor que encontramos em Isaías 40:13. Qual aspecto deste plano de salvação é o mais inconcebível (para você)?

4. Paulo também cita Jó 41:11, um versículo que é parte de um discurso de Deus no qual Ele confronta Jó com Seu incrível poder conforme é revelado na criação. Qual é a ênfase de Paulo com relação ao plano de salvação de Deus?

5. No v. 36, Paulo chama a nossa atenção para a identidade de Deus e o relacionamento que existe entre Ele e todas as coisas criadas. Ao se referir a "todas as coisas", ele usa as três preposições abaixo. O que estas preposições podem lhe ensinar sobre a grandeza de Deus?
a. dEle

b. por Ele

c. para Ele!
6. Lembre-se de que esta doxologia foi inspirada pela reflexão no v. 24 sobre a "misericórdia" de Deus. À luz de tudo isso, que definição você daria para a misericórdia de Deus? Como você pode fazer eco desta doxologia?

7. Diante desta verdade de que somos beneficiários de tanta misericórdia, como devemos viver?

8. O que significam as seguintes expressões?
a. Oferecer nosso "corpo" (ARC) em sacrifício

b. Ser um sacrifício "vivo" e não um sacrifício "morto"
9. Normalmente concentramos a nossa adoração nos domingos. O que Paulo nos diz sobre o verdadeiro significado da adoração?

10. Todos nós que hoje somos cristãos tínhamos (antes de nossa conversão) uma mente estruturada de acordo com os padrões do mundo. Mesmo agora, nossas mentes ainda estão sob a influência desta mentalidade mundana.
a. Como é possível então que nossa mente seja transformada (a palavra original significa "metamorfose")?

b. Como podemos "detectar" aquela parte de nossa mente que continua se conformando ao padrão do mundo?

c. Que elemento nos impede de conhecer a vontade de Deus?

d. Por que Paulo diz que devemos "verificar" a vontade de Deus a fim de entendermos seu significado verdadeiro?

e. Como a vontade de Deus é diferente da nossa?
11. Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Amor que não me largas nunca

Enquanto ele reflete sobre a misericórdia que Deus concede tanto aos gentios quanto a Israel — pecadores totalmente rebeldes e indignos — Paulo irrompe numa das mais grandiosas doxologias da Bíblia (Rom. 11:33-36). Diante das riquezas inescrutáveis do amor de Deus, convido todos vocês a desfrutarem da misericórdia de Deus em Jesus Cristo com este maravilhoso hino de George Matheson.

Oh amor você não vai me deixar
1
Amor! que não me largas nunca!
Minh’alma achou descanso em Ti;
Desejo dar-Te minha vida,
A Ti, de quem a recebi,
E só por Ti viver.

2
Ó Luz! que sempre me iluminas!
Por Ti, Senhor, eu posso ver;
E já que a luz celeste brilha,
Nenhum farol preciso ter,
Mas, sim, a luz do céu.

3
Ó Gozo! que minh’alma inundas!
Que penas Teu poder desfaz!
Na chuva ao ver um arco-íris,
Sei que a promessa cumprirás,
Que o pranto cessará.

4
Ó Cruz! Levantas minha fronte;
Alentas tu meu coração;
O sangue por Jesus vertido
Garante minha salvação
E dá-me paz com Deus.

George Matheson, 1842-1906
https://www.hymnal.net/en/hymn/hp/199

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 12:3–8

1. A palavra "graça" aparece duas vezes nesta passagem de exortação, primeiro no v. 3 e depois no v. 6
a. Quais são as diferentes ênfases cada vez que esta palavra é usada?

b. Qual seria o tema comum dessas duas ênfases?
2. Paulo diz que não devemos nos sentir orgulhos dos nossos dons, mas que devemos ter um conceito equilibrado, de acordo com a "medida de fé" que Deus nos deu. O que significa isso? O que a fé tem a ver com o exercício dos nossos dons?

3. Ao descrever o exercício dos nossos dons, Paulo recorre à sua metáfora habitual de um corpo. Ao se referir ao corpo físico, ele enfatiza as funções distintas dos membros; no entanto, o que ele enfatiza ao se referir ao corpo em Cristo? Por que?

