Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Deuteronômio 20:1–20

Esta semana continuaremos o nosso estudo do livro de Deuteronômio no Velho Testamento.

vv. 1-15—Legislação específica—regras para as guerras contra nações "distantes".

(1) É óbvio que a guerra é uma parte normal da vida de uma nação. No entanto, por que Israel não devia ter medo, mesmo quando era óbvio que seus inimigos eram mais fortes do que eles? (v. 1)

(2) Por que, então, a batalha devia ser precedida por um discurso do (sumo) sacerdote? (v. 2)

(3) Que mensagem o sacerdote devia transmitir? (vv. 3-4)

(4) Isenções do serviço militar (vv. 5-8: vide a Nota abaixo)

a. Para quem eram os dois primeiros tipos de isenções? (vv. 5-6)

b. Uma vez que o propósito de Deus ao dar a terra ao povo era dar-lhes uma herança que pudessem desfrutar, qual pode ter sido a razão por trás dessa isenção?

c. Quem estava incluído na terceira categoria? (v. 7)

d. Qual era o objetivo dessa isenção?

e. Para quem era o quarto tipo de isenção? (v. 8)

f. Essas pessoas realmente deviam ser isentas de lutar por sua nação? Por que ou por que não?

g. Embora essas disposições não abordem esse tema, o que você acha que teria acontecido se uma pessoa que tinha direito a uma dessas isenções se oferecesse para ir à batalha?

(5) Quais poderiam ser as aplicações espirituais disso para nós hoje, uma vez que as nossas vidas cristãs com frequência são comparadas à guerra? (2 Coríntios 10:3-4; Efésios 6:12)

(6) Por que o povo devia oferecer condições de paz primeiro? (vv. 10-11)

(7) Como as mulheres, crianças, gado e outros despojos deviam ser tratados? (v. 14)

vv. 16-20—Legislação específica—regras para as guerras contra as seis nações vizinhas

(8) Qual é a principal diferença entre as regras que governavam as guerras contra os seis povos vizinhos que moravam na Terra Prometida e aquelas que governaram a guerra contra as nações distantes? (vv. 16-17)

(9) Qual é a razão para esta diferença? (v. 18)

(10) Como as árvores do território capturado deviam ser tratadas? (v. 19)

(11) Qual é a lógica por trás do mandamento de conservar as árvores frutíferas? (v. 20)

(12) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota :

“De acordo com Josefo (Ant. iv. 8, 41) o gozo deles (as casas consagradas) devia durar um ano ... quando eram plantadas árvores frutíferas (Lv 19:23 e ss.), seu fruto não podia ser comido durante os primeiros três anos, e o fruto do quarto ano devia ser consagrado a Jeová; somente aqueles frutos colhidos a partir do quinto ano podiam ser usados pelo proprietário... (A isenção para os recém-casados) é ampliada no cap. 24:5 ... por um ano inteiro não será enviado à guerra, nem assumirá nenhum compromisso público."
(K&D, 939)

No entanto, é possível que a provisão em Levítico 19:23 tenha sido aplicada apenas imediatamente após a entrada do povo na Terra Prometida, quando as árvores frutíferas estariam sendo plantadas pela primeira vez.

Reflexão meditativa
Uma devoção única

Por fim os oficiais acrescentarão: ‘Alguém está com medo e não tem coragem? Volte ele para sua casa, para que os seus irmãos israelitas também não fiquem desanimados’.” (NVI-PT) (Deuteronômio 20:8)

Depois de ler as várias isenções do serviço militar mencionadas em Deuteronômio 20, pode-se perguntar por que foram feitas essas provisões. Pode-se também perguntar se elas seriam abusadas, ou até mesmo se eram justas.

No entanto, essas isenções servem para destacar quão diferente o povo de Deus devia ser das nações ao seu redor. Além de toda a legislação anterior, essas leis também procuravam destacar o seguinte:

- O objetivo dessas isenções era destacar que, em última análise, a batalha do povo de Deus pertencia a Jeová. Portanto, a vitória não dependia de “cavalos e carros” (20:1), nem mesmo do número de combatentes. Em outras palavras, mesmo que a maioria das pessoas abusasse dessas disposições (especialmente a quarta isenção, que basicamente isentava todos que não quisessem lutar), Deus ainda podia lhes dar a vitória, apesar de eles terem um exército menor. A vitória de Gideão sobre o poderoso exército de Midiã com apenas trezentos homens é um excelente exemplo disso, uma vez que Gideão isentou qualquer pessoa que estivesse "tremendo de medo" (Juízes 7:3).

