Esta semana continuaremos o nosso estudo do livro de Ezequiel no Velho Testamento.
Nesta passagem, a mensagem sobre a futura restauração completa de Israel é apresentada na forma de dois oráculos do Senhor:
- 37:1-14: A ressurreição de Israel para uma nova vida
- 37:15-28: A reunificação de Israel sob um único rei
37:1-14—A ressurreição de Israel para uma nova vida
(1) O vale dos ossos secos (vv. 1-3)—É muito claro que esta visão foi dada a Ezequiel pelo Senhor, mas o vale onde foi dada não é especificado:
a. O que nos mostra a localização desses ossos?
b. Depois de ser levado de um lado para o outro entre os ossos, qual foi a observação que Ezequiel fez a respeito deles?
c. Qual pergunta o Senhor fez a Ezequiel sobre os ossos?
d. De uma perspectiva humana, qual deveria ter sido a resposta de Ezequiel?
e. Que resposta Ezequiel deu ao Senhor? Por quê?
(2) A ordem de profetizar (vv. 4-6)—Deus lhe dá a ordem de profetizar a esses ossos para que vivam.
a. Quais são as quatro etapas distintas do processo que foi usado para fazer os ossos viverem novamente?
b. O que fará esses ossos ganharem vida? (vide também Gênesis 2:7)
(3) Ezequiel profetiza conforme foi instruído (vv. 7-10)
a. O que poderiam significar o barulho e o som de chocalho? (vide João 3:8)
b. Das quatro etapas distintas mencionadas acima, quais acontecem antes do v. 8?
c. Qual das etapas ainda não aconteceu?
d. Como acontece a última etapa? (vv. 9-10)
e. O que significa o fato de a última etapa estar separada das três primeiras?
f. Qual razão pela causa da morte dessas pessoas é dada no v. 9?
g. O que elas se tornarão agora? (v. 10)
(4) A interpretação (vv. 11-14)
a. Quem são esses ossos? (v. 11)
b. O que tinha acontecido com “toda a casa de Israel” na época em que essa visão foi dada? (v. 11; vide a Nota abaixo)
c. Qual é a interpretação desta visão? (vv. 12-14)
d. Pense sobre as seguintes perguntas à luz do fato de o povo de Israel ter voltado à sua terra e restabelecido sua nação no ano 1948:
- Quais aspectos desta profecia já foram cumpridos?
- O que ainda não foi cumprido?
(5) Na sua opinião, qual é o aspecto mais surpreendente desta profecia? Por quê?
(6) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
Nota :
Uma vez que a segunda metade das mensagens sobre a restauração de Israel começa no capítulo 33 (e continua até o capítulo 39), e 33:21 fornece a única data para esta série de mensagens (o décimo segundo ano após o exílio do povo), pode-se concluir, para todos os efeitos, que já tinha passado um ano desde a queda de Jerusalém (em 586 a.C.). É óbvio que muito tempo já tinha se passado desde a queda do Reino do Norte (em 722 a.C.).
“Ó meu povo, vou abrir os seus túmulos e fazê-los sair; trarei vocês de volta à terra de Israel”. (NVI-PT) (Ezequiel 37:12)
A visão da ressurreição dos ossos secos talvez seja a passagem mais famosa do Livro de Ezequiel, e com razão. O Senhor deixou bem claro que esses ossos secos eram “toda a casa de Israel” (37:11) e profetizou que por mais secos que estivessem (e a história nos diz claramente que desde 586 a.C. Israel deixou de ser uma nação) seriam ressuscitados como nação, e o povo retornaria à sua terra. Esta parte da profecia foi cumprida diante dos nossos olhos no ano 1948. Após um período total de aproximadamente 2.500 anos, uma nação que tinha deixado de existir completamente voltou à vida. Se isso não é um milagre, o que é?