4. Na lista dos diferentes dons, a forma do texto original é mais parecido com o texto abaixo:
“Ou o da profecia, de acordo com a proporção da fé;
Ou o de servir, em servir;
Ou o de dar ânimo, em dar ânimo;
Ou o de contribuir, com simplicidade;
Ou o de dirigir, na liderança;
Ou o de mostrar misericórdia, com alegria ..."
Se Cranfield estiver correto ao afirmar que "a proporção da fé" significa essencialmente o mesmo que " a medida da fé" no v. 3 (vide Cranfield, Romans, 621), segue-se (em minha opinião) que a ênfase de Paulo nesta passagem parece ser uma exortação a usar nossos dons "em proporção à" nossa fé; isso não se aplica somente ao dom de profecia, mas também a todos os dons.

No entanto, (a) muitos comentaristas são de opinião de que a ênfase de Paulo é que cada um deve reconhecer qual é o seu dom e usá-lo, enquanto (b) outros tradutores pensam que a ênfase está em "estar focado" em usar o dom específico que foi recebido.

Na reflexão abaixo, você pode adotar a interpretação (a) ou (b). No entanto, também sugiro que você pense em como pode exercer cada um dos seguintes dons “na proporção da sua fé”.
a. Profetizar "na proporção da sua fé"

b. Servir"na proporção da sua fé"

c. Ensinar "na proporção da sua fé"

d. Dar ânimo ""na proporção da sua fé"

e. Contribuir "na proporção da sua fé", generosamente (ou simplesmente)

F. Dirigir "na proporção da sua fé", diligentemente

g. Mostrar misericórdia "na proporção da sua fé", com alegria.
5. Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?


Reflexão meditativa
De fé em fé

No devocional de hoje, explicarei que o uso da fé não se limita ao exercício do dom da profecia; a fé também é usada para exercer todos os dons que Deus nos deu. Concordo com Cranfield que a expressão "a medida da fé" em Romanos 12: 3 significa essencialmente o mesmo que "a proporção da fé" em 12: 6, embora eu não concorde necessariamente com aa sua interpretação de que se refere a uma espécie de padrão de fé com o qual devemos medir nossas vidas e ministérios.

Na minha opinião, as palavras "medida" e "proporção" se referem a algo que não pode ser medido, mas que pode ser discernido com sinceridade por cada cristão individual enquanto exerce seu dom.

Por exemplo, o dom de profecia é usado quando uma pessoa é inspirada pelo Espírito Santo a dizer algo apropriado em determinada situação imediata. Nesse caso, é importante que essa pessoa fale somente o que for motivado pelo Espírito Santo; se o que ele disser for além do que foi inspirado pelo Espírito Santo, ele será considerado um falso profeta.

Deve-se aplicar essa atitude rigorosa ao exercício de todos os dons:
- Quando pensamos que podemos ministrar sem a ajuda do Espírito Santo, começamos a confiar em nossas próprias forças e sabedoria e nosso ministério se torna carnal e egocêntrico.

- Quando pensamos que podemos ensinar sem a ajuda do Espírito Santo, perdemos a capacidade de manejar corretamente a Palavra de Deus, uma vez que somente o Espírito Santo pode nos conduzir à Sua verdade.

- Quando pensamos que podemos dar ânimo aos outros sem exercer a fé, qualquer conselho que damos não passa de um simples conselho secular que é incapaz de infundir vida.

- Quando procuramos ajudar os necessitados sem exercer a fé, caímos na armadilha de uma justiça que vem pelas obras.

- Quando tentamos dirigir por conta própria, sem depender da fé, a única coisa que conseguimos fazer é guiar a igreja pelo caminho do mundo.

- Quando procuramos mostrar misericórdia independente da fé, só acabamos nos desesperando, porque a necessidade de misericórdia é infinita.
Nós de fato entramos pela porta da salvação pela fé; no entanto, a fé não para por aí. Toda a vida cristã é caracterizada pela fé, e isso inclui especialmente o exercício dos nossos dons, os quais foram dados pelo Espírito Santo para o bem comum do Corpo.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 12:9-21

Parece que Paulo finalmente chegou ao fim de seus debates teológicos e agora se concentra em ensinamentos éticos com relação à vida cristã. Embora muitos eruditos prefiram tratar esta passagem como se fosse um "parêntese" (uma compilação de ditos sobre a ética) por causa do uso abundante de cláusulas formadas por particípios e a escassez de verbos finitos, eu estou inclinado a concordar com alguns eruditos que sustentam que o tema principal no v. 9 é a exortação ao amor (o amor ágape), enquanto as outras exortações são exemplos práticos de como devemos amar.

