Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Hebreus 9:1–15

Dando prosseguimento ao seu tema da Nova Aliança com base em melhores promessas, nos versículos 9:1-10 o autor de Hebreus desenvolve o significado da primeira aliança e seu tabernáculo:

(1) Sua localização física e a disposição de seus móveis (vv. 1-5)

a. Onde esse tabernáculo estava localizado? (v. 1)

b. Era composto por dois compartimentos:

  1. Como se chamava o primeiro? (v. 2)
  2. O que foi colocado neste primeiro compartimento? (v. 2)
  3. Como se chamava o segundo? (v. 3)
  4. O que foi colocado no segundo compartimento? (vv. 4-5; consulte a Nota abaixo)

(2) Normas paras a adoração (vv. 6-10)

a. Em que compartimento os sacerdotes ministravam regularmente? (v. 6)

b. Quem podia entrar no segundo compartimento, e de que forma? Com que frequência ele entrava e qual era o seu propósito ao fazê-lo? (v. 7)

c. Por que o autor diz que "ainda não havia sido manifestado o caminho para o Santo dos Santos"?

d. Qual é a prova disso? (vv. 8-10)

(3) A "Nova Ordem" (vv. 11-15)

a. Em qual tabernáculo Cristo serve na qualidade de Sumo Sacerdote? (v. 11)

b. Quão diferente é este tabernáculo do tabernáculo terrestre? (v. 11)

c. Qual foi o meio pelo qual Cristo entrou no Lugar Santíssimo? (v. 12)

d. O que Ele realizou ao entrar no Lugar Santíssimo? (v. 12)

e. Quão diferente é Sua oferta das ofertas do sumo sacerdote terrestre (vv. 13-14) com respeito aos seguintes aspectos?

  1. Sua natureza
  2. Seu resultado

f. Qual é a razão mais importante pela qual Cristo é nosso mediador (ou Sumo Sacerdote) da nova aliança? (v. 15)

(4) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota:

Leia Reflexão meditativa sobre Êxodo 30:1-10 [Dia 147 do Ano 2 (2013) do Guia Devocional de 5 anos]  para uma discussão sobre por que o autor de Hebreus mencionou o altar de incenso junto com os móveis que ficavam dentro do Lugar Santíssimo em vez de mencioná-lo entre aqueles que ficavam fora do Lugar Santíssimo (tal como é descrito em Êxodo 30:6-8).

Reflexão meditativa
A futilidade das coisas exteriores

"Eram apenas prescrições que tratavam de comida e bebida e de várias cerimônias de purificação com água; essas ordenanças exteriores foram impostas até o tempo da nova ordem" (NVI-PT) . (Hebreus 9:10)

Apesar do grave erro que estava sendo cometido por aqueles judeus cristãos que desejavam retornar ao seu antigo modo de vida religioso sob a Lei de Moisés, seu desejo em certo sentido é compreensível, uma vez que a "nova ordem" sob Cristo (9:10), a qual enfatiza uma adoração que é feita "em espírito e em verdade" (João 4:24), carece da atratividade externa que acompanhava as "regras para a adoração" do antigo tabernáculo (9:1). Essas normas incluíam o seguinte:

- O uso pelo sumo sacerdote do manto colorido

- A solenidade dos meticulosos rituais de sacrifício de animais no Dia da Expiação (Levítico 16)

- A visível aspersão de sangue e a imposição de mãos sobre uma das cabras

- A queima simultânea de incenso, junto com as canções dos levitas

Compare tudo isso com, digamos, a Ceia do Senhor, a qual provavelmente era celebrada nas casas onde as igrejas se reuniam e era administrada por um irmão que usava uma vestuário humilde. Os únicos itens visíveis eram o vinho e o pão, os quais eram servidos numa mesa comum. Em termos de reverência ritualista, não se podia comparar a "nova ordem" com a "velha aliança"; no entanto, o autor de Hebreus enfatiza vigorosamente que, apesar da nostalgia evocada pelas regras de adoração da velha aliança, elas são apenas rituais externos e superficiais (9:10, 13). Não podem fazer nada por nossas almas (9:14).

