Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Juízes 1:1–7

Hoje começaremos o nosso estudo do livro dos Juízes no Velho Testamento.

Plano de fundo:

Em geral considera-se que Samuel escreveu o Livro dos Juízes: um livro sobre líderes militares (em vez de líderes espirituais) que libertaram o povo de Deus de seus inimigos. Abrange um período de 350 anos (ou 300 anos, de acordo com os cálculos de alguns estudiosos) e acredita-se (com base nas seguintes observações) que foi escrito durante a vida de Samuel, quando Israel já tinha um rei:

- O livro menciona que "naquela época não havia rei em Israel" (Juízes 21:25).

- Os cananeus ainda não tinham sido expulsos de Gezer, algo que ocorreu durante o reinado de Salomão (Juízes 1:29; 1 Reis 9:16).

- Provavelmente foi escrito antes da conquista de Jerusalém por Davi (Juízes 1:21; 1 Crônicas 11:4-7).

- Sidom, e não Tiro, ainda era considerada a capital da Fenícia (Juízes 1:31, 3:3, 10:6, 18:28; 2 Sam. 5:11).

Ao contrário do livro de Josué, a época descrita neste livro foi uma de apostasia, caracterizada por um ciclo vicioso no qual Deus castigava os israelitas com derrotas nas mãos de seus inimigos e o resgatava novamente por meio de juízes levantados por Ele quando o povo se arrependia, só para vê-lo voltar à apostasia. Este período da história do povo de Deus pode ser resumido com o último versículo do livro: "Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo" (21:25).

Ao todo houve 15 juízes, 13 dos quais são mencionados neste livro (os outros dois, Eli e Samuel, são mencionados no Livro de 1 Samuel).

(1) Compare o início do Livro dos Juízes com o do Livro de Josué:

a. Que semelhanças existem entre o início dos dois livros, e portanto entre os dois períodos da história de Israel que representam?

b. Ao mesmo tempo, existem certas diferenças. Quais são?

(2) Deus já tinha cumprido s promessa que tinha feito a Moisés e Josué? Por que ou por que não?

(3) O que significa a pergunta do povo em 1:1 com relação à promessa de Deus para eles?

(4) Por que eles tiveram que fazer essa pergunta? Não era o dever de cada tribo tentar tomar posse de qualquer território já repartido a ele, mas que ainda não tinha sido reivindicado?

(5) Alguns acham que o pedido de Judá foi uma manifestação de sua falta de fé; outros acham que foi a decisão mais correta e prudente. O que você acha? Por quê?

(6) Por que sua campanha foi bem-sucedida? A que a Bíblia atribui seu sucesso?

(7) O que o escritor bíblico procurou ensinar pela boca de Adoni-bezeque (literalmente, "o senhor de Bezeque")?

(8) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O ideal da teocracia

"Depois da morte de Josué, os israelitas perguntaram ao Senhor: 'Quem de nós será o primeiro a atacar os cananeus?'." (NVI-PT) (Juízes 1:1)

Por que Deus não nomeou um sucessor para Josué? Ele não tinha nomeado Josué como sucessor de Moisés? Ao não nomear nenhum sucessor, Ele não criou circunstâncias propícias para o povo pedir um rei?

O fato de o povo ter pedido um rei mais tarde (1 Sam. 8:5), e que Deus tenha dito a Samuel que não estavam rejeitando a ele, mas Deus como seu rei (1 Sam. 8:7), mostra claramente que a intenção de Deus para a política nacional de Israel era que fosse uma Teocracia.

É verdade que Moisés tinha sido uma personagem quase divina para Israel que ainda hoje é reverenciado pelo povo judeu. No entanto, o propósito da nomeação de Josué era que ele supervisionasse uma transição para a teocracia. O fato de o povo não ter reverenciado Josué no mesmo grau que Moisés revela que ele cumpriu sua missão com sucesso ao ser o líder e porta-voz de Deus enquanto mantinha o povo unido e dependente de Javé como um só povo sob Seu governo.

