Nesta semana continuaremos o nosso estudo do livro de Esdras no Antigo Testamento.
Diante da paralisação da iniciativa de reconstrução após o lançamento dos alicerces do templo no ano 538 a.C., Deus levantou os profetas Ageu e Zacarias durante o reinado de Dario (provavelmente por volta de 519 e 518 a.C.) para profetizar e encorajar o povo a retomar o trabalho. A oposição mostrou sua face horrenda mais uma vez, mas o povo de Deus não cedeu à sua pressão, e enquanto a obra prosseguia o governador da província além do Eufrates e seus associados enviaram uma carta ou relatório a Dario:
(1) Pode-se presumir que nenhum registro foi encontrado na Babilônia, mas a busca continuou em Ecbatana, o palácio de verão do rei persa, onde o decreto original de Ciro foi achado—um esforço louvável, não porque Dario tenha sido um adorador de Javé, mas porque ele era (de acordo com outros relatos históricos) um rei generoso que procurava honrar os principais deuses que sua população adorava. De qualquer forma, Deus pode usar reis e governantes incrédulos para cumprir Seus propósitos. Você consegue pensar em outros exemplos semelhantes nas Escrituras?
(2) O vv. 3-5 dão mais detalhes sobre o conteúdo do decreto de Ciro. Compare esses versículos com 1:2-4 para ver quais informações e perspectivas adicionais este decreto nos dá.
(3) Compare o tamanho estabelecido pelo decreto de Ciro com o do templo de Salomão (1 Reis 6:2). Qual pode ter sido a intenção de Ciro?
(4) Qual foi o parecer imediato de Dario no v. 7 em resposta ao pedido dos funcionários da província do outro lado do Eufrates? Por que (além da possível conveniência política) ele concordou com os judeus?
(5) Além de permitir a retomada da reconstrução do templo, Dario deu ordens adicionais para apoiar a obra nos vv. 8-10. Essas ordens abrangiam as despesas "destes homens", e foi especificado que isso incluía o que eles precisavam para os holocaustos e ofertas diárias. De acordo com o v. 10, qual era o propósito de Dario ao fazê-lo?
(6) Em seguida, uma maldição foi pronunciada contra qualquer pessoa que violasse o decreto, um aspecto típico dos decretos reais da época.
a. Você acha que os líderes judeus e seu povo esperavam esse desfecho?
b. O que você acha que eles estavam fazendo sob a direção de Ageu e Zacarias enquanto essa petição estava sendo processada?
c. Que lição podemos aprender para quando enfrentamos a oposição do mundo ao Senhor e Seu povo?
(7) Você consegue imaginar como o governador peticionário e seus companheiros teriam se sentido ao receberem este edito do rei? O que eles fizeram sobre isso?
(8) Faça uma pausa e reflita sobre a mensagem principal para você hoje. Como você pode aplicá-lo em sua vida?
"Agora, então, Tatenai, governador do território situado a oeste do Eufrates, e Setar-Bozenai, e vocês, oficiais dessa província e amigos deles, mantenham-se afastados de lá." (NVI-PT) (Esdras 6:6)
Para cumprir Sua promessa a Seu povo, Deus comoveu o coração de Ciro, um rei gentio, para permitir que Seu povo exilado voltasse para Jerusalém (Esdras 1:1). E embora a obra de reconstrução tenha ficado parado por cerca de 20 anos (entre os anos 538 a.C e 519 a.C.) devido à debilidade do povo e à realidade da oposição oficial, ela foi retomada com ajuda da pregação e profecia de dois profetas fiéis, Ageu e Zacarias. Isso não quer dizer que a oposição tenha desaparecido automaticamente, mas que quando o povo de Deus confia nEle e obedece a Seus mandamentos, Ele faz Sua parte, cumprindo Sua promessa. Assim, embora os inimigos tenham pensado que o rei estaria do seu lado, descobriram que eles estavam completamente errados. Os eruditos e historiadores geralmente consideram o edito de Dario nada mais do que um expediente político:
“Esses versículos (isto é, Esdras 6:8-10) descrevem Dario como um rei generoso. Isso concorda com o que outras fontes nos informam sobre ele. Ele tinha um interesse particular na restauração dos cultos específicos em seu império e contribuía generosamente para sua restauração. Sabemos que esteve envolvido em obras no Ocidente entre os gregos, e até no Egito (por exemplo, no culto da deusa Neit). Ele estava interessado nos detalhes das práticas dos cultos e dava instruções com detalhes minuciosos, talvez devido à antiga crença do Oriente de que o procedimento correto devia ser seguido para não despertar a ira de um deus específico. À luz disso, sua generosidade é compreensível, assim como sua descrição cuidadosa dos sacrifícios... provavelmente depois de receber informações de judeus próximos à sua corte... Também vale a pena notar que essas instruções cobriam somente os sacrifícios diários, e não os sacrifícios especiais ligados às grandes festas. Em troca de seu generoso suprimento de material para os sacrifícios, ele pediu orações por si mesmo e por seus filhos... embora Darío tenha reverenciado sobretudo Ahuramazda, dado o contexto mundial politeísta, é compreensível que ele tenha desejado garantir o favor de todos os deuses em seu império." (NICOT, Esdras e Neemias, 47-8)
Embora a explicação de Charles Fensham seja bastante razoável, ela só serve para confirmar que Deus pode usar qualquer pessoa, até mesmo um rei politeísta como Dario, para realizar Seu plano para Seu povo.
