Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Êxodo 20:1–17 (I)

Esta semana continuaremos o nosso estudo de Êxodo, o segundo livro do Antigo Testamento.

Estes são os Dez Mandamentos que Moisés recebeu do Senhor no Monte Sinai.

É bastante óbvio que os primeiros quatro mandamentos tratam do nosso relacionamento com Deus, enquanto os últimos seis tratam do nosso relacionamento com os nossos semelhantes. Embora os Dez Mandamentos tenham aplicação universal, eles foram dados principalmente dentro de um relacionamento de aliança depois de Israel se tornar uma nação santa pertencente ao Senhor. Esta semana refletiremos detalhadamente sobre estes mandamentos usando as seguintes divisões:

Vv. 1-6: o primeiro e o segundo mandamento, sobre a pessoa que adoramos

Vv. 7-11: o terceiro e quarto mandamento, sobre como adoramos

Vv. 12-17: os mandamentos 5-10, sobre a maneira que tratamos uns aos outros

Seria útil ler todos os Dez Mandamentos várias vezes ao dia antes de refletir cuidadosamente sobre eles.

Começaremos o nosso estudo dos dois primeiros mandamentos refletindo sobre o prefácio (vv. 1-2).

(1) Quais são os pontos principais do Prefácio aos Dez Mandamentos?

(2) Por que é necessário começar com esse tipo de prefácio?

O primeiro mandamento (v. 3):

(3) Antes de ler a seguinte definição, tente formular sua própria definição da palavra "Deus".

(4) O Dicionário Webster dá a seguinte definição: "Um ser que é concebido como o autor perfeito, onipotente e onisciente do universo, o principal objeto da fé e adoração das religiões monoteístas." Como a definição que você formulou se compara à do dicionário do Webster?

(5) Em geral, por que as pessoas adoram "deuses"?

(6) Por que algumas pessoas não adoram nenhum "deus"?

(7) Por que Deus proíbe Seu povo, os israelitas, de adorar outros deuses além do Senhor?

(8) Por que Ele decidiu fazer dessa proibição o primeiro mandamento?

(9) O que você aprendeu hoje e como pode aplicá-lo em sua vida?

Reflexão meditativa
A Exibição dos Dez Mandamentos

"Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão." (NVI-PT) (Êxodo 20:2)

O Senhor, antes de pronunciar os Dez Mandamentos (cuja essência Jesus resume nos Mandamentos dos quais “dependem toda a lei e os profetas- Mateus 22:40), começou com a seguinte introdução: “Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão”.

Os comentaristas geralmente consideram essas palavras de abertura como algo de suma importância, usando frases como "indispensável para tudo o que se segue", "o eixo central e foco de todo o Pentateuco (quer dizer, os Cinco Livros de Moisés)" e "o coração de todo o Velho Testamento." (vide Durham, WBC, Exodus, p. 284)

Este prefácio é importante pelo menos devido a dois aspectos:

(1) A identidade daquele que estabelece os mandamentos: Não é outro senão o próprio Deus, cujo nome é Jeová – o Grande EU SOU. Este é um lembrete de que Ele é o único Deus Verdadeiro, cuja existência (como Seu nome indica) está acima de todos os seres criados nos céus acima ou na terra abaixo. Ele define tudo o que existe, e Sua própria existência não é definida nem se refere a nenhum outro nome. Portanto, Ele não presta contas a ninguém, mas tudo e todos devem prestar contas a Ele.

(2) Jeová agora é "teu Deus": Isso significa que agora existe uma relação de aliança entre Jeová e Israel, e esses mandamentos são estabelecidos no contexto dessa relação de aliança. Antes eram escravos sem status (segundo a tradução de Durham), mas agora são o povo de Jeová, um "tesouro pessoal... um reino de sacerdotes e uma nação santa" (Êxodo 19:5-6). Esse novo status traz consigo o tremendo privilégio de serem amados (valorizados); é um status muito especial, distinto daquele de todas as outras nações (são um povo separado para o Senhor), uma missão sagrada (como sacerdotes, são intermediários entre Jeová e as nações). Esses mandamentos são imprescindíveis para eles poderem fazer jus ao seu novo status e cumprirem sua missão.

