Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
1 João 1:1–10

Nesta semana, estudaremos o livro de I João no Novo Testamento.

1 João

Acredita-se que o livro de 1 João (junto com os de 2 João e 3 João) foi escrito pelo mesmo apóstolo João que escreveu o Evangelho de João. As semelhanças que há nesses livros (especialmente entre 1 João e o seu Evangelho) quanto aos temas e o uso de palavras são fortes evidências de que o apóstolo realmente escreveu ambos documentos. Entre os pais da igreja primitiva que testemunharam que João foi o autor estão Pápias de Hierápolis, Irineu de Lyon e Clemente de Alexandria, todos os quais viveram do início até os meados do segundo século. Acredita-se também que João escreveu estas três epístolas perto do final do primeiro século (ca. 90 d.C.). Embora João não tenha mencionado os destinatários em sua primeira epístola, acredita-se que ele a escreveu aos membros das igrejas na Ásia Menor, e talvez especialmente à igreja de Éfeso. Ao refletirmos sobre o conteúdo desta epístola, descobriremos que uma das razões pela qual João a escreveu foi para combater os seguintes problemas:

- A heresia que nega que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus

- A heresia que encoraja os crentes a continuar pecando

- A "falta de amor" que caracteriza a vida dos fiéis

1:1-4—A pessoa da proclamação apostólica

(1) As crenças dos cristãos que viviam no final do primeiro século estavam fundamentadas nos testemunhos deixados pelos apóstolos.

a. Como João enfatiza o tipo de testemunho que ele e os outros apóstolos tinham dado? (1:1)

b. Quão confiável é o testemunho deles? Por quê?

(2) Quem é a "Palavra de vida" que existia "desde o princípio"? (João 1:1)

a. De onde Ele veio? (1:2)

b. Como João descreve esta vida? (1:2) Por quê?

(3) Qual é o fundamento da verdadeira comunhão que os crentes podem ter uns com os outros? (1:3)

(4) Por que João enfatiza que sua comunhão é ao mesmo tempo com "o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo"?

(5) Qual é o seu propósito ao escrever esta epístola? (1:4) Em que sentido?

1:5-10—A mensagem da proclamação apostólica

(6) De acordo com João, qual é a mensagem que eles tinham ouvido de Jesus Cristo, e que agora está sendo transmitida a nós? (1:5)

(7) Qual é a implicação importante desta mensagem?

(8) Parece que João estava usando esta mensagem para combater as heresias que predominavam na sua época, as quais também estavam ligadas aos pecados nos quais os crentes estavam envolvidos:

a. De acordo com v. 6, qual é a afirmação dos hereges?

  1. Por que isso era uma mentira?
  2. O que significa andar na luz?
  1. Significa que não pecamos mais?
  2. Significa que, uma vez que caminhamos na luz, reconhecemos nosso pecado quando pecamos em vez de escondê-lo?
  1. Qual poderia ser o motivo ou raciocínio por trás dessa heresia?

b. O que mais os hereges afirmavam, de acordo com o v. 8?

  1. Qual poderia ser o motivo ou raciocínio por trás dessa heresia?
  2. O pecado cometido por um crente prejudicará seu relacionamento com Deus, ou somente interromperá sua comunhão com Deus? Qual é a diferença entre as duas coisas?
  3. O que o crente deve fazer quando ele pecar?

c. De acordo com o v. 10, o que mais os hereges afirmavam?

  1. Quão diferente é esta declaração da do v. 8?
  2. Qual poderia ser o motivo ou raciocínio por trás dessa afirmação?

(9) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Como entender as heresias denunciadas no livro de 1 João

"Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós" (NVI-PT). (1 João 1:10)