A construção deste “segundo” templo foi concluída no sexto ano do reinado do rei Dario (em 516 a.C.).
(1) A Bíblia atribui a conclusão do projeto à pregação contínua dos profetas Ageu e Zacarias, dizendo que "dessa maneira, os líderes dos judeus continuaram a construir e a prosperar, encorajados pela pregação dos ..." (6:14a):
a. Em outras palavras, o que teria acontecido sem a pregação desses profetas?
b. À luz disso, o que devemos pensar sobre a importância da pregação para a vida de crentes individuais e da igreja?
(2) A Bíblia também liga a conclusão do templo à "ordem do Deus de Israel e os decretos de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, reis da Pérsia" (6:14b):
a. O que a Bíblia procura ensinar com isso?
b. Qual a importância da sequência dessa declaração?
(3) Embora a celebração da dedicação do templo não tenha provocado uma reação emocional tão dramática quanto o lançamento dos alicerces (3:13), a Bíblia diz que foi celebrada com alegria (6:16). Imagine que você fosse Ageu ou Zacarias. Como essa dedicação teria sido motivo de alegria para você?
(4) Um grande número de touros, carneiros e cordeiros foram sacrificados na dedicação do templo. Só por curiosidade, compare esse número com aquele dos sacrifícios que foram apresentados na dedicação do primeiro templo (1 Reis 8:63):
a. O número dos sacrifícios nesta segunda dedicação nem chegavam perto do número daqueles que foram apresentados por Salomão. Isso realmente importa? Por que ou por que não?
b. Também não houve nenhuma oração tão eloquente quanto a de Salomão (1 Reis 8:22-53). Isso realmente importa? Por que ou por que não?
(5) Ao contrário da dedicação do templo de Salomão, esta dedicação, devido à temporada em que foi celebrada, foi seguida pela celebração da Páscoa. Qual teria sido o significado especial desta celebração da Páscoa para os "exilados" da época?
(6) Vale a pena notar que ao longo dos 21 anos de paralisação da obra de reconstrução, alguns dos exilados já tinham se associado com "práticas impuras" de seus vizinhos (6:21):
a. Que lição podemos aprender com isso?
b. Quão importante era a existência do templo de Deus e a restauração da adoração para o bem-estar espiritual do povo de Deus?
(7) Sabemos que a Festa dos Pães Asmos é uma parte integrante da festa da Páscoa que é celebrada imediatamente após o dia da Páscoa. Que lições esse povo de Deus precisava aprender com essa celebração específica da Festa dos Pães Asmos?
(8) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém... em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade." (NVI-PT) (João 4:21-23)
Alguns comentaristas acham que a oferta de somente 100 touros, 200 carneiros, 400 cordeiros e (especialmente) 12 bodes como oferta pelo pecado é um sinal da relativa pobreza dos exilados que tinham voltado a Jerusalém. É claro que essas ofertas não se comparam aos 22.000 bois e 120.000 ovelhas e cabras que Salomão ofereceu na dedicação do primeiro templo (1 Reis 8:63); no entanto, isso não necessariamente quer dizer que esses exilados eram pobres. Nas palavras de Ageu, alguns deles viviam em "casas de fino acabamento", um sinal de relativa opulência (Ageu 1:4).