- Quer fosse a isenção para novos proprietários, proprietários de vinhas ou recém-casados, o objetivo era recrutar apenas aquelas pessoas cujos corações não estivessem divididos e pudessem se dedicar exclusivamente à causa de Jeová.

Essas isenções militares nos ensinam muito sobre o que Deus quer para nós. Hoje, como soldados cristãos que não estão envolvidos na guerra física do mundo, nós "não lutamos segundo os padrões humanos" (2 Coríntios 10:3). É importante lembrar que “a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Efésios 6:12). Portanto, uma vez que “[nossa] batalha é do Senhor” (1 Sam. 17:47), nunca podemos vencer por nós mesmos; além disso, Deus só pode usar aqueles cujos corações estão dedicados somente a Ele, sem se envolver nos assuntos civis ou mundanos (2 Tm 2:4; 1Co 7:33-34).

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Deuteronômio 21:1–23

Legislação Específica—O Caráter Sagrado da vida

(1) A expiação de um assassinato não resolvido (21:1-9)

a. Por que a cidade mais próxima do corpo devia ser responsabilizada pelo crime?

b. “Exijam vida por vida” (19.21): O que devia ser usado para expiar o pecado da cidade?

c. O que poderia significar o fato de a novilha escolhida nunca ter sido usada, e o vale escolhido nunca ter sido arado ou plantado? (vide a Nota abaixo)

d. Além de lavar as mãos sobre a novilha, o que mais deviam fazer os anciãos? (vv. 7-8)

e. O que aconteceria se os anciãos da cidade não realizassem esse ritual? (v. 9)

f. Na sua opinião, que impacto essa legislação teria tido sobre os anciãos e os habitantes da cidade?

(2) O tratamento de esposas tomadas de entre os cativos (vv. 10-14)

a. Como você acha que normalmente erma tratadas as mulheres cativas na antiguidade? Você acha que havia regras sobre como elas deviam ser tratadas?

b. Por que Jeová ordenou que essas mulheres cativas recebessem um mês para lamentar seus pais (que provavelmente teriam sido mortos na guerra) antes de elas poderem ser tomadas como esposas?

c. Portanto, qual era o objetivo da proibição de vendê-las como escravas?

d. Quão diferente Jeová queria que Seu povo fosse das nações ao seu redor com respeito a esse assunto?

(3) A proibição de mostrar favoritismo no contexto do direito do primogênito (vv. 15-17)

a. O que essa legislação procurava proteger?

b. Se Deus não tivesse dado esta legislação, como os pais poderiam ter mostrado favoritismo aos seus filhos, usando como precedente Abraão e seu tratamento de Ismael? (Gênesis 21:10)

(4) A violação do quinto mandamento (vv. 18-21)

a. O que é o quinto mandamento? (Êxodo 20:12)

b. Todas as crianças "rebeldes" deviam ser tratadas assim? Por que ou por que não?

c. Você acha que teria sido difícil para qualquer pai seguir as instruções desta legislação?

d. Qual era o objetivo desta legislação? (v. 21)

(5) A morte num madeiro (vv. 22-23)

a. De todos os métodos usados para executar um criminoso, o que representava pendurá-lo num madeiro?

b. Por que era proibido deixar o corpo pendurado durante a noite?

c. Uma vez que “maldito todo aquele que for pendurado num madeiro”, o que esta lei nos ensina sobre Jesus? (vide Gálatas 3:13)

(6) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota:

“Esta regulamentação quanto à localidade em que devia ocorrer o ato de expiação provavelmente estava baseada na noção de que a água do vale do córrego sugaria o sangue, purificando-a, e que o sangue sugado pela terra não reapareceria quando fosse arado e lavrado."
(K&D, 942)

Reflexão meditativa
Amaldiçoado por deus

Não deixem o corpo no madeiro durante a noite. Enterrem-no naquele mesmo dia, porque qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus.” (NVI-PT) (Deut. 21:23)

De todos os métodos de execução, o método de pendurar o criminoso num madeiro ou árvore tinha que ser um dos mais dolorosos e horríveis. William Barclay diz que não havia morte mais horrível do que essa, e cita as palavras do historiador romano Cícero, que a declarou "a morte mais cruel e hedionda". De fato, além da dor que provavelmente teria sido infligida por pregos nas mãos e nos pés, o criminoso teria sofrido uma morte lenta de fome e sede; tudo isso o teria levado à “loucura” (Barclay, John, 250).