Para mim, tem sido muito útil entender os tipos de heresia que as igrejas estavam enfrentando no final do primeiro século a fim de compreender os principais ensinamentos de 1 João. Geralmente usamos o termo gnosticismo para nos referir a essas heresias; no entanto, “O termo Gnosticismo é muito amplo e abrange vários sistemas pagãos, judeus e semicristãos que não chegaram a ser plenamente desenvolvidos até o segundo século ... Os melhores sistemas gnósticos do segundo século combinavam as visões de iluminação e libertação espiritual com um rígido ascetismo; o pior sistema afirmava que o mal não podia prejudicar o espírito iluminado e que, portanto, a moralidade era uma questão de pouca importância; como consequência, de acordo com esse sistema, as formas mais grosseiras de luxúria eram totalmente admissíveis." (Stott, 49-50). Entre os vários comentários que existem sobre o assunto, o que para mim tem sido muito útil são os argumentos de John Stott. Ele observa que os argumentos de João foram dirigidos principalmente contra as heresias propagadas por um certo Cerinto, cuja opinião é melhor descrita como "pré-gnóstica" ou "protognóstica". Deixe-me citar Stott:

“Ele (Irineu) diz que Cerinto 'apresentava um Jesus que não nasceu de uma virgem, mas que era o filho biológico de José e Maria, segundo as leis normais da procriação humana, embora Ele fosse mais justo, prudente e sábio do que outros homens. Dizia ainda que depois de Seu batismo, Cristo desceu sobre ele, vindo do Governador Supremo na forma de uma pomba; foi então que Ele anunciou o Pai outrora desconhecido e realizou milagres. Mas no final, Cristo se retirou de Jesus; foi então que Jesus sofreu e ressuscitou, enquanto Cristo permaneceu impassível (não sujeito à dor ou ao dano), uma vez que Ele era um ser espiritual'... Portanto, a essência do erro de Cerinto parece ter sido nesta sua separação do homem Jesus do divino Cristo ou Espírito. Irineu se refere a isso mais tarde quando menciona aqueles 'que separaram Jesus de Cristo, afirmando que Cristo permaneceu impassível enquanto Jesus sofreu', e também que 'o Filho do Criador era, de fato, um, mas o Cristo que é de acima era de outro, o qual também permaneceu impassível, descendo sobre Jesus, o Filho do Criador, e depois voou de volta para Seu Pleroma (a morada gnóstica de Deus)'.”
 (TNTC, Cartas de João , 50-51)

Com isso em mente, os argumentos de João se tornam mais compreensíveis para nós, uma vez que ele define o falso ensino como a negação de que "Jesus é o Cristo" (2:22) e afirma que Ele não veio somente pela água (batismo), mas “por meio de água e sangue” (5:6), o que significa que o Jesus que foi batizado é o mesmo Jesus que morreu e ressuscitou, e que Ele também é o Cristo. Isso também explica por que ele repete sua afirmação de que ninguém nascido de Deus "pratica o pecado" (3:6, 9; 5:18).

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
1 João 2:1–11

2:1-2—A preocupação de João quanto ao seu estilo de vida pecaminoso: Os versículos 1-2 encerram (por enquanto) o trecho em que João lida com as heresias ligadas ao pecado.

(1) Por que João os chama de "meus filhinhos", apesar de a negação do pecado ser um assunto tão grave?

(2) Qual é a outra razão que João dá com relação ao propósito de sua carta? (v. 1)

(3) Como João encoraja os destinatários crentes a confessarem os seus pecados, inclusive pecados de heresia como aqueles mencionados no capítulo anterior?

(4) De que maneira(s) Jesus Cristo atua como nosso Advogado?

2:3-11Falta de amor

(5) A evidência de "conhecer Jesus Cristo" (2:3-6)

a. Qual é a evidência de que conhecemos Jesus Cristo? (v. 3)

b. Por que isso é uma evidência? (vv. 4-5)

c. O que o "amor a Deus" tem a ver com conhecer a Cristo? (v. 5)

d. Por que João faz uma ligação entre "conhecê-lo" (v. 3) a "estar nele" (vv. 5-6)?

e. À luz disso, como você definiria o conceito de "conhecer a Cristo"?

(6) "O" mandamento que se deve guardar (2:7-11)

a. Quem deu o mandamento original para amar? (João 13:35; 15:12, 17)

b. Por que, então, João diz também que ele é um novo mandamento? (v. 8)

  1. De que forma a verdade desse mandamento é manifestada em Jesus (e não só ensinada por Ele)? Ou seja, qual foi o Seu ato supremo de amor? (4:10)
  2. Como essa verdade também é revelada em nós? (v.8)
  3. O que o nosso ódio contra outros crentes revela? (2:9; 1:6)
  4. Qual é o efeito de amar-nos uns aos outros? (v. 10)
  1. A que tipo de tropeço João se refere?
  1. Qual é o efeito de odiar outros crentes? (v. 11)
  1. Você tem visto que o que João diz aqui é verdade? Por que ou por que não?
  1. "Não amar" é o mesmo que "odiar"? Por que ou por que não?

