Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 12:1–21

Nesta semana concluiremos o nosso estudo do livro de Neemias no Velho Testamento.

Neemias começou a lista com os nomes dos sacerdotes e levitas que tinham voltado com Zorobabel, e depois ampliou a lista para incluir os descendentes que ainda serviam em sua época. Embora se trate de uma lista de nomes, muitos dos quais provavelmente são desconhecidos para nós, procuremos ler esta lista com calma, pedindo ao Espírito Santo que ilumine a nossa leitura:

(1) Primeiro, nos vv. 1–9, Neemias menciona os nomes dos sacerdotes e levitas que tinham voltado com Zorobabel. Deve-se notar que a maioria desses nomes são sobrenomes e não devem ser confundidos com nomes pessoais. Portanto, o nome Esdras no v. 1 não se refere ao indivíduo Esdras que voltou aproximadamente 20 anos mais tarde, mas a uma das famílias sacerdotais. Por alguma razão, Neemias escolheu mencionar algumas das pessoas nesta longa lista de nomes que estavam encarregados “dos cânticos de ações de graças” (12:8). Qual pode ter sido seu objetivo ao enfatizar isso? (vide 11:23)

(2) Mais tarde, nos vv. 10-11, Neemias inclui uma lista dos sumos sacerdotes que começa com Jesua e termina com Jadua; isso representa um período que se estendeu de aproximadamente 538 a.C. até bem depois do ano 400 a.C. Uma vez que estudamos o livro de Esdras e estamos nos aproximando do final do livro de Neemias, reflita sobre o seguinte:

a. Você consegue se lembrar do papel ou do impacto que teve algum desses sumos sacerdotes, seja na reconstrução do templo ou na reconstrução das muralhas da cidade?

b. Que papel eles deveriam ter desempenhado como Sumo Sacerdote?

c. Sugiro que você leia Zacarias 3 para ter uma ideia da condição espiritual desses sumos sacerdotes, pois um deles foi confrontado por Satanás diante de Deus.

(3) Em seguida, nos vv. 12-21, Neemias incluiu uma lista dos sacerdotes que serviam em épocas mais próximas da sua. É interessante notar que entre os 22 sobrenomes mencionados nos vv. 1-7, a lista atual não menciona a família de Hatus; isso provavelmente significa que, na época de Neemias, essa família tinha deixado de ter descendentes masculinos que pudessem perpetuar sua linhagem sacerdotal. Motivos para reflexão.

(4) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O
sumo sacerdote

"Jesua foi o pai de Joiaquim, Joiaquim foi o pai de Eliasibe, Eliasibe foi o pai de Joiada, Joiada foi o pai de Jônatas, Jônatas foi o pai de Jadua." (NVI-PT) (Neemias 12:10-11)

O cargo de sumo sacerdote foi estabelecido por Moisés, e Arão e seus filhos foram ungidos para ocupar esse cargo. Eles só podiam ser substituídos por outros descendentes de Arão. Apesar de Arão ter sido responsabilizado pela construção do bezerro de ouro, Deus não o removou de sua posição como o segundo líder espiritual mais importante de Israel durante o tempo no deserto.

Após o falecimento de Moisés, o cargo obviamente ficou mais importante, uma vez que cumpria as funções especificadas por Moisés, as quais incluíam o seguinte:

- O sumo sacerdote era a única pessoa autorizada a entrar no Lugar Santíssimo uma vez por ano (durante o Dia da Expiação) para fazer expiação pelos pecados da nação inteira.

- Sua vestimenta especial também era um símbolo de seu papel de intercessor do povo: seu peitoral e as ombreiras traziam os nomes das doze tribos de Israel, gravados em pedras preciosas.

- Suas tarefas incluíam consultar a Jeová por meio do Urim e Tumim para tomar decisões e buscar a vontade de Deus.

As seguintes são outras funções que o sumo sacerdote teria desempenhado em virtude de seu cargo:

- Supervisionar todas as funções relacionadas ao culto e ao funcionamento adequado do templo.

