Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Gênesis 32:22–32

Esta semana continuaremos nosso estudo do livro de Gênesis.

(1) Por que Jacó decidiu que era necessário se levantar durante à noite e enviar sua família, junto com todos os seus bens, para o outro lado do rio Jaboque?

(2) Por que ele escolheu ficar sozinho naquela noite?

(3) Leia atentamente a passagem mais uma vez. Quem Jacó considerava que era esse homem? Por quê?

a. Por que ele decidiu lutar com o homem?

b. Por que ele lutou com o homem até o amanhecer?

c. Por que ele não o deixou ir até que o abençoasse?

d. Ao pedir uma bênção, o que Jacó reconheceu sobre a identidade desta pessoa?

(4) Jacó disse: "Vi a Deus face a face". Com estas palavras ele reconheceu que a pessoa era o próprio Deus:

a. Por que o "homem" não conseguiu dominá-lo inicialmente?

b. No entanto, tudo o que ele teve que fazer foi tocar seu quadril. Por que ele não tinha feito isso antes?

c. Em última análise, quem foi o que dominou o outro?

d. Então por que Deus disse que Jacó tinha vencido tanto a Deus quanto aos homens?

e. Muitos têm considerado esta experiência como uma vívida analogia para a oração. Nesse caso, o que você pode aprender com essa experiência sobre a oração?

(5) A mudança de seu nome de Jacó para Israel:

a. O nome Jacó significa "calcanhar" (ou seja, aquele que é sempre um seguidor, sempre em segundo lugar), e tem a conotação de "segurar" ou "ser um impostor", enquanto o nome Israel significa "ele luta com Deus". Qual é a importância simbólica desta mudança de nome?

b. Deus comenta mais uma vez que Jacó prevaleceu. Mas ele não acabava de perder essa luta? Como você definiria o significado de “prevalecer”?

c. "Aquele que realmente prevalece é aquele que é totalmente derrotado." O que você acha dessa afirmação?

(6) Como toda essa experiência serviu para preparar Jacó para enfrentar Esaú, mas também para o resto de sua vida?

(7) Que tipo de lembrança teria sido para Jacó ter que mancar pelo resto de sua vida?

(8) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Israel o vencedor

Jacó significa calcanhar”, o nome que recebeu quando nasceu, por ter saído depois de seu irmão “com a mão agarrada no calcanhar de Esaú” (Gênesis 25:26).

Parece que esse nome sempre tinha descrito muito bem a vida de Jacó, desde seu nascimento. Ele sempre teve um papel secundário. Seu pai amava seu irmão mais do que ele. As pessoas dentro e fora da família naturalmente teriam considerado que Esaú era mais útil que Jacó, que não sabia caçar ou cozinhar tão bem quanto seu irmão. E quando ele fugiu, tornando-se genro de Labão, Jacó nem conseguiu desempenhar um papel secundário. Nem sequer pertencia à família. Ele não contava. Apesar de ser uma pessoa quieta, ele não era um indivíduo passivo que simplesmente dava a outra face. Longe de ser fácil, Jacob era inteligente e agressivo. Ele aproveitou a oportunidade para enganar o irmão para para obter o direito de primogenitura; ele também roubou a bênção paterna de seu irmão (embora o plano pareça ter sido ideado pela sua mãe); esperou pacientemente para se vingar do sogro; e o que é ainda pior, ele aproveitou o ciúme de suas duas esposas para se tornar marido de quatro esposas. De fato, Jacó tinha lutado com os homens a vida inteira, e parecia no final que ele tinha saído por cima em todas as lutas quer dizer, até que ele teve que enfrentar seu irmão e seus 400 homens.

A.B. Simpson tem razão: em nossa jornada em direção à santificação, especialmente quando aprendemos a entregar nossas vidas de forma consciente e deliberada a Deus, muitas vezes precisamos ter uma experiência de crise.