Isso serve como um lembrete solene para nós também, para que não nos tornemos dependentes de rituais externos de adoração, nem de um ambiente místico ou nostálgico em nossa abordagem à adoração; devemos simplesmente nos aproximar "com um coração sincero e com plena convicção de fé" (10:22) na obra perfeita de redenção eterna de nosso Senhor Jesus Cristo.

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Hebreus 9:16–28

(1) A obrigatoriedade de sangue numa aliança (vv.16-22)

a. Por que uma aliança (ou testamento) só entra em vigor depois da morte do testador? (vv. 16-17)

b. Como foi posta em vigor a primeira lei da aliança? (vv. 18-20; vide Êxodo 24:7-8)

c. Naquela ocasião, o que representava o sangue? (Levítico 17:11)

d. Por que "quase tudas as coisas" que eram feitas nos rituais do tabernáculo exigiam o uso de sangue? (vv. 21-22)

e. Que tipo de sangue foi usado em todas essas cerimônias? (v. 19)

(2) Cristo: um sacrifício muito melhor (vv.23-28). Considere as seguintes diferenças:

a. Onde está o santuário no qual Cristo entrou? (v. 24)

b. Por que ele não é mais uma cópia (como o santuário terrestre)? (v. 24)

c. Com quanta frequência era necessário que o sumo sacerdote terrestre entrasse com sangue no Lugar Santíssimo? (v. 25)

d. De onde vinha o sangue que o sumo sacerdote terrestre oferecia? (v. 25)

e. Quantas vezes Cristo teve que entrar com sangue no santuário? (v. 26)

f. De quem foi o sangue que Ele ofereceu?

g. Cristo entrou no santuário só uma vez. Por que isso foi suficiente?

h. Embora seja certo que Ele morreu na terra uma única vez para "tirar os pecados" da humanidade, qual seria o propósito de uma segunda aparição? (v.28)

(3) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Todos teremos que prestar contas a Deus

Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo ...” (NVI-PT). ( Hb. 9:27)

Gostamos de dizer que os impostos e a morte são as únicas coisas certas na vida. Embora a primeira delas possa não ser tão certa, não há dúvida nenhuma sobre a segunda!

Embora todos saibam que "o homem está destinado a morrer uma só vez", muitos vivem suas vidas como se nunca fossem morrer, ou pensam que não é grande coisa morrer.

Se realmente estamos cientes do fato de que um dia morreremos, e de que não poderemos levar nada conosco, por que juntamos e acumulamos tesouros na terra, por que lutamos e aproveitamos qualquer oportunidade para ficar rico, por que nos preocupamos com a fama, a fortuna e o sucesso? Tudo isso são coisas temporárias que não significarão nada e não poderão nos ajudar quando morrermos. É compreensível que os não-cristãos vivam assim, embora para eles a consequência seja ainda mais horrível, uma vez que “depois disso enfrentar(ão) o juízo” (9:27). Mas é muito trágico observar os cristãos sendo arrastados para a mesma "correria" e os chamados "sonhos americanos"!

A morte é um assunto sério, uma vez que para tanto os cristãos quanto para os não-cristãos, "cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus" (NVI-PT). (Romanos 14:12)

Já visitei algumas pessoas que estavam morrendo sem esperança em Cristo, e foi muito trágico ver como elas enfrentavam a morte com desespero; no entanto, também tenho visitado cristãos moribundos cujos corações estavam pesados, porque embora tivessem certeza de que haviam sido perdoados, também sabiam que tinham vivido as suas vidas buscando principalmente as coisas desta vida. Suas vidas estavam cheias de remorso, e logo teriam que encontrar-se com o seu Senhor.

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Hebreus 10:1–18

(1) A lei é apenas uma "sombra" (vv. 1-4). Sem dúvida, esse argumento teria ofendido aqueles (especialmente os judeus) que reverenciavam a Lei de Moisés como a própria Palavra de Deus:

a. Efetivamente, a Lei de Moisés é a Palavra de Deus; No entanto, à luz do fato de que o autor o descreve como uma "sombra", qual é seu papel no plano de salvação de Deus? (v. 1)

b. Ele consegue aperfeiçoar aqueles que chegam ao tabernáculo para adorar a Deus? (v. 1)

c. Que evidência é apresentada pelo autor de Hebreus quanto à eficácia limitada da Lei? (v. 2)

d. Uma vez que é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados, qual é a função dos sacrifícios? (v. 3)

e. Na sua opinião, por que é lógica a afirmação que “é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados”? (v. 4)

