Nesta semana, estudaremos o livro inteiro de Tiago no Novo Testamento.
Introdução:
Desde a época da igreja primitiva, os livros de 1 e 2 Pedro, de 1, 2 e 3 João, Judas e o Livro de Tiago têm sido denominados de Epístolas Universais, uma vez que não foram escritos a congregações específicas. Tiago, o autor do último destas cartas, escreveu à "Diáspora" — as doze tribos que estavam espalhadas entre as nações. Acredita-se que o Livro de Tiago foi uma das primeiras epístolas, escrita quando a maioria dos crentes ainda eram judeus (observe também a menção que o autor faz da sinagoga, um lugar que nos primeiros anos do cristianismo também era frequentado por cristãos judeus). Embora a Bíblia mencione várias pessoas cujo nome era Tiago, acredita-se que o autor desta epístola não era outro senão o irmão do Senhor (Mateus 13:55, Gálatas 1:19), o qual se tornou uma figura muito importante e com grande autoridade durante estes primeiros anos da Igreja.
Uma vez que esta carta enfatiza tanto as "obras", alguns acreditam que Tiago parece defender a "salvação pelas obras"; o próprio Martinho Lutero chamou esta epístola de uma "epístola de palha" e com muita relutância a incluiu em sua versão do Cânon, deixando-a até o final.
Esta carta parece ser um conjunto desarticulado de várias reflexões, e é difícil encontrar um tema central que una suas várias instruções. Mas apesar disso, os versos 1:26-27 parecem ser a tese central da carta. Tudo o que se segue a esses versículos pode ser relacionado a uma das duas idéias enfatizadas nesta tese central sobre o que é a "religião pura". Essas duas idéias incluem uma ênfase positiva no dever de cuidar dos necessitados e uma ênfase negativa no dever de não ser contaminado pelo mundo e de controlar a língua. Com base nisso, eu sugiro o seguinte esboço para o livro:
1:1—Saudação
Provas e tentações:
1:2-12—A necessidade de que a fé seja provada
1:13-18—Como pensar corretamente sobre as tentações
1:19-25—Como responder diante das tentações e provações
1:26-27—O que é a religião pura: Aspecto positivo: Cuidar dos necessitados 2:1-13—Mostrar favoritismo para com os ricos é pecado 2:14-26—A fé e as obras são inseparáveis 3:1-2—A língua e a perfeição 3:3-8—A língua como instrumento de destruição 3:9-12—A língua e as divisões: as maldições 3:13-18—A língua: sabedoria e paz 4:1-10—A língua: divisões e orgulho 4:11-12—A língua: difamar e julgar 4:13-17—A língua: arrogância e fanfarronadas 5:1-6—Uma advertência para os ricos |
Conclusão
5:7-11—Paciência em meio às provações
5:12-20—Não faça juramentos, continue orando e restaurando aqueles que pecam!
(1) Que expressão Tiago, o irmão do Senhor, usa para se referir a si mesmo em sua carta? O que isso nos ensina sobre a identidade de Jesus? (vide João 7:5)
(2) Por que Tiago escolheu falar sobre as provas imediatamente após a saudação de sua carta? (Leia Atos 8:1 para ter uma noção do tipo de perseguição a igreja primitiva enfrentava, especialmente em Jerusalém.)
(3) Além da perseguição, que outros tipos de provas parecem ser comuns entre os cristãos (incluindo você)?
(4) Tiago aponta que as "provas" enfrentadas pelos cristãos,têm propósitos específicos. Quais são esses propósitos?
(5) As provas sempre cumprem esses propósitos? Por que ou por que não?
(6) Quão importante é pedir sabedoria, especialmente em momentos de provação?
(7) O que devemos crer quando pedimos sabedoria ao Senhor, especialmente em momentos de provação? (1:6)
(8) Nos vv. 9-10, Tiago fala sobre a prova de uma mudança de situação financeira. Essa prova é maior para um homem pobre que fica rico ou para um homem rico que fica pobre? Por quê?
(9) Tiago menciona dois aspectos que nos encorajam a enfrentar as provações:
a. Qual é o aspecto negativo dado nos vv. 10-11?
b. Qual é o aspecto positivo dado no v. 12?
(10) Qual desses dois aspectos o atrai mais? Por quê?
(11) Responda honestamente: Você consegue considerar o fato de você passar por provações como motivo de "grande alegria" (v. 2)? Por que ou por que não?