- Garantir a adoração contínua do povo e a observância da Lei de Moisés — nesse sentido, o sacerdote até mesmo podia prevalecer sobre o rei em questões envolvendo o cumprimento das leis referentes ao sacerdócio. Um exemplo disso é a resistência de Azarias diante da intromissão do rei Uzias (2 Crônicas 26:16-20).

- Apoiar o rei ou o líder designado por Deus, junto com os sacerdotes e levitas que estavam sob seu comando. Um exemplo disso é a derrota da usurpadora Atalia, filha de Acabe, pelo sumo sacerdote Joiada (2 Reis 11).

No entanto, parece que durante a época de Esdras e Neemias, o sumo sacerdote tinha pouca influência sobre o povo, com relação tanto ao esforço de reconstruir o templo quanto à reconstrução dos muros de Jerusalém.

O fato de muitos dos levitas e sacerdotes terem se mudado de Jerusalém, mesmo após a construção do segundo templo, o que tinha resultado num funcionamento inadequado do templo e da adoração a Deus, é uma clara evidência da total negligência do cargo por parte do sumo sacerdote. Além disso, o sumo sacerdote Eliasibe até procurou minar a reforma de Neemias. Os pecados desses sumos sacerdotes são representados graficamente na visão do profeta Zacarias: o sumo sacerdote Josué (que se acredita ser o mesmo Jesuá mencionado aqui ) "vestido de roupas impuras" diante do Senhor foi o alvo das acusações de Satanás (Zacarias 3).

No entanto, por mais fracos e pecadores que tenham sido esses sumos sacerdotes, seu cargo era um prenúncio do Supremo Sumo Sacerdote, nosso Senhor Jesus Cristo, que só precisou se oferecer uma vez como o único sacrifício expiatório final para nos redimir, e que vive para sempre para interceder por nós (Hb 7:25, 27).

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 12:22–30

(1) Nos vv. 22-26, Neemias incluiu uma lista dos levitas que tinham servido em épocas mais próximas da sua. É interessante notar o seguinte:

a. Era obrigatório durante o reinado de Dario manter um registro de seus nomes.

b. Os mesmos nomes também foram registrados no Livro das Crônicas (isso pode ou não ser uma referência ao Livro das Crônicas na Bíblia).

c. Mais uma vez, Neemias menciona especificamente que alguns deles tinham sido designados para cantar louvores e dar ações de graças.

Quais podem ter sido algumas das razões pelas quais Neemias decidiu enfatizar o que foi dito acima?

(2) Os vv. 27-30 nos ajudam a entender por que Neemias incluiu a lista de nomes mencionados acima: esses levitas (incluindo os sacerdotes) tinham sido trazidos de seus locais de residência (mesmo aqueles que moravam fora de Jerusalém), a fim de participar da cerimônia de dedicação do muro de Jerusalém. As regiões geográficas mencionadas aqui mostram que eles estavam espalhados por todo o território de Judá e Benjamim. O v. 27 diz: "Por ocasião da dedicação dos muros de Jerusalém, os levitas foram procurados ... de onde moravam". O que significa isso?

(3) De qualquer forma, independentemente de se eles residiam em Jerusalém ou em outro lugar, todos deviam se purificar antes de poderem participar da cerimônia de dedicação. Para os sacerdotes e levitas, isso provavelmente significava "jejuar, abster-se de relações sexuais e fazer uma oferta pelo pecado; para os leigos, provavelmente significava lavar a roupa, tomar um banho, etc." (Fensham, 255/6).

a. Por que era necessário realizar esse tipo de purificação antes de participar da cerimônia de dedicação?

b. Qual é a mensagem para nós hoje?

c. Você (como essas pessoas) já levou a sério o ato de se aproximar de Deus em adoração ou celebração?

(4) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
O exercício da liderança espiritual

Por ocasião da dedicação dos muros de Jerusalém, os levitas foram procurados e trazidos de onde moravam para Jerusalém …” (NVI-PT) (Neemias 12:27)

Ontem refletimos sobre o fracasso dos sumos sacerdotes da época de Esdras e Neemias, os quais tiveram pouca influência sobre o povo na reconstrução do templo e do muro de Jerusalém. Também mencionamos que eles tinham negligenciado a gestão adequada da adoração no templo, de modo que muitos levitas e sacerdotes tinham se mudado de Jerusalém, deixando o templo com insuficiente pessoal para funcionar de forma adequada.