(2) Cristo, a realidade, foi profetizado nos Salmos (vv. 5-10)

a. O sacrifício de Cristo foi profetizado no Salmo 40:6-8 (o autor de Hebreus cita uma tradução grega do VT conhecida como a Septuaginta). Se você vivesse na época do VT, como você teria entendido o Salmo 40?

b. A que se refere esse Salmo quando diz que Deus não se agrada de coisas exigidas pela lei, como os holocaustos? (v. 8)

c. Você acha que isso mostra que a lei do sacrifício seria anulada? Por que ou por que não?

d. Como Cristo já cumpriu a segunda parte desta passagem citada do salmo? (v. 10)

e. Você acha que o argumento do autor é convincente? Por que ou por que não?

(3) Cristo, a realidade, foi o cumprimento das profecias citadas acima (vv. 11-18).

a. Hebreus 1:13 cita o Salmo 110:1 para mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos:

  1. Em que sentido o sacrifício de Cristo já cumpriu esta profecia? (vv. 11-14)
  2. Quais são as implicações do fato de que Ele "assentou-se à direita de Deus"?
  3. Quem são os inimigos de Cristo e como eles se tornarão estrado dos Seus pés? (vide 1 Coríntios 15:24-28)

b. Os vv. 8:8-12 apresentam a profecia encontrada em Jeremias 31:31-34 sobre uma nova aliança que é baseada em melhores promessas:

  1. Em que sentido o sacrifício de Cristo cumpriu esta profecia? (vv. 14-18)
  2. Como o sacrifício de Cristo fez possível que as leis de Deus fossem colocadas no coração e na mente dos crentes?

(4) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O pecado mancha!

"Contudo, esses sacrifícios são uma recordação anual dos pecados,  pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados" (NVI-PT). (Hebreus 10:3-4)

“O conceito de que o pecado é uma espécie de contaminação é uma ênfase importante no livro de Hebreus. Esta é uma verdade que a Igreja contemporânea tende a esquecer. Ironicamente, sempre que a Igreja negligencia um aspecto fundamental da verdade, Deus usa o mundo secular para "sacudir" a memória coletiva de Seu povo.

“Certa propaganda criativa na TV mostra uma atraente diretora de cruzeiro se aproximando de um passageiro. Ela diz: 'Sr. Jones, solte a gravata. Você está num cruzeiro!' Ao soltar sua gravata, ela dá um passo para trás e exclama: 'Oh, não, Sr. Jones. Você tem uma mancha no colarinho!' E a Sra. Jones lamenta: 'Oh, essas manchas nojentas!'. Em seguida, o produto é apresentado.

“Por que esse tipo de anúncio chama a nossa atenção? Por que a sujeira provoca essa reação em nós? Por que as mães dizem aos filhos pequenos 'Não se sujem' quando saem para brincar? Por que, depois de um dia de trabalho pesado, esforço físico e suor dizemos: 'Sinto-me sujo; vou tomar banho'?

“Deus incluiu em nossa consciência certa sensibilidade à sensação de estar sujo nos aspectos externos de nossas vidas a fim de chamar nossa atenção para o fato de que o pecado nos suja por dentro. Temos a tendência a esquecer esta verdade. O pecado corrompe. Não é somente uma violação da lei de Deus; é também uma violação de nossa pessoa. O pecado nos mancha e exige que sejamos purificados ... (De acordo com o autor de Hebreus) o pecado não (é) somente uma alienação ou a expressão de um relacionamento destruído. É uma realidade que mancha o pecador, deixando-o imundo. O pecado contamina: esse é um dos aspectos da verdade (em Hebreus)."
(William Lane, Hebrews, 122-3)

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Hebreus 10:19–39

Parece que o autor de Hebreus sentiu que já havia dito o suficiente para demonstrar o caráter definitivo do sacrifício de Cristo e a perfeição de Seu sacerdócio. Agora ele exige uma resposta de seus leitores:

(1) Uma exortação (vv. 19-25)

a. Por que devemos ter plena confiança para entrar no Santo dos Santos (quer dizer, acesso direto à presença de Deus)? Em que se baseia a nossa confiança? (vv.19-20)

b. Uma vez que Cristo agora é nosso Sumo Sacerdote diante de Deus, o autor nos exorta a fazer o seguinte:

  1. Aproximemo-nos (v.22)

a) Na sua opinião, o que significa aproximar-se de Deus?

b) De que forma(s) podemos nos aproximar dEle agora?

c) Por quê?