Agora eles já tinham sua terra; também tinham um código completo de leis que tinham seguido por muito tempo, o tabernáculo para adorar, o Sumo Sacerdote que podia consultar a Deus por meio do “Urim e o Tumim” (Êxodo 28:30) e os anciãos do povo. Em outras palavras, eles tinham tudo o que era necessário para ser um povo sob o governo de Deus. Eles mostraram isso por meio de suas ações logo após a morte de Josué:

  • Perguntaram a Jeová quem deveria subir primeiro e lutar contra os cananeus; isso nos mostra que eles não tinham esquecido sua missão.
  • Também nos mostra que eles ainda eram "um só povo sob Deus" que compartilhava a mesma mentalidade.
  • Além disso, mostra que eles consultavam a Jeová, sem dúvida por meio do Sumo Sacerdote com o "Urim e o Tumim".

Na verdade, o povo não precisava de um rei, desde que praticasse o que era ensinado na lei, buscasse a Jeová em todos os seus caminhos e que os sacerdotes cumprissem o seu dever.

Aliás, por mais triste que tenha sido esse período de sua história, o relato de Eli no início do Livro de Samuel revela que o Sumo Sacerdote continuava sendo o último recurso do povo para orientação espiritual e nacional; no entanto, também mostra claramente que os sumos sacerdotes não tinham cumprido seus deveres. Esse foi, talvez, o principal motivo de seu declínio, pois cada um fazia o que lhe parecia apropriado (Jz 21:25). Os próprios sumos sacerdotes tinham abandonado sua liderança espiritual; eles mesmos não temiam a Deus. Efetivamente, a deterioração espiritual sempre começa com os líderes.

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Juízes 1:8–26

(1) Você consegue se lembrar dos nomes das cidades mencionadas nesta passagem que foram conquistadas com sucesso por Judá?

(2) Todos sabemos da importância histórica que teve Jerusalém. Você sabe o quão importante era Hebrom (Quiriate-Arba/Sefer) naquela época? (vide Gênesis 23:2; 35:27)

(3) O autor do livro de Juízes inclui alguns detalhes sobre a captura de Hebron (Quiriate-Arba/Sefer) por Calebe que não foram mencionados no relato do mesmo evento em Josué 15:13-19:

a. Por que Calebe deu um pedaço de terra no Negev sem fontes de água à sua filha?

b. O que Acsa disse a seu marido para fazer?

c. Por que ela mesma teve que apresentar o pedido a Calebe?

d. Qual pode ter sido o motivo do autor (além da historicidade) ao incluir essa história no livro (ou seja, o que você não teria aprendido se esse incidente não tivesse sido registrado na Bíblia)?

(4) O que significa a inclusão de um grupo de pessoas não-israelitas, a saber, os queneus, descendentes do sogro de Moisés?

(5) Se “o Senhor estava com os homens de Judá”, por que eles não conseguiram expulsar os povos das planícies, independentemente de os inimigos terem ou não carros de ferro?

(6) Por que os benjamitas não conseguiram expulsar os jebuseus em Jerusalém?

(7) Em que sentido a história da conquista de Betel é semelhante à de Jericó em Josué 2? Qual é a mensagem de ambas as histórias?

(8) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A liderança começa em casa

"Um dia, quando já vivia com Otoniel, ela o persuadiu a pedir um campo ao pai dela. Assim que ela desceu do jumento, Calebe lhe perguntou: 'O que você quer?.” (NVI-PT) (Juízes 1:14)

A inclusão deste pequeno relato parece ser bastante irrelevante, tanto no Livro de Josué (Josué 15:13-19) quanto no Livro dos Juízes. Para dizer a verdade, ninguém se importaria se essa história não tivesse sido incluída. Porém, uma vez que a Bíblia é a Palavra de Deus, creio que esta pequena história tem um significado específico.

