Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 1:1–11

O Livro de Neemias: Introdução

Informações sobre a autoria e o contexto histórico do livro de Neemias se encontram no Prefácio do Livro de Esdras (Reflexão sobre as Escrituras Esdras 1:1-4), Ano 2, Semana 45, Dia 309. Apesar de os profetas Ageu e Zacarias terem conseguido animar o povo a retomar a reconstrução do templo (que foi concluído no ano 516 a.C.), e apesar de Esdras ter voltado no ano 458 a.C. para retomar o ensino e a observância da Lei de Moisés, a oposição política implacável dos povos vizinhos tinha devastado a cidade de Jerusalém, cujos muros tinham sido queimados, e muitos dos exilados repatriados tinham decidido se mudar da cidade. No ano 445 a.C., que foi o vigésimo ano de Artaxerxes, Deus moveu o espírito de Neemias, um auxiliar de confiança do rei (que servia como seu copeiro) para voltar a Jerusalém e reconstruir a cidade em si (e foi nomeado governador de Judéia) e fazer um compromisso nacional de implementar novamente a Lei de Moisés como o código religioso, civil e moral da nação.

(1) Neemias, que serviu na corte real da Pérsia aproximadamente 141 anos após a queda de Jerusalém, teria sido um judeu de terceira ou quarta geração nascido no exterior.

a. Reserve um momento para se colocar no lugar de Neemias. Tente imaginar como seria a composição cultural, religiosa e educacional de um judeu de quarta geração nascido no exterior.

b. Diante disso, por que ele se importava tanto com o remanescente e com a cidade de Jerusalém?

(2) Qual foi a reação de Neemias, que desfrutava do conforto e luxo da corte real, ao ouvir as notícias de seu povo e de sua terra?

(3) Você já chorou, lamentou, jejuou e orou diante de Deus? Por quê?

(4) Este livro contém várias orações grandiosas. Reflitamos detalhadamente sobre esta oração de Neemias:

a. Adoração (v. 5): Como ele se dirigiu a Jeová? O que ele destacou?

b. Súplica (v. 6a): Ao ler a oração, você teve a impressão de que Neemias só orou por Jerusalém devido às notícias que acabava de ouvir, ou que ele já tinha o hábito de orar por seu povo e pátria?

c. Confissão (vv. 6b-7): Quão especial foi sua confissão?

d. Confiança (vv. 8-10): Apesar dos pecados do povo, por que Neemias teve confiança para apresentar sua súplica a Jeová? (Observe que os vv. 8-9 são uma citação um tanto livre, mas precisa, de Deuteronômio 30:1-4.)

e. Súplica (v. 11): Neemias provavelmente tomou sua decisão durante o seu tempo de jejum e oração, que durou "alguns dias" (1:4); no entanto, antes de concretizá-la, ele a apresentou diante de Jeová. O que você pode aprender com a maneira como Neemias abordou sua decisão, especialmente com relação a esse súplica?

(5) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Um homem de oração

“Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando ao Deus dos céus.” (NVI-PT) (Neemias 1:4)

Uma vez que Neemias era um judeu de terceira ou quarta geração nascido no exterior, é evidente que ele era culto e tinha recebido uma boa educação; também estava totalmente imerso na sociedade persa, o que lhe permitiu servir como copeiro do rei. Embora não fosse uma posição de alto escalão, ela mostra que ele tinha conquistado a plena confiança do rei. Isso nos ensina muito sobre o caráter impecável que ele teria exibido em seus encontros sociais e políticos com a elite da Pérsia.

Pode-se também fazer uma ideia do relativo conforto e luxo que Neemias teria desfrutado na corte real.

No entanto, é óbvio que ele nunca se esqueceu de quem ele eraele não era simplesmente um judeu, mas um membro do povo escolhido de Deusum povo com um destino divino. Se sua dor ao ficar sabendo da desgraça de seu povo e da cidade de Jerusalém nos impactou, o que deve nos impactar ainda mais é sua vida espiritual. É verdade que Neemias, ao ouvir as más notícias sobre o povo e sua terra natal, "assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando" (1:4); na verdade, não se tratava de um ato de intercessão isolado, mas sim de um hábito (ou disciplina) espiritual: "a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, de dia e de noite, pelos filhos de Israel ...” (1:6).