Felizmente, para aqueles que eram pendurados num madeiro em Israel, havia uma cláusula na Lei de Moisés que exigia que o corpo não fosse deixado na estaca durante a noite (Deuteronômio 21:23); isso sugere que deviam (de alguma forma) matar o criminoso antes do pôr do sol. No entanto, o propósito expresso em Deuteronômio é que para que o corpo não fosse exposto publicamente e não contaminasse a terra que o Senhor lhes tinha dado.

No entanto, o próprio ato de pendurar a pessoa no madeiro sinalizava que ela era culpada de um crime tão hediondo que merecia estar sob a maldição de Deus (21:23). Este é possivelmente um dos maiores obstáculos para os judeus acreditarem que Jesus realmente é o Filho de Deus, como Ele mesmo afirma ser: "se é o Cristo de Deus, o Escolhido" ( Lucas 23:35), por que Ele foi pendurado numa cruz, um claro sinal de ser amaldiçoado por Deus?

De fato, nosso Senhor Jesus teve que ser pendurado em uma cruz, uma vez que Ele de fato foi amaldiçoado por Deus, não pelo Seu próprio pecado, mas por causa dos nossos pecados. É por isso que o apóstolo Paulo diz: "Cristo nos redimiu da maldição da Lei quando se tornou maldição em nosso lugar, pois está escrito: 'Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro'" (Gálatas 3:13). Isso revela quão grande é o Amor de Cristo por nós!

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Deuteronômio 22:1–12

Legislação específica—Diversas leis e regulamentos: tentaremos agrupar esses regulamentos sob várias categorias para facilitar a nossa reflexão sobre elas:

Ser um vizinho responsável (22:1-4, 6-8)

Respeitar as distinções que Deus fez na criação (22:5, 9-11)

Lembrar-se das leis de Deus a cada momento (22:12)

(1) Ser um vizinho responsável (I) (22:1-4)

a. Qual é a razão por trás das estipulações nos vv. 1-3?

b. Qual teria sido a razão mais comum para não segui-los?

c. As razões mais prováveis para a queda de um burro ou boi são o peso de sua carga e alguma ferida; muitas vezes é difícil para uma só pessoa ajudar o animal a se levantar. Você acha que a disposição contida no v. 4 é mais fácil de cumprir do que o anterior?

d. Qual teria sido a razão mais comum para não cumprir com o disposto no v. 4?

(2) Ser um vizinho responsável (II) (22:6-8)

a. Você acha que essa estipulação foi dada por motivos humanitários? Por que ou por que não?

b. A razão mais provável para apanhar filhotes ou ovos era para eles servirem de alimento. Qual teria sido o propósito prático de deixar a mãe solta?

c. A razão por trás da estipulação no v. 8 é óbvia. Como podemos aplicar isso no mundo atual? Você consegue pensar em algum exemplo aplicável?

(3) Respeitar as distinções que Deus fez na criação (22:5, 9-11)

a. Por que Moisés diz que Deus tem aversão por aquele que usa roupa do sexo oposto? (v. 5)

b. O que isso nos ensina sobre a questão atual das pessoas "transgêneros"?

c. O que Gênesis 1:12 diz sobre como Deus criou a vegetação no terceiro dia?

d. Qual pode ter sido o motivo da proibição no v. 9? Por que o texto diz que a plantação de dois tipos de sementes no mesmo vinhedo contaminaria tanto a colheita quanto o fruto?

e. Além dos problemas práticos relacionados à tentativa de arar a terra com um boi e um e um jumento sob o mesmo jugo, o que você entende como sendo a diferença entre os dois animais, do ponto de vista das leis de pureza? (Levítico 14:1-8)

f. É possível que o motivo da proibição do v. 11 tenha sido óbvio para os israelitas daquela época, embora não seja mais conhecido hoje. A melhor hipótese proposta por alguns comentaristas é que isso se refere à moda usada na época por nações como o Egito, e que Jeová não queria que Israel a imitasse. Em qualquer caso, qual seria o ensinamento central revelado por esse conjunto de estipulações anteriores como um todo?

(4) Lembrar-se sempre das leis de Deus (22:12); esta é uma breve reiteração de Números 15:37-41.

a. Mesmo que não entendamos plenamente as razões por trás de cada uma das estipulações acima, o que 22:12 nos lembra?