Este período da história dos judeus é marcado por um dos pontos mais baixos com relação à sua fé em Javé. Como mencionamos na introdução, o último versículo do livro sintetiza muito bem a realidade que caracterizava o período: “cada um fazia o que lhe parecia certo . A Lei de Moisés não era respeitada, Jeová não era temido e a autoridade não era respeitada, nem mesmo dentro da família. Este pequeno episódio nos mostra um pouco desta última característica.

Calebe era um homem de fé: ele foi um dos dois únicos espiões (entre doze) que tiveram fé para conquistar a Terra Prometida, e parece que sua fé não tinha vacilado nem um pouco, mesmo aos 85 anos de idade (Josué 14:10). No entanto, esse episódio parece sugerir que houve uma pequena alteração que se manifestou em sua vida familiar:

- Talvez não tenha sido incomum no Antigo Oriente que um líder tribal oferecesse sua filha como recompensa (ou isca) para convencer os jovens a lutarem pela tribo. No entanto, dada a fé e a força física de Calebe (de acordo com as suas próprias palavras), parece estranho que ele tenha recrutado outros para lutar em seu lugar ao invés de lutar sozinho.

- É verdade que ele cumpriu sua promessa e deu um pedaço de terra a Otoniel, seu novo genro (talvez considerado-o um dote para o casamento); no entanto, o que nos surpreende é o fato de ele não ter entregado o controle das fontes junto com as terras. Naquela época, a terra não valia muito sem isso.

- Isso não agradou a sua filha, Acsa, que inicialmente instou o marido a exigir o controle das fontes. Não é de se admirar que o genro não tenha tido coragem de pedir isso; por isso, ela decidiu resolveu o problema por conta própria. O autor de Juízes retrata agilmente um ambiente de confronto quando diz: "Assim que ela desceu do jumento ..." (1:14). Além de ser um sinal de impaciência, isso foi um gesto de menosprezo para com o seu pai.

Como já mencionei, a inclusão desse relato não foi acidental; ele nos descreve um quadro do declínio espiritual desse período e mostra claramente que esse tipo de declínio começa em casa.

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Juízes 1:27–36

(1) A lista das tribos que não conseguiram expulsar seus inimigos conforme ordenado por Jeová começa a crescer: além de Judá e Benjamim, agora inclui as tribos de Manassés, Efraim, Zebulom, Aser, Naftali e Dã. Os capítulos seguintes nos dão mais detalhes sobre as razões específicas, mas você já pode imaginar o seguinte:

a. O que os cananeus teriam pensado sobre os israelitas e seu Deus, a quem eles uma vez temiam com pavor (Josué 2:9)?

b. O que os israelitas teriam pensado sobre Deus e Sua promessa?

c. E Jeová? Como ele teria se sentido ao ver o fracasso de Seu povo, que não expulsou seus inimigos apesar de Sua promessa de vitória?

(2) No entanto, as condições nas quais algumas das tribos não expulsaram seus inimigos parecem ter sido bem diversas:

a. Que razão é dada para o fracasso de Manassés (e também de Zebulom e Neftali)?

b. Se essas tribos tinham poder suficiente para submetê-los a trabalhos forçados, não poderiam tê-los expulsado de uma vez? De quem foi a culpa?

c. Que perigo a convivência dos efraimitas com os cananeus representava para eles (e também para a tribo de Aser)?

d. No entanto, a tribo mais deplorável de todas foi Dã. Você concorda? Por quê?

(3) Esses fracassos dos israelitas em sua missão de expulsar seus inimigos é uma das lições espirituais mais preciosas que podemos aprender sobre as nossas próprias falhas ou vitórias sobre o pecado. Que lições podemos aprender com os fracassos das seguintes tribos?

a. Manassés, Zebulom e Naftali

b. Efraim e Aser

c. Dã

(4) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Uma falta de determinação

“… pois os cananeus estavam decididos a permanecer naquela terra. 28 Quando Israel se tornou forte, impôs trabalhos forçados aos cananeus, mas não os expulsou completamente." (NVI-PT) (Juízes 1:27-28)

O fracasso dos israelitas em sua missão de expulsar seus inimigos é um exemplo muito gráfico da carnalidade e dos nossos próprios fracassos na vida cristã. É difícil não notar os pontos de comparação.