  1. Apeguemo-nos com firmeza à esperança (v.23)

a) O que poderia nos desviar de nossa esperança eterna em Cristo?

b) O que podemos fazer para nos apegar com firmeza à esperança?

  1. Consideremos uns aos outros (v.24)

a) O que deve ser incluído em nosso esforço de considerarmos uns aos outros?

b) Como podemos fazer isso?

  1. Não deixemos de reunir-nos (v.25)

a) Por que é tão importante não deixar de nos reunir com nossos irmãos e irmãs em Cristo?

b) Como o hábito de não nos reunir pode nos afetar?

  1. Procuremos encorajar-nos uns aos outros

a) O que você pode fazer para encorajar outros irmãos e irmãs em Cristo em suas reuniões com eles?

b) Por que isso é ainda mais importante à luz da chegada do Dia (Final)?

c. "Façamos ...": Quando consideramos essas cinco exortações como um conjunto, qual é o quadro que o autor pinta da vida cristã no último dia?

(2) Uma advertência (vv. 26-31): estas são palavras sérias que alertam contra a apostasia.

a. Contra que tipo de pecado o autor adverte? (v. 26)

b. Qual é a consequência desse tipo de pecado? (vv. 26-27)

c. O autor justifica sua advertência com base numa comparação da antiga aliança com a nova:

  1. Parece que o exemplo de "pecar deliberadamente" usado pelo autor vem de Números 15:30-31, enquanto a estipulação com relação às testemunhas vem de Deuteronômio 17:2-6 (v.28):

a) Em tais casos, quão grave é a punição imposta pela Lei de Moisés?

b) De acordo com a promessa de Deus, como Ele lidará com tais transgressores de Sua lei? (v. 30)

  1. Considere o que o autor diz sobre um cristão que "continua a pecar deliberadamente":

a) Por que isso é o equivalente de pisar aos pés o Filho de Deus? (v.29)

b) Como Deus lidará com tais infratores? (vv. 29, 31)

(3) Os destinatários da advertência (vv. 32-39)

a. O que estas pessoas sofreram durante os primeiros dias de sua fé (em Cristo)? (vv. 32-35)

b. Responda às seguintes perguntas à luz dos sacrifícios que estas pessoas fizeram por Cristo:

  1. Por que o autor precisa dizer-lhes que não joguem fora sua confiança?
  2. Que coisa poderia acontecer, fazendo com que esses crentes "retrocedam"? (v. 39)
  3. O que o autor menciona nos vv. 36-38 a fim de encorajá-los a perseverar?
  4. Em sua opinião, qual seria a motivação mais forte para eles perseverarem?
  5. Por quê?

(4) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Pecar deliberadamente

Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados” (NVI-PT). (Hebreus 10:26)

Desde a época da igreja primitiva, a advertência dada pelo autor de Hebreus contra os que pecam deliberadamente tem dado origem a várias interpretações e práticas diferentes; portanto, deixe-me citar abaixo a perspectiva de F.F. Bruce, um erudito conservador que é altamente respeitado:

“Esta passagem repercurtiria através da história cristã de uma maneira que nosso autor nunca teria previsto. O que ele quis dizer com a frase "se continuarmos a pecar deliberadamente" é parecido com aquele pecado que é cometido "à mão levantada" (ARC) (Núm. 15:30), para o qual não havia nenhuma provisão de perdão na lei expiatória do Velho Testamento. O autor já tinha enfatizado que desconsiderar a mensagem salvadora falada pelo Filho de Deus deve acarretar penalidades ainda mais severas do que as sanções anexadas à lei de Moisés, “a palavra falada pelos anjos” (2:2); aqui ele repete o mesmo argumento. O contexto sugere que o que ele tem em mente é algo muito mais sério do que (nas palavras de Paulo) quando alguém 'for surpreendido em algum pecado' (Gálatas 6:1); afinal, ele já tinha salientado mais de uma vez que em Jesus os cristãos têm um sumo sacerdote que pode ajudá-los quando são tentados, simpatizar com eles em suas fraquezas e suportá-los com benevolência quando por ignorância se desviam do caminho. Ao contrário, o que ele tem em mente aqui é o ato de quem 'se afaste do Deus vivo', sobre o qual já falou em 3:12, aquela renúncia ao cristianismo contra a qual ele já advertiu seus leitores em 6:4-8. Receber o conhecimento da verdade e depois rejeitá-lo é o mesmo que desistir do único caminho de salvação. Para aqueles que deliberadamente desistiram da confiança no sacrifício perfeito de Cristo, 'não resta sacrifício pelos pecados' que possa ser de algum proveito para eles. A linguagem usada no versículo 29 parece deixar claro que o que o autor tem em vista aqui é a apostasia definitiva. Este versículo diz que aquele que comete este pecado deliberado 'pisou aos pés o Filho de Deus, profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça' (NVI-PT).

“Nosso autor não é dado a exageros desenfreados; quando ele usa linguagem como esta, escolhe suas palavras com o seu cuidado habitual. Desprezar o Filho de Deus, pisá-Lo (o sentido literal da palavra) , 'denota o mais flagrante desprezo' (Moffat); tratar o sangue da aliança de Cristo, pelo qual Seu povo é santificado, purificado e levado a Deus, como algo cujo valor não passa daquele da morte mais comum é o mesmo que repudiar de forma definitiva o Seu sacrifício, junto com todas as bênçãos que dele provêm; nas palavras de Jesus, ultrajar o Espírito da graça é ser "culpado do pecado eterno" (Marcos 3:29). Qualquer pessoa que fosse condenada por haver violado de forma deliberada a lei da aliança de Israel (com base num testemunho apropriado) estava sujeita à pena de morte: 'nem o teu olho o poupará, nem terás piedade dele', dizia a sentença inexorável (Deuteronômio 13:8; 19:13, etc.). No entanto, essa lei se tratava da pena de morte física; a morte espiritual que espera o apóstata sob a nova ordem é uma ' punição muito mais dolorosa'."
(NTCNT, Hebrews, 261-2)

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Hebreus 11:1–7

Ao encorajar seus leitores a perseverarem na fé, o autor primeiro chama sua atenção para a própria experiência pessoal dos leitores (10:32 e segs.); em seguida, ele apresenta os “Heróis da Fé” do Velho Testamento:

(1) A definição da fé (vv.1-3)

a. O que os santos da antiguidade entendiam sobre o que era fé? (v. 1)

b. O que as expressões "aquilo que esperamos" e "as coisas que não vemos" têm em comum? (v. 1)

b. O que as palavras "certeza" e "prova" têm em comum? (v. 1)

d. Que evidência (ou exemplo) é dado pelo autor com respeito à relação que há entre o visível e o invisível? (v. 3; vide Salmos 33:6, 9)

e. Como essa explicação o ajuda a entender o que é fé?

(2) Herói da fé #1—Abel (v. 4)—o autor começa com o exemplo de Abel, filho de Adão e Eva.

a. Leia o relato em Gênesis 4:1-15.

b. Por que o autor diz que o sacrifício de Abel (que ele tinha tomado dos "primogênitos" de seu rebanho) foi oferecido pela fé, enquanto o de Caim (que ele não tinha tomado de suas "primícias") não foi oferecido pela fé?

c. De acordo com o autor, que tipo de aprovação foi o resultado da fé de Abel?

d. O que o autor quer dizer com a frase "e, por ela, depois de morto, ainda fala (hoje)" (ARC)? (v. 4)

(3) Herói da fé # 2—Enoque (vv. 5-6)

a. Leia o relato em Gênesis 5:21-24.

b. Naturalmente, é muito precioso que " Enoque andou com Deus" por 300 anos enquanto "gerou filhos e filhas" (Gênesis 5:22).

  1. Quão especial era sua fé?
  2. Como Deus o recompensou por sua fé?
  3. A qual conclusão chega o autor de Hebreus sobre a fé de Enoque?
  4. O que o exemplo de Enoque tem a ver com as ações de "agradar a Deus" e "buscá-Lo sinceramente"?