É óbvio que Neemias, por ser um funcionário da corte persa, tinha o privilégio de receber as notícias mais atualizadas e precisas sobre o reino do rei persa. A situação em Jerusalém era algo de que ele estava ciente; por isso ele orava “de dia e de noite” por seu povo e sua terra ancestral. No entanto, aquelas notícias que recebia provavelmente eram informações de segunda ou terceira mão. Depois de ouvi-lo diretamente de seu próprio irmão, ele foi compelido não só a orar com mais fervor, mas também a agir. Mas antes de ser incumbido desta tarefa monumental, ele já tinha se preparado bem como um homem de oração! Não é de se admirar que Deus o tenha usado para levar a nação inteira a fazer um novo compromisso de adorar somente a Ele, um compromisso que durou séculos.

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 2:1–8

(1) A posição de copeiro não era de alto escalão na corte real. Mesmo assim, Neemias era um auxiliar que desfrutava de certa intimidade com o rei e uma pessoa que tinha conquistado sua plena confiança. Mas como um estrangeiro tinha sido escolhido para ocupar esse tipo de posição? O que esse fato sugere sobre a pessoa ou caráter de Neemias?

(2) Você acha que Neemias ficou triste diante do rei de propósito? Por que ou por que não?

(3) É óbvio que a pergunta do rei foi a resposta de Deus à oração de Neemias. Por que, então, ele ficou com medo ao ouvi-la?

(4) Qual foi a resposta de Neemias? Por que Neemias pensou que o rei se importaria com a cidade "dos sepulcros de meus pais"?

(5) Quando o rei perguntou o que Neemias queria, por que ele sentiu e necessidade de orar (provavelmente em seu coração) naquele mesmo momento? Ela não tinha orado por isso durante vários dias?

(6) Quão improvável foi o seu pedido? Ele o proferiu sem pensar, ou foi uma resposta premeditada?

(7) A resposta do rei foi favorável:

a. Por que o rei estabeleceu um prazo?

b. Quanto tempo Neemias pediu? (vide 5:14)

(8) O que mais ele pediu ao rei?

a. O que isso nos mostra sobre os riscos envolvidos nesse tipo de missão?

b. O que isso nos mostra sobre o potencial de Neemias para ser um líder político?

(9) Repetidamente ao longo deste livro, Neemias atribui seu sucesso à mão bondosa de Deus. Quantas vezes nestes oito versículos você percebe a obra bondosa de Deus?

(10) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A mão bondosa de Deus

"Visto que a bondosa mão de Deus estava sobre mim, o rei atendeu os meus pedidos." (NVI-PT) (Neemias 2:8)

Uma das características do livro de Neemias é que Neemias constantemente atribui todo esforço bem-sucedido a Deus. Cada vez notamos que Neemias não espera até depois dos acontecimentos para atribuir o sucesso a Deus; ele já o esperava de antemão com uma expressão de plena confiança em Deus durante o processo inteiro. Um bom exemplo disso é seu primeiro pedido ao rei.

Sabemos que Neemias, antes de se aproximar ao rei com seu ousado pedido de voltar a Jerusalém, já tinha jejuado e orado. Ele orou a Deus sobre seu plano de levar sua petição diante do rei, pedindo que Deus que lhe desse sucesso (1:11).

- Não acho que ele ficou triste de propósito, mas que ele simplesmente expressou de maneira involuntária uma dor que ele simplesmente não conseguia esconder do rei. Portanto, uma vez que o rei tinha percebido sua tristeza, Neemias sabia que era obra de Deus.

- Embora talvez sua resposta ao rei talvez tenha sido ensaiada, a pergunta do rei ("Que me pedes agora?") deve ter sido outro sinal de que Deus estava trabalhando.

- Embora Neemias já tivesse orado por isso durante muito tempo, ele ainda sentiu a necesidade de orar silenciosamente em seu coração antes de apresentar seu pedidoum sinal de total dependência de Deus (2:4);

- Foi nada menos que um milagre o fato de o rei permitir que Neemias se ausentasse por tanto tempo (doze anos)não havia dúvida de que tinha sido obra de Deus;

- Talvez tenha sido Deus quem deu a Neemias a ousadia de pedir uma escolta militar e suprimentos de madeira para reconstruir a cidade e sua própria residência.