Por exemplo, a Bíblia fala repetidamente sobre a determinação dos cananeus de resisti-los e permanecer na terra, mas nenhuma vez diz que os israelitas estavam determinados a expulsar os cananeus.

Uma coisa é fracassar em sua missão de expulsar os cananeus, mas ter a capacidade de submetê-los a trabalhos forçados sem expulsá-los é outra bem diferente. Se eles eram fortes o suficiente para submeter seus inimigos a trabalhos forçados, por que não podiam expulsá-los? Isso é um exemplo claro de falta de determinação por parte dos israelitas.

O mesmo se aplica ao nosso desejo de resistir a certas tentações. Muitas vezes não é uma questão de falta de forças para resisti-los, mas uma de falta de determinação para erradicá-los. Há vários anos, um certo membro do meu pequeno grupo sabia que era errado ver pornografia. Ele queria viver uma vida santa; por isso, um dia ele pediu ao grupo que orasse por ele. Quando o vimos na semana seguinte, perguntamos como estava indo seu projeto para se livrar das revistas pornográficas. Ele disse com um sorriso: "Oh, já guardei todas as revistas". E quando o pressionamos para nos dizer onde os tinha guardado, ele disse: "Coloquei as revistas no armário". Todos nós suspiramos, porque sabíamos que ele não estava determinado a se livrar delas.

Steve Farrar disse algo muito perspicaz e humorístico sobre a necessidade de determinação na hora de lidar com a tentação. Ele disse: "Não deixe nenhum endereço de encaminhamento!"

Quando os israelitas decidiram não expulsar totalmente os cananeus, mas simplesmente fechá-los no "armário" do trabalho forçado, eles não só deixaram um endereço de encaminhamento, mas também permitiram que eles morassem no seu quintal, algo que acabou levando o povo a contrair casamentos mistos e à idolatria.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Juízes 2:1–5

Ontem refletimos sobre como Deus teria se sentido diante do fracasso dos israelitas em sua missão de expulsar seus inimigos quando Ele já lhes havia prometido a vitória. O texto de hoje nos dá a resposta nas palavras do anjo de Jeová (que, segundo Keil e Delitzsch, “é essencialmente um com Jeová”, ou seja, a segunda pessoa da Trindade):

(1) De acordo com a razão dada pelo anjo de Jeová, por que Deus não tinha guardado Sua aliança?

(2) Embora os israelitas tivessem sido culpados de uma violação total da aliança, a reação de Deus era um sinal de que Ele também a tinha violado totalmente? Por que ou por que não?

(3) Faça uma lista dos pecados que o povo cometeu ao violar sua aliança com Deus. Por que eles decidiram pecar contra Deus intencionalmente?

(4) Qual foi o castigo de Deus como resultado de seus pecados?

(5) Foi realmente um castigo de Deus, ou uma consequência natural de suas obras? (Ou foi ambos?)

(6) Quando pecamos intencionalmente contra Deus e trazemos resultados desastrosos sobre nós mesmos, como podemos distinguir se se trata de um castigo de Deus ou de uma consequência natural das nossas próprias ações?

(7) Por que o povo reagiu às palavras do anjo de Jeová com lágrimas? Isso foi um sinal de arrependimento? Por que ou por que não?

(8) O que significou sua apresentação de sacrifícios?