(12) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações." (NVI-PT) (Tiago 1:2)
“O sofrimento é um vínculo real, um incentivo para que se tenha mais amor e a base da perfeição espiritual e da piedade. Considere as palavras daquele que disse: 'Se você quiser servir ao Senhor, você deve preparar a sua alma para a provação' (Sir. 2:1). E também Cristo disse: 'Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo!” (João 16:33). E novamente, 'Como é estreita a porta, e apertado o caminho' (Mateus 7:14). Descobrimos que o sofrimento é enaltecido em todos os lugares, em todos os lugares é aceito como algo que é necessário para nós. Porque no mundo não há quem ganhe um troféu sem sofrer; não há ninguém que não tenha se fortalecido por meio do trabalho, da dieta, do exercício, das vigílias e muitas outras coisas semelhantes. Quanto mais na nossa batalha!"
(Crisóstomo, do CEC de Cramer, ACCOS, 5)
(1) Na versão original, uma só palavra grega é usada para dizer "tentações" e "provações". Como é possível saber se determinada prova é também uma tentação?
(2) Quando pensamos nas experiências de Adão e Eva em Gênesis 3, e de Jesus em Mateus 4:1-11, que elementos (em relação à sua fonte e propósito) as caracterizam como tentações?
(3) A frase grega traduzida como "quando alguém for tentado" (1:13) pode ser entendida como um exemplo da "voz média" no tempo "presente". As seguintes palavras do v. 14 apóiam esta interpretação: “Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo...” (v. 14). Tente usar uma tentação que você enfrentou recentemente (ou que ainda está enfrentando) para se lembrar de quão perigoso é o caminho da tentação.
a. Você é, "pelo próprio mau desejo, ...arrastado e seduzido. " Que paixão foi essa? Como surgiu? Como você permitiu que ela o arrastasse e seduzisse?
b. "Esse desejo, tendo concebido": O que quer dizer que a paixão (o desejo) fica "grávida" dentro de você?
c. "Dá à luz o pecado": Qual o ato pecaminoso que está sendo cometido?
d. "O pecado, após ter se consumado, gera a morte" : O que isso significa? Como isso se manifesta?
e. "Gera a morte" : É óbvio que a morte aponta para a perda da sensibilidade espiritual, o bloqueio da comunhão com Deus e muito mais. Que aparência a "morte" tem em seu caso?
(4) Por que alguém tentaria culpar a Deus por sua própria morte? (vv. 13, 16) Você já fez isso?
(5) Tiago liga as seguintes verdades a Deus: (a) Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, (b) Ele é o Pai das luzes celestiais e (c) Ele não muda. Como esse lembrete pode nos ajudar em tempos de provação, inclusive em tempos de tentação?
(6) Esta seção menciona dois tipos de nascimento (v. 15 e v. 18). Compare-os usando as seguintes perguntas:
a. Como acontece o nascimento? (especialmente no que diz respeito à concepção)
b. O que cada tipo de concepção dá à luz?
(7) Enquanto a morte é concebida pelos desejos malignos, os primeiros frutos (da nova vida) são concebidos pela Palavra de Deus. Portanto, a nossa atitude com relação à Palavra é extremamente importante.
a. Com certeza, é importante aceitar “humildemente a palavra implantada” em nós (v. 21). De acordo com os vv. 22-25, como podemos permitir que a palavra seja (a) aceita e (b) firmemente implantada em nós?
b. Como você pode aplicar isso à sua leitura da palavra de Deus, especialmente em seu tempo devocional diário?
c. Como isso pode ajudá-lo a se livrar de "toda impureza moral e da maldade"?
d. Depois de sua discussão sobre a nossa atitude com relação à palavra de Deus e antes da discussão sobre a maneira como lidamos com as tentações, Tiago menciona a necessidade de sermos prontos para ouvir e lentos para reagir com palavras e com raiva:
- Tiago provavelmente se refere a ouvir a palavra de Deus (v. 18 e v. 21 e ss.). O que significa "Sejam todos prontos para ouvir"?
- Em tempos de provação (ou quando ficamos com raiva), muitas vezes somos tentados a reagir com palavras de ira, das quais nos arrependeremos mais tarde. Qual é a melhor maneira de "lidar" com sua reação imediata de forma prática?
- Reflita cuidadosamente sobre o v. 20. O que você pensaria se eu dissesse "Se você tiver um acesso de raiva, já está errado, embora você tenha razão"?