Por mais importantes que sejam esses Dez Mandamentos (eles revelam plenamente não só os requisitos de Deus para Seu povo, mas também Seus atributos), o apóstolo Paulo explicaria mais tarde que, em última análise, sua função era mostrar ao povo que, por si mesmos, não eram capazes de guardar os mandamentos, a fim de levá-los ao arrependimento e fé na obra expiatória de Deus através do derramamento de sangue nos sacrifícios, uma obra que finalmente encontra seu cumprimento no sacrifício de Jesus Cristo na cruz (Rm. 3:20-24).

À luz de tudo isso, eu me pergunto seriamente por que insistimos que os Dez Mandamentos sejam exibidos nos tribunais. Você não acha que seria mais apropriado exibir o símbolo do perdão, a cruz, uma vez que a solução para todos os pecados dos homens não é a Lei, mas o sacrifício de Cristo?

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Êxodo 20:1–17 (II)

O segundo mandamento (vv. 4-6):

(1) Por que as pessoas sentem a necessidade de fazer algo visível para adorar, mesmo sabendo que aquilo que adoram foi feito pelas suas próprias mãos?

(2) A proibição de fazer ídolos abrange a pintura de ídolos ou deuses? Por que ou por que não?

(3) Por que tantos cristãos ou igrejas exibem pinturas da imagem de Cristo?

(4) À luz disso, o que há de errado em fazer imagens ou ícones de santos e orar para eles?

(5) Alguns argumentam que eles realmente não adoram os ícones ou as imagens de Cristo ou dos santos, mas os usam para ajudá-los a meditar. O que você acha desse argumento?

(6) Qual é o propósito dos vv. 5-6? Este trecho os inclui somente com referência ao segundo mandamento, ou também ao primeiro mandamento? Por quê?

(7) Por que o ato de adorar qualquer outro deus ou reduzir o Senhor a uma imagem ou ídolo é o equivalente a “desprezá-Lo?

(8) Qual é a relação entre amar a Deus e guardar Seus mandamentos? (vide também João 14:21)

(9) Em que sentido Deus é zeloso?

(10) O que você aprendeu hoje e como pode aplicá-lo em sua vida?

Reflexão meditativa
De quem é proibido fazer uma imagem?

"Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra." (NVI-PT) (Êxodo 20:4)

Deixe-me citar os seguintes trechos dos comentários de Durham e Calvino sobre o segundo mandamento:

“A questão é esta: de quem é proibido ao povo de Israel fazer uma imagem – de Javé ou dos deuses rivais de Javé… O primeiro mandamento estabelece de forma contundente que ninguém que quer entrar na aliança com Javé pode ter outros deuses. Somente uma pessoa que estivesse desobedecendo a este primeiro mandamento usaria imagens de deuses estrangeiros... qualquer adorador que tenha feito um compromisso para adorar somente Javé não deverá facilitar tal adorção, isto é, não deve adotar para si mesmo o uso de imagens esculpidas a fim de ter um centro concreto de culto, conforme a prática corrente em todos os países vizinhos de Israel... Poderíamos até parafrasear este mandamento assim: 'Nenhum de vocês deverá ter uma imagem esculpida para o culto de Yahweh'."
(Durham, WBC, Êxodo, p. 285/6)

“Agora devemos salientar que este Mandamento tem duas partesa primeira proíbe a ereção de uma imagem esculpida ou de qualquer tipo de representação; a segunda proíbe a transferência do culto que Deus reivindica para Si mesmo a qualquer um desses fantasmas ou espetáculos enganosos. Portanto, o ato em si de moldar uma imagem de Deus é ímpio, pois por meio dessa corrupção Sua Majestade é adulterada, e Ele é concebido como algo diferente do que realmente é. Não há necessidade de refutar a tola fantasia de alguns de que com estas palavras Moisés condena qualquer tipo de escultura e imagem, uma vez que o único objetivo do mandamento é salvaguardar a glória de Deus de todas as imaginações que tendem a corrompê-la. E, com certeza, é um ato extremamente indecente transformar Deus num pedaço de madeira ou numa pedra. Alguns interpretam as palavras... de modo a afirmar que Deus permite a fabricação de uma imagem, desde que não seja adorada; porém as exposições... refutarão facilmente seu erro... E já mencionamos que este trecho proíbe qualquer rito que não condiz com o culto espiritual de Deus: isso basta (aliás, é mais do que suficiente) para dissipar tudo essas noções nebulosas…”
(Comentários de Calvino, Vol. II, 108-110)

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Êxodo 20:1–17 (III)

O terceiro e quarto mandamentos tratam do nosso relacionamento com Deus.