É claro que o fato de esse processo ter ocorrido em 2 etapas separadas é importante, pois embora os tendões fossem juntados aos ossos mortos e secos, e os esqueletos fossem revestidos de carne e depois de pele, o sopro de vida neles aconteceria em outro momento. Como resultado, o Israel de hoje, por mais milagrosa que seja sua volta à sua terra, ainda não está espiritualmente vivo. Podemos esperar um tempo futuro em que Deus colocará Seu Espírito neles e toda a casa de Israel será salva (Rm 11:26).
No entanto, esta profecia também é para nós, os crentes gentios, pois nos lembra de que não devemos considerar ninguém um caso perdido.
"Nada é impossível para Deus; Se Deus pode colocar músculos e carne até mesmo em ossos secos e usá-los para construir um corpo, Ele sem dúvida pode renovar uma pessoa que você acha que já está desgastada e acabada aos olhos de Deus." (Charles Swindoll, The Living Insights Study Bible, 826)
37:15-28—A reunificação de Israel sob um só rei—Esta passagem contém outra peça que Ezequiel devia representar:
(1) O que Ezequiel devia escrever em cada uma das duas varas? (vv. 15-16)
(2) O que ele devia fazer com as duas varas nas quais ele tinha escrito essas palavras? (v. 17)
(3) Que reação suas ações provocaria? (v. 18)
(4) De acordo com a resposta de Deus, quem segura as varas? (v. 19b)
(5) O que representa o ajuntamento das duas varas? (v. 22a)
(6) Considere as seguintes perguntas à luz desta promessa de reunificação de Israel (vv. 22-23):
a. Quais mensagens já foram preditas na visão anterior dos ossos secos?
b. O que as mensagens adicionais incluem?
(7) Sob o Único Rei (vv. 24-25)
a. Quem é esse "único rei"? (v. 24a)
b. Por que Ele também é chamado de seu pastor? (vide 34:11-16, 23)
c. De que forma o reinado desse rei será diferente dos reinados dos reis anteriores? (vv. 24-25)
(8) A aliança de paz (vv. 26-28)—É útil ler a aliança de paz já prometida nos vv. 34:25-29.
a. Qual é o tema da paz, conforme descrito em 34:25-29?
b. Que aspectos são enfatizados aqui? (vide 37:26-28)
c. O que significa a promessa de que Sua morada (Seu santuário) estará no meio deles para sempre ? (v. 28; vide Apocalipse 21:1-4)
(9) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“De fato, para eles você não é nada mais que um cantor que entoa cânticos de amor com uma bela voz e que sabe tocar um instrumento, pois eles ouvem as suas palavras, mas não as põem em prática."(NVI-PT) (Ezequiel 33:32)
Hoje eu gostaria de compartilhar com vocês um poema sobre Ezequiel que encontrei
recentemente. Este poema tem sido muito encorajador para mim porque
compara o ministério aparentemente fútil de Ezequiel
(especialmente os aspectos descritos em 33:32) com a experiência
igualmente frustrante de Cristo, a fim de nos lembrar de que não devemos fugir do
propósito dado por Deus, uma vez que com certeza estamos seguindo os passos de
grandes profetas, anjos e o próprio Cristo.
(Consulte a versão bilíngue desta lição.)
JOHN GREENLEAF WHITTIER (1807-1892)O oráculo final, que trata da restauração completa de Israel, termina nos capítulos 38-39, onde é descrito o que parece ser um evento final que levará à restauração completa de Israel a Javé:
A profecia contra Gogue (Parte 1)
(1) Quem é Gogue? (vv. 1-3; vide a Nota 1 abaixo)
(2) A descrição de um grande exército liderado por Gogue (vv. 4-6)
a. Como o Senhor descreve seu exército?
b. Quem mais faz parte desse exército? (vide a Nota 2 abaixo)
c. O que significa "porei anzóis em seu queixo (de Gogue)"? (v. 4)
(3) O chamado para invadir Israel (vv. 7-9)
a. Em que momento ocorrerá esse evento? (v. 8; vide Apocalipse 20:7 e ss.)