(8) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Então esse desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte." (NVI-PT) (Tiago 1:15)
“Não percebemos o pecado que cometemos enquanto estivermos embriagados de prazer. Mas quando ele dá à luz e alcança seu objetivo, todo o prazer desaparece e o núcleo amargo de nossa mente sobe à superfície. Isso é o oposto do que acontece com as mulheres em trabalho de parto. Porque antes de dar à luz a mulher passa por muita dor e sofrimento, mas depois a dor desaparece, saindo do corpo junto com a criança. Mas aqui é bem diferente. Porque assim que nasce a criança ímpia chamada pecado, sentimos dor ao perceber quão vergonhoso é aquilo que acabamos de dar à luz; nesse momento somos perfurados mais profundamente do que qualquer mulher em trabalho de parto. Portanto, eu imploro que você não permita a entrada de nenhum pensamento corrupto desde o início, porque se o fizermos, suas sementes crescerão dentro de nós. Se chegarmos a essa etapa, o pecado que há dentro de nós se manifestará em ações e nos matará, condenando-nos, apesar de todas as nossas confissões e lágrimas. Porque não há nada mais destrutivo do que o pecado."
(Crisóstomo, do CEC de Cramer, ACCOS, 12)
(1) De acordo com o v. 27, quais são as marcas da religião "pura e imaculada"?
(2) De acordo com o v. 26, qual é a marca contrastante de uma religião que "não tem valor algum" e que é "enganosa"?
(3) Qual é a mensagem subjacente desse contraste aparentemente assimétrico?
(4) Embora Tiago não procure formular uma definição do que é a verdadeira religião, ele com certeza tem em mente certos erros na igreja e entre os crentes, os quais que ele procura corrigir. Leia os seguintes versículos para ter uma ideia do que o levou a dizer que a religião de quem não controla sua língua equivale a uma religião que "não tem valor algum!": 1:20; 3:9; 14; 4:11, 16; 5:12. Você concorda com o seu veredicto?
(5) Embora os profetas tenham advertido o povo de Deus repetidamente sobre seu dever de cuidar dos órfãos e das viúvas, o povo os negligenciava descaradamente. Jesus também acusa os fariseus de praticar o mesmo pecado (Mt 23:14; Lc. 20:47). Tanto Atos 6:1 quanto 1 Timóteo 5:9 mostram que havia muitas viúvas, e que cuidar delas era um assunto importante para a igreja primitiva (e provavelmente era o que Tiago estava defendendo). Qual é a atitude da igreja para com os órfãos e as viúvas em nossos dias? Qual é a sua?
(6) Os cristãos judeus da diáspora viviam num mundo greco-romano cujos costumes, além de serem pagãos, também eram imorais; portanto, havia uma preocupação real de que eles fossem contaminados pelo mundo. Como você descreveria o mundo ao redor de você? Quais são as áreas mais desafiadoras que você enfrenta com relação à contaminação de sua fé?
(7) Os órfãos e as viúvas representavam os pobres que havia entre esses cristãos; portanto, Tiago nos exorta a mostrar misericórdia aos pobres (v. 13) em vez de favoritismo (2:1). Reflita sobre as seguintes perguntas à luz do fato de que o favoritismo ainda existe na igreja hoje:
a. Quais são os “maus pensamentos” que se manifestam quando os ricos recebem um tratamento diferenciado na igreja (v. 4)?
b. De certa forma, o que Tiago quer dizer nos vv. 5-7 é que nós devemos ser os últimos a discriminar os pobres. De quais maneiras seus argumentos são válidos? Isso significa que devemos mostrar favoritismo aos pobres? (vide Êxodo 23:3; Levítico 19:15)
c. Muitos acreditam que Tiago defende a salvação pelas obras, ou seja, guardando a lei. Como seu argumento nos vv. 8-11 revelam a impossibilidade de obter a salvação pelas obras?
d. Como Jesus Cristo mostrou que "a misericórdia triunfa sobre o juízo"?
e. Portanto, como nós devemos mostrar que "a misericórdia triunfa sobre o juízo" pela maneira como tratamos os pobres, especialmente aqueles que talvez consideremos "pobres por escolha"?
(8) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.” (NVI-PT) (Tiago 1:27)
A palavra "religião" (thrēskeía) raramente aparece nas Escrituras, e a razão disso é compreensível. “Ela significa culto religioso, junto com suas observâncias externas, exercício religioso ou disciplina religiosa, mas sem excluir a noção de reverência” (WCNT, VI, 25).