Agora, devido ao esforço de Neemias (que sem dúvida também usou sua influência política), que procurou até achar cada um dos levitas que moravam fora de Jerusalém, a fim de levá-los de volta para participar da celebração da dedicação dos muros, parece que além de a celebração ter sido um grande sucesso, o templo já podia funcionar corretamente. A descrição no v. 44 é especialmente interessante:

Naquela ocasião foram designados alguns encarregados dos depósitos onde se recebiam as contribuições gerais, os primeiros frutos e os dízimos. Das lavouras que havia em torno das cidades eles deveriam trazer para os depósitos as porções exigidas pela Lei para os sacerdotes e para os levitas. E, de fato, o povo de Judá estava satisfeito com os sacerdotes e os levitas que ministravam no templo.” (NVI-PT)

Ou seja, antes disso, ninguém se preocupava em cuidar das ofertas que eram levadas à casa de Deus. Uma vez que os sacerdotes e levitas não estavam presentes para recebê-los e não tinham respeito nem interesse pelas coisas da casa de Deus, o povo não se importou em deixar de trazer seus dízimos, primícias e contribuições para a casa de Deus. Isso quer dizer que o problema não começou com o povo, mas com o clero.

Uma vez que Neemias assegurou que as ofertas do povo fossem tratadas de forma adequada, o povo começou a dizimar novamente, pois "Judá estava satisfeito com os sacerdotes e os levitas que ministravam no templo".

Receio que tanto o clero quanto os líderes leigos de hoje precisam aprender uma lição com esse exemplo. Às vezes se ouvem reclamações de que a congregação não se importa com as coisas da casa de Deus — poucos estão dispostos a oferecer seu tempo para servir, e não há orçamento suficiente na igreja. O problema pode não ter começado com o povo, mas com o clero e os líderes leigos. Com certeza, nossa função não é agradar aos homens; no entanto, devemos dar o exemplo com nosso amor pelas pessoas e por Deus, doando nosso tempo e dinheiro para o ministério do evangelho.

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 12:31–47

(1) A cerimônia de dedicação da muralha de Jerusalém foi realizada tanto no muro quanto dentro do templo — a procissão liderada por Esdras subiu pelo lado direito enquanto a procissão de Neemias subiu do lado oposto; ambos grupos foram ladeados por um grande coro. Quando os dois coros chegaram ao ponto mais alto, deram graças (12:40) e depois voltaram seus lugares no templo, onde foram cantados mais cânticos e oferecidos mais sacrifícios. Neemias comentou que Deus lhes tinha dado grande alegria, e o som de regozijo podia ser ouvido de longe:

a. Coloque-se no lugar dessas pessoas e pense em todas as razões elas tinham para agradecer ao Senhor nessas circunstâncias.

b. Qual pode ter sido a razão mais importante para a sua grande alegria?

c. Muitos comentaristas acham que o Salmo 147 foi composto no contexto dessa cerimônia de dedicação, especialmente devido aos versículos 2 e 13. Leia o Salmo 147 e veja quais podem ter sido seus motivos para essa grande alegria.

(2) Depois de descrever a dedicação do povo a uma observância rigorosa da Lei de Moisés, seguida pela dedicação do muro de Jerusalém, Neemias destacou algumas coisas feitas pelo povo, obviamente em resposta ao juramento que tinham feito em 10:28-39. Tente relacionar essas ações com esse juramento:

a. A que parte do juramento o v. 44 se refere?

b. Qual é a importância simbólica dessa obediência?

c. O que significa a observação de que “Judá estava satisfeito com os sacerdotes e os levitas”?

d. A que parte do juramento o v. 45 se refere?

e. Que tipo de imagem isso apresenta com relação à adoração no templo nos dias anteriores ao juramento?

f. A que parte do juramento o versículo 46 se refere?

g. Que tipo de imagem isso apresenta com relação à vida dos levitas, cantores e porteiros nos dias anteriores ao juramento?