(4) Herói da fé # 3—Noé (v. 7)

a. Leia o relato de Noé em Gênesis 6, especialmente a porção que se encontra nos vv. 1-13.

b. Qual foi a coisa "não vista" sobre a qual Deus o advertiu?

c. Quão difícil teria sido para ele obedecer à ordem de Deus de construir uma arca?

d. Qual foi o resultado de sua fé?

(5) Qual desses três heróis da fé você mais admira? Por quê?

(6) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Depois de morto, ainda fala!

"e, por ela (Abel), depois de morto, ainda fala" (ARC) (Hebreus 11:4)

É importante notar que o objetivo do autor de Hebreus não é escrever um tratado teológico sobre a fé; ele se dirige a uma audiência que tem enfrentado (e continua enfrentando) severa perseguição que incluia insultos públicos, prisão e confisco de propriedades (10:32-34). Deixe-me compartilhar com vocês uma história bem conhecida sobre Policarpo (69-155 d.C.), o bispo de Esmirna, a igreja sofredora mencionada em Apocalipse 2:8-11. Sem dúvida, ele teria estado familiarizado com as palavras de exortação de Hebreus 11, e, à luz de sua idade avançada, ele pode ter sido um dos primeiros destinatários desta carta:

“Parece que Policarpo tinha noventa anos quando começou a perseguição em Esmirna. Quando ficou claro que certo feriado romano seria usado como ensejo para assediar severamente os cristãos, a maioria da igreja persuadiu seu pastor idoso a recolher-se numa fazenda que estava fora da cidade. Lá, na companhia de alguns amigos, ele passou seu tempo em oração.

"Os cristãos de Esmirna foram presos e apresentados ao procônsul romano, que tentou persuadi-los a jurar fidelidade ao imperador, reconhecendo César como Senhor e oferecendo sacrifícios pagãos. Menciona-se que um certo Quinto 'se fez de covarde' e obedeceu, mas a maioria dos cristãos em Esmirna permaneceu fiel a Cristo. Eles foram chicoteados, queimados vivos, torturados no cavalete e despedaçados por animais selvagens. Após alguns dias desse espetáculo público, a multidão na arena ficou impaciente e pediu que se fizesse uma busca por Policarpo.

“Policarpo foi transferido para outra fazenda, mas não conseguiu permanecer escondido. Um jovem escravo, sob tortura, revelou seu esconderijo, e o capitão da polícia, com um destacamento de cavalaria, foi enviado para levá-lo à arena. Quando Policarpo entrou no arena, houve um estrondo ensurdecedor dos espectadores, mas esse barulho não pôde silenciar a voz celestial que o velho pastor ouviu: 'Seja forte Policarpo, seja homem'.

Aparentemente, o Procônsul, que nunca tinha visto Policarpo, ficou profundamente comovido quando o venerável ancião ficou de pé diante dele. Ele instou com este pastor idoso a levar em consideração sua idade avançada, pressionando-o a fazer o juramento pelo gênio de César: 'Faça o juramento e eu o deixarei ir. Vitupere a Cristo'. Policarpo respondeu sem vacilar: 'Oitenta e seis anos O tenho servido, e Ele nunca me fez nenhum dano. Como posso blasfemar contra o Rei que me salvou?' (Martírio de Policarpo, 9:3) Depois de esgotados todos os seus métodos de dissuasão, o Procônsul enviou seu arauto à arena para anunciar três vezes: 'Policarpo tem confessado que ele é cristão'. Decretou-se que Policarpo fosse queimado vivo. Ele foi amarrado e entregue às chamas."
(Lane, Hebreus, 92)

Sem dúvida, Policarpo "depois de morto, ainda fala". (11:4)

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Hebreus 11:8–12

Herói da fé # 4—Abraão (vv. 8-19)—O autor toma um pouco mais de tempo ao enfatizar a jornada de fé de Abraão:

(1) Uma jornada de fé — Parte I (vv. 8-10)

a. Leia Gênesis 12:1-5

b. Que risco(s) Abraão correu (ou que dificuldades ele teve que enfrentar) ao obedecer ao chamado de Deus para se mudar para outra região?

c. Qual teria sido o aspecto mais difícil de sua obediência?

d. Por que ele obedeceu?

e. O autor nos lembra que (embora no final Abraão tenha sido abençoado com riquezas) ele, Isaque e Jacó viveram a vida inteira em tendas (estruturas não permanentes):

  1. Por quê? (v. 10)
  2. Que "recompensa" (11:6) ele recebeu?

f. Como você pode imitar sua fé?