Mas para a adoração de Jeová não importava se eles eram ou não eram pobres:
- Não obstante a magnificência o templo de Salomão, ela foi completamente destruído no ano 586/7 a.C., depois de ter existido por aproximadamente 365 anos.
- Este segundo templo, concluído em 516 a.C., seria destruído em 70 d.C., depois de ter existido por 585 anos.
- O primeiro templo foi dedicado com muita pompa e solenidade, com um número inigualável de animais e com a alegria do espírito de riqueza, poderio militar e vitória
- O segundo templo foi dedicado com muito menos alarde, mas com a alegria da humildade e da contrição, daí a menção dos 12 bodes como oferta pelo pecado.
- O primeiro templo foi inaugurado com uma das orações mais longas e eloquentes de toda a Bíblia, proferida por Salomão, que gastou muito mais tempo para construir seu próprio palácio (um total de 13 anos, quase o dobro dos 7 anos que foram necessários para construir o templo).
- Embora nenhuma oração tenha sido registrada para a dedicação do segundo templo, a Bíblia nos lembra que a conclusão da obra do templo foi resultado da pregação dos profetas.
De certa forma, se eu pudesse escolher, preferiria estar presente na dedicação do segundo templo. Foi um tipo diferente de alegria, ou talvez tenha sido uma alegria que agradou mais ao Senhor porque brotava de um espírito de total dependência, contrição e indignidade —um verdadeiro espírito de gratidão!
No entanto, também havia certo ar de "exclusividade", uma vez que os israelitas excluíram deliberadamente seus vizinhos samaritanos da celebração, talvez com razão naquela época. Essa rejeição levou os samaritanos a desenvolver uma adoração a Javé em sua própria montanha (o Monte Gerizim) e desenvolver seu próprio Pentateuco (provavelmente por volta do ano 432 a.C.) Esse é o contexto do encontro entre Jesus e a mulher samaritana no poço em João 4. Naquela época, o segundo templo, que havia sido profanado por Antíoco Epifânio (c. 167/8 a.C.), estava sendo restaurado à sua antiga glória por Herodes. Mas Jesus previu sua destruição e chorou por Jerusalém (Mateus 24:2; 23:37-39), porque o foco da adoração tinha sido perdido—em essência, o templo tinha se tornado seu ídolo, enquanto “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura” (João 4:23).
Talvez haja uma lição para nós hoje. Vemos que a restauração da adoração no templo permitiu que aqueles que tinham se contaminado ao imitar as práticas impuras de seus vizinhos (especialmente os samaritanos) fossem separarados mais uma vez para Jeová; entretanto, acabaram perdendo a essência de seu culto, deixando somente uma mera observância dos rituais externos do culto e um cumprimento legalista dos deveres e proibições da Lei, fazendo uma arrogante discriminação contra os samaritanos. Da mesma forma, nossa adoração com outros crentes dentro da igreja que Deus graciosamente nos providenciou é de suma importância, tanto para a nossa identidade quanto para a nossa separação do mundo; no entanto, não deve se tornar uma fortaleza onde nos escondemos sem alcançar outros pelos quais Jesus veio e morreu. Caso contrário, ela também se tornará nosso ídolo.
O primeiro grupo de repatriados voltou por decreto de Ciro no ano 538 a.C.; foram eles que lançaram os alicerces do templo. Depois disso, a obra parou por aproximadamente 20 anos (até o ano 519 a.C.), e o templo só foi concluído em 516 a.C. Este capítulo descreve a volta de Esdras em 458 a.C. com outro grupo de repatriados por decreto de Artaxerxes:
(1) Os acadêmicos geralmente dizem que Esdras tinha algum tipo de posição importante, sendo uma espécie de secretário para o rei persa, de modo que o rei "lhe concedera tudo o que ele tinha pedido" (provavelmente com relação à viagem); Além disso, sua influência como sacerdote lhe permitiu recrutar outros sacerdotes, levitas, cantores, porteiros e servos do templo para acompanhá-lo:
a. Por que você acha que Deus enviou Esdras de volta a Jerusalém naquele exato momento, aproximadamente 58 anos após a conclusão do templo?
b. O que pode ter acontecido com os habitantes de Jerusalém durante aqueles anos?