Vv. 9-13: O termo principal é o amor, seguido por seis pares de particípios (de acordo com Cranfield):

1. Você acha que o amor que Paulo menciona neste trecho se refere ao amor a Deus ou ao amor às pessoas?

2. Por que ele enfatiza que o amor deve ser sincero (ou, de acordo com o significado do texto original, não falsificado)?

3. Utilizemos as seguintes perguntas para refletir sobre estes seis pares de particípios:

- “O que estas palavras têm a ver com o amor sincero (não falsificado)”?

- "Que relação existe entre os dois particípios que constituem um par"?
a. Odiar o que é mal e apaegar-se ao que é bom

b. Dedicar-se uns aos outros com amor fraternal e dar honra aos outros

c. Não faltar zelo, mas ser fervoroso no espírito

d. Servir ao Senhor e alegrar-se na esperança;

e. Ser pacientes na tribulação e perseverar na oração;

f. Compartilhar o que temos com os santos em suas necessidades e praticar a hospitalidade.
Vv. 14-21: Estes versículos tratam principalmente de como devemos lidar com pessoas desagradáveis com amor ágape:

4. De acordo com estes versículos, quais são as razões pelas quais não devemos amaldiçoar ou retribuir mal por mal a aqueles que nos perseguem ou nos tratam mal?

5. Paulo diz que devemos abençoar essas pessoas ao invés de amaldiçoá-las. De acordo com os vv. 18 e 20, como devemos abençoá-las, não somente com nossas palavras, mas também com ações?

6. Por que devemos nos importar com "os olhos de todos"?

7. Muitos comentaristas colocam esta seção sob a categoria de "instruções sobre como lidar com os não-cristãos". Você concorda? Por que ou por que não?

8. Nosso objetivo principal ao obedecer a essas exortações deve ser fazer com que Deus nos vingue dos nossos inimigos? Por que ou por que não?

9. Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Observação:
Os vv. 15-16 parecem estar relacionados à seção anterior (vv. 9-13). Em ambos trechos aparecem os infinitivos "gozar" e "chorar", assim como o particípio "ter uma mesma atitude" para enfatizar a harmonia e humildade dentro da comunidade de fé.

Reflexão meditativa
O amor deve ser sincero

Muitos não-cristãos, como Gandhi, estimam os ensinamentos éticos do nosso Senhor, especialmente Seus ensinamentos sobre o amor que devemos mostrar aos nossos inimigos e nosso dever de orar por aqueles que nos perseguem (Mt. 5:44). Nesta exortação, onde Paulo diz que devemos ter um amor sincero (isto é, não falsificado), ele também nos exorta a abençoar aqueles que nos perseguem (Rm. 12:14).

Já é bastante difícil não nos vingar daqueles que nos ferem, mas é ainda mais difícil abençoá-los. E mesmo quando os abençoamos, é muito fácil fazê-lo como uma mera formalidade verbal. Por isso, Paulo cita Provérbios 25:21-22. Para mostrar que o nosso amor é autêntico (não falsificado), devemos alimentar o nosso inimigo quando tiver fome e oferecer-lhe algo para beber quando ele tiver sede. Essas ações vão muito além das palavras.

Por muito tempo pensei que o propósito desta passagem no livro de Provérbios era nos incentivar a amar nossos inimigos a fim de "amontoar brasas de fogo" sobre suas cabeças, como se isso fosse alguma espécie de insulto ou vingança. Mas se fosse assim, dificilmente seria consistente com o amor sincero.

Finalmente entendi o verdadeiro significado deste versículo quando tive a oportunidade de viajar com um guia egípcio cujo trabalho era autenticar objetos da antiguidade para o governo. Duvido que ele tenha lido este provérbio da Bíblia, mas durante a nossa viagem pelo deserto arenoso ele fez o seguinte comentário com um ar descontraído: “As noites no deserto são muito frias, e as pessoas em épocas passadas queimavam brasas e as colocavam em seus cabeças para se manterem aquecidas".