Em outras palavras, a conotação geral desta palavra é de uma piedade externa, algo que muitas vezes carece de um verdadeiro relacionamento com Deus; portanto, as outras duas passagens em que esta palavra é usada nas Escrituras são Colossenses 2:18, onde o apóstolo Paulo se refere à adoração aos anjos, e Atos 26:5, onde Paulo descreve seu antigo zelo religioso farisaico. Em ambos os casos, a palavra é usada em sentido pejorativo.
Tiago também usa a palavra com essa conotação pejorativa, apontando que, na verdade, é inútil para alguém se sentir religioso, especialmente alguém que não controla sua língua. Mais uma vez, Tiago salienta a futilidade de ter somente uma forma externa de adoração, observando rituais que carecem de uma realidade interna. Ao enfatizar que a língua é a expressão mais importante da realidade interior de uma pessoa, Tiago se alinha aos ensinamentos bíblicos que nos exortam: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (ARC) (Prov. 4:23). No final, o que está em nosso coração sempre acabará escapando pela nossa boca.
Tiago prossegue com uma explicação do que é a "religião pura" diante de Deus, nosso Pai; no entanto, o que ele dá não é tanto "uma definição da religião ou do culto religioso, mas uma ilustração simples e pertinente de um espírito religioso adequado que leva a esses atos externos" (WCNT, citando Hort). Este é um tema que Santiago desenvolve detalhadamente no resto de sua carta.
Portanto, talvez a melhor maneira de descrever nossa fé em Cristo seja evitar o uso do termo "religião" e, em vez disso, usar a palavra "relacionamento". Tiago, o irmão terreno de Jesus, nos dá um exemplo disso nas duas vezes em sua carta que ele se refere ao irmão que antes rejeitava (João 7:5), primeiro com o título "o Senhor Jesus Cristo" (1:1), e depois com o título “nosso glorioso Senhor Jesus Cristo” (2:1). Aparentemente, Tiago ficou em Jerusalém, onde ele continuou a adorar no templo até ser morto pelo sumo sacerdote Ananias, que o apedrejou em d.C. 62 (Josefo, Antiguidades, 20.9.1). Embora os judeus talvez tenham considerado que ele tivesse conservado sua religião, o judaísmo, houve uma mudança radical em seu relacionamento com Jesus; Ele não era mais seu irmão terreno, mas seu Senhor, seu Cristo.
(1) Reflita sobre o exemplo do irmão ou da irmã que necessita de roupa e do seu alimento diário:
a. Como este crente autoproclamado procura mostrar que ele talvez tenha fé?
b. Ao mesmo tempo, como ele mostra que, na verdade, qualquer fé que ele tenha está morta?
c. Neste caso, o que significa a expressão "fé morta"?
(2) No v. 18, Tiago descreve uma situação hipotética na qual uma pessoa diz “'Você tem fé; eu tenho obras'. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei ...” Como você completaria essa declaração de forma lógica para fazer dela um contraste direto? Com que frase Tiago completou essa declaração? Por que ele não a completou dizendo: "Eu lhe mostrarei a minha fé sem obras"?
(3) Que tipo de fé é aquela que os demônios têm? Que tipo de fé é aquela que os demônios não têm?
(4) Portanto, Tiago se opõe a que tipo de fé?
(5) Tiago cita Gênesis 15:6, onde lemos que Abraão "creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado isto por justiça", e porções de Gênesis 22, onde é lemos que Abraão obedeceu a Deus e esteve disposto a oferecer seu filho Isaque no altar. Com essas citações, Tiago usa Abraão como exemplo para apoiar seu argumento:
a. O que ele quer dizer quando menciona que o crédito da justiça em Gênesis 15:6 foi “cumprido” pelas suas ações em Gênesis 22?
b. Com base nisso, que conclusão Tiago tira a respeito da justificação no v. 24?
(6) Para reforçar seu argumento, Tiago cita mais um exemplo, o de Raabe (Js. 2):
a. Por qual razão Raabe decidiu acolher os espias de Israel? (Josué 2:11)
b. O que veio primeiro? Sua fé em Deus ou sua obra de esconder os espias?
c. Qual você diria que é a relação entre sua fé e suas obras?
(7) Em seguida, Tiago tira a mesma conclusão de novo no v. 26. Na analogia que compara o corpo e o espírito com a fé e as obras, qual destes últimos é representado pelo corpo? E pelo espírito? É possível separar o corpo e o espírito de uma pessoa enquanto ela ainda estiver viva?
(8)
Leia com cuidado Efésios 2:8-9. Qual (quais) das seguintes conclusões você tiraria ao comparar esses versículos com a passagem de hoje?
