Colossenses
Colossenses pertence ao corpus conhecido como as Epístolas de Prisão do Apóstolo Paulo, um conjunto que inclui as cartas aos Colossenses, aos Efésios, a Filêmon e aos Filipenses. Todas estas cartas provavelmente foram escritas enquanto Paulo estava na prisão em Roma, entre os anos 60 d.C. e 62 d.C. Destaca-se esta carta escrita à igreja em Colossos pelo fato de seus destinatários serem membros de uma igreja que Paulo nunca havia visitado. Esta carta provavelmente foi levada por Tíquico, junto com as cartas escritas a Filêmon e à igreja em Éfeso.
O conteúdo desta carta nos mostra que a igreja em Colossos foi fundada por Epafras, um colaborador de Paulo (1:6-7); também aprendemos que o desejo de Paulo era que esta carta fosse lida pela igreja em Laodicéia (4:16), uma cidade que, junto com Colossos e Hierápolis, formava uma espécie de "cidade tríplice" na região do vale do rio Lico na Ásia Menor. É evidente que a igreja em Colossos era composta principalmente de crentes gentios.
Como as outras epístolas da prisão, Colossenses trata de assuntos pastorais relacionadas com a igreja e lida com a ameaça das falsas doutrinas. Deixarei que você descobra por meio de suas próprias observações quais eram as peculiaridades das heresias que esta igreja estava enfrentando; no entanto, uma coisa sobre a qual não há dúvida e é que nesta carta, a fim de combater essas heresias, Paulo explica de maneira poderosa a supremacia absoluta de Cristo .
1:1-2—A saudação
(1) Tanto o remetente quanto os destinatários desta carta aparecem na saudação conforme a fórmula convencional; no entanto, qual a importância do destaque que Paulo dá aos seguintes temas?
a. A identidade de Paulo— Lembre-se de que Paulo escreveu esta carta para uma igreja que ele nunca tinha visitado, e onde havia hereges que ele estava prestes a atacar.
b. A identidade dos colossenses—tenha em mente que naquela época a perseguição e a pressão da sociedade secular estavam ficando cada vez mais intensas.
1:3-14—Orações e ações de graças pela Igreja
(2) Fé, amor e esperança (vv. 3-5)— Anteriormente, Paulo se havia referido a estas três coisas como os "melhores dons" (1 Coríntios 12:31; 13:13) do Espírito para a igreja.
a. Qual é o objeto da sua fé? (v. 4)
b. Que tipo de amor eles têm? (v. 4)
c. Qual a relação entre a sua fé e o amor? Por quê? (v. 5)
(3) Na época em que esta carta foi escrita (entre os anos 60-62 d.C.), quanto progresso os primeiros discípulos haviam feito no cumprimento da Grande Comissão de Atos 1:8? (1:6; vide também Atos 19:10; 27)
(4) Paulo estava animado porque “por todo o mundo este evangelho vai frutificando e crescendo” (1:6). No entanto, como a propagação do evangelho naquela época se compara com o alcance que ele tem hoje, aproximadamente 2.000 anos depois?
(5) O que isso nos ensina sobre o poder do evangelho e “a esperança que lhes está reservada nos céus”?
(6) Em sua oração a Deus pela igreja (vv. 9-11), Paulo faz um pedido que inclui os seguintes detalhes específicos:
a. O que eles precisam possuir: Paulo pediu que eles estivessem cheios do pleno conhecimento de Sua vontade com (ou através de) toda a sabedoria e entendimento espiritual (v.9).
- Eles já tinham fé, amor e esperança (v. 4, 5); no entanto, o que aconteceria se esses "dons melhores" fossem dados a uma pessoa sem sabedoria e entendimento espiritual?
- Quão importante é para nós possuir o pleno conhecimento da vontade de Deus? (vide 1:10)
b. O propósito: Eles precisavam possuir as coisas mencionadas acima para que pudessem viver uma vida digna e agradável a Ele, frutificando em toda boa obra e crescendo no (pleno) conhecimento de Deus (v. 10).
- O que significa ter uma vida "digna do Senhor"?
- Por que é tão importante entender a vontade de Deus para que possamos viver uma vida que O agrade?
- Parece que o objetivo supremo desta oração é o crescimento no conhecimento de Deus. Você compartilha este mesmo objetivo supremo? Por que ou por que não?
c. O método: Sua vida digna (b) se tornaria possível depois de eles serem fortalecidos com o glorioso poder de Deus. (v. 11a)
- É possível alcançar esse tipo de crescimento em sabedoria, compreensão e conhecimento por meio do nosso próprio estudo fervoroso da Palavra de Deus? Por que ou por que não?
- De onde vem esse poder? (vide Efésios 1:19 e ss.)
d. O resultado: Eles teriam grande perseverança, paciência e alegria (v. 11b—muitos, com base nos manuscritos gregos, incluem a palavra "alegria" no v. 11).