(3) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Um tempo de alegria

Pois muito tempo antes, nos dias de Davi e de Asafe, havia dirigentes dos cantores e pessoas que dirigiam os cânticos de louvor e de graças a Deus.” (NVI-PT) (Neemias 12:46)

Num comentário final, Neemias decidiu nos informar que o povo de Israel realmente estava levando a sério o juramento que tinha feito tão solenemente. Assim, no v. 44, ele nos diz expressamente que "naquela ocasião", isto é, no dia seguinte à dedicação das muralhas de Jerusalém, eles cumpriram sua promessa e nomearam homens (obviamente levitas) para cuidar dos depósitos das contribuições, das primícias e dos dízimos dados pelo povo. Em outras palavras, antes de fazer o juramento, o povo realmente não se importava se os levitas e sacerdotes tinham o suficiente para sustentar suas famílias. Isso também explica por que muitos dos sacerdotes e levitas acabaram se mudando de Jerusalém e muitos tinham se tornado agricultores. Como resultado, os assuntos do templo tinham sido totalmente negligenciados, pois não havia sacerdotes e levitas suficientes para ajudar o templo a funcionar de forma adequada.

Agora que o povo tinha prometido: "não negligenciaremos o templo de nosso Deus" (10:39), uma das primeiras diferenças visíveis foi que, devido à reintrodução do coro no templo, mais uma vez se ouviram cânticos de louvor. — “Pois muito tempo antes, nos dias de Davi e de Asafe, havia dirigentes dos cantores e pessoas que dirigiam os cânticos de louvor e de graças a Deus” (12:46). É óbvio que há muito tempo não havia um dirigente dos cantores. Durante muitos anos o templo foi um local de muito pouca adoração.

Independentemente de quão pecadores e rebeldes sejamos, o fato é que Deus ainda merece nosso louvor e adoração. Sempre que os crentes se reúnem diante do Senhor, o objetivo primordial é adorá-Lo e é por isso que sempre informo aos organizadores de eventos que a razão principal por estarmosé para adorar a Deus, mesmo quando se trata de casamentos e funerais. E uma vez que Deus é o centro da nossa adoração, não podemos deixar de louvá-Lo e adorá-Lo. Seja qual for o motivo, Deus achou por bem nos dar o grande dom da música, que de forma única nos ajuda a expressar o nosso sincero louvor e adoração de uma maneira que nada mais pode imitar seja por meio de canções, címbalos, harpas e liras (12:27), ou pianos, órgãos, sintetizadores e guitarras.

Já que Deus merece o melhor, dêmos o melhor de nós todos os domingos ao nos preparar para o culto; isso inclui dar a nossa melhor oferta musical, não como entretenimento para nós mesmos, mas para dar glória e honra ao nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 13:1–9

Neste capítulo final, Neemias nos mostra que a reforma levada a cabo sob seu comando nem sempre foi fácil; foram necessárias medidas persistentes (e em alguns casos disciplinares) para garantir que os juramentos prestados fossem mantidos. Em geral, os comentaristas consideram que todas essas correções foram realizadas quando Neemias voltou a Jerusalém no ano 32 de Artaxerxes (433 a.C., ou seja, exatamente 12 anos após a chegada de Neemias a Jerusalém) depois de uma ausência prolongada. Estes são os incidentes citados por ele:

(1) Os vv. 1-3 tratam da expulsão de todos os estrangeiros, provavelmente da assembléia religiosa.

a. Leia a proibição exata imposta pela lei em Deuteronômio 23:4-6.

b. Por que isso foi aplicado a todos os estrangeiros, não só aos amonitas e moabitas?

c. A proibição contém a frase "até a décima geraçã" (Deut. 23:3). Isso quer dizer nunca? (Observe que aqueles gentios que aspiravam adorar a Javé provavelmente eram autorizados a se reunir no “Pátio dos Gentios” do Segundo Templo; além disso, Rute era uma moabita.)

d. Por que Neemias considerou necessário aplicar essas leis até as “últimas consequências”?

e. O que podemos aprender com seu exemplo?

