Introdução
As epístolas de 1 e 2 Timóteo, juntamente com Tito, constituem um conjunto específico conhecido desde o século XVIII como as "Epístolas Pastorais", uma vez que estas cartas tratam de assuntos relacionados com o pastorado. A epístola de 1 Timóteo foi escrita pelo apóstolo Paulo a Timóteo num contexto muito específico. Paulo o havia deixado em Éfeso para lidar com problemas específicos dentro da igreja enquanto ele partiu para a Macedônia porque ele considerava mais urgente que estivesse lá (1 Tim. 1:3). Entre os problemas que havia entre a comunidade de Éfeso estava a tolerância de erros sérios na doutrina, os quais se baseavam na pregação e aceitação de mitos e genealogias especulativas, gnosticismo e ideais ascéticos. os quais estavam sendo difundidos por falsos mestres que provavelmente ocupavam posições de liderança dentro da igreja. No entanto, Paulo estava ciente de que a crise talvez fosse tão séria que Timóteo não conseguiria lidar com ela por conta própria; por isso, Paulo teria escrito esta carta como uma solução provisória para Timóteo e a igreja, na expectativa de que ele logo estaria de volta para pôr as coisas em ordem (3:14-15). Você talvez queira consultar sua Bíblia de estudo ou outros comentários conservadores para obter mais informações sobre o contexto desta epístola e sobre o relacionamento que havia entre Paulo e Timóteo.
Você talvez queira consultar também o comentário de Donald Guthrie sobre "As Epístolas Pastorais" para ler sua poderosa refutação dos argumentos que buscam atacar a autenticidade desta epístola com base na crítica literária e gramatical (da série Tyndale New Testament Commentary).
(1) Uma vez que esta carta, apesar de ter sido escrita para Timóteo, seria lida diante de toda a igreja, reflita sobre o que Paulo diz na saudação:
a. O que Paulo enfatiza sobre si mesmo? Por quê?
b. De todas as expressões que Paulo poderia ter usado para se referir a Jesus Cristo, por que ele O chama de "nossa esperança"? O que a esperança tinha a ver com a situação que Timóteo enfrentava?
(2) Sua saudação a Timóteo parece ser um pouco mais comprida do que suas saudações habituais:
a. Por quê?
b. Como Paulo encerra esta carta?
(3) Qual foi a ordem ou encargo que Paulo tinha dado a Timóteo antes de partir para a Macedônia?
a. O que esses falsos mestres estavam ensinando?
b. Como você entende sua referência ao ensino de "mitos e genealogias intermináveis"?
c. Aonde levavam esses ensinamentos?
(4) Que atitude Timóteo devia adotar a fim de calar esses falsos mestres? (v. 5)
(5) Do que esses falsos mestres tinham se desviado ao se voltarem para "discussões inúteis"? (v. 6)
(6) Por que as pessoas teriam acreditado nesses mestres apesar de eles estarem ensinando "doutrinas falsas ... a mitos e genealogias intermináveis... discussões inúteis? (Talvez o v. 7 nos dê algumas pistas.)
(7) Paulo salientou que esses falsos mestres eram "aspirantes" que queriam ser mestres da Lei (do VT):
a. Para quem foi dada a Lei (do VT)? (v. 9)
b. Quais são algumas formas em que esses falsos mestres podem ter usado a Lei de maneira inadequada?
c. Por que Paulo escolheu dar uma lista de transgressores da lei e incluir no final "todo aquele que se opõe à sã doutrina"?
d. Quem Paulo tinha em mente quando mencionou esta última categoria?
(8) Que relação existe entre a Lei do Velho Testamento e o "glorioso evangelho"? (vide, por exemplo, Gálatas 2:16)
(9) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera.” (NVI-PT) (1 Timóteo 1:5)
A Igreja de Éfeso era uma igreja na qual o apóstolo Paulo havia investido um tempo considerável; esta igreja até mesmo tinha se tornado uma base para a difusão do evangelho em outras partes da província da Ásia Menor (Atos 19:8-10). O grande impacto que o evangelho teve nesta cidade ficou evidente no protesto iniciado por um ourives cujo negócio de fazer ídolos de prata havia sido diretamente ameaçado: “E estão vendo e ouvindo como este indivíduo, Paulo, está convencendo e desviando grande número de pessoas aqui em Éfeso e em quase toda a província da Ásia”. (Atos 19:26)
A igreja em Éfeso era tão grande e importante que Paulo havia deixado Timóteo responsável como pastor antes de partir para a Macedônia. Paulo o havia deixado com a responsabilidade específica de lidar com certos falsos mestres que aparentemente eram líderes dentro da igreja. É interessante notar que Paulo os acusou de ensinar falsas doutrinas e de dar atençaõ a mitos e genealogias intermináveis. Ele também zombou de sua ênfase no ensino da Lei (do VT). É difícil imaginar como foi possível que alguns dos crentes em Êfeso tenham acreditado nesses novos ensinos falsos apesar do poderoso ministério de ensino que Paulo havia tido entre eles durante muitos anos, especialmente quando consideramos que esses falsos ensinos estavam "baseados na lei", o mesmo gênero de ensinos que Paulo combatia tão veementemente. O versículo 7 talvez nos forneça uma pista ao dizer que esses falsos mestres faziam afirmações "categóricas".