- À luz da perseguição que as igrejas estavam enfrentando naquela época, quão importante era que eles tivessem perseverança, paciência e alegria?
- Como o crescimento dos colossenses no conhecimento total da vontade de Deus e do próprio Deus contribuiria para a obtenção desse resultado?
(7) Ação de graças (vv. 12-14)—Paulo dá graças por nossa "parte" ou "participação" na herança dos santos na luz:
a. O que é essa herança? (v. 13)
b. Por natureza, nós não éramos qualificados nem dignos de participar da herança dos santos. Em quem fomos feitos dignos? Como? (v. 14)
c. Fomos resgatados das trevas e transportados para a luz. Você já experimentou essa bênção? Quão grato você deveria ser?
(8) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo” (NVI-PT). (Colossenses 1:1)
À primeira vista, a saudação do apóstolo Paulo à igreja de Colossos parece muito convencional; no entanto, quando levamos em consideração seu contexto e a identidade dos destinatários da carta, encontramos nela alguns significados especiais.
A menção do chamado de Paulo tem um significado especial nesta carta aos Colossenses, uma vez que se trata de uma igreja que não foi fundada por ele. Aliás, Paulo nunca havia conhecido o povo de Colossos em pessoa. Por isso, ele precisava estabelecer sua autoridade antes de prosseguir com as suas exortações, não para o seu próprio bem, mas para o bem de seus leitores, sem mencionar que algumas de suas exortações contêm palavras duras contra os hereges. Talvez isso também explique por que Paulo escolheu escrever a saudação final do próprio punho (4:18), embora ele provavelmente tenha ditado o resto da carta a um secretário.
Além disso, Paulo escreveu esta carta de uma prisão em Roma, e embora ele tivesse um pouco mais de liberdade do que um prisioneiro comum (ele estava sob um regime de prisão domiciliária, em sua própria casa alugada - Atos 28:30-31), seu destino ainda estava nas mãos do infame e excêntrico imperador Nero. A história nos diz que Paulo e Pedro acabariam morrendo como mártires às mãos desse imperador. Mas apesar disso, não lemos em nenhuma das "epístolas de prisão" (isto é, Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom) nenhuma queixa de parte de Paulo com relação aos seus sofrimentos. Uma das razões para isso é que Paulo tinha uma noção muito clara do seu chamado e sabia muito bem que o sofrimento fazia parte dele. Portanto, sempre é importante para aqueles de nós que nos dedicamos a servir ao Senhor termos uma noção muito clara do chamado de Deus em nossas vidas. Caso contrário, haverá pouco no qual nos poderemos apoiar em tempos de sofrimento.
1:15-23—A Supremacia de Cristo—Lenski tem razão ao salientar que isso não é um novo ensino para os colossenses; O objetivo de Paulo ao mencioná-lo é acabar com as heresias predominantes naquela época que procuravam rebaixar Cristo a uma posição inferior à do próprio Deus Criador:
(1) A pessoa de Jesus (vv. 15-18):
a. O Filho é "a imagem do Deus invisível".
- Leia João 1:18, João 14:9 e Hebreus 1:3.
- Com relação à pessoa de Cristo, o que você entende pela expressão "a imagem do Deus invisível"? (vide a Nota 1 abaixo)
b. O primogênito sobre (ou antes de) toda a criação (A palavra "primogênito" não tem nada a ver com a origem, mas com a antiguidade e a posição):
- Leia João 1:1-3 e Provérbios 8:22-31.
- O que você conseguiu entender sobre a identidade de Cristo com relação a toda a criação?
- Com base no v. 1:16, qual é o alcance de "todas as coisas" que foram criadas nEle?
- O que significa a afirmação de que elas foram criadas "para Ele"? (v. 16)
- Cristo é "antes de todas as coisas" (isto é, Ele não faz parte daquilo que foi criado); além disso, todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. Qual é o seu papel atual com relação a todas as coisas? (v.17; vide também Heb. 1:3)
c. Ele é a cabeça do corpo, a igreja (v. 18)—Embora essa mudança repentina de foco seja muito inesperada, trata-se de uma progressão lógica que começa com Sua supremacia sobre a velha criação e termina com a Sua supremacia sobre a nova criação (como foi mencionado acima, a perspectiva que faz o melhor sentido é que a palavra "primogênito" se refere à Sua supremacia com relação à sua "antiguidade e posição", e não a Sua "fonte").
- O que significa que a igreja agora é Seu corpo, do qual Ele é a Cabeça?
- De que maneira Cristo (o "princípio" - talvez uma tradução melhor seria "aquele que é antes de todas as coisas, com relação à sua antiguidade e posição"; o primogênito) produz esta nova criação, a igreja?
- Quais são as implicações de Ele ser "o primogênito dentre os mortos"?