(2) De todas as pessoas mencionadas neste livro, somente Esdras é mencionado com sua genealogia detalhada:
a. A que antepassado importante remonta a genealogia de Esdras?
b. Realmente era necessário incluir tantos detalhes sobre o a sua árvore genealógica?
(3) Uma tradução mais literal da declaração "Esdras tinha decidido dedicar-se a estudar a Lei do Senhor" (NVI-PT) é "Esdras tinha devotado o coração à lei (em três aspectos): a. estudá-la b. observá-la, e c. ensiná-la.
a. Por que é importante estudar a lei?
b. Por que é importante observar a lei?
c. Por que é importante ensinar a lei?
d. Qual é pior: estudar sem observar ou ensinar sem observar?
e. Qual é pior: ensinar sem estudar ou ensinar sem observar?
f. Qual a importância de fazer os três?
(4) Quanto tempo durou sua viagem? (Diz-se que a distância [em linha reta] entre Babilônia e Jerusalém é de aproximadamente 805 km ou 500 milhas.)
(5) Sua chegada em segurança é descrita com as palavras "a boa mão de seu Deus estava sobre el" (7:9). O que significa essa observação específica?
(6) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Pois Esdras tinha decidido dedicar-se a estudar a Lei do Senhor e a praticá-la, e a ensinar os seus decretos e mandamentos aos israelitas" (NVI-PT) (Esdras 7:10)
É interessante notar que Esdras só entra em cena aproximadamente 58 anos após a conclusão da reconstrução do templo e 79 anos após o decreto de Ciro que tinha convocado o povo de Israel a voltar a Jerusalém. Em outras palavras, esses dois eventos monumentais provavelmente tinham acontecido antes mesmo de ele nascer. Apesar disso, o livro de Esdras, que trata principalmente desses dois eventos, leva seu nome.
Não acredito que a razão pela qual este livro leva seu nome seja que ele o escreveu, pois as tradições judaicas nos dizem que os livros de Neemias e 1 e 2 Crônicas também foram escritos por ele. Sua inclusão no livro é importante porque destaca a importante verdade bíblica de que a construção do templo de Deus não era um fim em si mesma. O propósito do templo não era ser somente um lugar onde Deus era adorado, mas também um lugar onde a Lei de Deus era ensinada. Mesmo na época do Antigo Testamento, a adoração a Javé não podia ser praticada num vazio, mas dentro dos limites da Lei.
Que mensagem importante para nós hoje!
Com certeza, é impossível exagerar a importância da adoração na vida dos crentes. Mas ainda assim, sua centralidade está alicerçada na Palavra de Deus. Não importa quão emocional, sensacional, estimulante e real pareça uma experiência de adoração; quando não estiver em sintonia com a Palavra revelada de Deus ou não se basear numa compreensão adequada da Palavra de Deus, não sera uma verdadeira adoração.
Aparentemente, a falta de um mestre competente ou a falta de ênfase no ensino da Lei de Moisés tinha permitido que o culto a Javé se deteriorasse, tornando-se um ritual sem sentido que claramente não tinha impacto algum na vida cotidiana dos adoradores, que rapidamente se assimilaram novamente aos seus vizinhos pagãos. Mas Deus, de acordo com Sua providência, levantou Esdras dentre as famílias dos sacerdotes que tinham escolhido não voltar 79 anos antes. Ele lhe deu uma posição de destaque entre as elites do Império Persa; mas apesar disso, Ezra não se perdeu. Embora fosse um sacerdote que transitava entre a elite persa, dedicava-se não só ao estudo da Lei, mas também ao seu cumprimento, tanto que até o rei notava não só sua erudição, mas também seu caráter, confiando nele o suficiente para “lhe conceder[] tudo o que ele tinha pedido” (Esdras 7:6).
Deus levantou Esdras para garantir que a restauração da adoração de Javé não fosse apenas um ato simbólico, mas também algo verdadeiro — algo que transformaria a vida dos adoradores. Mas isso devia começar com o ensino da Palavra, e para o maestro começa quando ele é diligente no seu estudo e observação.