Não pude deixar de sorrir ao reconhecer a minha tolice. Antes disso, eu pensava que tratar meu inimigo com gentileza traria sobre ele alguma espécie de castigo mais severo. Mas isso dificilmente seria uma demonstração de amor ágape, não é certo?

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 13:1-7

1. Paulo vivia sob a autoridade do Império Romano. De acordo com o conhecimento que você já tem sobre esse império, que tipo de governantes eram os césares, no que diz respeito à moralidade, piedade e o uso de poder?

2. Como se compara o governo romano com o governo onde você mora, com relação a essas mesmas características?

3. Apesar do caráter imoral, ímpia e implacável dos césares, Paulo insiste em que devemos nos submeter a governantes como eles. Qual é a razão que Paulo dá por isso no v. 1? Nesse sentido, como devemos entender o que quer dizer que as autoridades são "estabelecidas" por Deus?

4. De acordo com os vv. 3-4, o que Deus quer que esses governantes façam?

5. A exortação de Paulo está condicionada ao cumprimento por parte dos governantes desse papel, tal como Deus deseja? Por que ou por que não?

6. Sabemos perfeitamente que quem não se submeter às autoridades governamentais será punido; no entanto, Paulo nos pede que nos submetamos a eles por razões de "consciência" também. O que ele quer dizer com isso?

7. De acordo com o v. 7, como devemos expressar a nossa submissão às autoridades?

8. Um resultado óbvio disso é que não podemos sonegar impostos. Mas além disso, como devemos responder às seguintes perguntas conforme esse espírito de submissão:
a. Devemos fazer tudo o possível para evitar o pagamento de impostos, aproveitando as lacunas no código fiscal?

b. Você já pensou em pagar impostos motivado por uma atitude de respeito e honra?

c. Nesse sentido, como você deve pensar sobre seu dever de pagar impostos de agora em diante?
9. Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Uma submissão cega?

Não devemos nos surpreender quando nos deparamos com um trecho na Bíblia que nos exorta a nos submetermos às autoridades governamentais; no entanto, é um pouco surpreendente ler essa exortação de Paulo dada a uma igreja que estava localizada na Roma da época do Império Romano.

Não é relevante o fato de Paulo ter escrito estas palavras antes ou depois do reinado de Nero. De modo geral, os imperadores romanos não eram governantes morais, piedosos ou pacíficos.

A imoralidade que havia entre os líderes do Império Romano está bem documentada. De acordo com um certo autor, “Eles (os imperadores romanos) se tornaram pessoas sem princípios, imorais e libertinos ... cruéis, assassinos, incestuosos, implacáveis, tirânicos, impiedosos, sexualmente depravados e selvagens são apenas algumas das palavras que podem ser usadas para descrever esses perversos imperadores romanos. "

Conta-se que Calígula (o imperador que reinou pouco depois da época de Jesus, entre 37-41 d.C.) abriu um bordel no palácio, estuprava quem queria, fazia comentários para o marido sobre o desempenho de sua mulher, cometia incesto, assassinava por ganância e pensava que merecia ser tratado como um deus.

De fato, muitos imperadores romanos se proclamavam deuses e exigiam que seus súditos erguessem estátuas de si mesmos.

Esse é o pano de fundo para considerarmos esta ordem do apóstolo Paulo aos cristãos em Roma, "Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais" (13:1).

Isso significa que Paulo está defendendo uma submissão cega?