O terceiro mandamento (v. 7):

(1) Em geral, o que significa a expressão "fazer mau uso"?

(2) Por que o "nome" de uma pessoa é tão importante, especialmente o nome de Deus?

(3) Como podemos fazer mau uso do nome de Deus?

(4) O que nos impulsaria a fazer isso?

(5) Leia Mateus 5:33-37. Como este exemplo de Jesus é uma ilustração do mau uso do nome de Deus?

(6) Existe alguma outra maneira que as pessoas (incluindo você) poderiam "fazer uso" de Deus ou de Seu nome?

(7) Uma vez que o nosso relacionamento com Deus não deve ser caracterizado pela prática de "fazer uso dEle", o que deve caracterizá-lo?

(8) Que advertência está anexada a este mandamento? Por quê?

(9) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Tom
ar em vão o nome do Senhor

Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão.” (NVI-PT) (Êxodo 20:7)

A tradução preferida do terceiro mandamento é a mais literal, a mesma utilizada na versão King James em inglês (ou em português nas versões NVI-PT e JFA). No entanto, a palavra "tomar" também pode significar "usar, erguer, içar, carregar ou até mesmo vestir". Portanto, a questão fundamental desta passagem não é somente o propósito pelo qual devemos mencionar o nome do Senhor, mas também como devemos nos relacionar com o nosso Deus. Na opinião de Agostinho, o que as Escrituras chamam de "nome de Deus" é na verdade "o selo do caráter pessoal de Deus" (Agostinho, On Prayer 24.2-3).

Na minha opinião, a essência deste Mandamento é que não devemos transformar este relacionamento de aliança com o Senhor num relacionamento de conveniência.

À luz da advertência de Jesus em Mateus 5:33-37 contra a prática de jurar em nome de Deus, e Sua advertência de que dizer mais do que um simples sim ou não é do diabo, parece que os israelitas, com sua piedade externa, usavam o nome do Senhor para ganhar a confiança de seus vizinhos a fim de esconder o que provavelmente eram mentiras. Eles tinham adotado esse comportamento ao imitar seus vizinhos pagãos. O culto pagão é basicamente um culto de conveniência. Aqueles que vêm de um contexto chinês tradicional entendem isso muito bem.

Ainda me lembro que quando eu ainda era criança em Hong Kong havia um templo chamado "Big Fairy Wong". Esse templo sem dúvida era o mais popular da época, pois seu nome estava associado à expressão idiomática "Sou Eu a Grande Fada Wong?", uma expressão que significa "Sou poderoso o suficiente para conceder o seu desejo?" Pode-se presumir que a razão pela qual o templo era tão popular era porque seu deus sempre concedia os desejos dos adoradores.

Mas com este terceiro mandamento, o Senhor deixa claro que Seu relacionamento com o povo da aliança não pode ser transformado num relacionamento de conveniência; pelo contrário, é um relacionamento baseado no amor, algo já mencionado no mandamento anterior.

Com estes Dez Mandamentos, o Senhor se destacou de todos os outros deuses e ídolos do mundo pagão, pois Ele estava procurando ter um relacionamento amoroso com as pessoas que criou. Essa era uma noção incompreensível para a época, e continua sendo incompreensível até hoje!

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Êxodo 20:1–17 (IV)

O quarto mandamento (v. 8-11):

(1) Em vez de "usá-Lo", o que Deus deseja para o nosso relacionamento com Ele?

(2) O que significa a expressão "lembra-te"?

(3) O que significa a expressão “santificá-lo”?

(4) Portanto, o que significa "Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo"?

(5) Qual é o fundamento dado no texto para este mandamento?