A passagem de hoje é principalmente um estudo do conteúdo da carta escrita pelo rei Artaxerxes e entregue a Esdras:
(1) Como o rei se dirigiu a Esdras? Qual poderia ser a importância desse título?
(2) Que grupo específico ele permitiu ou animou a ir com Esdras? Quais poderiam ser as implicações disso?
(3) Muitos eruditos acreditam que a menção do rei e seus sete conselheiros servia para validar a autenticidade desta carta, pois reflete um conhecimento histórico genuíno do Império Persa. Mais importante, qual era o valor simbólico da oferta voluntária do rei e dos sete conselheiros?
(4) Embora o número total de ofertas tenha sido impressionante (vide 8:26-27), o que é ainda mais significativo são suas diversas fontes. De acordo com o relato do rei, quem tinha feito uma oferta para o templo de Deus em Jerusalém?
(5) Qual era o propósito principal dessas ofertas?
(6) O rei especificou que outras necessidades eventuais do templo também poderiam ser supridas pela casa do tesouro real. Você acha que Ezra tomou a decisão certa ao aceitá-lo?
(7) Sabemos que em alguns países europeus (como a Croácia), os ministros da igreja ainda recebem seus salários do governo. Você acha que isso está correto?
(8) Embora ele tenha estabelecido um limite para a provisão do templo, o rei explicou o raciocínio por trás de sua ação generosa para com o templo de Deus no v. 23. Qual foi e o que você acha sobre sua motivação?
(9) Ao isentar os "ministros" da casa de Deus, o rei essencialmente estabeleceu o judaísmo como uma religião reconhecida dentro do império persa. Atualmente, há uma pressão constante na América do Norte para abolir quaisquer incentivos fiscais concedidos às igrejas e seus ministros. Devemos lutar para manter essas isenções ou não? Por quê?
(10) O que a carta do rei significava para Esdras? O que ele achou dessa provisão vinda de um rei secular para a obra de Deus?
(11) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Bendito seja o Senhor, o Deus de nossos antepassados, que pôs no coração do rei o propósito de honrar desta maneira o templo do Senhor em Jerusalém.” (NVI-PT) (Esdras 7:27)
A questão do uso de fundos do governo para a obra de Deus com certeza não é fácil. Além dos prós e contras frequentemente citados em relação à aceitação de fundos governamentais, o que é mais importante é o que a Bíblia diz sobre o princípio básico. Portanto, a pergunta importante que tendemos a fazer no caso de Esdras é se devemos seguir o exemplo do uso dos fundos de um rei pagão.
Devido aos seguintes dois aspectos únicos dos fundos recebidos por Esdras, não acredito que suas ações possam ser usadas como exemplo para decidir se devemos ou não usar fundos do governo:
1. Em nosso contexto, a concessão de recursos por parte de qualquer governo normalmente sujeita o recebedor à sua influência, ou até mesmo ao controle absoluto. Uma das razões pelas quais Esdras estava disposto a receber a provisão do rei era (talvez) o fato de ele poder decidir como usar os fundos, sem quaisquer restrições. Aliás, para enfatizar que Esdras de fato tinha o direito de usar os fundos do tesouro real como quisesse, o rei lhe deu autoridade para formar um governo local que funcionaria com sua própria lei, a Lei de Moisés, desde que não contradizesse ou prevalecesse sobre a lei da Pérsia (Esdras 7:25).
2. A outra consideração que deve ter influenciado Esdras a aceitar os fundos deste rei secular foi a missão central de sua viagem: Em sua carta, o rei disse: “Você está sendo enviado pelo rei e por seus sete conselheiros para fazer uma investigação em Judá e em Jerusalém com respeito à Lei do seu Deus, que está nas suas mãos” (NVI-PT) (Esdras 7:14). Em outras palavras, a missão de Esdras era inspecionar e garantir que o povo de Judá e Jerusalém estivesse vivendo de acordo com a Lei de Moisés. É óbvio que Esdras tinha tido a oportunidade de ensinar a Lei de Moisés até mesmo entre a elite dos governantes do Império Persa. Isso não quer dizer necessariamente que o rei e seus sete conselheiros tinham acreditado em Javé, mas que eles pelo menos tinham chegado a acreditar que a Lei de Moisés faria dos judeus bons cidadãos e que sua estrita adesão à Lei de Moisés até garantiria a paz na região—assim haveria uma dor de cabeça a menos para o rei. Portanto, na mente de Artaxerxes, a missão de Esdras tinha pouco a ver com religião; era uma missão política. E Esdras, como funcionário da corte de Artaxerxes, estava simplesmente cumprindo seu dever que, em sua opinião, era obra das mãos de Deus (Esdras 7:27).