(2) Uma jornada de fé—Parte II (vv. 11-12)

a. Leia Gênesis 15:1-8; 17:1-8; 18:9-15; 21:1-3.

b. Quantos anos tinha Abraão quando Deus lhe prometeu um filho?

c. Quantos anos ele tinha quando essa promessa foi cumprida?

d. Como o autor de Hebreus elogia Abraão com relação a esse evento? (v. 11)

e. Como Gênesis 15:1-8 mostra de forma especial sua fé na promessa de Deus de que ele teria seu próprio filho?

f. Qual foi a "recompensa" que ele recebeu?

(3) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Ninguém é velho demais para embarcar na jornada da fé

Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo” (NVI-PT). (Hebreus 11:8)

É óbvio que a longevidade dos humanos sofreu uma redução acentuada após o Dilúvio. Embora Abraão e Sara tenham vivido mais de cem anos, eles já eram velhos quando obedeceram ao chamado de Deus para se mudarem de Ur para Canaã. Gênesis 12:4 nos diz que Abraão tinha 75 anos quando saiu Harã em direção à Terra Prometida numa viagem cujo destino final ainda era um mistério para ele. Apesar disso, ele obedeceu (Hebreus 11:8).

Alguns comentaristas enfatizam o fato de que nada é mencionado sobre os primeiros 75 anos de vida de Abraão, salvo que ele viveu com a família de seu pai num lugar onde se adorava ídolos, e que a família de seu pai adorava aqueles deuses também (Josué 24:2).

Você faria uma mudança tão radical nos últimos anos de sua vida? Seu cônjuge estaria disposto a fazer isso? Não seria lógico que Abraão fizesse a seguinte pergunta: "Por que Deus não me chamou há muito tempo, quando eu ainda era mais jovem, mais engenhoso e mais útil, e quando conseguia me adaptar às mudanças com mais facilidade?".

Não temos ideia de por que Deus decidiu não chamar e usar Abraão até seus anos de velhice. Talvez seu pai tenha sido um obstáculo tão grande que ele teve que esperar até sua morte. Talvez Sara não estivesse disposta até ela perceber que não tinha mais esperança de ter um filho e que, por isso, não faria muita diferência se ela saísse de sua terra. Como já mencionei, realmente não sabemos a razão. Mas uma coisa é certa: Deus sempre sabe qual é o momento mais adequado para nós.

Nas últimas décadas, temos observado que cada vez mais cristãos estão sendo chamados a "sair e ir" na segunda metade de seus anos maduros. Comecei a perceber esse "movimento" de Deus na década dos 70, quando escutei que um importante pastor chinês decidiu responder ao chamado de Deus para ser um missionário na África. Este pastor já tinha setenta anos; portanto, ele era somente uns poucos anos mais jovem do que Abraão quando este saiu de Harã. Desde então, tenho visto Deus chamar cristãos a "deixarem" seus negócios ou carreiras estabelecidas e "irem" para ministérios evangélicos, trabalhando como obreiros de tempo integral ou como cristãos leigos. Alguns daqueles que atenderam a esse chamado até tiveram que deixar suas famílias para trás. Essas são pessoas que, como Abraão, passaram grande parte de sua vida no anonimato espiritual. Mas apesar disso, sua obediência tem se tornado uma bênção para muitos, e até para o Reino de Deus.