Jacó nunca teve que aprender a confiar em Deus enquanto ainda morava em sua casa. Ele podia observar o temor de Deus na vida de Isaque, mas também o seu favoritismo. Ele não teve nenhum encontro real com o Deus Vivo até que teve que fugir para salvar sua vida em direção a um futuro totalmente incerto. Mesmo quando Deus lhe apareceu em Betel, Jacó continuou a confiar em si mesmo, em sua astúcia e engano, para lutar com os homens. Mas agora, diante da possível vingança de seu irmão, com a sensação de que ele, suas esposas e seus filhos poderiam ser mortos, ele “encheu-se de medo e foi tomado de angústia”. No entanto, ele ainda tentou usar sua sabedoria para apaziguar seu irmão com generosos presentes. Ele até dividiu sua família em grupos para que alguns deles pudessem sobreviver caso Esaú decidisse atacá-los. Mas apesar de todos esses planos, ele ainda não tinha paz. E em meio a esse grande medo (talvez mais por sua família do que por si mesmo), ele ficou sozinho naquela noite, sem atravessar o rio com eles.

Embora a Bíblia descreva o que aconteceu em seguida sem mencionar a palavra “oração”, em sua essência, esta passagem é sobre a oração mais vigorosa já descrita na Bíblia, a par com a oração do nosso Senhor Jesus no Jardim do Getsêmani.

Ele encontrou Deus naquela noite. Como sabemos que ele sabia que era Deus? Porque ele pediu que lhe abençoasse e disse depois que tinha visto Deus face a face.

Sim, Deus veio a Jacó no momento mais crítico de sua vida. Uma vez que ele reconheceu que era Deus, ele lutou com Ele com todas as suas forças, durante toda a noite, e não o soltou. É óbvio que Deus era mais forte do que Jacó, muito mais forte. No entanto, Ele esperou até o amanhecer antes de tocar na articulação de sua coxa.

Quanto mais Jacó lutava com Deus, mais ele expressava sua própria incapacidade de lidar com sua crise pessoal. Se ele tivesse desistido antes, estaria expressando que desejava não precisar mais de Deus e de se apoiar mais uma vez em sua própria sabedoria. Em certo sentido, sua luta com Deus não é diferente da de Jesus no jardim, uma vez que ambos foram processos de submissão. Quanto mais lutava com Deus, mais abandonava sua dependência de si mesmo.

Ao tocar a articulação de sua coxa, Deus lhe mostrou que Ele tinha o poder para acabar com sua luta. Ele já tinha ganhado. A partir de então, Jacó não precisaria segurar e lutar com os homens, pois já havia dominado a si mesmo. A partir de então, ele só precisava continuar agarrado a Deus (o significado de seu novo nome, Israel); assim ele seria um verdadeiro vencedor.

Talvez seja correto dizer que realmente vencer significa ser totalmente derrotado por Deus.

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Gênesis 33:1–20

(1) O que você espera que Jacó faça depois de seu encontro espiritual com Deus para se preparar para o encontro com seu irmão?

(2) O que foi que ele fez (vv. 1-3)?

(3) Por que ele colocou Raquel e José na retaguarda?

(4) O que Jacó tinha aprendido com seu encontro com Deus na noite anterior?

(5) O que Esaú fez no encontro com Jacó? O que isso nos ensina sobre Esaú? Qual dos dois foi mais justo?

(6) Como Esaú se dirigiu a Jacó? Como Jacó se dirigiu a Esaú? Com base nisso, o que podemos aprender sobre como alcançar uma reconciliação genuína?

(7) Waltke, em seu comentário sobre "o presente" (v. 11) que Jacó insistiu que Esaú aceitasse, diz o seguinte: "A palavra hebraica usada aqui é a mesma que é traduzida como 'bênção', em 27:35-36, a mesma que Jacó tinha roubado originalmente". À luz disso, quão importante era que Esaú aceitasse esse "presente"?

(8) Por que Esaú quis deixar alguns de seus homens com Jacó? Por que Jacó recusou?

a. Jacó foi para Seir (que mais tarde seria a pátria tradicional dos edomitas), onde estava Esaú?

b. Porque não?