(9) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?a. O que Tiago ensina contradiz o ensino de Paulo sobre a salvação pela graça por meio da fé.
b. Tiago esclarece o ensino de Paulo com respeito a isso.
c. Em essência, Tiago e Pablo estão de acordo.
“Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta.” (NVI-PT) (Tiago 2:17)
A controvérsia sobre se Tiago defende a noção da "justificação pelas obras" tem existido no mundo cristão ao longo dos últimos 2.000 anos; portanto, não afirmo possuir nenhuma compreensão especial do tema. Pode-se dizer com certeza que a maioria dos estudiosos conservadores não considera que Santiago defende a "justificação pelas obras". A este respeito, deve-se notar as seguintes observações:
(1) O exemplo dos demônios mostra claramente que o tipo de fé "morta" ao qual Tiago se opõe é uma fé puramente intelectual que não afeta a vida interior da pessoa. Tiago é muito claro nesse ponto: "Até mesmo os demônios crêem — e tremem!" (Tiago 2:19). Na verdade, os demônios não têm outra opção a não ser crer em Deus, uma vez que sabem que Ele existe; no entanto, sua "fé" é simplesmente um reconhecimento puramente intelectual que nada tem a ver com a fé salvadora (2:14), a qual sem dúvida inclui o arrependimento (Atos 2:38). Neste ponto, Paulo seria o primeiro a concordar com Tiago.
(2) Ao longo do seu argumento, Tiago nunca nega a justificação pela fé (ele cita claramente Gênesis 15:6). Ele simplesmente vincula a fé às obras (2:17, 18, 20, 22, 26), chegando à conclusão de que a fé é cumprida pelas obras, ou, no caso de Abraão, o fato de sua fé ter sido creditada como justiça foi cumprido pelas suas obras ao oferecer Isaque no altar. Entretanto, permanece a seguinte questão: Tiago procura defender que é necessária a fé "mais" as obras para que ela seja creditada como justiça?
(3) Tiago esclarece esta dúvida com o desafio hipotético no v. 18: "Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras [pelo que eu faço]." O contrapeso lógico da expressão “fé sem obras” seria “obras sem fé”. No entanto, ao dizer "eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras [pelo que eu faço]", Tiago enfatiza o fato de a fé ser uma "necessidade" absoluta, uma vez que não pode haver ação nenhuma que agrade a Deus quando não houver fé. As obras provêm da fé, e não a fé das obras. Portanto, aquilo que assegura a justiça para uma pessoa não é a fé mais as obras, mas a graça de Deus que opera por meio da fé que vem dEle, a qual, quando for genuína, sempre produzirá obras como evidência de que somos salvos. Até mesmo na última analogia, a do corpo e do espírito, entendemos que tanto o corpo quanto o espírito provêm de Deus e não de nós mesmos.
3:1-12—A língua
(1) Quem deseja ser um "bispo" deseja uma nobre função (1 Timóteo 3:1). Por que, então, Tiago nos exorta a não nos tornarmos "mestres"? (Uma tradução mais simples do grego original seria, "Por favor, não muitos mestres!")
(2) Qual é o erro comum cometido por aqueles que adoram ensinar os outros? Que explicação Tiago usa para alertar os mestres?
(3) Você concorda com sua afirmação no v. 2? Por que ou por que não?
(4) Tiago usa duas analogias nos vv. 3-4 para apoyar sua declaração no v. 2. A primeira é a do cavalo e o freio, e a segunda do navio e o leme. Quais são os pontos em comum das duas analogias? Como elas apoiam a afirmação de Tiago no versículo 2?
(5) Em seguida, Santiago usa uma terceira analogia, a do bosque incendiado:
a. Quais são as principais verdades que ele procura destacar sobre a nossa língua?
b. Por que ele diz que a conseqüência de uma língua malvada é um fogo incendiado pelo inferno?
(6) Você concorda que a língua é mais difícil de domar do que qualquer tipo de animal que se move?
(7) Em que sentido(s) a língua é “um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero”?
(8) Que outros exemplos da natureza Tiago usa para nos exortar a não bendizer a Deus enquanto amaldiçoamos os homens? Isso tem algo a ver com a religião vã?
3:13-18—A sabedoria
(9) Como deve se demonstrar a verdadeira sabedoria? (v. 13)
(10) Como se manifesta a falsa sabedoria, e qual é sua origem? (vv. 14-15)
(11) De acordo com v. 16, quais são os gêmeos siameses da "inveja e ambição egoísta"?