(2) Os vv. 4-5 tratam dos favores que tinham sido concedidos a Tobias, o inimigo de Israel:

a. Quem era Tobias? Como ele se opôs a Neemias? (vide Neemias 2:19; 4:3, 7-8; 6:1-7, 12-19)

b. Quão influente era Tobias (vide Neemias 6:17-18)?

c. Qual era a função original da sala que Eliasibe tinha cedido a Tobias?

d. Uma vez que que os amonitas deviam ser excluídos da assembléia, que tipo de pecado estava sendo cometido aqui?

e. Por que o sacerdote (se isso não for uma referência ao Sumo Sacerdote Eliasibe, provavelmente se refere a um de seus parentes) concedeu esse favor a um inimigo declarado dos israelitas?

(3) Os vv. 6-9 tratam das medidas tomadas por Neemias após seu retorno da corte persa:

a. O texto não nos diz nada sobre como ele foi recebido pelo rei após sua ausência de 12 anos. O que o fato de ter recebido permissão para voltar a Jerusalém nos diz sobre o tipo de relacionamento que ele tinha com o rei?

b. Por que você acha que Neemias queria voltar para Jerusalém?

c. Como ele lidou com "o mal que Eliasibe havia feito"?

d. Que impacto suas ações teriam sobre os sacerdotes, os líderes e o povo em geral?

(4) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Uma questão do coração

“Mas, enquanto tudo isso estava acontecendo, eu não estava em Jerusalém, pois no trigésimo segundo ano do reinado de Artaxerxes, rei da Babilônia, voltei ao rei ...” (NVI-PT) (Neemias 13:6)

Alguns leitores podem ficar confusos com o uso na Bíblia dos termos "rei da Babilônia" (Neemias 13:6) e "rei da Assíria" (Esdras 6:22) para se referir ao rei da Pérsia. Embora os leitores modernos estejam bem cientes da mudança histórica de poder na Mesopotâmia, parece que os antigos (especialmente os hebreus, que serviram sob as sucessivas potências na região) não se importavam muito com a etnia de seus governantes. Para eles, todos eram governantes sobre os mesmos (ou aproximadamente os mesmos) territórios que tinham sido controlados pelos babilônios e assírios.

Mas sabemos que, independentemente de quem estava no poder, “o coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer” (Pv 21:1). Assim, descobrimos que muitos desses governantes babilônicos, assírios e persas foram usados por Deus como instrumentos, não só para disciplinar Seu povo, mas também para dar-lhes uma segunda chance de voltar ao seu Deus.

Um desses governantes foi Artaxerxes, que deu a Neemias autoridade para voltar a Jerusalém como governador a fim de reconstruir a muralha da cidade e implementar sua reforma espiritual. Infelizmente reconstruir a muralha da cidade foi a parte fácil, apesar da feroz oposição de seus inimigos; a parte difícil foi reformar o povo, uma vez que ele teve que lidar com o coração do povo. Sem uma transformação no coração, não há mudança de comportamento. Neemias fez o possível de acordo com sua capacidade para fazer cumprir a lei (isto é, a Lei de Moisés), mas depois de ele deixar Jerusalém (e não sabemos quanto tempo ele ficou fora), muitas partes da lei foram violadas, incluindo aquelas que o povo havia jurado solenemente observar.

Isso também é um lembrete solene para nós, pois às vezes procuramos defender a promulgação de leis em nossos países a fim de conformar a nossa sociedade aos princípios e ensinamentos da Bíblia seja em relação à definição do casamento ou outras áreas da vida que são importantes para uma sociedade estável. O problema com isso é que não podemos reduzir a moralidade a uma questão de legislação; é uma questão de coração. Onde o coração não for transformado pelo Evangelho, não haverá esperança de que seu dono aprecie, concorde e siga os princípios e ensinamentos das Escrituras.

Precisamos nos lembrar constantemente de que nosso objetivo não é cristianizar o mundo num sentido cultural, mas evangelizar o mundo uma alma de cada vez. Claro, isso é um processo lento, mas é o único processo que foi ensinado pelo nosso Senhor, o mesmo que prometeu que “este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mateus 24:14).