(7) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Os erros demoram a morrer

Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. 2 Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo" (NVI-PT). (1 João 2:1-2)

Embora João tenha escrito esta carta no final do primeiro século, aproximadamente 2.000 anos antes da nossa época, os erros que ele estava enfrentando ainda predominam hoje. Deixe-me compartilhar o que Howard Marshall pensa a esse respeito:

“O ensino de João neste trecho continua resistindo contra os erros na igreja de hoje que refletem os mesmos do primeiro século. A mensagem de que 'Deus é luz' tem recebido um novo enfoque na Grã-Bretanha desde o início do último quarto de século (do século XX), numa campanha que visava expor o que é feio e sórdido pelo que realmente é e mostrar que na luz de verdade, da justiça e do amor, é possível viver uma vida rica e satisfatória. Mas existem dois erros que nunca morrem. Uma é pensar que os atos pecaminosos não interrompem o nosso acesso a Deus. Os homens modernos tratam o pecado com leviandade e, na medida em que eles realmente acreditam na existência de Deus, eles acham que Ele fará  importantes concessões por causa das nossas fraquezas e falhas. Não se reconhece a verdadeira gravidade da mensagem de que Deus é luz. Provavelmente são poucos que negariam que atos de maldade deliberada e flagrante são incompatíveis com a religião verdadeira. O que eles negam é que alguma de suas próprias ações faz parte dessa categoria. Eles se recusam a avaliar suas ações de acordo com os padrões de Deus. O outro erro é afirmar que ninguém tem pecado. Independentemente do que João diga mais tarde nesta epístola, neste trecho ele permanece firme contra qualquer afirmação da possibilidade de que os cristãos alcancem a perfeição. Nenhum de nós está sem pecado; nenhum de nós pode alegar que não precisamos da purificação que Jesus oferece pelos pecadores."
 (NTCNT, Epístolas de João, 120)

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
1 João 2:12–17

2:12-14—Razões pelas quais João lhes escreveu esta carta: embora haja muitas opiniões sobre o que significam os termos filhinhos, pais e jovens, sugiro que os entendamos como simples referências aos crentes novos, jovens e velhos.

(1) Para os "filhinhos"

a. De que condição João os lembra? (v. 12)

b. Como filhinhos, que tipo de relacionamento eles têm com Deus? (v. 14)

c. Se o que foi dito acima não fosse verdade, faria sentido João escrever para eles?

d. Uma vez que é verdade, com que atitude eles deveriam receber os lembretes de João nesta carta?

(2) Para os "pais"

a. Quem é aquele que é "desde o princípio" mencionado por João? (1:1)

b. De que condição João os lembra?

c. Uma vez que é verdade, com que atitude eles deveriam receber os lembretes de João nesta carta?

(3) Para os "jovens"

a. De que condição João os lembra? (v. 13)

b. Quais são as razões dadas por João para sua vitória contra o Maligno? (v. 14)

c. Uma vez que isso é verdade, com que atitude eles deveriam receber os lembretes de João nesta carta?

2:15-17—A aplicação imediata de sua condição em Cristo

(4) Quais são as três características do mundo enumeradas por João? (v. 16)

(5) Como essas três características foram expressas no pecado cometido por Adão e Eva no Jardim do Éden? (Gênesis 3:6)

(6) Por que o amor ao mundo e o amor ao Pai são mutuamente exclusivos? (vide Tiago 4:4; 2 Coríntios 6:14 e ss.)

(7) Que outro motivo João nos dá a fim de nos encorajar a desejar a Deus e não o mundo? (v. 17)

(8) Como, então, podemos ter vitória contra o nosso desejo de amar o mundo? (v. 14c)

(9) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O amor deve ser exclusivo

Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (NVI-PT). (1 João 2:15)

Durante muito tempo, eu realmente pensava que amava o Pai, até que Ele me chamou para o ministério de tempo integral.