Tenho observado que muitos crentes são atraídos por certos mestres pelo simples fato de eles pregarem com confiança. Isso é o que vemos com frequência na pregação de muitos televangelistas. Embora os ensinos de alguns desses televangelistas estejam fundados na Bíblia, o que muitos deles pregam é um evangelho de prosperidade que claramente "se opõe à sã doutrina" do evangelho; alguns de seus ensinamentos nada mais são do que enxurradas de emoção que não tem nada a ver com a passagem que supostamente estão expondo. No entanto, contanto que eles preguem com confiança, as pessoas acreditam no que ensinam! Como isso é lamentável!
No entanto, ainda mais lamentável é a razão pela qual eles ensinam sua falsa doutrina. Paulo diz que eles se desviaram de um "coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera" (1:5). Em outras palavras, se eles não tivessem se desviado dessas coisas, o resultado teria sido o seguinte:
- ... de um coração puro: Eles seriam capazes de ver a Deus e conhecer suas palavras (Mateus 5:8).
- ... de uma boa consciência: Eles não teriam usado falsos ensinos para seus próprios fins egoístas (1 Timóteo 6:5).
- ... de uma fé sincera: Em vez de desviar os outros, eles teriam guiado muitos à fé em Jesus Cristo.
De fato, toda tolice, incluindo os falsos ensinos, vem do coração! (Provérbios 4:23)
Depois de falar sobre o evangelho glorioso, Paulo não se conteve e irrompeu em louvor a Deus pelo poder deste evangelho que ele mesmo havia experimentado, ao mesmo tempo que lamentava o fato de que havia alguns que pregavam contra ele:
(1) De quem ele havia recebido o encargo (o de ser apóstolo)?
(2) Por que ele recebeu esse encargo? Paulo o merecia? Por que ou por que não?
(3) Ele estava exagerando quando disse que tinha sido um blasfemo, perseguidor e insolente (um homem violento) e, portanto, o “pior” dos pecadores? Por que ou por que não? (vide Atos 7:60; 9:1-2)
(4) Paulo atribuiu sua incredulidade à "ignorância" (v. 13).
a. No caso de Paulo, o que significa a palavra ignorância?
b. Como sua ignorância foi removida? (Atos 9:3-6)
c. Como Paulo descreve essa experiência no v. 14?
(5) Reflita sobre a sua própria conversão da ignorância à fé:
a. Quão parecida foi sua experiência com a de Pauol?
b. Como você descreveria sua própria experiência?
(6) Na opinião de Paulo, qual foi o propósito de Deus em salvar um homem tão pecador como ele? (v. 16)
(7) E você? Qual foi o propósito pelo qual Deus o salvou?
(8) O que levou Paulo a irromper numa doxologia naquele exato momento?
(9) O que o levou a dizer o seguinte sobre Jesus Cristo?
a. Ele é o Rei eterno.
b. Ele é imortal e invisível.
c. Ele é o Deus único.
(10) Não sabemos quando foram dadas ou quais eram “as profecias já proferidas” a respeito de Timóteo. Mesmo assim, podemos refletir sobre os seguintes aspectos dessas profecias:
a. Qual havia sido o propósito dessas profecias?
b. Por que Paulo escolheu mencioná-las neste exato momento?
(11) Paulo deu um exemplo de como ele lidava com aqueles que haviam naufragado na fé (provavelmente como resultado de seus falsos ensinos). Esse é o mesmo castigo ou disciplina que ele exerceu contra o adúltero na Igreja de Corinto (vide 1 Coríntios 5:5):
a. O que Paulo quis dizer quando disse que os entregou a Satanás?
b. Qual foi o objetivo final dessa medida disciplinar?