(5) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Travestismo

"A mulher não usará roupas de homem, e o homem não usará roupas de mulher, pois o Senhor, o seu Deus, tem aversão por todo aquele que assim procede." (NVI-PT) (Deuteronômio 22:5)

Hoje em dia, a questão das pessoas “transgêneros” é um tema muito polêmico. Gostaria de citar o seguinte comentário de Peter Craigie sobre o versículo acima (22:5):

“Este pequeno versículo não se refere somente às modas ou estilos da vestimenta; isso fica claro na advertência dada na cláusula final. Refere-se, em primeira leitura, à prática do travestismo, uma forma pervertida de comportamento sexual, embora sua definição deva ser qualificada, conforme explicado a seguir. As coisas do homem: essa expressão hebraica não se refere especificamente à roupa masculina, mas às coisas pertencentes aos homens. Portanto, essas palavras se referem não à roupa, mas também a objetos como ornamentos, armas, etc., que normalmente são relacionados com os homens. A segunda cláusula menciona especificamente o vestuário feminino.

“Embora o travestismo possa parecer uma anormalidade relativamente inofensiva, a possível justificativa para esta legislação poderia ser uma ou ambas as considerações seguintes: Primeiro, o travestismo tende a ser associado a certos tipos de homossexualidade. Em segundo lugar, é muito provável que no mundo antigo as práticas dos travestis estivessem relacionadas ao culto de certas divindades. Em um ou em ambos os casos, a prática do travestismo seria uma abominação para Jeová, seu Deus, uma vez que Lev. 18:22 e 20:13 usa o termo abominação para descrever o comportamento homossexual. Há menos evidências em fontes externas para estabelecer uma ligação entre o travestismo e os cultos de deuses estrangeiros, embora certa coleção de textos de sabedoria assíria talvez forneça evidências indiretas. Se o travestismo de fato estava relacionado com as práticas religiosas estrangeiras, deve-se notar que Deuteronômio descreve qualquer coisa relacionada com essas religiões estrangeiras como uma abominação (vide 7:25 e 18:12).”
(NICOT, Deuteronômio, 287-8)

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Deuteronômio 22:13–30

Legislação específicaa pureza sexual

(1) A virgindade de uma noiva (vv. 13-21)

a. O que teria levado um marido a acusar sua esposa de infidelidade pré-marital (em vez de simplesmente se divorciar dela, de acordo com 24:1 e ss.)?

b. Quais eram os recursos da esposa e sua família? (vv. 15-17)

c. Você acha que 2,5 libras de prata era um castigo adequada, além do "castigo" (provavelmente uma referência à flagelação) por tê-la acusado falsamente? Por que ou por que não?

d. O que devia acontecer se a acusação fosse comprovada? (v. 21)

e. Por que o Senhor enfatiza tanto a pureza sexual?

(2) O adultério com a mulher do próximo (v. 22)

a. Neste caso, qual devia o castigo?

b. Qual era a razão por trás desse castigo tão severa?

c. Qual é a mensagem para nós hoje?

(3) Como lidar com o estupro (vv. 23-29)

a. O estupro de uma noiva não ocorrido no campo (ou seja, ocorrido dentro da cidade), vv. 23-24

  1. Qual devia ser o castigo, tanto para o homem quanto para a mulher?
  2. Por que a mulher também devia morrer?

b. O estupro de uma noiva ocorrido no campo (vv. 25-27)

  1. Qual devia ser o castigo para o homem?
  2. Qual devia ser o castigo para a mulher?
  3. Compare o tratamento cada partes recebia nos dois diferentes contextos mencionados acima; você acha que essa legislação era justa? Por que ou por que não?

c. O estupro de uma mulher solteira (vv. 28-29)

  1. Qual devia ser o castigo para o homem?
  2. Que outras obrigações ele tinha?
  3. Você acha que isso é justo? Por que ou por que não?

(4) O incesto (v. 30)

a. Que tipo de incesto Moisés menciona mais uma vez ao dar esta legislação?

b. Que castigo já havia sido pronunciada em Levítico? (vide Levítico 18:8, 29)

(5) Como todas as estipulações acima revelam o desejo do Senhor?