(9) Onde ele decidiu “se estabelecer”? Qual de suas ações nos mostra seu desejo de "assentar-se"?

(10) Por que ele não voltou para Betel ou Berseba, de onde ele tinha saído?

(11) Que significado espiritual tinha nome que ele deu a este altar: “El-Elohe-Israel” (o qual significa “Deus, o Deus de Israel”)? (vide 35:2)

(12) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O caminho da santificação

Na reflexão de ontem, citei a observação de A.B. Simpson de que muitas vezes o impulso original ao nosso caminho de santificação vem de uma situação de crise. Mas isso não significa que, passada a crise, já "alcançamos" o nosso objetivo. Continua sendo um caminho, uma jornada, um processo. Jacó é um exemplo disso.

Não há dúvida de que sua experiência no rio Jaboque foi um momento decisivo em sua vida, especialmente em seu relacionamento com Deus. O capítulo 33 de Gênesis termina com um relato no qual Jacó levanta um altar e lhe dá o nome “El-Elohe-Israel”, uma declaração pública de que ele e sua família adorariam somente este Deus. Não é um Deus qualquer, mas o Deus de Israel. Em certo sentido, isso confirmou a adoração de Javé pelo povo de Israel pelo resto de sua história, tornando o monoteísmo permanente para seu povo.

No entanto, seu aprendizado para confiar verdadeira e totalmente em Deus continuava sendo um processo. Imediatamente após sua experiência dramática no rio Jaboque, depois de receber a plena certeza de Deus e uma importante bênção significativa ancorada em sua mudança de nome, Jacó começou a enfrentar a crise imediatamente na manhã seguinte. Apesar do sucesso que obtivera em sua luta de oração, Jacó ainda enfrentava uma situação que não havia mudado em nada, não obstante a mudança no seu próprio espírito. Mas embora seu espírito estivesse disposto, sua carne era fraca. Imediatamente, começou mais uma vez a depender de si mesmo.

Talvez o mais triste não tenha sido o fato de ele começar a depender de si mesmo novamente, mas a forma como o fez. A maneira como ele dividiu sua família revela claramente onde estava seu coração. Caso Esaú decidisse atacá-lo, Jacó morreria primeiro, depois as concubinas e depois Lia; No pior dos casos, Raquel e José deveriam ter tempo suficiente para escapar, já que Jacó os colocara na retaguarda da procissão!

Se eu fosse Rúben, Simeão ou Levi, eu saberia exatamente o quanto meu pai me amava! Não admira que eles tenham odiado José!

Mas o abraço caloroso de Esaú deve ter enchido Jacó de lágrimas, ou talvez de vergonha!

Embora Esaú tenha agido com muito mais justiça do que Jacó, Jacó aprendeu uma lição muito importante: Deus realmente responde às orações. Podemos confiar totalmente nEle. Portanto, é apropriado que esta parte de sua história termine com a construção de um altar ao Deus, a quem Jacó chama o Deus de Israel. Sua fé finalmente tinha crescido!

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Gênesis 34:1–31

(1) Que tipo de pecado Siquém cometeu? Onde estava Diná enquanto Siquém tentava negociar seu casamento com ela? (34:26)

(2) O que Diná estava fazendo quando Siquém foi atraído por ela? Era sábio associar-se com os cananeus? (Claro, a vítima nunca deve ser culpada, especialmente em casos de estupro.)

(3) Seus irmãos tinham razão em ficarem “profundamente entristecidos e irados”?

(4) O que Hamor propôs para tentar aplacar a ira da família de Jacó?

a. Ele estava sendo justo?

b. Por que sua proposta não era aceitável, do ponto de vista espiritual?

(5) Os filhos de Jacó tramaram um plano muito astuto para se vingarem deles:

a. Nesse caso, era errado se vingar?

b. Por que ou por que não?

(6) O que você teria feito?