Quando ouvi Seu chamado inconfundível, minha reação imediata foi recusar-me. Antes disso, eu servia fervorosamente na igreja; dava o meu dízimo e muito mais; participava em viagens missionárias de curto prazo quase todos os anos; até mesmo compartilhava o evangelho no trabalho, especialmente por meio de estudos bíblicos evangelísticos em alguns dos meus locais de trabalho. Eu pensava que amava o Senhor. Apesar de tudo isso, quando Deus me disse, “Entregue-se a mim num ministério de tempo integral”, percebi que o tempo todo eu tinha pensado que podia amar o mundo e ao Senhor ao mesmo tempo.

Quando inicialmente disse "não" a Deus, eu percebi de repente o quão falso era. Embora eu falasse com todos sobre a importância da eternidade e sobre quão fúteis e passageiras são as coisas terrenas, percebi que estava relutante em deixar de lado o as coisas passageiras, quer dizer, a minha carreira como contador e administrador, da qual eu era orgulhoso, junto com os benefícios proporcionados pela renda e o status que eu recebia da empresa. Mas eu odiava ser um "escravo" de tudo isso.

Pela misericórdia de Deus, eu me arrependi do meu pecado de tentar amar o mundo e ao Senhor ao mesmo tempo, e pedi a Deus que me perdoasse. Foi assim que disse "sim" ao Seu chamado misericordioso.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
1 João 2:18–29

2:18-27—Anticristos

(1) A "última hora" pode ser uma referência ao intervalo de tempo entre a primeira e a segunda vinda de Jesus, ou ao período imediatamente antes de Sua segunda vinda. Com base no conteúdo (ou talvez no próprio tom) das palavras de João, qual dessas duas possibilidades ele tem em mente?

(2) João usa tanto a forma singular quanto a forma plural para falar sobre os "anticristos". Por que ele faz isso?

(3) É óbvio que João não está tentando mostrar a "identidade" do anticristo; ele nos está mostrando as "marcas" destes anticristos:

a. De acordo com o versículo 19, quem são eles?

  1. "Eles saíram do nosso meio": O que significa isso?

b. Qual é a mentira que eles estão espalhando? (v.22)

(4) Uma das heresias do gnosticismo é a afirmação de que existe um tipo especial de iluminação (ou unção):

a. Como João refuta a afirmação desses falsos mestres que eles são os únicos que possuem essa unção? (v.20)

b. Como são ungidos todos os crentes? (2 Coríntios 1: 21-22)

c. Por quem são ungidos? (v. 20; vide também Mc. 1:24; Jo. 6:69; cf. Atos 3:14 a respeito do "Santo")

(5) A importância de reconhecer que Jesus é o Cristo:

a. Por que os "anticristos" negariam que Jesus é o Cristo? (v.22)

b. Por que negar que Jesus é o Cristo equivale a negar o Pai? (vs. 22-23)

c. Como João define a "vida eterna" neste contexto? (vv. 24-25)

2:26-29— Permanecer nEle

(6) De acordo com v. 27, quem é o nosso verdadeiro mestre? (vide também a obra do Espírito Santo em João 14:17; 15:26; 16:13)

(7) Em que sentido os ensinamentos dos vv. 20-29 apontam para a verdade da Trindade?

(8) Uma pessoa que nega que Jesus é o Cristo pode "permanecer nele"? (v.28)

(9) Como, então, podemos nós que cremos "permanecer nele"?

(10) Uma vez que João não está ensinando a salvação pelas obras, o que significa o v. 29?

(11) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O anticristo

"Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo: aquele que nega o Pai e o Filho" (NVI-PT). (1 João 2:22)

Uma vez que o "anticristo" é um tema de grande interesse para os crentes, e com frequência é sensacionalizado em alguns círculos, deixe-me explicar o que significa este termo usado pelo apóstolo João.

De todos os 27 livros do Novo Testamento, somente as cartas de João contêm o termo anticristo. Além de sua ocorrência nesta carta de 1 João, João também usa este termo na carta de 2 João para descrever aqueles que negam que Jesus Cristo veio em carne; o contexto de 1 João 2:22 mostra que aqui João tem em mente essas mesmas pessoas. No entanto, João usa a forma plural do termo "anticristo".