(6) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A fidelidade conjugal

Se um homem for surpreendido deitado com a mulher de outro, os dois terão que morrer, o homem e a mulher com quem se deitou. Eliminem o mal do meio de Israel.” (NVI-PT) (Dt 22:22)

Hoje em dia, gostamos de culpar o declínio de nossas famílias na revolução sexual dos anos 1960. No entanto, ao ler os comentários de Calvino sobre o assunto da fidelidade conjugal, parece que, na verdade, "os bons velhos tempos" não eram tão bons assim:

“Aqui se vê o quanto Deus abomina o adultério, pois Ele pronuncia contra ele a pena capital. E certamente, uma vez que o casamento é uma aliança consagrada por Deus, sua profanação não é de modo algum tolerável; além disso, a fé conjugal deve ser considerada sagrada demais para ser violada impunemente, pois é um ato terrivelmente pérfido arrebatar do seio de um homem a esposa que é como sua própria vida, ou pelo menos a metade de si mesmo. É por isso que o Profeta também compara ignominiosamente os adúlteros com cavalos que relincham (Jr 5:8) porque onde esse tipo de lascívia prevalece, os homens degeneram, por assim dizer, em bestas.

“No entanto, aqui é mencionada outra razão; pois não era uma ofensa capital se o homem infiel à sua esposa tivesse tido relações sexuais com uma prostituta; no entanto, qualquer homem (mesmo que fosse solteiro) que cometesse adultério com a esposa de outro (era réu de morte), pois além da grave injúria cometido contra o marido, a desonra também afetaria a prole, uma raça adúltera tomando o lugar da legítima, e a herança sendo transferida para estranhos, de modo que os bastardos se apoderassem ilegalmente do nome familiar. Os gentios, mesmo antes da Lei, castigavam o adultério severamente, como a história de Judá e Tamar deixa claro (Gn. xxxviii.14). Aliás, segundo a lei universal dos gentios, o adultério sempre era castigado com morte; por isso é ainda mais vergonhoso quando os cristãos nem seguem o exemplo dos pagãos a esse respeito. O castigo dado aos adúlteros não era menos severa sob a lei juliana (quer dizer, a lei romana) do que sob a de Deus; no entanto, aqueles que se gabam do nome de "cristão" são tão suaves e descuidados que castigam essa ofensa execrável com apenas uma branda repreensão. E para que não derroguem a lei de Deus sem pretexto, citam o exemplo de Cristo, quando absolveu a mulher surpreendida em adultério, quando ela devia ter sido apedrejada; assim como Ele se retirou para uma montanha para que a multidão não O fizesse rei (João viii.11 e vi.15).

"Pois, se considerarmos o ofício que o Pai delegou a seu Filho unigênito, não nos surpreenderá o fato de Ele ter ficado satisfeito com as limitações de seu chamado, sem exercer os deveres de juiz. Mas aqueles que foram investidos com a espada para corrigir o crime têm imitado absurdamente o Seu exemplo; assim, o seu abrandamento do castigo decorre de uma ignorância flagrante. Embora os tribunais humanos não castiguem a infidelidade do marido da mesma forma como eles castigam a da mulher, Deus tomará vingança contra ambos, uma vez que eles estão sob uma obrigação mútua; portanto, a declaração de Paulo tem efeito diante do tribunal de Deus: que os homens casados não defraudem uns aos outros, pois a esposa não tem poder sobre seu próprio corpo, nem o marido sobre o dele. (1 Cor. vii. 4, 5.)
(Comentários de Calvino III, 77-78)

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Deuteronômio 23:1–25

23:1-8—Legislação específica—Aqueles que são excluídos da Assembleia

(1) Qual é a primeira categoria de pessoas excluídas da assembléia do Senhor? (v. 1)

(2) Qual poderia ser a razão?

(3) Qual é a segunda categoria? (v. 2)

(4) Qual poderia ser a razão?

(5) Qual é a terceira categoria? (v. 3, este incidente está registrado em Números 22-24)

(6) Qual é a razão dada para isso? (vv. 4-6; você também pode ler Números 22-24)

(7) Qual é a quarta categoria? (vv. 7-8)

(8) Quais indivíduos da quarta categoria estavam isentas dessa exclusão? Por quê?

(9) Quais eram os objetivos desta legislação de exclusão?