(7) O que esses irmãos deveriam ter feito? (Embora a Lei de Moisés ainda não existia na época de Jacó, leia Deuteronômio 22:28.)

(8) Como Jacó repreendeu seus dois filhos? Sua repreensão foi adequada? Por que ou por que não?

(9) Qual foi a resposta de Simeão e Levi? O que eles mesmos pensavam de suas ações?

(10) O que você aprendeu sobre o que a Bíblia ensina sobre o pecado do estupro? Você concorda totalmente com isso? Por que ou por que não?

(11) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Um silêncio culpado

Este é o título que a versão NIV (em inglês) dá a esta passagem que narra como os filhos de Jacó mataram os heveus por vingança: "O pecado na família de Jacó ". Que tipo de pecado eles cometeram?

O estupro era levado muito a sério entre os povos do Antigo Oriente Próximo, e com razão! Até mesmo a Bíblia estabelece a pena de morte em determinadas condições (Dt 22:25-28). No entanto, apenas os culpados do crime deviam ser punidos.

Mas os filhos de Jacó foram muito mais além, assassinando todos os homens da cidade. Em outras palavras, eles assassinaram pessoas inocentes.

Mas quando Jacó soube de seu crime, foi assim que ele os confrontou: “Vocês me puseram em grandes apuros, atraindo sobre mim o ódio dos cananeus e dos ferezeus…” (Gn 34:30). Ele não os repreendeu por eles terem feito algo moralmente errado, somente por tê-lo colocado em apuros. E é claro que ele não ficou preocupado com o que Deus poderia ter pensado sobre o pecado de seus filhos.

Apesar do mal exemplo que foi Eli, ele pelo menos repreendeu seus filhos com estas palavras: "se pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele?" (1 Sam. 2:25).

Como os filhos de Jacó (neste caso, Simeão e Levi) tinham se tornado assassinos tão violentos? Sem dúvida, eles tinham sido muito influenciados pela cultura cananéia na qual viviam, pois sabemos que nem seu pai nem seu avô eram homens violentos. Eles não tinham aprendido nada em casa. Não tinham recebido nenhuma orientação moral ou instrução de seu pai. O silêncio de Jacó diante de um crime tão grave só serviu para atiçar a chama da imoralidade em sua família, que culminou quando Rúben, o primogênito, cometeu adultério com a concubina de Jacó. Mas mais uma vez, Jacó permaneceu em silêncio (35:22).

Com o tempo, o pecado entre os irmãos continuaria a crescer, levando-os a tentar assassinar seu irmão José, que eles acabariam vendendo como escravo tudo isso devido ao silêncio culpado de Jacó.

É verdade que pode ser uma virtude permanecer em silêncio. No entanto, embora o profeta Ezequiel fosse talvez uma pessoa quieta como Jacó, o Senhor o lembrou: "Quando eu disser ao ímpio: 'Certamente morrerás'; não o avisando tu, não falando para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei...” (Ezequiel 3:18).

Sim, o "silêncio culpado" realmente existe.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Gênesis 35:1–15

(1) Uma promessa continua sendo uma promessa. Jacó tinha prometido voltar a Betel e adorar a Deus lá (28:22). Qual era sua condição quando voltou para cumprir sua promessa?

(2) Você tem feito alguma promessa a Deus que ainda não cumpriu?

(3) Por que só agora (e não antes) Jacó percebeu que era necessário pedir a seus filhos que se livrassem de seus deuses estrangeiros, quando não há dúvida de que ele sabia o tempo todo que eles realmente adoravam esses deuses?

(4) Por que suas instruções também envolviam trocar de roupa e se livrar dos brincos? (Êxodo 32:2-4)

(5) Qual foi a importância simbólica dessa ação?

(6) Como podemos seguir seu exemplo?