(6) O que o ato de criação de Deus tem a ver com o mandamento?

a. Deus decidiu interromper Sua obra de criação porque Ele precisava descansar?

b. Então por que Ele parou no sétimo dia?

c. Como isso nos mostra que nós também devemos fazer uma pausa do nosso trabalho?

d. De que tipo de trabalho devemos descansar?

e. Como devemos usar este dia no qual descansamos do nosso trabalho?

(7) Após a ressurreição de nosso Senhor, os apóstolos começaram a observar o descanso sabático no dia do Senhor (ou seja, no domingo). À luz disso, como você deve "se lembrar" do seu sábado semanal a fim de cumprir a essência deste mandamento?

(8) Como e por que a observância do sábado distingue os israelitas das outras nações?

(9) Como e por que o Dia do Senhor nos distingue do mundo?

(10) Se você tiver tempo, leia também Êxodo 31:12-17 (uma passagem na qual o Senhor reitera este Mandamento) e identifique os outros elementos enfatizados.

(11) O que você aprendeu hoje e como pode aplicá-lo em sua vida?

Reflexão meditativa
Um mandamento que nos obriga a descansar!

Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo.” (NVI-PT) (Êxodo 20:8)

Gostaria de compartilhar com vocês as seguintes reflexões sobre o quarto mandamento (de acordo com a numeração usada pelos primeiros padres, este mandamento é o terceiro) de um padre da igreja que viveu nos séculos V/VI, cujo nome era Cesário de Áries :

“O terceiro preceito é este: 'Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo'. Este terceiro mandamento sugere uma certa noção de liberdade, o repouso do coração ou tranqüilidade da mente que é o produto de uma boa consciência. De fato, a santificação existe porque o Espírito de Deus habita ali. Agora considere a liberdade ou o descanso; Nosso Senhor diz: 'mas eis para quem olharei: para o pobre e abatido de espírito e que treme diante da minha palavra' (ARC) (Isaías 66:2). Portanto, as almas inquietas são aquelas que se afastam do Espírito Santo. Amantes da contenda, autores de calúnias, devotados mais às disputas do que ao amor, estas almas, devido à sua inquietação, não recebem o descanso de um sábado espiritual. Os homens não observam um sábado espiritual a menos que sua devoção às ocupações terrenas seja moderada o suficiente para que ainda possam se dedicar à leitura e à oração, se não sempre, pelo menos com certa frequência. Nas palavras daquele apóstolo, 'dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino' (1 Tim. 4:13); e novamente, 'Orai sem cessar' (1 Tessalonicenses 5:17). Homens que fazem isso honram o sábado de forma espiritual."
(ACMS, OT.III, 105)

Deve-se acrescentar que o fundamento deste mandamento de descanso é o fato de o Senhor ter descansado depois de Seus seis dias de criação; isso não quer dizer que Ele precisava descansar, mas que Ele já tinha concluído Sua obra de criação. Portanto, independentemente de se achamos que conseguimos completar o que precisávamos (ou, em alguns casos, desejávamos) durante a nossa semana laboral, devemos aprender a descansar na obra completa do Senhor e observar nosso sábado de qualquer jeito.

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Êxodo 20:1–17 (V)

O quinto mandamento (v. 12):

(1) Ao abordar o assunto de como devemos tratar os outros, por que Deus menciona primeiro a nossa forma de tratar os nossos pais? Você consegue pensar em pelo menos três razões?

(2) Qual é o significado geral da palavra "honra"?

(3) À luz disso, o que significa honrar os nossos pais?

(4) O que devemos fazer quando achamos que nossos pais não são dignos de honra?

(5) Você consegue pensar em algum exemplo na Bíblia de um pai ou mãe que talvez consideremos indigno de respeito? Talvez Isaque e Rebeca? Como seus filhos os tratavam? (vide Gênesis 31:35; 35:27-29)

(6) Como é possível conciliar este mandamento com o ensinamento de Gênesis 2:24?

(7) O que o Senhor Jesus pensa sobre este mandamento? (vide Marcos 7:9-13)

(8) Por que este mandamento inclui uma bênção especial?

(9) O que o apóstolo Paulo pensa sobre essa bênção? (Efésios 6:1-3)

(10) O que você aprendeu hoje e como pode aplicá-lo em sua vida?