b. O que já terá acontecido com Israel antes desse evento? (vv. 7-8)
c. O que esse enorme exército fará com Israel? (v. 9)
(4) Os motivos da invasão (vv. 10-16)
a. O que fez de Israel um alvo de invasão tão atraente? (vv. 10-12)
b. Que pergunta esses mercadores de Sabá, Dedã (a leste de Israel, no deserto da Arábia) e Társis (possivelmente na Espanha) farão a Gogue? (v. 13) Quais poderiam ser suas intenções?
c. É certo que Gogue confia em sua própria força e busca aproveitar a prosperidade de um Israel "sem muros, sem portas e sem trancas" (no Milênio, sob o reinado de Cristo). Porém,
- Quem realmente está por trás deste evento?
- Qual é o Seu propósito? (v. 16)
(5) O julgamento de Gogue e seus aliados (vv. 17-22)
a. Este ataque de Gogue contra o povo de Deus é inesperado? (v.17; vide a reflexão meditativa de hoje)
b. Como a ira de Deus se manifestará contra essas nações?
- Explique isso à luz do v. 19.
- Que impacto tudo isso terá sobre os seres vivos que estiverem na Terra? (v. 20a)
- O que acontecerá com a criação? (v. 20b)
- O que acontecerá com Gogue e suas tropas?
(6) O que este evento obterá para o Senhor? (v. 23)
(7) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
Nota 1:
Quando eu era jovem, ouvi muitos pregadores chamados "proféticos" ou "dos últimos tempos" afirmarem enfaticamente que Gogue era a Rússia. Mas a realidade é esta: todos os estudiosos sensatos concordam que ninguém pode saber com certeza a identidade de Gogue. Embora a maioria dos eruditos tenda a acreditar que o nome "Gogue" provavelmente é derivado de "Gyges, o nome do rei da Lídia" (Block), esta e outras soluções não "têm nenhum apoio significativo para justificar sua aceitação como a resposta à questão da identidade de Gogue" (Alexandre, 121). Josefo relaciona Magogue (mencionado em Gênesis 10:2 como um dos filhos de Jafé) com a terra habitada pelos citas na região dos mares Negro e Cáspio. Acredita-se que Meseque e Tubal tenham sido países localizados na região geral do país atual da Turquia.
Nota 2:
O texto descreve que o grande séquito do exército de Gogue virá de todas as regiões do mundo, da Pérsia no leste, Cuxe (Etiópia) no sul, Fute ( Líbia ) no oeste e Gomer (a região ao norte do Mar Negro) e Togarma (os armênios) no norte.
"Assim diz o Soberano, o Senhor: 'Acaso você não é aquele de quem falei em dias passados por meio dos meus servos, os profetas de Israel? Naquela época eles profetizaram durante anos que eu traria você contra Israel?'." (NVI-PT) (Ezequiel 38:17)
Embora o Senhor se refira a Gogue como uma pessoa de quem Ele já tinha falado em tempos passados por meio de Seus servos, os profetas de Israel, é difícil para nós identificar com precisão quais são as profecias às quais Senhor se refere. Apesar disso, esta pergunta retórica pressupõe uma resposta afirmativa, e Keil nos deixa a seguinte reflexão sobre ela:
“A afirmação de que Gogue é aquele de quem Deus já tinha falado através dos profetas anteriores não quer dizer que esses profetas tenham mencionado o nome de Gogue, mas simplesmente que Gogue era o inimigo cuja revolta contra o povo de Deus os profetas tinham profeizado em dias passados, assim como eles tinham profetizado sua destruição por meio de um julgamento irado do Senhor ... O objetivo desta observação não é certificar a profecia por meio de uma referência às declarações dos profetas da antiguidade, mas mostrar que o ataque daqueles que serão reunidos por Gogue contra a terra e o povo do Senhor não será um evento inesperado, nem será um evento que destoe da promessa da restauração de Israel como um reino de paz. É difícil responder à pergunta sobre qual das declarações dos profetas mais antigos o profeta teve em mente ao escrever essas palavras. Naturalmente, não se deve pensar em Zacarias (12:2, 3; 14:2, 3), uma vez que o próprio Zacarias não profetizou até depois do cativeiro e, portanto, depois de Ezequiel. Mas podemos mencionar Joel 4:2, 11 e ss.; Is. 25:5, 10 e ss., 26:21; Jer. 30:23 e 25; aliás, todos os primeiros profetas que profetizaram sobre o Dia do Juízo de Jeová contra todos os pagãos.”