Por mais lento que tenha sido esse processo, ele já durou mais de 2.000 anos. Nossa geração tem visto a propagação do evangelho alcançar além de Jerusalém, toda a Judéia, Samaria e até os confins da terra (Atos 1:8). "O fim" sem dúvida está muito próximo. Isso não quer dizer que devemos deixar de lutar pelo que é bom e decente, mas antes, que devemos entender o que o anjo disse a João em sua visão a respeito do que acontecerá quando o fim estiver próximo: "Continue o injusto a praticar injustiça; continue o imundo na imundícia; continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a santificar-se” (Apocalipse 22:11).

Portanto, não devemos ficar desanimados se o mundo continuar a ignorar Deus e Sua mensagem; devemos nos concentrar em compartilhar e viver os nossos testemunhos, deixando o resultado nas mãos de Deus.

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 13:10–14

Os vv. 10-14 tratam da negligência dos sacerdotes e levitas com relação ao processo devido de coleta e armazenamento das ofertas do povo:

(1) Por que “todos os levitas e cantores responsáveis pelo culto haviam voltado para suas próprias terras (quer dizer, eles não serviam no templo regularmente, mas tinham voltado para os campos ao redor de Jerusalém para serem agricultores)?

(2) De quem foi a culpa?

(3) Que impacto essa negligência pode ter tido na cidade (12:44)?

(4) O que Neemias fez para corrigir essa situação?

(5) Neemias provavelmente precisaria voltar à corte do rei em algum momento. Sendo assim, como ele podia assegurar que o povo, especialmente esses líderes religiosos, continuassem a cumprir a Lei?

(6) O que sua oração no v. 14 nos ensina?

(7) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A perseverança vale a pena

“Coloquei o sacerdote Selemias ... e fiz de Hanã ... assistente deles, porque esses homens eram de confiança. Eles ficaram responsáveis pela distribuição de suprimentos aos seus colegas." (NVI-PT) (Neemias 13:13)

Neemias provavelmente ficou muito desanimado ao voltar da Pérsia, uma vez que muitas das reformas que ele tinha instituído não foram mantidas havia casamentos mistos com os habitantes das cidades vizinhas, violação (pelo próprio sumo sacerdote) do templo ao permitir que Tobias o amonita, o principal inimigo do povo, usasse a sala que tinha sido designada para o armazenamento das ofertas sagradas do povo, e agora, a negligência dos sacerdotes e levitas em suprir às necessidades de seus irmãos levitas. Parecia ser um caso de "um passo para a frente, dois para trás".

Você não teria ficado desanimado? O que ele podia fazer, especialmente quando realmente não podia confiar naqueles líderes que sempre trabalhavam contra ele?

Mas Neemias perseverou, sabendo que embora tivesse o apoio do rei e fosse (obviamente) um líder muito capaz, somente Deus podia consolidar a reforma e fazê-la durar. Portanto, ele concluiu cada uma das medidas corretivas que tomou com uma oração na qual expressou sua dependência total de Deus e de Sua misericórdia.

É nesse contexto que lemos a seguinte oração de impotência no v. 14:

"Lembra-te de mim por isso, meu Deus, e não te esqueças do que fiz com tanta fidelidade pelo templo de meu Deus e pelo seu culto" (NVI-PT).

Mas o exemplo que Neemias nos deixou não é um de dependência total em Deus por meio de oração somente, sem nenhuma ação; ele usou sua sabedoria ao nomear homens que ele considerava de confiança para garantir uma devida distribuição dos suprimentos necessários aos demais sacerdotes e levitas (13:13).

A história nos mostra que essa combinação de oração dependente e uso de sabedoria valeu a pena, pois sua reforma fez muito para afastar a nação inteira de Israel da adoração de ídolos e aproximá-la de uma observância rigorosa da Lei de Moisés durante os quatro séculos seguintes.

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 13:15–22

Os vv. 15-22 tratam da violação do juramento de guardar o sábado:

(1) Que coisas específicas o povo tinha dito sobre a observância do sábado em seu juramento solene de observar cuidadosamente a Lei de Moisés? (10:31)

(2) Como esses homens de Judá tinham violado a lei que com tanta paixão tinham prometido guardar?

(3) Por que eles ousariam violar o sábado?

a. Não respeitavam mais a Lei?

b. Não temiam os líderes ou o Sumo Sacerdote?

c. Não tinham medo de provocar a ira de Deus, como seus pais tinham feito?