Reflexão meditativa
Honrar os nossos pais

"Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá." (NVI-PT) (Êxodo 20:12)

De fato, assim como o primeiro mandamento é a base para os seguintes três, os quais regem a maneira como como o povo deve viver seu relacionamento de aliança com o Senhor que o escolheu, o quinto mandamento também serve como base para os próximos cinco mandamentos, os quais abordam o assunto de como o povo deve viver os relacionamentos dentro da comunidade da aliança e além.

Talvez alguns comentaristas exagerem quando dizem que a razão pela qual o Senhor estabeleceu o relacionamento com os pais como o relacionamento humano fundamental para todos os outros é porque os pais são os representantes do Senhor na terra. No entanto, é verdade que o Doador da Vida escolheu os nossos pais para serem a fonte humana que nos dá vida. Como tal, é a eles que devemos a nossa existência. Se nem mesmo honramos e respeitamos a fonte humana de nossa vida, como poderemos honrar e respeitar outro ser humano nesta terra? Esta é a maldição da era moderna: devido ao colapso da família tradicional e ao avanço da engenharia genética, cada vez mais pessoas estão cortando todos os laços com os seus pais biológicos ao formar uma unidade familiar básica. Não é de se admirar que o mundo esteja seguindo o caminho da destruição predito pelo apóstolo Paulo:

Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder ..." (NVI-PT) (2 Timóteo 3:1-5)

Eu sei que isso é uma marca dos nossos tempos, os últimos dias, mas é precisamente por esta razão que nós, os cristãos, devemos nos comportar de maneira tão diferente do mundo, começando pela verdade fundamental de amar, honrar e respeitar os nossos pais. Alguns poderiam perguntar se devemos mostrar essa atitude para com aqueles pais que consideramos indignos de nossa honra. Acredito que as palavras do nosso Senhor em Mateus 5:46 já nos deram a resposta a essa objeção.

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Êxodo 20:1–17 (VI)

O sexto mandamento (v.13)

(1) Quão importante é este mandamento?

(2) O que significa a palavra "matar"?

(3) O que devemos pensar sobre os homicídios involuntários? (vide Deuteronômio 19:3, 4, 6 e Josué 20:3)

(4) O que devemos pensar sobre as execuções legais de assassinos condenados (Números 35:30)?

(5) Nesses casos, por que Deus também tira a vida?

(6) De acordo com Jesus, qual é a essência deste mandamento? (Mateus 5:21-26)

O sétimo mandamento (v. 14)

(7) Como você definiria o adultério?

(8) O Dicionário Webster o define como "uma relação sexual voluntária entre uma pessoa casada e uma pessoa que não seja seu esposo ou sua esposa legal". Quão ruim e destrutivo é o pecado do adultério?

(9) O que o mundo de hoje pensa sobre o adultério?

(10) Como Jesus interpreta este Mandamento? (vide Mateus 5:27-32)

(11) Que perspectiva o apóstolo Paulo contribui a respeito desse mandamento? (1 Cor. 6:18-20)

(12) Qual é a melhor maneira de evitar cometer este pecado? (Salmos 119:9 e 2 Timóteo 2:22)

(13) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la à sua vida?

Reflexão meditativa
Não matarás

"Não matarás." (NVI-PT) (Êxodo 20:13)

Pode lhe interessar saber que o Velho Testamento usa termos diferentes para diferentes categorias da ação de matar, e alguns estudiosos acreditam que o significado da palavra usada no sexto mandamento se limita estritamente ao assassinato. No entanto, Durham mostra que esta mesma palavra é usada para se referir tanto ao homicídio doloso (ou seja, um assassinato não premeditado, em Deuteronômio 19:3, 4, 6 e Js. 20:3) quanto à execução legal de um assassino condenado (como em Num 35:30). Portanto, não é muito útil procurar entender este mandamento com base excusivamente no estudo da palavra.

No entanto, uma vez que as disposições que governam o assassinato e a execução legal de assassinos condenados são diferentes, este Mandamento parece abordar o assassinato em geral, sem incluir as mortes causadas no campo de batalha, uma vez que o Senhor é quem tinha mandado matar certos inimigos, como os amalequitas (aliás, em várias ocasiões Ele até ordenou seu extermínio, como em 1 Sam. 15:3). Deus não se contradiz.