(12) Ao enfatizar que o céu é a fonte da verdadeira sabedoria, quais são as qualidade que Tiago relaciona com essa sabedoria?
(13) Qual dessas qualidades ele menciona novamente no versículo 18? Por quê?
(14) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera.” (NVI-PT) (Tiago 3:17)
Embora saibamos que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Salmo 111:10; Pv. 9:10), em nossa vida cotidiana ainda gostamos de tentar relacioná-la com o conhecimento. Como adquirimos conhecimento? Bem, normalmente respeitamos mais aqueles que têm mais títulos acadêmicos, que se formaram nas universidades mais prestigiadas e que realizaram as conquistas mais impressionantes em suas vidas. Gostamos de escutá-los; gostamos de ler seus livros; e gostamos de assistir às suas entrevistas.
Mas, sem dúvida, essa não é a verdadeira sabediria como a Bíblia a define. Santiago nos dá características muito claras a fim de nos ajudar a reconhecer aqueles que não têm sabedoria. Se você encontrar uma pessoa que abriga a inveja e ambição egoísta, pode ter certeza que essa pessoa não é sábia (3:14). E embora às vezes possa ser difícil detectar a inveja e a ambição egoísta, a arrogância e as ações que levam à confusão são mais evidentes (3:13, 16).
Por outro lado, Santiago nos dá marcas positivas da verdadeira sabedoria, entre as quais estão as qualidades de ser puro, pacífico, amável, compreensível, cheio de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincero. Talvez isso seja uma surpresa para muitos, especialmente para os do mundo; no entanto, não deveria surpreender os cristãos, uma vez que essas marcas são as mesmas que caracterizavam a vida do nosso Senhor Jesus Cristo. Em outras palavras, da próxima vez que você quiser procurar a sabedoria com uma pessoa que você considera sábia, a pergunta mais importante que você deve fazer é esta: "Ele ou ela é como Cristo?"
E é claro que há uma pergunta ainda mais importante que devemos fazer: "Eu estou me comportando como Cristo?". Se a resposta for sim, certamente somos sábios!
vv. 1-6—O problema
(1) Se esta carta é uma “epístola geral” que não foi dirigida a nenhuma congregação específica, por que Tiago fala de “guerras e contendas” entre os crentes, como se ele tivesse uma igreja específica em mente?
(2) Vamos tentar entender quais são esses desejos mencionados por Tiago:
a. Quão fortes são os desejos dessas pessoas? (vv. 1-2)
b. Quanto elas cobiçam? (v. 3a)
c. Qual é o objetivo ou propósito final de seus desejos? (v. 3b)
(3) Por que tais desejos os tornam "adúlteros"?
(4) Como Tiago define seu adultério nos vv. 4-5?
(5) Que conselho Tiago lhes dá ao citar Provérbios 3:34?
vv. 7-10 - A solução (que obviamente é a humildade), mencionada duas vezes (vv. 6 e 10)
(6) Ao exortá-los a se humilharem diante do Senhor, Tiago menciona quatro aspectos:
a. Submetam-se a Deus: O que isso significa num contexto de lutas e disputas?
b. Resistam ao Diabo: Que papel o diabo desempenha nas guerras e conflitos que surgem entre os crentes? O que acontecerá se resistirmos ao diabo?
c. Aproximem-se de Deus: Qual é a importância desse conselho, e que promessa é feita aqui?
d. Parece que os três passos anteriores não são suficientes; por isso, Tiago acrescentou o seguinte. Por quê?
- Limpe as mãos: O que isso significa?
- Purifiquem o coração: Quão importante é isso para poder ser humilde?
- Entristeçam-se, lamentem-se e ... Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza.: O que essas palavras nos ensinam sobre como devemos lidar com os pecados e suas consequências graves e destrutivas?
(7) A promessa de que “Ele os exaltará”: Como essa frase aponta os desejos que desde o início provocaram as lutas e disputas?
vv. 11-12—Os pecados que estão ligados às guerras e contendas
(8) Tiago salienta a tática mais comum que se usa nas guerras e conflitos. Qual é?
(9) O que “falar contra” um irmão tem a ver com o ato de “julgá-lo”?
(10) Com que base devemos julgar nossos irmãos e irmãs em Cristo?
(11) De acordo com o que Tiago diz no v. 11b, como devemos usar a lei (de Deus)?