(4) O que as pessoas de Tiro faziam nos sábados?

(5) Por que Neemias culpou os nobres de Judá?

(6) O que Neemias fez para corrigir a situação?

(7) Por que ele teve que colocar seus próprios homens para guardar as portas?

(8) Que aviso ele deu aos mercadores, que provavelmente eram estrangeiros? (Neemias provavelmente ainda ocupava o cargo de governador quando voltou a Jerusalém.)

(9) Depois de acabar com a ameaça de violar o sábado, Neemias substituiu seus próprios homens pelos levitas de forma permanente. Qual foi o encargo que ele deu aos levitas a esse respeito?

(10) Você acha que com isso o povo, os nobres, os sacerdotes e os levitas realmente guardariam o sábado?

(11) O que sua oração no v. 22 nos mostra?

(12) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Guardar
o sábado

Naqueles dias vi que em Judá alguns trabalhavam nos tanques de prensar uvas no sábado e ajuntavam trigo e o carregavam em jumentos …” (NVI-PT) (Neemias 13:15)

É bastante surpreendente ler que uma das estipulações que o povo tinha violado em seu voto solene a Deus foi a observância do sábado, uma vez que em seu juramento tinham mencionado especificamente a observância do sábado, prometendo que "quando os povos vizinhos trouxerem mercadorias ou cereal para venderem no sábado ou em dia de festa, não compraremos deles nesses dias;" (NVI-PT) (10:31).

Agora, eles não só estavam permitindo que as pessoas de Tiro trouxessem mercadorias no sábado; eles mesmos estavam levando grãos e outras mercadorias para o mercado.

Será que eles não sabiam que estavam profanando o sábado? É claro que sabiam!

Não tinham medo de serem repreendidos pelo sumo sacerdote ou pelos nobres? É claro que não; muitos dos levitas e sacerdotes tinham abandonado seu serviço no templo e deixado a cidade. Além disso, os líderes realmente não guardavam o sábado como tal. Talvez eles também tenham frequentado o mercado para fazer compras no sábado!

Mas será que o povo não tinha medo de que acontecesse com eles o mesmo que tinha acontecido com seus antepassados? Bem, com toda a honestidade, eles ainda estavam sob ocupação estrangeira. Quer fosse na Babilônia ou em Jerusalém, a questão mais importante era sua sobrevivência. Uma vez que eles sem dúvida não estavam vivendo vidas de luxo, eles realmente não tinham muito a perder. Parece que enquanto a maioria dos habitantes guardava o sábado, aqueles que não o guardavam tinham uma clara vantagem injusta e podiam ganhar mais dinheiro. Portanto, o verdadeiro motivo era a ganância, já que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (1 Timóteo 6:10).

No entanto, o mandamento de guardar o sábado não era um simples sinal da aliança de Deus (Êxodo 31:16) que destacava sua identidade única como povo de Deus; também era uma expressão de seu amor a Deus acima de tudo, até mesmo do dinheiro.

Como crentes neotestamentários, é verdade que não estamos mais sob a lei, incluindo a lei de guardar o sábado. No entanto, estamos sob a lei do amor, e a prova do nosso amor por Deus inclui a nossa disposição de lhe dar o primeiro lugar em nossas vidas. A prova mais básica disso é descansar e adorá-Lo no Dia do Senhor.

Todos nós conhecemos a história de Eric Liddell, que esteve disposto a desistir de sua chance de ganhar uma medalha olímpica a fim de não correr no Dia do Senhor. Apesar de seu exemplo, já vi muitos cristãos trabalharem aos domingos por escolha própria, ou sairem para esquiar, ou levarem as crianças para todos os tipos de atividades extracurriculares em vez de adorar.

Realmente não somos melhores do que aqueles a quem Neemias repreendeu.

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Neemias 13:23–31

Os vv. 23-31 encerram o livro com uma descrição da maneira como Neemias lidou com os casamentos mistos com gentios:

(1) Em seu juramento solene de observar cuidadosamente a Lei de Moisés, o que o povo tinha dito especificamente sobre sua separação das cidades vizinhas? (10:28-30)

(2) Como os homens de Judá tinham violado esse juramento?