Embora Jesus Cristo não tenha usado esse termo exato, Ele faz eco dos ensinamentos do Antigo Testamento quando prediz o futuro surgimento do "arquiinimigo" de Deus e cita o livro de Daniel (9:27, 11:31, 12:11) para descrever certa pessoa com a expressão "a abominação do assolamento" (Marcos 13:14). Essa mesma pessoa é chamada "o homem do pecado" pelo apóstolo Paulo (2 Tess. 2:1-12).

No entanto, Jesus também avisa sobre a vinda de "falsos cristos e falsos profetas" que "farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos" (Marcos 13:22). É evidente que essas pessoas não aceitam Jesus como o Cristo, mas se apresentam como profetas que declaram falsidades ou pessoas que afirmam falsamente que são o Messias.

Em outras palavras, Jesus fala sobre um indivíduo que é o arquiinimigo de Deus no tempo do fim, o qual é precedido ou acompanhado por outros como ele que procuram se opor a Deus. O apóstolo João usa o termo "Anticristo" para se referir àquele e o termo "anticristos" para se referir a estes.

Quanto ao segundo grupo, o qual já havia aparecido nos dias de João, a saber, aqueles que negam que Jesus é o Cristo, João diz que estão possuídos pelo espírito do Anticristo (4:3). Ele lembra a seus leitores que eles já tinham ouvido sobre a vinda do Anticristo e que mesmo em sua época muitos anticristos já haviam surgido (2:18). Embora esses anticristos de sua época aparentemente não tenham afirmado que eram o Messias, sua rejeição de Jesus como o Cristo foi obra do mesmo espírito que terá o Anticristo; para João, o fato de eles já terem surgido significava que já era "a última hora" (2:18).

É verdade que "a última hora" a que João se refere tem se prolongado por cerca de 2.000 anos; apesar disso, devemos entender que aos olhos de Deus, “um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pedro 3:8). Se João estava ciente da urgência de seu tempo e considerava o surgimento dos “anticristos” como um sinal do breve surgimento do “Anticristo”, imagine quão próximos estamos nós! No entanto, nosso foco e interesse nunca deviam estar no surgimento do "Anticristo", mas na aparição imediata do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a consumação final da nossa salvação (Rm. 13:11).

Nota:

Para um tratamento mais completo do que foi dito acima, vide o NTCNT de Howard Marshall, Epistles of John, 150-1.

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
1 João 3:1–10

3:1-3—A volta de Cristo: João parece interromper sua linha de pensamento e irromper numa canção de louvor pelo amor de Deus. No entanto, o assunto já foi exposto em 2:28, onde nos lembrou da segunda vinda de Jesus.

(1) Por que ser chamados de filhos de Deus é um reflexo do grande amor que Deus nos deu? Assim é como você se sente? Por que ou por que não?

(2) Por que João acrescenta que além de ser chamados filhos de Deus, realmente somos os Seus filhos? (v. 1)

(3) O que poderia nos ter feito duvidar se realmente somos filhos de Deus? (3:1, 13; João 15:18 e ss.)

(4) O que sabemos e experimentamos agora como filhos de Deus?

(5) Quanto melhor estaremos na volta de Cristo? (v. 2; vide também 2 Coríntios 3:18)

(6) Você deseja ver Cristo face a face? Por que ou por que não?

(7) Para aqueles que respondemos "sim", o que João nos exorta a fazer? Por quê? (v. 3)

3:4-10—A evidência de que alguém é filho de Deus: ele não pratica o pecado.

(8) Como João define o pecado? (v. 4) O que ele quer dizer com isso?

(9) Qual foi o propósito da primeira vinda de Jesus? (v. 5)

(10) Por que Jesus foi o único que podia tirar os nossos pecados?

(11) Qual foi a outra razão pela Sua vinda? (v. 8b)

(12) Como Ele fez isso? (Hebreus 2:14-15)

(13) Por que nenhum crente praticará o pecado? (v. 6)

(14) É evidente que existem alguns que procuram enganar os crentes quanto a isso (v.7).

a. O que esses falsos mestres ensinam para encorajar a si mesmos e a outros a pecar?

b. Como João refuta esses ensinamentos? (vv. 7, 9, 10)

c. Como esta declaração faz eco do que Jesus ensina em Mateus 7:17?