(9) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O anjo de Jeová

"O Anjo do Senhor subiu de Gilgal a Boquim e disse... " (NVI-PT) (Juízes 2:1)

Muitos estudiosos, especialmente os liberais, descartam qualquer noção de que o "Anjo do Senhor" seja mais do que um simples mensageiro humano. No máximo, dizem que é um profeta enviado por Deus como seu porta-voz. Mas Keil e Delitzsch, dois comentaristas famosos, dizem o seguinte sobre o anjo de Jeová:

“Na narrativa histórica simples, um profeta nunca é chamado Maleach Jehovah. Os profetas são sempre chamados (por outros nomes) ou pela designação 'homem de Deus', como em 1 Reis 12:22; 13:1, etc. … Além disso, nenhum profeta se identifica tão completamente com Deus quanto o anjo de Jeová aqui. Os profetas sempre fazem uma distinção entre si mesmos e Jeová, apresentando suas palavras com a declaração, 'assim diz o Senhor', como fez o profeta mencionado no cap. 6:8... Por outro lado, fica claro pelo sacrifício em Boquim (onde não havia santuário de Jeová) que aquele que apareceu ao povo não era um profeta, nem mesmo um anjo comum, mas o anjo de Jeová que é essencialmente um com Jeová."
(Keil & Delitzsch, vol. 2, 192-4)

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Juízes 2:6–13

Este capítulo nos dá um resumo ou recapitulação de basicamente toda a história de Israel durante o período dos juízes:

(1) Como a Bíblia descreve sua terra? Qual é a importância dessa descrição?

(2) Num sentido espiritual, qual é a nossa herança como cristãos? Será que nós realmente já possuímos a nossa herança e desfrutamos dela?

(3) Juízes 2:10 diz: “… surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel”.

a. Como era possível que essa nova geração não conhecesse o que Jeová tinha feito por Israel? De quem foi a culpa?

b. O que significa a palavra conhecer?

(4) Que lições importantes podemos aprender sobre a importância de transmitir o “conhecimento” de Jeová à próxima geração?

(5) Os vv. 11-13 descrevem o primeiro “Ato” dessa espiral descendente que se repete ao longo do período dos juízes e sempre começa com os pecados do povo. Tente destacar ou fazer uma lista todos os "verbos" usados nesses versículos para descrever os atos pecaminosos do povo. Depois faça o seguinte:

a. Compare-os com as obras do Israel atual.

b. Compare-os com as obras do mundo ocidental pós-cristão.

Qual desses grupos você acha que tem "provocado" mais a ira de Deus? Por quê?

(6) Qual seria a palavra mais apropriada para descrever o pecado do povo de Deus nesta passagem: Rebelde? Desobediente? Infiel? Traidor? Ímpio? Você consegue pensar em alguma palavra mais apropriada?

(7) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Um círculo vicioso (
I)

"Então os israelitas fizeram o que o Senhor reprova ..." (NVI-PT) (Juízes 2:11)

Ao estudarmos sobre o círculo vicioso (ou a espiral descendente) da triste história dos israelitas durante esse período dos juízes, é interessante ler a seguinte observação de Charles Swindoll ao respeito desse período:

Foi interessante ouvir de um certo historiador que a duração média da maioria das civilizações do mundo é de aproximadamente 200 anos. Quase sem exceção, toda civilização passou por uma sequência de eventos semelhante à seguinte:

Da escravidão à fé espiritual...

Da fé espiritual à grande coragem...

Da grande coragem à liberdade...

Da liberdade à abundância...

Da abundância ao lazer...

Do lazer ao egoísmo...

Do egoísmo à complacência...

Da complacência à apatia...

Da apatia à dependência...

Da dependência à fraqueza...

Da fraqueza DE VOLTA À ESCRAVIDÃO..."

(The Insight for Living Study Bible, 234)
(tradução feita por Justin M. Hickey, 2023)

Eu me pergunto em que etapa deste ciclo estão os Estados Unidos e Canadá.