(12) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
" Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores ..." (NVI-PT) (1 Timóteo 1:15)
Paulo foi o apóstolo altamente respeitado que essencialmente plantou a igreja em Éfeso (Atos 19); ele escreveu esta carta a Timóteo com o propósito expresso de lidar com os falsos mestres e restaurar a disciplina e a ordem dentro da igreja. No entanto, mesmo neste tipo de carta, na qual ele foi obrigado a usar sua autoridade apostólica, Paulo nunca perdeu de vista quem ele era em Cristo — o pior dos pecadores (1:15).
Embora ele soubesse que já era uma nova criatura em Cristo (2 Cor. 5:17), ele não podia esquecer que já havia sido um blasfemo, um perseguidor e insolente (um homem violento) (1Tm. 1:13). Em suas próprias palavras, sua conversão se deveu somente à misericórdia de Cristo, na qual foi demonstrada a ilimitada paciência de Cristo (1:16). Ao mencionar seus pecados e dar honra e glória a Cristo nesta carta, o que Paulo realmente estava fazerndo era dizer-lhes (inclusive aos falsos mestres) que ele não era melhor do que eles — tudo é graça, e isso incluía a sua própria vocação (1:12).
Paulo também demonstrava sua compreensão da graça na maneira como ele tratava os falsos mestres como Himeneu e Alexandre, uma vez que o objetivo de sua decisão de entregá-los a Satanás era ensiná-los a não blasfemar (1:20). Apesar de o significado da expressão "entregar a Satanás" não ser muito claro, sabemos que ela se refere à mesma disciplina que foi aplicada no caso do adúltero em 1 Coríntios 5:5, "para que seu espírito seja salvo no dia de o Senhor Jesus". Em outras palavras, o propósito final dessa disciplina tão severa (que provavelmente se referia à excomunhão da igreja) era a restauração.
(1) De acordo com v. 3, por que Paulo diz que orar por todos é bom e agradável perante Deus?
(2) Como isso se relaciona com a afirmação... fiel e digna de 1:15?
(3) Qual é o propósito de orar por aqueles que exercem autoridade? (v. 2)
(4) Até que ponto você e sua igreja têm levado a sério este mandamento do apóstolo Paulo?
(5) Como a Tabela de Intercessão (um programa semanal para orar por indivíduos e grupos específicos) no final deste Guia Devocional pode ajudá-lo a fazer isso?
(6) A fim de nos lembrar o que o evangelho significa, o que Paulo aponta como o papel específico de Jesus Cristo e o que Ele realizou?
(7) Reflita sobre as seguintes perguntas à luz da verdade de que Jesus Cristo é o único "mediador" entre Deus e o Homem:
a. Como devemos orar e interceder pelo mundo?
b. Por quem você deve interceder de forma especial?
c. É muito óbvio que Paulo entendia qual era o seu papel como arauto do evangelho, ou seja, como o apóstolo dos gentios (2:7). E você? Você entende claramente qual é a sua função? Qual seria o seu papel?
(8) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade...” (NVI-PT) (1 Tim. 2:1-2)
Acredito que a maioria dos cristãos oraria pelo bem-estar de seus entes queridos e amigos, especialmente por sua salvação. No entanto, à luz da afirmação fiel e digna de aceitação em 1:15 de que "Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores", Paulo nos exorta a orar não só pelos nossos entes queridos, mas por "todos os homens", uma vez que Cristo veio para salvar os pecadores do "mundo". Ele nos exorta a orar especificamente pelos reis e pelas autoridades, pois se eles também cressem em Cristo, contribuiriam para fazer do mundo não só um lugar mais calmo e tranquilo, mas também mais piedoso e santo (2:2).
No entanto, sabemos que o mundo em que vivemos está longe de ser pacífico — as guerras e rumores de guerras abundam! Pior ainda, a cultura do mundo não é condizente de forma alguma com o fomento da piedade e santidade, sem mencionar a fé em Jesus Cristo. Será que isso é um sinal de que a maioria dos crentes não tem levado a sério o apelo do apóstolo Paulo para que oremos pelo mundo, especialmente pelos reis e pelas autoridades?
É verdade que as igrejas de Jesus Cristo devem orar fervorosamente pelo mundo e pelos seus líderes. No entanto, creio que isso é algo que deveria começar com crentes individuais que oram por suas próprias cidades e líderes. Eu espero sinceramente que você use a Tabela de Intercessão no final deste Guia Devocional, e que esta ferramenta o ajude a levar a sério o apelo do Apóstolo Paulo.