(15) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Filhos de Deus para sempre!

Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido de Deus" (NVI-PT). (1 João 3:9)

É bastante óbvio que João está tentando refutar as doutrinas dos hereges que encorajam a si mesmos e outros crentes a continuarem pecando; por isso, João exorta os destinatários de sua carta com as palavras "não deixem que ninguém os engane".

Pelo que sabemos dos primeiros gnósticos, eles ensinavam que, devido a uma suposta iluminação especial que haviam recebido, as questões relacionadas à moralidade eram "irrelevantes" (Stott, 126). Era-lhes permitido pecar. João apresenta um argumento contundente para mostrar que todo aquele que pratica o pecado não é nascido de Deus, é do diabo e não é filho de Deus (3:9, 8, 10).

No entanto, João não quer dizer que, uma vez que nascemos de novo e temos o Espírito Santo morando em nos, sendo filhos de Deus, não iremos e não poderemos pecar; o que ele quer dizer é que não praticaremos um estilo de vida no qual se peca constantemente. E, se pecarmos, devemos confessar nossos pecados, e "ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça" (1:9).

Estas palavras de João nos dão uma compreensão clara de nossa nova vida em Deus:

- Uma vez que nascemos de novo, temos um novo status com relação a Deus: agora somos filhos de Deus; isso não é somente um título, mas uma descrição da nossa essência (3:1).

- Devido a esta nova essência ou natureza, nós mesmos não nos permitiremos continuar praticando o pecado (3:6).

- No entanto, se pecarmos, nossa comunhão com Deus será impedido e precisaremos confessar o nosso pecado a fim de restaurá-la (1:9). No entanto, nossa condição de filhos de Deus não se altera nem se alterará!

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
1 João 3:11–18

(1) Ao reafirmar o ensino de Jesus de que somente as árvores boas dão bons frutos (Mateus 7:17), João nos exorta a “pratica a justiça” (v. 10) a fim de fornecer evidências de que pertencemos a Deus.

a. Por que ele chama a atenção para o pecado da "falta de amor"? (3:10)

b. Esse pecado é muito comum na igreja?

c. É um pecado com o qual você precisa lidar?

(2) Por que João diz que a mensagem de amor é uma que ouvimos desde o início? (João 13:34-35; 15:12, 17)

(3) De todos os exemplos da Bíblia, por que João escolheu usar o de Caim (Gênesis 4)?

a. O que levou Caim a assassinar o seu irmão? (v. 12)

b. Nós cometeríamos esse mesmo pecado dentro da igreja? Por que ou por que não? (v.15 e Mat. 5:21 e ss.)

c. À luz disso, como você definiria o termo "ódio"? (vide a Nota abaixo)

(4) O ódio caracteriza o mundo, especialmente quando é direcionado contra os filhos de Deus. Por quê? (v. 13)

(5) Portanto, como devemos ser diferentes do mundo? Por quê? (v. 14)

(6) Enquanto Caim é o exemplo de ódio, Jesus Cristo é o exemplo oposto. Você concorda que Jesus Cristo é o exemplo supremo de amor? Por que ou por que não? (v. 16)

(7) A maioria de nós não terá a necessidade ou a oportunidade de dar a vida pelos outros. Como, então, podemos seguir o exemplo do amor de Cristo? (vv. 17-18)

a. Por onde devemos começar a mostrar o nosso amor pelos outros? (v. 17)

b. É o suficiente sentir dó dos outros? Por que ou por que não? (v. 18)

(8) Você consegue pensar em alguém contra quem você ainda tem ódio? (Lembre-se da definição do ódio.)

(9) Você tem compaixão pelos necessitados?

(10) Há alguém a quem você precisa mostrar amor? Como você pode praticar o amor hoje?

Nota:

Howard Marshall dá a seguinte definição do ódio: “o desejo de que a outra pessoa não estivesse presente; recusar-se a reconhecer seus direitos como pessoa, desejar que ela estivesse morta” (Marshall, 191). Reflita sobre isso.

Reflexão meditativa
O ódio é assassinato!

Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem a vida eterna em si mesmo” (NVI-PT). (1 João 3:15)

Parece que João estava citando um ditado popular quando disse, "nenhum assassino tem a vida eterna em si mesmo” (3:15). Por isso, há alguns cristãos que acreditam que o assassinato é um pecado imperdoável, e que isso inclui o suicídio.