23:9-14—Legislação específica—a preservação da santidade do acampamento militar

(10) Por que uma “polução noturna” era considerada impura? (v. 9; vide Números 5:2)

(11) Como a “contaminação” por essa forma de impureza podia ser evitada? (vv. 10-11)

(12) Como o excremento deveria ser tratado no campo? (vv. 12-13)

(13) Qual é a razão dada para esta legislação? (v. 14; Nota: K&D traduz "qualquer coisa indecente" como "nudez de uma coisa")

23:15-25—Legislação específica—Diversas leis

(14) Qual era o propósito da lei ao lidar com escravos fugitivos de uma nação estrangeira? (v. 15)

(15) Que diferença havia entre uma prostituta e uma prostituta do santuário? (v. 17)

(16) Que tipo de exclusão era imposta às prostitutas em geral? Por quê? (v. 18)

(17) Por que o Senhor proibiu a prática de cobrar juros de outros israelitas, mas não de cobrar juros sobre empréstimos feitos a estrangeiros? (vide Levítico 25:36-37)

(18) Como podemos aplicar isso em nosso contexto hoje?

(19) Qual era o propósito da legislação que governava os votos? (vv. 21-23; vide também Mateus 5:33-37)

(20) Qual era o propósito da legislação contida nos vv. 24-25?

(21) Como podemos aplicar isso em nossas próprias vidas hoje?

(22) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
É proibida a
usura!

"Não cobrem juros de um israelita, por dinheiro, alimento, ou qualquer outra coisa que possa render juros." (NVI-PT) (Deuteronômio 23:19)

À primeira vista, estas diversas leis estabelecidas ou repetidas por Moisés parecem não estar relacionadas; porém, quando refletimos sobre os propósitos dessa legislação, vemos que todos compartilham basicamente o mesmo propósito principal: a preservação da santidade do povo de Deus, seja na santa assembléia diante do Senhor (vv. 1-8), em sua participação na guerra santa (vv. 9-14), no tratamento dos necessitados que chegavam para morar entre eles (vv. 15-16, 19-20, 24-25), no cumprimento dos votos (vv. 21-23) ou na proibição de prostitutas, especialmente as prostitutas de santuário (vv. 17-18).

Alguns podem pensar que era injusta a exclusão de "eunucos" e "bastardos" da assembléia do Senhor; no entanto, o propósito de Jeová era usá-los para lembrar o povo da importância da santidade absoluta de Deus. O primeiro desses grupos representava a "mutilação da natureza humana criada por Deus", enquanto o último era um produto de "incesto ou adultério" (K&D, 947-48). Embora essa exclusão pareça dura, isso não significa que essas pessoas eram totalmente privadas da oportunidade de adorar a Deus e ouvir Suas palavras; eles ainda podiam fazê-lo, mas somente à distância, como no caso do eunuco etíope em Atos 8.

Foi muito útil para mim pessoalmente ler a proibição da prática de cobrar juros sobre empréstimos feitos a “irmãos”, algo que aprendi muito tarde na minha vida cristã. Isso me ensinou não só a evitar ganhar dinheiro com empréstimos pessoais para pessoas necessitados, mas também a evitar que a igreja aceite empréstimos de membros, sem importar quão baixas sejam as taxas de juros. Se não devemos receber juros dos nossos irmãos, como nos atrevemos a receber juros da casa de Deus!

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Deuteronômio 24:1–22

24:1-4—Legislação específica—leis sobre o divórcio e novo casamento

(1) É certo que um marido se divorcie de sua esposa simplesmente porque não gosta dela?

(2) O que Jesus diz sobre isso, e sobre a razão pela qual Moisés estabeleceu esta lei? (Marcos 10:2-12)

(3) Que proteção esta legislação dava às mulheres divorciadas?

(4) Por que o primeiro marido não podia se casar novamente com a mesma esposa se ela também tinha se casado de novo? (v. 4)

24:5-22 (exceto vv. 7-9, 16)—Legislação específica—leis humanitárias

(5) Para os recém-casados (v. 5): Além da isenção do serviço militar, de que outras responsabilidades o recém-casado estava isento? Por quê?

(6) Sobre os objetos penhorados (vv. 6, 10-13)

a. Quer fosse uma mó (v. 6) ou um manto (v. 12), qual é o princípio fundamental subjacente a essas leis?

b. Você consegue pensar em outras aplicações semelhantes desse princípio?

c. Por que era proibido invadir a casa de outra pessoa para obter o objeto penhorado? (vv. 10-11)

(7) Sobre os jornaleiros (vv. 14-15)

a. O que a legislação diz sobre isso?

b. Por devia ser aplicada tanto a israelitas como a estrangeiros?

c. Como devemos aplicar este princípio hoje?