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Hebreus 11:13–19

(1) Pontos em comum destes heróis da fé — parece que neste trecho o autor está pensando em Abraão, Isaque e Jacó (vv. 13-16).

a. Qual é a promessa suprema que Deus fez a cada um deles? (Gênesis 22:17; 26:3-4; 28:14)

b. Eles viram o cumprimento dessa promessa antes de morrer? (v. 13)

c. Considere as seguintes perguntas à luz do fato de que o autor de Hebreus afirma que todos eles acreditaram na promessa de Deus:

  1. O que eles se consideravam enquanto estavam na terra? (v. 13)
  2. O que eles estavam esperando? (v. 14)
  3. Que evidência o autor apresenta com relação a isso? (v. 15)
  4. Que elogio eles receberam de Deus? (v. 16)

d. Faça uma pausa para refletir sobre estas perguntas:

  1. Atualmente, que lugar você considera como sua casa? (Responda com sinceridade.)
  2. Você deseja estar na cidade que Deus preparou para você? Por que ou por que não?

(2) Uma jornada de fé—Parte III (vv. 17-19)

a. Leia Gênesis 22:1-19

b. Uma vez que Abraão sempre tinha demonstrado sua fé em Deus antes dos eventos deste capítulo, por que ele teve que ser testado? (v. 16; Gênesis 22:1)

c. Que promessa Abraão recebeu a respeito de seu filho Isaque? (v. 18; Gênesis 21:12)

d. Responda às seguintes perguntas sobre a obediência que Abraão demonstrou quando ele estava prestes a matar seu filho:

  1. Abraão pensava que realmente mataria seu filho?
  2. Que tipo de raciocínio o tinha levado a pensar isso? (v. 19)

e. Embora Abraão acreditasse firmemente que Deus tinha o poder de ressuscitar os mortos ...

  1. ... você acha que Abraão pensava que Deus ressuscitaria Isaque imediatamente após sua morte, ou no “último dia”? (vide João 11:24)
  2. Por quê?

f. Abraão demonstrou que tipo de fé?

(3) Qual é a principal mensagem para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A mãe da fé

Pela fé, também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido” (NVI-PT). (Hb. 11:11)

É claríssimo que Abraão, o pai da fé, ofusca sua esposa Sara, uma vez que foi ele quem Deus escolheu para ser a bênção para todas as pessoas da terra por meio de sua semente, o Messias—Cristo Jesus.

No entanto, Sara também foi escolhida, não só para ser a mãe da semente, mas também para ser a esposa do pai da fé. Costumamos dizer que "por trás de cada grande homem há uma grande mulher". Essa é a essência do elogio do apóstolo Pedro quando diz, “Dela vocês serão filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo” (1 Pedro 3:6). Em outras palavras, Sara expressou sua fé praticando o bem e não cedendo ao medo. E ela sem dúvida tinha muito a temer por ser esposa de Abraão.

É verdade que essa matriarca não era nada fraca, apesar de que, com frequência, ela é lembrada pela aspereza com a qual tratou sua serva Agar e seu filho Ismael. No entanto, ao comparar suas ações com os costumes da antiguidade, descobrimos que ela poderia ter tratado sua serva com muita mais severidade por tê-la desprezado. É verdade que ela provavelmente colocou muita pressão sobre Abraham; no entanto, ela se submeteu a ele na tomada de decisão final. Pedro testifica que “Sara, que obedecia a Abraão e o chamava senhor”.

De fato, quando nos lembramos de Sara, devemos pensar em sua obediência a Abraão. Considere o seguinte:

1. Ela esteve disposta a sair de sua terra natal e provavelmente teve que vender tudo o que tinha.

2. Ela esteve disposta a acreditar na incrível palavra de seu marido sobre a visão que ele tinha recebido, na qual ele recebeu instruções de se mudar para um destino que nem ele conhecia;

3. Ela esteve disposta a não se estabelecer nem comprar terras, mas viver toda a sua vida em tendas, mesmo depois de ter acumulado uma riqueza considerável.

4. Ela esteve disposta a percorrer as mais perigosas regiões, e acabou sendo levada como concubina duas vezes por dois reis diferentes, em situações em que possivelmente teria que sacrificar sua própria pureza sexual a fim de proteger a vida do marido.

5. Embora ela provavelmente soubesse do sacrifício de Isaque somente depois do evento ter acontecido, ela teve que correr o risco de perder seu único filho, o filho que ela amava, enquanto o seu marido obedecia à exigência mais ultrajante de Deus.

É preciso muita fé para seguir um marido tão louco!

Se Abraão é chamado de pai da fé, a obediência de sua esposa deveria torná-la a mãe da fé!