(7) De que maneira Deus honrou sua ação? (v. 5)

(8) Logo depois de Jacó ter obedecido a Deus ao voltar à terra e se estabelecer em Betel, Deus lhe apareceu novamente e reafirmou Sua aliança e Sua bênção. Observe os seguintes detalhes:

a. Embora seu nome já tivesse sido mudado para Israel e o local já tivesse recebido o nome de Betel, ambos os nomes receberam um caráter oficial e permanente, assim como a bênção.

b. Em relação à bênção, observe também o seguinte:

    1. o título que Deus usou para se referir a Si mesmo
    2. a forma como parte da bênção ecoa Gênesis 1
    3. aquilo que é mencionado na bênção, além da profecia de que as nações viriam dele
    4. a repetição da promessa da terra com o retorno de Jacó a Betel (Por quê?)

(9) É interessante notar que a morte de Rebeca não é mencionada, somente a de sua enfermeira. Isso nos mostra que Rebeca morreu sem ver seu filho amado novamente. Faça uma breve pausa para refletir sobre Rebeca. Como você descreveria sua vida e legado?

(10) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Em memória de
Rebeca

Pensar em Rebeca me fez lembrar de muitas das mulheres idosas cristãs nas igrejas chinesas, incluindo minha mãe. Ela cresceu numa família tradicional, e seu pai era polígamo e politeísta. Quem sabe por quantas gerações e por quantos milhares de anos sua família tinha se dedicado ao culto dos ídolos e de seus antepassados. Para todos os propósitos práticos, não havia nenhuma chance de ela conhecer o Senhor Jesus Cristo. Mas um dia, enquanto trabalhava como telefonista (naqueles primeiros anos quando os fios ainda eram conectados à mão), ela conheceu meu pai, um cristão nominal, com quem se casou mais tarde. Apesar de sua origem, ela imediatamente e de todo o coração abraçou o cristianismo. Se esse destino não foi a graça de Deus, que outra explicação há?

Rebeca foi criada numa terra onde os ídolos eram adorados, e sua própria família também adorava muitos dos deuses locais. É impossível que ela soubesse muito sobre Javé. Na melhor das hipóteses, esse Deus ("El") era simplesmente um dos muitos deuses que os povos da Mesopotâmia adoravam. Mas tudo mudou quando ela conheceu o servo de Abraão. Ela escutou sua maravilhosa história de como ele tinha sido providencialmente conduzido para sua casa e como ela tinha sido escolhida em resposta direta por parte de Deus à oração do servo de Abraão. Ela também teria escutado o servo contar as histórias sobre a fé de Abraão, seu encontro com Deus e como Deus o tinha escolhido para ser uma bênção para todas as nações. Ela provavelmente ficou deslumbrada. Então, apesar das saudades que ela sentiria de sua família, Rebeca concordou imediatamente em voltar com esse estranho o servo de Abraão. Isso em si foi um ato de fé.

Sua fé foi recompensada imediatamente, pois ela foi amada sem reservas por seu marido, Isaque, que ao contrário de Abraão se apegou a Rebeca como sua única esposa algo que era muito raro naquele mundo da antiguidade. Por mais que Isaque amasse Rebeca, o amor deles era sem dúvida mútuo, pois Rebeca se tornou a consoladora de Isaque, que tinha ficado profundamente triste com a perda de sua mãe.

Mas o que mais me impressionou foi a iniciativa de Rebeca em consultar a Deus por causa dos gêmeos que estavam lutando em seu ventre (Gênesis 25:22). Quantas vezes lemos que Isaque, ou até mesmo Abraão, tomou a iniciativa de consultar a Deus? Em outras palavras, ela mostrou que tinha um relacionamento dinâmico com Deus, não um relacionamento passivo. Não é de surpreender que Rebeca, mesmo sendo estéril por muito tempo (teve que esperar pelo menos 20 anos), não tentou resolver o problema da mesma maneira que Sara. Isso também foi um ato de fé.