É claro que não. Nas palavras de F.F. Bruce,
“Quando os decretos do magistrado civil entram em conflito com os mandamentos de Deus, os cristãos devem dizer: 'É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens' (Atos 5:29). E quando se tratava da adoração da imagem de César, os cristãos do Império Romano mostraram que preferiam ser mortos a adorar qualquer pessoa ou coisa que não fosse seu Senhor Jesus Cristo."
No entanto, independentemente do caráter dos governantes, com relação àqueles decretos que não contradizem os mandamentos de Deus, F.F. Bruce cita o seguinte relato:
“… Nos últimos anos do primeiro século, um líder da igreja romana que ainda se lembrava da ferocidade escandalosa da perseguição neroniana que acontecera trinta anos antes, e que muito recentemente havia experimentado a malevolência de Domiciano, relata uma oração pelos governantes, os quais tinham recebido da parte de Deus 'glória e honra e poder' sobre os assuntos deste mundo, 'para que possam administrar com misericórdia, em paz e mansidão, a autoridade que lhes foi dada'. A linguagem utilizada aqui revela a seriedade com a qual a igreja romana tinha recebido os mandamentos de Paulo com relação ao dever dos cristãos para com os poderes instalados."
(Bruce, Romanos, 222)

Essas palavras nos dão muito para ponderar.

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 13:8–14

Ao chegar mais perto do final de sua epístola, Paulo continua dando exortações éticas; ele retoma o conceito de "dívida" do v. 7, aplicando-o mais uma vez ao tema do amor:

1. Em sua opinião, por que Paulo, ao enfatizar o tema do amor, o relaciona mais uma vez com a "Lei"?

2. Dos Dez Mandamentos que aparecem em Êxodo 20, por que Paulo cita apenas estes cinco no v. 8? (Ou seja, o que ele pretende enfatizar?)

3. Compare isso com o que Jesus diz em Mateus 22:37-40. Como é que Paulo pode citar apenas a última (segunda) parte do mandamento de Jesus e mesmo assim chegar à mesma conclusão no v. 10?

4. Como 1 João 4:20 apoia a ênfase de Paulo em amar ao próximo? Você já conseguiu "cumprir a lei"?

5. O que Paulo quer dizer com a frase "a nossa salvação está mais próxima"? Não é correto afirmar que já somos salvos? (vide Romanos 8:23.)

6. Paulo compara a vinda do Senhor com a chegada do "dia", exortando-nos a (a) acordar ou despertar do sono, (b) deixar de lado as nossas obras das trevas e (c) revestir-nos da armadura da luz.
a. Quais aspectos de sua condição atual são como uma pessoa que ainda está dormindo?

b. De acordo com o v. 13, quais são as obras das trevas que precisamos deixar de lado? Qual delas é a mais difícil para você deixar de lado?

c. Qual é a armadura da luz com a qual devemos nos revestir, de acordo com Efésios 6:11 e ss.?
7. Finalmente, Paulo usa a metáfora da roupa novamente, mas agora ele nos pede que nos revistamos "do Senhor Jesus Cristo". Quais são as possíves nuances diferentes desta metáfora quando se refere ao Senhor em vez de se referir à armadura da luz?

8. Por que Paulo faz um contraste entre a ação de se revestir com o Senhor e a satisfação dos desejos da nossa carne (a palavra que Paulo usa para se referir à nossa natureza pecaminosa)?

9. Qual é a principal mensagem para você hoje e como pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A noite está quase acabando; o dia logo vem

Pouco depois de me tornar cristão nos últimos anos da minha adolescência, era muito atraído pelas profecias dos últimos tempos. Aproveitava todas as oportunidades que surgiam para participar de conferências que buscavam revelar o mistério do fim dos tempos e os sinais da segunda vinda de Jesus. Tentava adquirir todos os livros e artigos possíveis que afirmavam ter desvendado os segredos do fim do mundo. Passava muito tempo estudando os detalhes de livros como Apocalipse e Daniel, desenhando gráficos e fazendo cronogramas. Achei alguns livros que até davam datas precisas para a vinda de Jesus, e outros que apontavam Kissinger ou outros homens como o anticristo.

Claro, fiquei decepcionado com muitas dessas interpretações irresponsáveis das profecias e previsões implausíveis. Mas o meu zelo e o desejo de saber mais sobre o fim dos tempos não diminuíram até que cresci no conhecimento do que Deus exigia de mim — estudar Sua palavra a fim de buscar o Seu amor, e não com o objetivo de obter conhecimento, nem que fosse conhecimento sobre assuntos espirituais.

Sim, ainda sou muito sensível aos eventos que estão acontecendo ao meu redor e no mundo. Eles sempre me lembram da vinda iminente do Senhor. No entanto, não me importo em saber a identidade do Anticristo e a data provável da vinda de Jesus. É muito mais importante estar preparado para me encontrar com o Senhor, seja através da morte ou em Sua vinda.