João equipara o ódio ao assassinato; ao fazer isso, ele segue o ensino de Cristo, que disse o seguinte no Sermão da Montanha: "Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás', e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento” (Mateus 5:21-22)

Em outras palavras, João reafirma o ensino de que Deus olha para o coração, e não apenas para a nossas ações externas. Portanto, aqueles se apegam ao ódio estão tão mortos espiritualmente quanto um assassino. No entanto, a boa notícia é que até mesmo os assassinos espiritualmente mortos podem ser perdoados. É por isso que Jesus orou para que Deus perdoasse aqueles que O mataram (Lucas 23:34); Ele também perdoou o ladrão arrependido na cruz, que provavelmente também era um assassino (Lucas 23:43); e Paulo, que tinha o sangue dos cristãos em suas mãos, não só foi perdoado, foi usado por Deus para ser o apóstolo dos gentios (Atos 22:4, 21).

No entanto, é verdade que Deus odeia o pecado do ódio e que a condição dos cristãos que se apegam ao ódio é como se estivessem mortos.

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
1 João 3:19–24

3:19-24—A prova do Amor

(1) De acordo com João, qual é a prova de amor?

(2) No entanto, o nosso coração (ou seja, a consciência) não é o indicador mais confiável de nosso pecado:

a. Se somos cristãos, "quem" mora em nossos corações? (v. 24)

b. Além disso "o que" também devia residir em nossos corações? (v. 19)

(3) O que acontecerá com as nossas orações quando o nosso coração estiver quieto diante dEle (ou seja, quando tivermos confiança diante de Deus)? (v. 22a)

(4) O que devemos fazer quando o nosso coração não estiver quieto em Sua presença?

(5) Agora, João resume todos os mandamentos da Bíblia em um só.

a. Qual é? (v.23)

b. Por que este único mandamento consiste em duas partes?

c. Uma parte pode existir sem a outra? Por que ou por que não?

(6) Em última análise, como sabemos que Deus vive em nós (ou seja, que temos a vida eterna), que maneira tanto objetiva quanto subjetiva? (v. 24)

(7) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O amor não é suficiente

"E este é o seu mandamento: Que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou. Os que obedecem aos seus mandamentos nele permanecem, e ele neles. Do seguinte modo sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu” (NVI-PT). (1 João 3:23-24)

Ao exortar os crentes a amarem uns aos outros, João, de maneira poderosa, resume todos os mandamentos da Bíblia em um só, a saber: "Que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou" (3:23).

No entanto, é fácil interpretar de forma incorreta a afirmação de que "a soma total do cristianismo é o amor um pelo outro, e assim declarar que qualquer um que mostra amor é cristão" (Marshall, 201) ou deve ter sido salvo. Essa foi a conclusão de um certo pastor ao observar o sucesso de certos “desenvolvimentos comunitários” na transformação dos centros urbanos; esse pastor até pensou em Gandhi, sobre o qual disse o seguinte, "À luz de seu pacifismo e amor por seu povo, não há dúvida de que ele era salvo".

No entanto, este poderoso mandamento baseia-se sobretudo na crença de que Jesus é o Cristo e o Filho de Deus, uma vez que, como afirma o apóstolo Paulo, "debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4:12). Não há nenhuma dúvida de que João, ao refutar o erro dos pre-gnósticos, afirma que se Jesus fosse menos do que o Filho de Deus, o Cristo sobre o qual os apóstolos haviam testificado, Ele não poderia salvar ninguém do pecado, nem levá-lo à presença de Deus. Nas palavras de Marshall, "Ele poderia até ser um guia moral e espiritual, mas não poderia expiar os pecados humanos, proporcionar ajuda espiritual no momento da tentação ou oferecer qualquer garantia de vida eterna após a morte" (Marshall, 201-2) .

Minha resposta ao meu colega, o pastor que fez o comentário acima, foi a seguinte, “Talvez Gandhi tenha sido totalmente 'centrado nos outros' (embora eu duvide que isso seja possível sem Cristo, uma vez que Ele é o amor), mas não há dúvida que ele não pode ter sido 'centrado em Deus'”.