Talvez um exemplo melhor seja o de Neemias. Meditaremos mais sobre o assunto quando chegarmos ao livro de Neemias.
Neste capítulo, Esdras fornece uma lista dos chefes de família que o estavam acompanhando. Embora a lista inclua aquelas pessoas que tinham seguido o chefe da família, ela não da o número das famílias sacerdotais que eram descendentes de Arão e da família real que eram descendentes de Davi. Portanto, o propósito da lista não era contar aqueles que acompanharam Esdras, mas (talvez) salientar a importante influência que Esdras teve.
(1) Por que Esdras ficou tão preocupado quando viu que não havia levitas (sacerdotes assistentes)? O que essa observação sugere a respeito das condições em Jerusalém?
(2) Esdras provavelmente usou sua influência para fazer com que Ido (provavelmente o chefe dos clãs cuja responsabilidade era servir no templo) selecionasse cerca de 228 homens para voltar com ele a Jerusalém. Como esses servos do templo teriam se sentido ao serem recrutados contra sua vontade para voltar à terra menos próspera de Jerusalém? O que você acha que eles estavam fazendo na Babilônia?
(3) Qual era o propósito do jejum proclamado por Esdras? Em que sentido ele foi um ato “para que nos humilhássemos”?
(4) Por que Esdras tinha "vergonha de pedir soldados e cavaleiros ao rei para ... proteg[ê-los]"?
(5) Parece que Esdras, ao proclamar esse jejum, aproveitou a ocasião para ensinar a seus homens um princípio bíblico (v. 22). Qual era esse princípio?
(6) De acordo com Esdras, qual foi o resultado de seu jejum?
(7) O que podemos aprender com Esdras usando as questões de reflexão acima?
(8) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Quando passei em revista o povo e os sacerdotes, não encontrei nenhum levita." (NVI-PT) (Esdras 8:15)
Depois de reunir um grupo de israelitas que tinham decidido voluntariamente retornar a Jerusalém com a aprovação do rei, ele ficou surpreso ao ver que não havia levitas entre eles e teve que usar sua influência para convencer Iddo (provavelmente o líder dos levitas locais) a enviar alguns deles para acompanhá-lo. É impossível não nos perguntar: "Por que nenhum levita aproveitou a oportunidade para voltar e servir no templo em Jerusalém?"
Sabemos que los levitas eram os auxiliares dos sacerdotes no culto do templo de Deus, e que assim como os sacerdotes não tinham o direito de possuir terra em Israel, uma vez que Jeová tinha deixado bem claro que “os levitas não têm nenhuma porção de terra ou herança entre os seus irmãos; o Senhor é a sua herança, conforme o Senhor, o seu Deus, lhes prometeu” (NVI-PT) (Deut. 10:9).
Agora que estavam exilados, longe de sua terra natal, parecia que já estavam livres para escolher a carreira que quisessem, uma vez que não havia mais templo onde servir. É certo que foi durante esta época de exílio que foi estabelecida a "sinagoga", quase como se fosse um substituto do templo. Digo "quase" porque não se podia oferecer sacrifícios fora do templo.
Aprendemos também que, assim como esses levitas não precisavam mais desempenhar seu papel tradicional nos rituais do templo e podiam ter as suas próprias carreiras, eles também teriam tido a oportunidade de acumular não só riquezas, mas também propriedades, como os outros judeus. No Novo Testamento, lemos sobre Barnabé, um levita de Chipre que possuía terras (Atos 4:37).
Em outras palavras, ao voltarem a Jerusalém, eles estariam mais uma vez sujeitos à observância da Lei de Moisés, o que significava retornar ao seu chamado como auxiliares dos sacerdotes em tempo integral no templo, e eles não receberiam uma herança (ou seja, terras) para compartilhar. Não é de se admirar que nenhum levita tenha estado disposto a voltar a Jerusalém com Esdras. Assim como o primeiro grupo de repatriados consistia somente daqueles "cujo coração Deus despertou" (Esdras 1:5), este segundo grupo também consistia somente de pessoas cujos corações Deus tinha despertado.