Bem, como todos nós, ela também tinha seus defeitos. Embora Isaque provavelmente tenha sido o cônjuge que praticava o favoritismo, o que acabou piorando a briga que havia entre os dois filhos, Rebeca foi a arquiteta do plano usado por Jacó para enganar seu marido — o marido que a amava e se manteve fiel a ela até sua morte. No entanto, nunca saberemos até que ponto o seu plano foi impulsionado pela sua fé na promessa de Deus, pois ela sabia que segundo o Seu plano “o mais velho servirá ao mais novo”. Eu acho que sua fé na promessa desempenhou um papel importante em suas ações, embora isso não a exime do erro de ter enganado Isaque.

Talvez seja devido a esse ato de engano que a Bíblia não menciona sua morte, salvo para mencionar que ela foi enterrada com o marido na mesma sepultura onde Abraão e Sara tinham sido enterrados (Gn 49:31), uma homenagem adequada à luz de sua vida de fé.

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Gênesis 35:16–29

(1) Devemos ficar comovidos ao lermos sobre a morte de Raquel.

a. Ela finalmente teve um filho e agradeceu a Deus por ter tirado sua desgraça; ela o chamou de José, na expectativa de ter outro filho (30:24).

b. Finalmente, sua oração foi atendida, mas ela percebeu que não sobreviveria ao nascimento.

c. Ele expressou sua dor através do nome que deu ao filho: Ben-Oni (filho da minha dor).

d. Num sentido figurativo, sua dor continuou até o nascimento de Cristo (vide Mateus 2:18).

e. Ela continuou sendo o verdadeiro amor de Jacob

Faça uma breve pausa para refletir sobre sua vida. Como você descreveria sua vida e legado?

(2) Como Jacó lidou com sua própria dor quando mudou o nome da criança para Benjamim (filho da minha mão direita)? Você se lembra de qual rei e qual apóstolo eram da tribo de Benjamim? (1 Sam. 10:21; Fil. 3:5)

(3) O que aconteceu enquanto eles moravam em Migdal-Éder? O que esse incidente revela sobre a condição espiritual geral dos filhos de Jacó?

(4) Como Jacó lidou com Rúben?

(5) O que eu deveria ter feito?

(6) Seria certo dizer que Jacó tinha contribuído para a condição espiritual de sua família? Por que ou por que não?

(7) No que diz respeito à Aliança Abraâmica, quais foram os resultados dos pecados de Rúben (descritos aqui no capítulo 35) e os de Simeão e Levi (descritos no capítulo 34)?

(8) Jacó finalmente teve a oportunidade de ver seu pai, Isaque, que viveu para ver o retorno de seu filho e também os netos. Faça uma breve pausa para refletir sobre a vida de Isaque. Como você descreveria sua vida e legado?

(9) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Velho e
farto de dias

Enquanto refletimos sobre a vida de Isaque, deixe-me compartilhar com você o seguinte artigo que foi muito esclarecedor para mim:

“Isaque, o filho bondoso e obediente, o marido fiel e constante… tornou-se pai de uma casa na qual reinava a desordem. Se havia pontos fortes em seu caráter, eles não são muito visíveis nas circunstâncias em que ele foi colocado. Em relação à sua pessoa, vemos que ele não foi tanto um homem de ação, mas um homem de sofrimento, do qual geralmente era libertado sem nenhum esforço direto de sua parte. Assim, ele sofre como objeto da zombaria de Ismael, do sacrifício preparado em Moriá, da rapacidade dos filisteus e do estratagema de Jacó. Mas as lembranças de seus sofrimentos são sempre apagadas por sinais do favor de Deus; ele sofre com a calma e dignidade de quem sabe que é herdeiro de promessas celestiais, sem proferir qualquer queixa e (geralmente) sem cometer ação alguma que o faça perder esse respeito. Livre de paixões violentas, Isaac era um homem de afeições constantes, profundas e ternas. Assim, ele chorou por sua mãe até que sua esposa tomou seu lugar. Seus filhos foram criados em sua casa até uma idade avançada; além disso, nem a dor causada pelo casamento de Esaú, nem a ansiedade na qual ele esteve envolvido como resultado do engano de Jacó, alienou seus filhos de seu cuidado amoroso. Sua vida solitária e irrepreensível deve ter sido apoiada por uma piedade firme e habitual, como aquele que demonstrou quando Rebeca ainda era estéril (Gn. xxv, 21), em seu relacionamento íntimo com Deus em Gerar e Berseba (xxvi, 2, 23) e na solenidade com a qual concedeu sua bênção e se recusou a alterá-la. Talvez se o julgássemos por um padrão mundano, diríamos que sua vida foi inativa, pouco nobre e infrutífera; mas não devemos desprezar os 'anos inocentes, as orações, as obras de graça e as ações de graças cotidianas da vida pastoral', apesar de eles não terem tido grande impacto na história. Embora o caráter de Isaac não tenha exercido uma influência dominante, nem em sua própria geração, nem nas gerações subsequentes, ela foi marcante e consistente o suficiente para ganhar o respeito e a inveja de seus contemporâneos. Sua posteridade sempre menciona seu nome, dando-lhe a mesma honra que dá aos de Abraão e Jacó. Até os magos egípcios da época de Orígenes usavam seu nome como parte da fórmula (Contra Celsum, i, 22) que consideravam eficaz para atar os demônios que conjuravam (cf. Gen. xxxi, 42, 53).