(K&D, Ezequiel, 335)
A profecia contra Gogue (Parte 2)
(1) O ataque contra Gogue e sua terra (vv. 1-6)
a. Embora não saibamos exatamente quem é Gogue, o que o v. 2 nos diz sobre sua terra natal?
b. Onde ele e suas tropas serão derrotados? (v. 4)
c. O que acontecerá com sua própria terra e com aqueles que vivem em segurança nas costas? (v. 6; é possível que palavra “fogo” seja uma analogia para a guerra, e que a expressão "regiões costeiras" seja simplesmente uma referência a lugares distantes [Keil])
(2) A destruição total das armas (vv. 7-10)
a. Como Israel tinha profanado o santo nome do Senhor? (36:20)
b. Como a derrota de Gogue e seu exército servirá para justificar o santo nome do Senhor? (vv. 7-8)
c. Após a derrota de Gogue e seu exército, quanto tempo será necessário para os moradores de Israel queimarem todas as suas armas? (v. 9)
d. O que significa isso?
e. Quais são as semelhaças e diferenças entre esta profecia e a de Isaías 2:4?
(3) O enterro em massa (vv. 11-16)
a. Embora o nome do local de sepultamento não seja mencionado, o texto explica que ele está localizado em direção ao mar, a leste de Israel. Qual seria o mar mencionado neste texto?
b. Será chamado de Vale de Hamon (isto é, da multidão) de Gogue (o lugar onde onde antes eram praticados a adoração a Moloque e o sacrifício de crianças —vide Jr. 32:35). Quanto tempo será necessário para eles enterrarem os mortos? (v. 12)
c. Por que esse dia será tão inesquecível? (v. 13)
d. Quais são os passos específicos descritos para a purificação da terra? (vv. 14-15)
e. Qual poderia ser o significado mais profundo de purificar a terra dos cadáveres? (v. 16)
(4) O banquete de Deus para os pássaros (vv. 17-20): Isso é descrito em termos de uma refeição sacrificial.
a. Quem serão os convidados a este banquete? (v. 17a)
b. Onde será realizado o banquete? (v. 17b)
c. O que estará no cardápio? (vv. 17c-19)
d. Quem será o anfitrião? (v. 19)
e. Que tipo de quadro o Senhor procura pintar ao nos descrever esta cena? (observe suas semelhanças com Apocalipse 19:17-18)
(5) A promessa final (vv. 21-29)
a. Que impacto este evento terá em todas as nações da terra? (v. 21)
b. Que impacto terá daquele dia em diante na casa de Israel? (v. 22)
c. Qual teria sido a mensagem para a audiência imediata de Ezequiel (os exilados), e qual é a mensagem para todas as nações hoje? (vv. 23-24)
d. Segue um resumo das bênçãos prometidas a Israel (vv. 25-29):
Em que sentido(s) nós (os crentes gentios) já herdamos essas bênçãos?
(6) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
"Filho do homem, profetize contra Gogue ..." (NVI-PT) (Ezequiel 39:1)
Muitos têm especulado a respeito de quando este evento do fim dos tempos (em relação à derrota de Gog) ocorrerá. Acho muito interessante que a maioria dos eruditos de hoje abordam esses dois capítulos de Ezequiel (ou seja, capítulos 38 e 39) com uma grande quantidade de informações históricas e muitas análises detalhadas da gramática e das palavras individuais, mas evitam estabelecer um vínculo com alguma passagem do livro de Apocalipse, especialmente com alguma discussão sobre sua relação com o "milênio", como se qualquer alusão à possibilidade de eles acreditarem no milênio prejudicasse a qualidade acadêmica de suas obras.