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Romanos 14:1-12

Paulo agora volta a atenção a algumas questões comuns que estavam dividindo a igreja primitiva, embora não estivessem relacionadas à essência do evangelho. Trata-se das mesmas questões que ele aborda nas suas cartas para a igreja de Corinto (1 Cor. 8) e para a igreja de Colossos (Colossenses 2:16): a prática de comer alimentos que foram sacrificados aos ídolos e a observância de certos dias que eram considerados sagrados.

1. Embora os problemas que Paulo aborda aqui sejam diferentes daqueles mencionados no capítulo anterior, você consegue detectar o elemento comum em ambos conjuntos de problemas?

2. À luz disso, o que você entende como sendo o desafio principal para a comunidade da igreja, tanto naquela época quanto na nossa?

3. Eu considero não essenciais as questões de comer alimentos sacrificados aos ídolos e observar os chamados dias santos. Você concorda? Por que ou por que não?

4. Por que Paulo usa a expressão "fracos na fé" para se referir àqueles que comem "apenas alimentos vegetais"?

5. De acordo com Paulo, por que não devemos desprezar ou julgar os nossos irmãos, nem mesmo aqueles que são “fracos” (de acordo com o v. 4)? De acordo com o que este versículo sugere, o que pode acontecer quando o fazemos?

6. De acordo com v. 6, qual deve ser nosso principal motivo quando decidimos defender uma posição com relação à comida ou aos dias santos?

7. Quais poderiam ser alguns motivos não tão agradáveis ao Senhor de nos apegarmos a nossas posições em relação a esses assuntos não essenciais?

8. Você pode dizer sinceramente que "se vivo, vivo para o Senhor; e, se morro, morro para o Senhor"? Por que ou por que não? (Faça uma pausa para refletir profundamente sobre este ponto.)

9. Paulo conclui com a advertência de nós também, embora sejamos cristãos, "compareceremos diante do tribunal de Deus ... (e) cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus". Com isso em mente, como você deve viver, especialmente entre os seus irmãos e irmãs na igreja?

10. Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Viver e morrer para o Senhor

Quando me pergunto se realmente vivo e morro para o Senhor, vejo que é mais fácil responder à primeira pergunta do que a segunda.

É óbvio que viver para o Senhor envolve tanto as metas que temos na vida quanto as decisões que tomamos cada dia, sejam grandes ou pequenas.

Nem todos gostam de sentar e fazer uma lista de metas para a vida. Alguns sim. Se nós o fizermos, devemos nos assegurar de que essas metas glorifiquem a Deus e estejam em sintonia com a Sua vontade. Por outro lado, se não temos metas escritas, é ainda mais importante separar um tempo para fazer um auto-exame a fim de averiguar quais são realmente as nossas metas e determinar se elas trazem glória a Deus e estão em sintonia com a Sua vontade para nós.

No entanto, acho que é igualmente importante que as decisões que tomamos no dia a dia também cumpram os dois critérios acima, a saber, que glorifiquem a Deus e estejam em sintonia com a Sua vontade. As decisões que tomamos nos pequenos assuntos da vida são tão importantes quanto as que tomamos nos assuntos maiores.

Más como podemos morrer para o Senhor? A maioria de nós não morrerá como mártires pela causa do Senhor. Como, então, podemos saber quando também estamos morrendo para o Senhor? Eu acho que isso se torna evidente na maneira em que lidamos com a morte.

Já conheci muitos bons cristãos que serviram ao Senhor com entusiasmo durante a maior parte de suas vidas. Mas fico surpreso ao ouvir suas queixas e ver o seu desespero na hora de eles enfrentarem uma doença terminal ou crônica. Por outro lado, já visitei alguns cristãos muito comuns que mostravam uma paz, uma profunda paz, enquanto enfrentavam com serenidade a possibilidade da morte; era óbvio que estavam totalmente preparados para se encontrarem com o seu Salvador, e até ansiavam vê-lo. Momentos como esses me fazem entender que podemos viver para o Senhor de forma auténtica somente quando podemos morrer para Ele.