Com base em tudo isso, Neemias chegou à conclusão de que "a boa mão de Deus sobre mim" (2:8).

É verdade que há cristãos com uma atitude demasiado casual que atribuem tudo o que lhes acontece à mão de Deus. No entanto, Neemias não o dizia isso simplesmente por hábito, mas porque brotava de uma atitude contínua de total dependência que lhe permitia perceber sem dúvida alguma que a mão de Deus estava em cada uma dessas situações.

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 2:9–20

Talvez seja util entender que o reinado de Artaxerxes foi marcado pela instabilidade política. Primeiro, no início de seu reinado, houve uma rebelião liderada por seu próprio irmão, seguida de uma rebelião egípcia em 460 a.C.; mais tarde houve uma rebelião de um sátrapa na região de Trans-Eufrates em 455 a.C. Nesse contexto, a escolta armada que Neemias pediu era uma necessidade. Documentos extrabíblicos nos dizem que Sambalate, o horonita, era o governador da Samaria. No entanto, não se sabe ao certo que tipo de oficial era Tobias. Em qualquer caso, o v. 10 dá o tom para o tipo de oposição política que Neemias enfrentaria.

(1) Por que Neemias decidiu examinar a cidade sozinho, e à noite?

(2) Por que ele decidiu encobrir seu plano, até mesmo dos sacerdotes e de todos os nobres e funcionários judeus?

(3) Em que estado Neemias encontrou a cidade de Jerusalém?

(4) Como o povo respondeu diante de seu chamado para reconstruir a cidade? Por que responderiam de forma positiva, apesar da oposição que tinham enfrentado no passado?

(5) Os adversários de Israel tinham sido bem-sucedidos nos eventos registrados em Esdras 4:12. Desta vez, sabendo que Neemias tinha o apoio do rei, que tática usaram para assustar o povo?

(6) Como Neemias reagiu a essas provocações e ameaças? Quão especial foi sua resposta?

(7) Por que Neemias não invocou a autoridade do rei?

(8) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Um homem realista, não um sonhador

"Os oficiais não sabiam aonde eu tinha ido ou o que eu estava fazendo, pois até então eu não tinha dito nada aos judeus, aos sacerdotes, aos nobres, aos oficiais e aos outros que iriam realizar a obra." (NVI-PT) (Neemias 2:16)

Embora Neemias tivesse passado muito tempo em oração e tinha percebido a graciosa mão de Deus ao ser enviado de volta a Jerusalém pelo rei para reconstruir os muros de Jerusalém, ele era um homem realista.

É verdade que sua posição especial na corte real já era algo que os adversários de Israel não teriam desprezado. E agora que Neemias tinha uma escolta militar e cartas do rei, qualquer um pensaria que ele podia ter confiança de que ninguém ousaria interferir em sua missão. Mas seus anos na corte do rei tinham-lhe ensinado muitas lições práticas sobre a política. Ele não era um simples copeiro. Seu comportamento na obra de reconstrução de Jerusalém nos mostra que ele era um líder político muito astuto.

Ao chegar a Jerusalém, ele não começou o seu projeto imediatamente. Ele esperou três dias, provavelmente para ter uma ideia da situação política de seus adversários e das condições espirituais de seu povo. Os acontecimentos registrados nos capítulos seguintes nos mostram que ele enfrentaria uma oposição feroz e violenta, não só por parte dos inimigos (uma realidade da vida, já que o império persa ocupava um vasto território e as insurreições locais não eram desconhecidas), mas também por parte de muitos dos líderes locais (e até profetas) traiçoeiros que tinham laços estreitos com os inimigos.

Portanto, Neemias precisava avaliar tanto o tamanho do projeto de reparação que precisava ser levado a cabo  quanto a possível oposição (tanto interna quanto externa) que enfrentaria. Essa foi a razão pela qual ele decidiu explorar a extensão total das ruínas à noite, sem revelar seu plano, nem mesmo para os líderes judeus locais. Embora este homem de oração dependesse totalmente de Deus em todos os seus projetos e ações, ele era uma pessoa realista que agia com a cautela de um político astuto. A oração e a razão não se excluem mutuamente.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 3:1–32

Uma vez que a nossa reflexão é de caráter devocional, não nos preocuparemos com a localização exata das várias portas da cidade; além disso, uma vez que "depois de tantos séculos ... houve grandes mudanças nas orientações das portas e paredes" (Bertheau), e "muito pouco do período persa tem sido descoberto em Jerusalém" (Avigad), qualquer tentativa de identificá-las seria um exercício puramente especulativo:

(1) Neemias começou a obra (ou pelo menos a descrição da obra) com uma menção do sumo sacerdote. Qual teria sido a importância disso?