(8) O tratamento que deviam receber os estrangeiros, órfãos e viúvas (vv. 17-22)

a. Com respeito às garantias ou penhores de dívidas: Como a legislação do v. 17 substitui as regras sobre os objetos penhorados mencionadas acima?

b. Por quê? (v. 18)

c. Qual é o propósito dessas regras, de acordo com os vv. 19-22?

d. Qual é a razão apresentada? (v. 22)

e. Como poderíamos aplicar esse princípio hoje?

24:7-9, 16—Legislação específica—diversas leis

(9) Por que o seqüestro entre os israelitas era um pecado tão grave que merecia a pena de morte? (v. 7)

(10) As doenças de pele já haviam sido amplamente discutidas em Levítico 13 (vide a Nota abaixo):

a. Por que são repetidas aqui? (v. 8)

b. Por que Moisés usou como exemplo a lepra de Miriã? Que elemento ele queria enfatizar? (v. 9; vide Números 12:10-15)

(11) Quão importante é a legislação encontrada no v. 16?

(12) Quais são suas implicações no tocante à vida e morte eternas?

(13) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota:

Parece que a única razão pela qual Moisés repetiu a lei sobre a lepra (ou as doenças de pele) aqui foi para enfatizar que o povo devia seguir rigorosamente as instruções do sacerdote para que a doença não se espalhasse para outros membros da comunidade; inclusive Miriã teve que seguir instruções estritas quando teve lepra (Nm 12:14-15).

Reflexão meditativa
Um Deus compassivo

E quando colherem as uvas da sua vinha, não passem de novo por ela. Deixem o que sobrar para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva. Lembrem-se de que vocês foram escravos no Egito; por isso lhes ordeno que façam tudo isso." (NVI-PT) (Deuteronômio 24:21-22)

Como povo de Deus, Israel devia refletir o caráter do Deus a quem pertencia. Um dos atributos mais importantes de Deus é Sua compaixão. Esse atributo foi plenamente revelado quando Ele libertou Israel de sua escravidão no Egito; observe as palavras que a Bíblia usa para descrever vividamente a compaixão de Jeová:

“De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo." (NVI-PT) (Êxodo 3:7; itálico acrescentado)

Por isso, Israel devia ter compaixão pelos mais necessitados e vulneráveis entre eles, aqueles que não podiam se sustentar, muito menos reverter suas fortunas. Muitas das leis foram dadas para proteger apenas israelitas (como a proibição de cobrar juros sobre empréstimos em 23:19), e não estrangeiros; no entanto, quando se tratava dos marginalizados, dos mais necessitados e dos mais desamparados, os estrangeiros são mencionados junto com os órfãos e as viúvas.

Isso mostra claramente que o Senhor não é um Deus tribal, mas o Deus de toda a humanidade; Ele cuida daqueles que Ele criou à Sua própria imagem. É nesse sentido que o apóstolo Paulo concordou com os poetas gregos que “também somos [todos] sua descendência” (Atos 17:28). No entanto, quando se trata de pertencer a Ele como Seus filhos e herdar a vida eterna, esse relacionamento precisa ser pela fé em Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo (João 1:12).

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Deuteronômio 25:1–19

Legislação específicadiversas leis

(1) Limites impostas ao castigo corporal (vv. 1-3)

a. Que medidas preventivas foram estabelecidas para garantir que houvesse procedimentos judiciais adequados e limites aos castigos e sua execução?

b. Qual foi o propósito de limitar o castigo a quarenta chicotadas?

c. Qual você acha que foi a razão pela qual os judeus mais tarde permitiram apenas quarenta "açoites menos um"? (2 Coríntios 11:24)

(2) O tratamento ético de animais (v. 4)

a. Qual é o princípio subjacente à lei sobre o boi (que era usado para debulhar)?

b. Como o apóstolo Paulo entendeu sua aplicação? (1 Coríntios 9:9-11; 1 Timóteo 5:17-18)

c. Como os empresários podem aplicar esse princípio?

(3) O levirato (vv. 5-10)

a. Como esse "costume" foi praticado na família de Judá? (Gênesis 38)

b. De acordo com Moisés, por que esse costume foi consagrado na lei? (v. 6)

c. O que levaria  um cunhado a se recusar a se casar com sua cunhada? (vide Gênesis 38:9)

d. Essa lei obrigava o “cunhado” a cumprir essa obrigação? (vide a Nota 1 abaixo)

e. O que aconteceria se ele se recusasse? (vv. 7-10)

(4) O caráter sagrado das partes íntimas do homem (vv. 11-12)

a. O que motiva a ação da esposa mencionada neste exemplo?

b. O que essa punição inusitadamente severa salienta?