(2) A reconciliação cósmica por meio de Cristo (vv. 19-20)—Cristo é o agente do Pai, tanto na velha criação quanto na nova:
a. O que significa que toda a plenitude de Deus habita em Cristo? (vide Efésios 1:23)
b. Além de nos ter reconciliado com Ele por meio de Cristo, que outras coisas a redenção de Cristo reconciliou com o Pai?
(3) Nossa reconciliação com Deus (vv. 21-23)
a. Quem éramos antes desta reconciliação? (v. 21)
b. Uma vez que éramos inimigos de Deus, como era possível que fossemos reconciliados com Ele? (v. 22)
c. Qual é o propósito desta reconciliação? (v. 22)
d. De acordo com o que é sugerido no v. 23, a falsa doutrina que os colossenses tinham recebido resultou em que tipo de ameaça?
e. De acordo com Paulo, quantas versões o evangelho pode ter? (v. 23)
(4) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?
Nota 1:
“A conclusão é esta -
que Deus em Si mesmo, isto é, em Sua majestade pura, é invisível, e não somente diante dos olhos do corpo, mas também diante da compreensão humana; Ele só se revela a nós em Cristo, para que O contemplemos como num
espelho. Porque em Cristo Ele nos mostra a Sua justiça, bondade,
sabedoria, poder, enfim, todo o Seu Ser. Portanto, devemos ter o cuidado
de não buscá-Lo em outro lugar, uma vez que qualquer coisa que não é Cristo, e que se
apresenta como se fosse uma representação de Deus, é um ídolo.”
(Calvin, 149-150)
"... e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz" (NVI-PT). (Colossenses 1:20)
Ao longo dos anos, tem havido alguns que perguntam se Satanás será salvo. A resposta contundente é "não"! O destino de Satanás já está selado e foi profetizado claramente no livro de Apocalipse (especialmente em Apocalipse 20). À luz disso, como devemos entender o que Paulo diz em Colossenses 1:20, a saber, que por meio de Cristo Deus reconciliará consigo todas as coisas, até mesmo aquelas que estão no céu? Deixe-me compartilhar o comentário de Calvino a respeito disso:
“Resta ver do que se trata a reconciliação dos anjos e dos homens. Digo que os homens já foram reconciliados com Deus, pois antes estavam separados dEle pelo pecado, e Ele teria sido o seu Juiz, para sua ruína, se a graça do Mediador não tivesse sido interposto para apaziguar a Sua ira. Portanto, esta é a natureza da paz que foi estabelecida entre Deus e os homens: a inimizade foi abolida por meio de Cristo e, portanto, Deus se tornou Pai em vez de Juiz.
“A situação entre Deus e os anjos é muito diferente, pois entre eles não houve rebelião, nem pecado; portanto, não houve separação. Porém, era necessário que os anjos também tivessem paz com Deus, pois, uma vez que são criaturas, eles não estariam fora do alcance do risco de cair se não tivessem sido confirmados pela graça de Cristo. No entanto, não é de pouca importância para a continuidade da paz com Deus ter uma posição fixa na justiça, para que não haja mais medo de queda ou de rebelião. Além disso, nessa mesma obediência que eles prestam a Deus, não há perfeição absoluta suficiente para agradar a Deus em todos os aspectos, sem necessidade de perdão. Quanto a isso não há dúvida alguma, uma vez que a declaração em Jó 4:18 significa que Ele 'vê erro em seus anjos e os acusa'. Porque se essa declaração se referisse ao diabo, o que haveria de surpreendente nela? Mas nela o Espírito declara que ao ser comparada com a justiça de Deus, a pureza mais elevada é vil. Portanto, devemos concluir que os anjos não possuem justiça suficiente para permanecerem totalmente unidos a Deus. Portanto, eles precisam de um pacificador, em cuja graça eles poderão se unir totalmente a Deus. Portanto, Paulo tem razão ao declarar que a graça de Cristo não habita somente entre os homens, mas também é compartilhada pelos anjos. Nem se comete nenhuma injustiça contra os anjos ao enviá-los a um Mediador a fim de que eles, mediante a Sua bondade, tenham uma paz fundamentada com Deus.
“Deve-se, sob o pretexto da frase 'Todas as coisas', colocar uma questão com relação aos demônios, a saber, se é possível que Cristo seja o pacificador deles também? Minha resposta é não, nem mesmo com relação aos ímpios, embora eu admita que haja uma distinção entre estes dois, uma vez que o benefício da redenção é oferecido a estes últimos, mas não aos primeiros. No entanto, isso nada tem a ver com as palavras de Paulo, as quais não dizem nada além do seguinte: é somente por Cristo que qualquer criatura que possui algum vínculo com Deus pode permanecer unido a Ele."
(Comentários de Calvino, XXI, 156-7)