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Juízes 2:14–19

(1) Os vv. 14-15 descrevem o segundo "Ato" desta recorrente espiral descendente no período dos juízes: o castigo ou a disciplina de Deus:

a. Como na reflexão de ontem, tente destacar ou fazer uma lista de todos os “verbos” usados para descrever o castigo de Deus ao Seu povo.

b. Qual dos verbos se destaca como o mais trágico de todos? Por quê?

c. Uma coisa é opor-se aos inimigos humanos, e outra é opor-se a Deus. Qual é pior? Por quê?

d. Você já sentiu que estava resistindo a Deus? Como você descreveria esse sentimento? (Será que as palavras "grande angústia" seriam uma descrição adequada? Existe alguma saída?)

(2) Qual é o terceiro "Ato" deste ciclo vicioso?

a. Qual era a função dos juízes?

b. Apesar da libertação do povo das mãos de seus opressores por parte dos juízes, eles contribuíram para levar o povo ao arrependimento? Por que ou por que não?

c. Nesse caso, por que Deus se deu ao trabalho de libertá-los?

(3) Qual é o quarto “Ato” desse ciclo vicioso, o qual ocorria após a morte do juiz que havia na época? Você concorda comigo em chamar esse ciclo recorrente de “espiral descendente”? Por que ou por que não?

(4) Reserve um tempo para fazer uma autoavaliação: o seu andar com Deus tem características desse padrão que houve na vida dos israelitas durante o período dos juízes?

(5) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Um ciclo vicioso (II)

"Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os ..." (NVI-PT) (Juízes 2:19)

Em 2:10-19, o autor do livro de Juízes basicamente nos dá um resumo do círculo vicioso, uma das imagens mais lamentáveis de toda a história do povo de Deus, e uma que caracteriza o período dos Juízes.

O ciclo é parecido com uma peça de teatro:

Ato I: Rebelião contra Javé – Alguns chamam esta fase a etapa de desobediência, mas eu prefiro o termo "etapa de rebelião", uma vez que a palavra "desobediência" pode se referir à simples violação da lei de Deus. No entanto, o povo se afastoava dEle, servindo e se curvando a outros deuses. Não se consideravam mais um povo sob o governo de Deus. Eles tinham abandonado sua identidade.

Ato II: Castigo ou Disciplina – De fato, ao invés de o povo não conseguir expulsar os cananeus e precisar conviver com eles, a situação agora era a inversa. Os israelitas eram os que estavam sendo saqueados e atacados, e que viviam sob constante opressão e medo. Alguns chamam esta fase a etapa de punição, mas eu o chamaria a etapa de castigo ou disciplina, uma vez que a palavra "punição" poderia sugerir que o relacionamento foi destruído; no entanto, Deus permaneceu fiel, embora o povo tenha sido infiel (2 Timóteo 2:13).

Ato III: Libertação – Em resposta aos “gemidos deles diante daqueles que os oprimiam e os afligiam” (Juízes 2:18), Jeová levantava um juiz para resgatá-los. Isso com certeza é uma evidência da compaixão de Deus. Embora os israelitas tivessem violado sua aliança com Jeová, Éle cumpria Sua parte da aliança, dando-lhes uma oportunidade após outra de se arrependerem e voltarem para Ele.

Ato IV: Rebelião – Infelizmente, assim que recebia alívio de suas angústias, o povo abandonava Jeová muito rapidamente, como um porco que insiste em voltar para a lamaçal. A razão pela qual eu chamo esse ciclo recorrente de "espiral descendente" é por causa do que diz o v. 19, que faz a seguinte acusação contra o povo: "Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados ..." A Bíblia não os compara a seus antepassados no deserto, somente à geração imediatamente anterior sob o juiz anterior. O v. 2:22 diz que, na verdade, eles não podiam nem ser comparados com seus antepassados!

Se a vida de seus antepassados no deserto é uma advertência para nós (1 Coríntios 10:11), quanto mais estas gerações de israelitas sob os juízes!