Mas isso não significa que Deus não considere a vida sagrada. Pelo contrário, este mandamento revela plenamente que a vida é tão sagrada que aqueles que tiram a vida de outra pessoa intencionalmente devem ser responsabilizados por suas ações, e o objetivo da pena de morte é salientar a gravidade de tal crime (Nm 35:16).

Por mais hediondo que seja o crime de assassinato, não é imperdoável, e com isso me refiro ao perdão em termos de reconciliação com Deus, não necessariamente a preservação da vida física. O criminoso na cruz que foi recebido no paraíso na mesma noite de sua morte é um bom exemplo disso. O fato de ele ter sido condenado à morte na cruz significa que ele teria assassinado (talvez muitas) pessoas ao longo de sua vida. No entanto, quando ele se arrependeu de seus pecados pouco antes de sua morte, ele foi perdoado, embora ainda tivesse que enfrentar a pena de morte que merecia sob a lei romana.

Não quero me envolver no debate sobre a validez da pena de morte na sociedade atual; simplesmente quero salientar que a intenção original deste Mandamento é clara: além de impor uma pena proporcional à gravidade do crime que foi cometido, serve também como forma de dissuasão, e talvez até como forma de despertar a alma endurecida do criminoso. Como exemplo disso, penso em Ted Bundy (claro, isso pressupõe que seu arrependimento depois de ser condenado à morte foi genuíno, algo que só o Senhor sabe).

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Êxodo 20:1–17 (VII)

O oitavo e o décimo mandamento (v.15 e 17)

(1) Como você definiria a palavra roubar ?

(2) Qual é a causa subjacente do pecado de roubar?

(3) A pobreza é uma desculpa válida para roubar?

(4) Que relação existe entre o décimo mandamento e o oitavo?

(5) Você acha que o décimo mandamento está relacionado ao contentamento? (vide 1 Timóteo 6:6-8)

(6) Como você definiria a palavra "contentamento"?

(7) A oração de Provérbios 30:7-9 é eficaz para nos ajudar a guardar o décimo mandamento? Por que ou por que não?

(8) Você consegue pensar em outras coisas que poderiam nos ajudar a guardar este mandamento?

(9) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota:
Na próxima seman
a, refletiremos sobre o nono mandamento e o comentário de Jesus sobre o maior mandamento.


Reflexão meditativa
A observância dos mandamentos começa com o coração

Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença.” (NVI-PT) (Êxodo 20:17)

Dos últimos seis mandamentos, que abordam como os israelitas deviam tratar o próximo dentro da comunidade da aliança, o último deixa claro que tudo começa com o coração.

Embora se possa argumentar que honrar o pai e a mãe também é uma questão do coração, isso é algo que se pode medir facilmente: basta observar como o filho cuida dos pais na velhice. Quanto aos pecados de homicídio, adultério e roubo, esses crimes precisam ser comprovados com base na evidência das ações do infrator. Mas o último mandamento é realmente uma questão do coração. Uma interpretação literal nos mostra que o desejo ou cobiça do indivíduo, embora seja difícil de julgar no contexto da comunidade da aliança, será julgado pelo Senhor.

O que este último mandamento realmente nos mostra é que todos os outros mandamentos devem ser regidos pelo mesmo padrão. Para Deus, o que sempre conta são as intenções. Portanto, quando Jesus aponta que a raiva ou o ódio é a raiz do pecado de assassinato, e que uma pessoa que tem pensamentos adúlteros já violou o sétimo mandamento, Ele na verdade não está dizendo nada novo.

Não é de se estranhar que Jesus, ao citar diretamente os Mandamentos em Mateus 5, usa a fórmula "Vocês ouviram" (5:21, 27, 33, etc.) para mostrar que eles tinham ouvido os Mandamentos o tempo todo serm compreendê-los (13:13-14).

Ainda ouço cristãos se orgulharem de usar os Dez Mandamentos como suas regras de ouro para a vida, mas o que espero que eles entendam é que a função desses mandamentos, até mesmo para os cristãos, continua sendo a mesma de um espelho: eles lhes mostram sua incapacidade de guardá-los a fim de levá-los de volta ao arrependimento para eles encontrarem o perdão em Cristo (1 Jo 1:8-9).