(5) Pesos enganosos (vv. 13-16)

a. O que o Senhor pensa sobre a desonestidade, especialmente nos negócios? (v. 16)

b. O que seria o equivalente a ter dois padrões de pesos no mundo dos negócios de hoje?

(6) A erradicação dos amalequitas (vv. 17-19)

a. Os israelitas já tinham encontrado muitos inimigos. O que tinha levado o Senhor a odiar tanto os amalequitas? (v. 18; leia a história completa em Êxodo 17:8-16)

b. Quão seriamente o Senhor leva este mandamento específico que deu a Israel? (1 Sam. 15:11)

c. Por que esta instrução foi incluída nesta porção específica da lei? (vide a Nota 2 abaixo)

(7) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota 1:

Sogro—o termo hebraico (yabam) tem um significado mais específico do que seu equivalente em inglês, pois se refere especificamente àquele cunhado que tinha a obrigação de cumprir o levirato, conforme as condições estabelecidas acima."
(NICOT, Deuteronômio, 315)

Nota 2:

Isso foi apresentado novamente aos israelitas a fim de servir como lembrete de que ainda tinham assuntos pendentes que deviam resolver depois de se estabelecerem na terra prometida.”
(NICOT, Deuteronômio, 318)

Reflexão meditativa
Um Deus
Vingativo?

vocês farão que os amalequitas sejam esquecidos debaixo do céu. Não se esqueçam!” (NVI-PT) (Deut. 25:19)

Ao lermos as instruções dadas a Israel para exterminar totalmente os amalequitas, é impossível pensar que Deus realmente deve ser um Deus de vingança. Gostaria de compartilhar com você as seguintes reflexões de João Calvino a esse respeito, uma vez que ele soube expressar estas ideias muito melhor do que eu:

“Vimos em outro trecho que os amalequitas foram os primeiros a lançar um ataque hostil contra o povo, tentando interromper sua viagem; além disso, Moisés já havia informado o povo da sentença de Deus contra eles, cuja execução Ele agora ordena. Em seguida, Deus jurou que haveria guerra perpétua contra eles por todas as idades; além disso, a fim de que Suas ameaças não fossem frustradas, Ele deu a Seu povo a responsabilidade de vingar a grande crueldade e impiedade desse povo. Embora os israelitas não estivessem infligindo nenhum dano ou perda aos amalequitas, estes cometeram um ato de injustiça ao travar uma guerra contra um povo pacífico que se dirigia para outra terra sem cometer infração alguma .

“Mas eles violaram a humanidade ainda mais gravemente ao não poupar os seus próprios parentes, descartando assim qualquer sentimento natural. Gênesis xxxvi.12 deixa claro que os amalequitas eram descendentes de Esaú; daí, segue-se que ambos os grupos eram do mesmo antepassado, Isaque. É verdade que esse mandamento (de que o povo devia retaliar pelo mal que lhe fora feito) não parece estar em sintonia com a religião. Minha resposta é que o propósito dessas palavras não era estimulá-los a ter sentimentos vingativos, mas ordená-los a castigarem os pecados de Amaleque com a mesma severidade com a qual deviam castigar os pecados das outras nações. É verdade que Deus parece influenciá-los, usando sua motivação pessoal ao mencionar a crueldade com o qual os amalequitas os atacaram; no entanto, devemos julgar as intenções do Legislador com base em Sua natureza, porque sabemos que Deus não pode aprovar nenhuma paixão iracunda ou odiosa; portanto, é fácil concluir que o caráter do mandamento era tal que o povo era capaz de obedecê-lo com zelo bem controlado.

“Identifica-se a origem inicial de seu crime, a saber, “e não temeu a Deus”, uma vez que não devemos entender essa expressão de acordo com o seu sentido comum, mas como uma explicação de que sua rebelião contra Deus foi, por assim dizer, intencional. Pois era impossível que não estivessem cientes da promessa que fora dada a Abraão e Isaque; no entanto, assim como Esaú, o fundador de sua raça, tinha perdido a primogenitura, aconteceu que eles tentaram frustrar a aliança de Deus, motivados por uma inveja perversa e sacrílega; é por isso que ele os coloca na mesma categoria que as nações réprobas, destinando-os à mesma destruição”.
(Comentários de Calvino, II, 400-1)