(2) O que o comentário no v. 5 sobre os nobres dos homens de Tecoa mostra?

(3) O que a menção de "um dos ourives...um dos boticários" revela?

(4) O que mostra a menção no v. 12 da ajuda proporcionada pelas filhas de Salum?

(5) Que outras descrições chamaram a sua atenção?

(6) Com que impressão você ficou depois de ler a lista com as paredes, os diversos colaboradores e alguns de seus antecedentes familiares?

(7) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Trabalh
ar em equipe

O sumo sacerdote Eliasibe e os seus colegas sacerdotes começaram o seu trabalho e reconstruíram a porta das Ovelhas. Eles a consagraram e colocaram as portas no lugar ” (NVI-PT) (Neemias 3:1)

Neemias compilou uma lista bastante exaustiva de nomes e tipos de pessoas que responderam ao seu chamado, arriscando sua integridade física para participar da reconstrução dos muros de Jerusalém, apesar das ameaças de seus adversários. Embora os comentaristas geralmente acreditem que não se trata de uma lista completa, é interessante observar os seguintes detalhes que Neemias escolheu destacar:

1. A inclusão do nome do sumo sacerdote, Eliasibe: Neemias talvez tenha feito isso por pelo menos duas razões. Primeiro, ele procurou nos mostrar que o sumo sacerdote apoiava a obra de reconstrução. Esse foi outro sinal de que Deus estava trabalhando, uma vez que este mesmo sumo sacerdote tinha laços íntimos com um dos principais inimigos do povo, Tobias. Mas apesar desses laços, ele decidiu tomar a iniciativa na reconstrução de Jerusalém. Segundo, o Portão das Ovelhas reconstruído por ele era o mais próximo do templo. Como resultado, esse portão não só foi construído, mas também consagrado—um sinal de que toda a obra seria dedicada ao Senhor.

2. As muitas repetições da frase "ao seu lado" evocam uma imagem de trabalho em equipe e esforço contínuo do qual participaram basicamente todos os habitantes de Jerusalém.

3. Além dos moradores de Jerusalém, havia alguns, como “os sacerdotes que habitavam na campina” (3:22), que vinham de fora da cidade; isso não só sugere a unidade, mas também a oferta de sacrifícios.

4. O fato de Neemias também ter mencionado ourives e boticários é muito interessante. Isso quer dizer que os ferreiros e padeiros não participaram da reconstrução? É claro que não. A menção dos ourives e perfumistas provavelmente serve para mostrar que todos, por mais lucrativos que fossem seus negócios, reservaram tempo para se dedicar à obra.

No entanto, Neemias era um realista que não acreditava na ilusão de que todos eram de um só coração. Por isso, ele também destacou que “os seus nobres [os dos tecoítas] não meteram o seu pescoço ao serviço de seu senhor” (3:5). Apesar da falta de cooperação da minoria, a grande maioria do povo realizou o trabalho com um espírito de unidade. Não permitiram que a oposição de poucos os detivesse ou desanimasse. Em certo sentido, o propósito desta lista não é tanto glorificar o povo, mas contar as bênçãos de Deus.

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 4:1–9

(1) Em sua opinião, por que Sambalate, o governador de Samaria, ficou tão irritado com a reconstrução da cidade de Jerusalém?

(2) Sambalate zombava dos judeus com cinco perguntas. O que ele estava tentando fazer? (Veja se cada pergunta tinha um significado específico.)

(3) Que impacto você acha que a provocação de Sambalate, junto com a de Tobias, seu aliado, teve sobre os judeus? Eles precisavam ficar perturbados com essas provocações?

(4) Pode-se presumir que Neemias levou essas provocações a sério:

a. Como ele respondeu às provocações?

b. O que ele pediu para Deus fazer?

c. Ele fez a coisa certa ao levá-las a sério? Por que ou por que não?