(1) As ofertas do rei e sua corte foram 25 toneladas de prata, 3¾ toneladas de itens de prata, 3¾ toneladas de ouro, 20 tigelas de ouro, etc.; eram "enormes somas com um valor equivalente a milhões de dólares" (Gaebelein, Ezra, 660). O que essas enormes quantidades de ofertas dos líderes persas representavam para o povo de Israel no contexto político e espiritual que eles enfrentavam?
(2) Esdras estava preocupado porque não havia encontrado levitas entre seu grupo de retornados. A julgar por essa passagem, que papel importante esses levitas desempenhavam?
(3) Você concorda que isso era um papel importante? Por que ou por que não?
(4) Esdras aproveitou a oportunidade para lembrar aos principais sacerdotes e aos líderes levitas eleitos que "tanto vocês como estes utensílios estão consagrados ao Senhor" (NVI-PT) (8:28). Qual foi o significado e a importância deste lembrete que foi dado neste ponto específico de sua viagem de volta a Jerusalém? (Observe que estes sem dúvida pertenciam pelo menos à segunda geração de exilados na Babilônia.)
(5) A viagem durou cerca de quatro meses. À luz da grande riqueza que levavam sem proteção militar alguma (que Esdras poderia ter pedido), não há dúvida de que sua chegada com segurança a Jerusalém foi devido à proteção de Deus. Como esse exemplo de Esdras afeta você pessoalmente? Como você pode aplicá-lo à sua própria vida ou à da igreja?
(6) "Tudo foi contado e pesado, e o peso total foi registrado naquela mesma hora" (8:34). O que podemos aprender com a maneira como Esdras administrou essas ofertas, especialmente no que diz respeito ao manuseio de dinheiro ou propriedades da igreja?
(7) Seria útil comparar os sacrifícios descritos aqui com aqueles que tinham sido oferecidos na dedicação do templo (6:17). Em ambas as ocasiões, que tipo de oferta (e que tipo de animal) era idêntico? Qual era a sua importância simbólica?
(8) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Então os exilados que tinham voltado do cativeiro sacrificaram holocaustos ao Deus de Israel: doze touros em favor de todo o Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros e, como oferta pelo pecado, doze bodes — tudo oferecido como holocausto ao Senhor.” (NVI-PT) (Esdras 8:35)
Como já mencionei, os primeiros grupos de repatriados que tinham chegado com Zorobabel eram principalmente das tribos de Judá e Benjamim, além de sacerdotes e levitas. O número deste segundo grupo foi muito menor; dificilmente se pode dizer que representava todo o Israel. Porém, nas duas ocasiões em que os sacrifícios foram feitos perante o Senhor neste segundo templo, o texto deixa bem claro que o povo os fez em nome de todo o Israel:
- Sobre o primeiro grupo de repatriados que deu ofertas na dedicação do templo, o texto diz: "como oferta pelo pecado de todo o Israel, doze bodes, de acordo com o número das tribos de Israel" (Esdras 6:17).
- Depois, quando o segundo grupo de repatriados ofereceu seus sacrifícios, além da oferta pelo pecado em si, feita com doze bodes, os outros sacrifícios também foram feitos em nome de todo o povo de Deus, "doze touros em favor de todo o Israel" (Esdras 8:35).
Os israelitas com certeza tinham muitas fraquezas e tinham cometido muitos pecados que deveriam servir “como exemplos” e “como advertencia para nós” (1 Cor. 10:11); no entanto, aqui vemos um exemplo repetido ao longo do Antigo Testamento de algo que precisamos aprender com eles: eles entenderam que eram uma comunidade de fé, um povo sob Deus. Com a exceção do período dos Juízes, eles normalmente não privatizavam sua fé. Eles estavam cientes de que eram responsáveis perante Deus e perante os outros.