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Juízes 2:20–3:6

(1) Esta passagem (em 2:20-23) contém uma explicação interessante de por que Jeová permitiu que as nações ficassem na terra, sem expulsá-las "imediatamente", nem mesmo na época de Josué. Em que sentido Deus estava provando Israel ao permitir que essas nações ficassem? Não foi consequência das ações dos próprias israelitas? Como conciliar essas duas noções aparentemente contraditórias?

(2) Ao chamá-lo de prova, o texto sugere que Israel era capaz de passá-la. Você concorda? Nesse caso, como eles poderiam ter passado esta prova?

(3) Pelo menos um dos propósitos de deixar as nações entre o povo foi "para treinar na guerra os descendentes dos israelitas, pois não tinham tido experiência anterior de combate" (3:2). Você não acha que esse propósito é um pouco estranho? Por que ou por que não?

(4) Como os israelitas (especialmente sob a liderança de Josué) aprenderam a guerrear, e quão diferente foi a sua maneira de guerrear daquela das nações?

(5) O que a Bíblia enfatiza ao afirmar que as nações tinham sido deixadas "para pôr à prova todos os israelitas"?

(6) De acordo com o v. 5, qual foi o resultado da prova?

(7) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
As provas
de Deus

"São estas as nações que o Senhor deixou para pôr à prova todos os israelitas que não tinham visto nenhuma das guerras em Canaã." (NVI-PT) (Juízes 3:1)

A princípio, o modo como o escritor da Bíblia explica por que Deus permitiu que as nações permanecessem entre os israelitas, sem expulsá-los, parece bastante estranho. Por um lado, o texto deixa bem claro que aqueles que falharam em sua missão de desalojar e expulsar seus inimigos foram os israelitas. Mas Juízes 2:20-3:4 nos ajuda a entender que, na verdade, a mão de Deus também estave em tudo:

(1) É verdade que enquanto os cananeus estavam determinados a ficar na terra, os israelitas não tinham a mesma determinação de expulsá-los conforme à ordem inequívoca de Jeová. No entanto, "se" Deus tivesse querido, Ele poderia ter intervindo para garantir que todos os inimigos fossem expulsos. Mas Ele não fez isso.

(2) Ao tolerar as fraquezas e fracassos do povo, Deus decidiu aproveitar a oportunidade para prová-los e ver se, apesar dessas fraquezas e fracassos, eles "procurariam ou não seguir o caminho do Senhor, andando nele, como seus pais fizeram" (2:22). Em outras palavras, Deus confiava neles. Seus antepassados tinham andado nos caminhos de Deus sob a liderança de Josué; eles não se casaram com as filhas das nações vizinhas e não serviram nem adoraram seus deuses. Portanto, eles não podiam culpar suas circunstâncias, as quais eram exatamente as mesmas que havia na época de Josué.

(3) No entanto, a observação mais interessante aparece em 3:1-4, a saber, o propósito de Deus ao deixar as nações vizinhas "para treinar na guerra os descendentes dos israelitas, pois não tinham tido experiência anterior de combate". À primeira vista, isso parece um absurdo. No entanto, esquecemos que para o povo de Deus a guerra era um assunto totalmente diferente do que para as nações. Para o povo de Deus, especialmente sob a liderança de Josué, Jeová era o "comandante do exército do Senhor" (Josué 5:14). Suas batalhas sempre eram as batalhas de Jeová; portanto, a vitória era alcançada “não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito” (Zacarias 4:6). É por isso que a presença das nações ao seu redor foi uma oportunidade para o povo aprender a confiar em Deus.

Esta é uma verdade espiritual muito importante, até mesmo para nós hoje. Como filhos de Deus, inclusive as nossas fraquezas e fracassos podem ser usadas por Ele como provas para nos levar ao arrependimento e nos fazer voltar a Ele. Mas não é só isso: mesmo dentro do poço de angústia que cavamos para nós mesmos, Deus não nos abandona. Podemos até ficar mais fortes e nos recuperar quando aprendemos a confiar nEle. Tão grande é a compaixão e bondade do nosso Deus e Salvador!