(5) Suas provocações tiveram algum impacto na cidade e na obra de reconstrução? Por que ou por que não?

(6) Acredita-se que os árabes tenham se mudado para a região sul, atravessando o rio Jordão, no período persa; os amonitas residiam a leste de Israel, os asdoditas a oeste e os samaritanos ao norte. À luz dessa informação geográfica, que tipo de situação é descrita nos vv. 7-8?

(7) Que medidas Neemias e o povo tomaram em resposta a isso?

(8) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Deus é a nossa
justificação final

Ouve-nos, ó Deus, pois estamos sendo desprezados. Faze cair sobre eles a zombaria. E sejam eles.” (NVI-PT) (Neemias 4:4)

Quando os israelitas conseguiram se unir para reconstruir os muros da cidade de Jerusalém, seus adversários, liderados pelo governador da Samaria, lançaram escárnios e insultos contra Neemias e o povo. À primeira vista, qualquer um se surpreenderia com a indignação de Neemias: ele até amaldiçoou seus inimigos diante do Senhor. Uma vez que se tratava de simples palavras vazias ditas pelos inimigos, ele não estava exagerando? Ele estava sendo mesquinho, pagando por sua maldade com mais maldade?

No entanto, antes de tirarmos conclusões precipitadas, devemos examinar as palavras desdenhosas de Sambalate e entender o contexto histórico de suas provocações, que podem ter sido muito intimidadoras e desencorajadoras para os construtores.

Primeiro, Sambalate zombou dos judeus, dizendo que eram fracosaliás, os judeus de fato eram um povo fraco. A Bíblia nos conta que anteriormente, em Esdras 4, quando os primeiros repatriados começaram a reconstruir o templo, o primeiro índice de oposição e assédio de seus inimigos foi suficiente para debilitar "as mãos do povo de Judá" (ARC) (Esdras 4:4). Embora seus oponentes ainda não tivessem tomado medidas violentas, o povo já estava tão fraco e tímido que não tinha forças para continuar.

Logo, Sambalate provocou o povo com a seguinte pergunta retórica: "Será que vão restaurar o seu muro?". Em essência, o que ele estava dizendo era que essa nova geração de judeus não era diferente de seus pais; também estava animando o seu próprio povo (seus companheiros e o exército de Samaria) a assediar os judeus, sugerindo que o resultado seria o mesmo. O povo pararia de trabalhar.

Mas acho que a próxima provocação de Sambalate foi a que mais irritou Neemias: "Eles podem oferecer sacrifícios?" Esse insulto foi dirigido contra o Deus de Israel. O que ele quis dizer é que, diante da oposição, os judeus não teriam forças para continuar, sendo seu único recurso pedir ajuda a seu Deus com sacrifícios. Esse foi um insulto direto contra o Deus de Israel.

Sambalate prosseguiu com seu insulto contra Deus quando perguntou: "Irão terminar a obra num só dia?" Em essência, ele estava zombando dos judeus por estarem sonhando com um milagre. Em outras palavras, ele estava desafiando Deus a realizar um milagre para provar que era real.

Finalmente, ele expôs aos construtores a impossibilidade da obra: "Será que vão conseguir ressuscitar pedras de construção daqueles montes de entulho e de pedras queimadas?" (NVI-PT). Essa era a sua realidade. A devastação da cidade tinha sido tão total que os muros de Jerusalém estavam em ruínas tão queimados e destruídos que repará-los era, de fato, uma tarefa impossível. O povo teria que construir um novo muro, algo que exigia muito dinheiro e mão de obra, e que seria impossível devido à sua oposição.

Em outras palavras, essas provocações não eram simples palavras vazias, mas palavras que lembravam ao povo seu fracasso passado, a aparente futilidade de confiar em Neemias e em Deus e a impossibilidade da obra que procuravam realizar.

Como sabemos, esse povo ficava desanimado facilmente, e diante do insulto que, em última instância, foi dirigido contra Deus, não é de se admirar que Neemias tenha ficado furioso e imediatamente clamado a Deus, pedindo sua justificação. Embora seu espírito sem dúvida tenha estado cheio de amargura, ele não usou sua influência na corte real para justificar a si mesmo ou a seu povo, mas recorreu a Deus como sua própria fonte de ajuda. Que exemplo de piedade para nós!