(12) A palavra julgar tem dois significados diferentes: (a) formar uma opinião sobre o que é certo ou errado (b) decidir o que tais práticas erradas merecem. Em sua opinião, qual desses dois sentidos Santiago tem em mente? Será que ele estava pensando em ambos?
(13) Em que ponto a opinião que formamos sobre uma pessoa se torna "calúnia" ou "juízo"?
vv. 13-17—Sobre o amanhã
(14) Com base na cena no versículo 13, a pessoa descrita é bastante responsável, no sentido de que ela parece ter pensado muito em seu plano, calculado o custo e desenvolvido os detalhes. Qual é o seu problema, então, como crente?
(15) É óbvio que Santiago não se opõe à planificação; é por isso que no v. 15 ele nos dá conselhos sobre como devemos planejar para o amanhã. O que esse conselho acarreta, e qual é sua atitude subjacente com relação a Deus?
(16) De acordo com os vv. 16b e 17, o que acontecerá se fizermos os nossos planos para o amanhã sem ter essa atitude?
(17) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês!" (NVI-PT) (Tiago 4:7).
Em meio ao seu ataque implacável contra aqueles que causam guerras e contendas na igreja, Tiago os convida ao arrependimento, lembrando-os por meio de sua citação de Provérbios 3:34 que Deus "concede graça aos humildes" (Tiago 4:6).
Tiago também está ciente de que tais guerras e contendas teriam prejudicado muito a igreja. Mas como essas pessoas que estavam tão predispostas à arrogância e à divisão podiam renunciar aos seus pecados e voltar para Deus? Ao dizer-lhes: " Humilhem-se, limpem as mãos (quer dizer, sejam diferentes), purifiquem o coração (por meio da Palavra de Deus) e lamentem-se (profundamente por seus pecados e pelos prejuízos causados por seus pecados)", ele lhes dá duas promessas tremendas:
1. Resistem ao diabo e ele fugirá de vocês: Temos um sentimento natural de temor quando pensamos em Satanás, mas as Escrituras nos dizem que “ maior é aquele que está em você do que aquele que está no mundo ” (1 Jo. 4:4). Tiago nos diz que quando começarmos uma luta com o diabo (e não com os nossos colegas cristãos), ele fugirá imediatamente! Apesar da severidade do pecado de participar em guerras e contendas, quando decidimos parar, o diabo perde o controle do nosso coração sitiado e foge. Podemos ter vitória sobre qualquer tipo de pecado.
2. Aproximem-se de Deus e Ele se aproximará de vocês: Precisamos voltar a Deus para que possamos abandonar os nossos pecados para sempre. Apesar da severidade do pecado cometido por essas pessoas, e apesar da ferida profunda que infligiram ao corpo de Cristo, Tiago lhes garante que ainda lhes espera o perdão; elas podem se aproximar de Deus novamente, e Ele com certeza se aproximará deles também. Que promessa gloriosa! Independentemente de se estamos voltando para Deus depois de termos pecado, ou se simplesmente desejamos nos aproximar dEle, Ele nos tem prometido que estará lá esperando, esperando para nos abraçar. Este é o Deus que temos em Jesus Cristo. O que você está esperando, então?
vv. 1-6—Uma advertência aos ricos
Uma vez que esta carta foi dirigida a cristãos judeus da Diáspora, parece que alguns deles eram pessoas ricas cuja fé não foi acompanhada de arrependimento:
(1) Qual é o pecado específico de que Tiago os acusa nos vv. 2-3?
(2) Como você definiria o pecado de açambarcamento?
(3) Por que o fato de estarmos vivendo nos “últimos dias" torna ainda mais perverso o pecado de açambarcamento?
(4) As acusações nos vv. 4-6 são muito sérias:
a. Uma vida de luxo é necessariamente um pecado? No caso dessas pessoas, o que a tornava um pecado horrível?
b. Além de acusá-los de serem injustos por não pagarem os salários de seus trabalhadores, Tiago também os acusa de condenar e assassinar pessoas inocentes injustamente. Muitos estudiosos acreditam que Santiago estava acusando os extremamente ricos da sociedade em geral. No entanto, se fosse esse o caso, ele teria dito algo como: "Não sejam como os ricos do mundo ..."; note também que esses crimes eram puníveis sob a Lei Romana. Portanto, a principal acusação parece ser a de intimidar os pobres que não tinham meios ou recursos legais para se oporem a eles. Você consegue pensar em situações semelhantes na sociedade atual, nas quais indivíduos ou empresas poderosas se aproveitam dos trabalhadores pobres que não têm meios ou recursos para se protegerem deles? Como os cristãos podem participar de tais crimes, quer seja consciente ou inconscientemente?
vv. 7-11—Seja paciente (vv. 7-11): Tiago nos exorta a sermos pacientes quando observamos ou sofremos com a injustiça dos ricos.