Hoje, em nossa época individualista, permitimos que essa noção secular permeie a vida da igreja. Cada denominação se preocupa somente com o seu próprio território, cada igreja opera para seu próprio bem-estar e cada crente busca sua própria espiritualidade e relacionamento com Deus. Embora seja certo que cada um de nós entra na família de Deus pelo nascimento individual por meio da fé em Jesus Cristo, não devemos esquecer que todos nascemos na mesma "família" de Deus. Nas palavras do Apóstolo Paulo: "Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo" (1 Cor. 12:27). Nenhuma cirurgia pode nos separar de qualquer parte deste corpo.
Houve um intervalo de 80 anos entre a volta do segundo grupo de judeus liderados por Esdras em 458 a.C. e a volta do primeiro grupo. É óbvio que em sua época Esdras era considerado o líder espiritual devido à suas credenciais de famoso professor da Lei de Moisés. Uma das primeiras coisas para a qual chamaram a sua atenção foi que os líderes e oficiais locais tinham sido os primeiros a se casarem com mulheres gentias das cidades vizinhas:
(1) O que Esdras fez quando descobriu essa situação?
(2) Sua reação foi exagerado ou não? Por quê?
(3) Quem mais se reuniu ao seu redor?
(4) O que aconteceu com o resto da cidade?
(5) O que Esdras teve que enfrentar?
(6) O que ele fez a respeito, além de expressar sinais de consternação e dor?
(7) Ele não era um daqueles que tinham pecado. Por que você orou como se fosss? Ele era?
(8) Podemos dividir esta grande oração nas seguintes seções:
a. V. 6—Uma expressão de vergonha: Você já sentiu tanta vergonha pelos seus pecados?
b. V. 7—Um reconhecimento dos pecados de seus pais: Eles ainda estavam sob o domínio estrangeiro!
c. Vv. 8-9—Um reconhecimento da incrível misericórdia de Deus em seus dias: De acordo com Esdras, quão incrível tinha sido a misericórdia de Deus?
d. Vv. 10-12—Uma confissão de não ter cumprido o mandamento de Deus: Por que Deus tinha proibido o casamento misto com seus vizinhos?
e. V. 13—A gravidade do seu pecado: Como Esdras percebeu que Deus os tinha castigado menos do que seus pecados mereciam? Você pode dizer o mesmo?
f. Vv. 14-15—As possíveis consequências diante de um Deus justo: Quais são as possíveis consequências de seu pecado que Esdras esperava?
(9) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Meu Deus, estou por demais envergonhado e humilhado para levantar o rosto diante de ti, meu Deus, porque os nossos pecados cobrem a nossa cabeça e a nossa culpa sobe até os céus." (NVI-PT) (Esdras 9:6)
Ontem refletimos sobre o fato de que os exilados que tinham voltado a Jerusalém, tanto o primeiro grupo quanto o segundo grupo, apresentaram seus sacrifícios em nome das doze tribos de Israel, especialmente a oferta pelo pecado.
No entanto, uma coisa é apresentar o sacrifício pelo pecado, e outra bem diferente sentir uma verdadeira contrição e até aversão pelos pecados. Esta segunda é o que vemos na oração de Esdras.
A oração de Esdras em 9:6-15 foi tão grande que todos devemos imitá-la, pelas seguintes razões:
- O horror de Esdras diante dos pecados do povo era genuíno: Este é o problema dos cristãos hoje: carecemos do mesmo sentimento de pavor do pecado. Não levamos a sério os pecados, tanto os nossos quanto os da sociedade. Quanto precisamos do mesmo sentimento de horror e vergonha expresso por Esdras! Sua oração é um reflexo da uma contrição verdadeira, não um vago sentimento de remorso.
- Esdras não só intercedeu pelo seu povo; ele também se identificou totalmente com eles. “As iniqüidades que se acumularam desde os tempos antigos, mas especialmente, desde os dias dos últimos reis de Judá, que tinham levado ao exílio, também são a responsabilidade das gerações posteriores. É como se Esdras pudesse ver bem na sua frente todas as iniquidades que o povo tinha acumulado ao longo da história. Que perspectiva extraordinária do pecado!" (Fensham, Esdras e Neemias, 128).
Sempre ansiamos pelo avivamento. Talvez devêssemos primeiro orar pela restauração de um verdadeiro sentimento de vergonha e horror em relação aos nossos pecados, e de um sentimento de total identificação com os pecados da nossa geração, se não com os das gerações passadas.