“Se a vida empreendedora e instável de Abraão prefigurou a história inicial de seus descendentes, e se Jacó foi um tipo do caráter cauteloso, comercial e não guerreiro de seus últimos dias, Isaque poderia representar o período intermediário, no qual eles viveram separados do nações e gozaram da posse da fértil Terra Prometida."

(Trecho de COBTEL, Vol., IV, p. 669)

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Gênesis 36:1–19

(1) Além de fornecer um registro histórico dos descendentes de Esaú (ou seja, Edom), qual poderia ser a razão pela qual a Bíblia reserva um dos capítulos mais longos de Gênesis para detalhar a linhagem não escolhida de Abraão? (Tem algo a ver com o que é dito em Dt. 23:7?)

É evidente que os nomes das esposas de Esaú mencionados nesta passagem são diferentes daqueles que aparecem em 26:34 e 28:9. Talvez Esaú tenha mudado os nomes de suas esposas (para agradar seu pai). Mas o que sabemos é o seguinte:

a. Deus também os abençoou para se tornarem um grande povo ou nação, mais tarde chamada os edomitas.

b. Deus o abençoou com grandes riquezas iguais às de Jacó.

c. No entanto, ele acabou servindo seu irmão (algo que aconteceu mais tarde na história).

(2) Podemos supor que quando Jacó voltou, Esaú ainda morava na Terra Prometida, mas também residia em Seir, uma região mais ao sul. Depois de voltar às regiões ao norte de Esaú, Jacó, devido às suas riquezas, cresceu gradualmente em direção ao sul. Alguns comentaristas pensam que a decisão de Esau de deixar a Terra Prometida foi uma obra motivada pela vista e não pela fé, mas outros pensam que Esaú entendia que Deus havia escolhido Jacó, e por isso cedeu o direito da promessa ao irmão de maneira voluntária. Á luz do que foi dito sobre Esaú em Gênesis até agora, qual dos dois você acha que foi o caso?

(3) Primeiro, os netos de Esaú são descritos simplesmente como os "netos de Ada, mulher de Esaú"; depois, todos aparecem novamente com outro título. Por que a Bíblia inclui uma segunda lista com os mesmos nomes, acrescentando a cada uma um título diferente do titulo usado na primeira lista?

(4) Embora a Bíblia às vezes mencione os edomitas afetuosamente como irmãos de Israel, há um neto nesta genealogia de Esaú cujos descendentes eram inimigos tão cruéis de Israel que Deus ordenou sua aniquilação. Qual foi? De quem era filho? (Vide Êxodo 17:16 e 1 Samuel 15:2-3.)