(5) Qual é a primeira observação de Tiago sobre a paciência?
(6) O que ela tem a ver com os agricultores que esperam as chuvas sazonais?
(7) Em tempos de qualquer tipo de injustiça, a coisa mais fácil é queixar-nos.
a. Por que seremos julgados por nos queixar?
b. Como Romanos 12:19 faz eco do que Tiago ensina no v. 9?
(8) Usando os exemplos dos profetas, e especialmente o de Jó, Tiago nos garante a compaixão e a misericórdia de Deus:
a. Que tipo de sofrimento Jó suportou (Jó 1)?
b. Qual foi o resultado final de sua perseverança paciente diante do Senhor? (Jó 42:5, 12-17)
vv. 12-19—Palavras finais
(9) Não jurem (v.12)
a. Que coisas nos levariam a fazer juramentos?
b. O que devemos fazer em vez de jurar? Por quê?
(10) A resposta cristã adequada diante dos problemas e na felicidade (v.13)
a. O que normalmente faríamos ao depararmos com problemas? O que devemos fazer?
b. O que normalmente faríamos nos bons tempos? O que devemos fazer?
(11) O que devemos fazer quando estamos doentes (vv.14-18)
a. Qual é o propósito de chamar um ancião para orar e ungir o enfermo com óleo?
b. Isso significa que não precisamos consultar os médicos? Por que ou por que não?
c. O que devemos fazer se a doença estiver relacionada a algum pecado?
d. Como Tiago nos assegura sobre a certeza e o poder da oração?
e. Você já experimentou o poder da oração?
(12) O que devemos fazer com aqueles que se desviam da verdade?
a. Em geral, é necessário confrontar aqueles que se desviam da verdade. Mesmo quando for necessário, qual é o propósito desse tipo de confrontação?
- derrubar (expor ou desacreditar) a pessoa
- buscar sua restauração
b. Por quê?
(13) Ao chegar ao final do Livro de Tiago, reserve um tempo para revisar suas anotações ou diário e destacar as principais mensagens que você aprendeu. Com base nessas reflexões, formule uma oração de resposta.
"Aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados." (ARC) (Tiago 5:20)
Ao chegarmos ao final do livro de Tiago, talvez fiquemos com a impressão de que Tiago é implacável em seus ataques contra o pecado.
Embora ele abra sua carta reconhecendo o ambiente hostil que esses cristãos judeus da Diáspora estavam enfrentando, ele imediatamente começa a advertir os crentes indecisos, dizendo-lhes que não devem pensar que receberão algo do Senhor (1:7). Por meio de uma descrição muito viva de como podemos ceder à tentação, ele sugere que grande parte do nosso problema é não observar de perto a Palavra de Deus.
A intensidade de sua repreensão aumenta quando ele aborda o favoritismo que era mostrado aos ricos, até mesmo dentro da igreja, e ele lança seu ataque mais apaixonado contra a fé sem obras, uma controvérsia que perdura até hoje.
A repreensão de uma língua desenfreada se estende para incluir brigas e disputas entre cristãos. Nessa repreensão, Tiago os acusa de uma ganância que leva (ou é o equivalente) ao assassinato (4:2).
Sua repreensão contra os ricos beira o preconceito contra qualquer pessoa rica (5:1-6)!
No entanto, é muito fácil não perceber a mensagem de misericórdia que é repetida em meio a essas repreensões, a mesma mensagem com a qual Tiago também encerra a sua carta: “Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta” (5:19). Em outras palavras, quando Tiago diz que "a misericórdia triunfa sobre o juízo" no v. 2:13, ele não diz isso para envergonhá-los; ele simplesmente diz o que ele mesmo esteve praticando o tempo todo.
Ao encerrar sua carta dessa forma, Tiago nos ensina uma lição muito importante: o objetivo principal de qualquer repreensão, e até mesmo da disciplina, é restaurar o pecador, não condená-lo. Apesar da severidade com a qual ele ataca os pecados e os pecadores, Tiago mostra com essas últimas palavras que tudo o que ele disse tem um só propósito, a saber, conduzi-los ao arrependimento para que sejam restaurados. Que grande lição! Que grande apóstolo!