(3) O que Esdras tinha feito anteriormente na sua tentativa de erradicar esse mesmo problema (Esdras 10)?

(4) Por que Neemias estava tão preocupado com o fato de os filhos que resultaram desses casamentos falarem uma língua estrangeira, sem poder falar hebraico? Será que ele só estava sendo nacionalista, ou realmente havia grandes consequências com relação à adoração de Javé? (Vide o exemplo que ele deu sobre Salomão.)

(5) Como ele corrigiu essa situação?

(6) Por que ele recorreu ao uso da força (pode-se presumir que como governador ele tinha a autoridade para fazer isso no exercício da lei local)?

(7) Por que ele foi especialmente severo com o neto do sumo sacerdote (vide Levítico 21:14 e sua oração aqui em 13:29)?

(8) O que ele fez para restaurar o sacerdócio e a adoração no templo, os quais tinham sido negligenciados?

(9) Embora a última frase pronunciada e registrada por Neemias seja breve, o que ela revela sobre ele?

(10) O que você pode aprender com seus esforços, não não só na reconstrução da muralha de proteção para a Cidade Santa, mas também na tentativa de guiar seu povo de volta à verdadeira adoração de Javé?

(11) Qual é a mensagem principal para você hoje e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Um exemplo para as futuras gerações

Eu os repreendi e invoquei maldições sobre eles. Bati em alguns deles e arranquei os seus cabelos.” (NVI-PT) (Neemias 13:25)

Tenho certeza de que você ficou chocado ao ler que um homem de Deus como Neemias recorreu à violência contra aqueles que tinham se casado com mulheres estrangeiras.

Devemos ter em mente várias coisas ao tentar entender esse comportamento bastante incomum de Neemias:

1. Embora ele tenha ficado triste e zangado ao saber que esses homens tinham voltado atrás tão rapidamente em relação ao seu voto a Deus, violando sua primeira promessa (10:30) ao se casar com mulheres estrangeiras, ele não os obrigou a se divorciar delas e expulsar seus filhos como Esdras havia feito (Esdras 10).

2. Um edito anterior de Artaxerxes tinha permitido que Judá fosse governado pela Lei de Moisés (Esdras 7:26), o que incluía a autoridade de executar os infratores. Quando Neemias bateu nesses ofensores, suas ações eram coerentes com o exercício adequado de sua autoridade como governador conforme à lei.

3. A repreensão de Neemias revelou plenamente sua dor e medo pela nação. Ele temia que o povo ofendesse a Deus, uma vez mais provocando Sua ira contra eles. Certo comentarista conseguiu expressar muito bem esse medo de Neemias ao fazer a seguinte paráfrase de 13:26:

“Se o poderoso rei Salomão não conseguiu resistir à influência de suas esposas estrangeiras; se ele, o amado (de) Deus, não achou em seu relacionamento com Deus um refúgio contra o pecado ao qual elas o seduziram, porventura seria incomum se você cometesse um mal tão grande?" (Keil & Delitszch, citando Bertheau, 183)

Também é importante entender que o que levou Neemias a expulsar um dos filhos do sumo sacerdote Joiada não foi a vingança pessoal, mas sua violação descarada de Levítico 21:7, 14, o que automaticamente o desqualificava como sacerdote.

Aliás, o historiador judeu Josefo (Ant. xi, 7:2 e 8:2-4) conta uma história semelhante que ocorreu não muito depois da época de Neemias: Manassés, irmão do sumo sacerdote Jadua, casou-se com Nicaso, uma filha do sátrapa Sambalate, um cuteu. Os anciãos dos judeus, temendo a ira de Deus, o excluíram do sacerdócio. No entanto, com a ajuda de seu sogro Sambalate, ele estabeleceu o culto do templo no Monte Gerizim, uma ação que provavelmente marcou o início do culto samaritano em Gerizim (ao qual a mulher que conversou com Jesus no poço de Samaria faz alusão em João 4).

Em outras palavras, essas medidas “extremas”, mas fiéis, tomadas por Neemias, impactaram as gerações futuras, preservando a pureza da adoração de Javé.