(5) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Esaú: a glória terrena fugaz

Assim como os outros personagens principais das famílias dos patriarcas que desvaneceram um a um na história, Esaú também é mencionado pela última vez em Gênesis 36, nesta passagem que contém uma genealogia extraordinariamente longa. Tenho que admitir que eu gosto muito mais do personagem dele do que do de Jacó. Que pessoa perdoadora! No entanto, devemos considerar sua vida em sua totalidade, e acho que o comentário de Calvino sobre sua vida é bastante razoável a esse respeito:

“Embora aos olhos de Deus Esaú fosse um estranho para a Igreja, ele também, como filho de Isaque, foi favorecido com bênçãos temporais. Moisés celebra sua descendência e inclui um registro bastante extenso dos povos que saíram dele. No entanto, esta comemoração assemelha-se a um enterro digno. Porque embora Esaú e sua posteridade tenha tomado a proeminência, essa dignidade foi como uma bolha que se constitui sob a figura do mundo e que rapidamente perece. Portanto, como já foi dito a respeito de outras nações profanas, aqui Esaú é exaltado como num teatro sublime. Mas como não há permanência fora do reino de Deus, o esplendor que lhe é atribuído é evanescente, e toda a sua pompa desaparece como uma cena fugaz no palco. De fato, o que o Espírito Santo quis mostrar aqui foi que a profecia que Isaque pronunciou sobre Esaú não foi em vão; mas assim que ele nos mostra sua realização, ele desvia nossa atenção, como se quisesse encobri-lo com um véu, a fim de dirigir nossa atenção exclusivamente à descendência de Jacó. E embora Esaú tenha gerado filhos de três esposas, sobre as quais a bênção de Deus mais tarde brilhou, isso não deve ser tomado como um sinal de que a poligamia é algo que Deus aprova; nem a impura luxúria do homem é desculpada, mas nisso deve-se admirar a bondade de Deus, que contrariamente à ordem da natureza, deu bons resultados a um mau início”.

(Trecho dos Comentários de Calvino, Vol. 1, p. 252)

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Gênesis 36:20–43

É curioso notar que a Bíblia também inclui a genealogia dos horeus, os que habitavam em Seir antes de Esaú se mudar para a região. Parece que Esaú e seus descendentes os destruíram ou se casaram com eles, eventualmente os absorvendo; foi assim que Seir se tornou sinônimo de Edom. À luz do fato de esta genealogia não fazer parte da linhagem de Abraão, gostaria dar as seguintes dicas para a sua leitura:

(1) Divida a passagem em subdivisões significativas.

(2) Pense num título para cada uma dessas subdivisões.

(3) Como podemos saber que os horeus eram anteriores a Esaú?

(4) Além dos chefes horeus, quem mais aparece nas listas nos vv. 31-39 e nos vv. 40-43?

(5) O que o texto diz sobre a bênção de Deus sobre Esaú, cujos descendentes conseguiram “substituir” esses poderosos horeus?

(6) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Nossa esperança e proteção

Ao refletir sobre esta última menção do nome de Esaú no livro de Gênesis, eu o convido hoje a refletir sobre o caráter fugaz da glória desta vida com a ajuda destas palavras maravilhosas de Isaac Watts sobre o nosso Deus Eterno. Este hino foi cantado no funeral de Sir Winston Churchill:

(Edição em espanhol)

Nuestra esperanza y protección

Nuestra esperanza y protección
Y nuestro eterno hogar
Has sido, eres y serás
Tan solo Tú, Señor.

Aún no habías la creación
Formado con bondad,

Mas desde la eternidad,

Tú eras solo Dios.

Delante de Tus ojos son
Mil años, al pasar,

Tan solo un día que fugaz

Fenece con el sol.

El tiempo corre arrollador
Como impetuoso mar;

Y así, cual sueño ves pasar

Cada generación.

Nuestra esperanza y protección
Y nuestro eterno hogar,

En la tormenta o en la paz,

Sé siempre Tú, Señor.


(Isaac Watts 1674-1748)
(traduzido por Federico J. Pagura)

https://himnosdegracia.com/nuestra-esperanza-y-proteccion/