Mas nós não somos acadêmicos e estamos livres desse tipo de hipocrisia; porém, devemos prestar atenção ao conselho de Alexander enquanto procuramos entender os capítulos de forma correta e
"(1) praticar uma hermenêutica gramatical-histórica normal, (2) abraçar todos os detalhes de Ezequiel 38 e 39, sem ignorar nenhum, (3) permitir que as principais referências ao tempo provenham da própria passagem de Ezequiel e (4) limitar as conjecturas tanto quanto possível.”
(Alexander, 123)
Com base nesses princípios, Alexander é mais favorável às seguintes soluções:
“Uma solução final é proposta para a questão de quando ocorrerão os eventos de Ezequiel 38 e 39; esses eventos ocorrem após o Milênio. A referência explícita a Gogue e Magogue em Apocalipse 20:8 nos fornece uma base sólida para esta posição. Não se pode descartar essa referência explícita de forma leviana, como ocorre com frequência. Os termos usados em Apocalipse 20:8 são os mesmos que são usados em Ezequiel 38 e 39. Ao aplicarmos uma hermenêutica normal, observamos que ambas as passagens devem descrever o mesmo evento (uma vez que os termos Gogue e Magogue não aparecem em nenhuma outra porção das escrituras), a menos que haja bases sólidas para negar esse vínculo. Não há dúvida de que essa posição explica a expressão "viviam em segurança", uma vez que Ezequiel normalmente a utiliza em passagens sobre o milênio, e o evento mencionado em Apocalipse 20 ocorre no final do Milênio. Várias das nações do Milênio estariam presentes para testemunhar a destruição de Gogue, o cumprimento de Ezequiel 38:16, 21-23; 39:7, 21. Haveria tempo suficiente para queimar as armas e enterrar os corpos para purificar a terra; nenhum detalhe se opõe à purificação da terra naquela época. Não há dúvida de que haverá prosperidade em Israel durante o reino milenial (cf. Isaías 11, 35).”
(Alexandre, 127)
No entanto, ele também observa o seguinte:
“Ezequiel 38 e 39 têm um duplo cumprimento: o primeiro em Apocalipse 19:17-21 e o segundo em Apocalipse 20:8. Em Apocalipse 19, estes capítulos são cumpridos com a morte da besta, o principal instrumento de Satanás (semelhante aos eventos descritos em Ezequiel 28:1-10). Em Apocalipse 20, são cumpridos quando Satanás, o Gogue (semelhante a Ezequiel 28:11-19), o inimigo de Israel, faz uma tentativa final de recuperar a terra de Israel do povo escolhido de Deus. O duplo cumprimento ocorre em dois eventos semelhantes que envolvem os últimos e maiores inimigos do povo de Deus. Em certo sentido, o primeiro prefigura o segundo."
(Alexandre, 128)
O livro de Ezequiel conclui com uma nota gloriosa, uma visão de Javé retornando ao templo que antes tinha abandonado e estabelecendo Sua morada no meio de Seu povo. Porém, esses capítulos finais (40-48) estão ao mesmo tempo entre as passagens proféticas mais desconcertantes e difíceis das Escrituras. Uma vez que o propósito de nossa leitura é devocional (procuramos nos aproximar do Senhor através de uma reflexão meditativa em Suas palavras), não nos deixaremos distrair por especulações teológicas; em vez disso, vamos nos concentrar nos aspectos que entendemos. No entanto, a fim de obter uma compreensão adequada destes capítulos, nos próximos dias incluirei na seção de Reflexão meditativa alguns artigos que considero úteis para abordar o tema de uma reflexão adequada sobre esses capítulos finais. Hoje, para variar, eu o animo a ler o artigo de Reflexão Meditativa antes de ler a passagem designada de hoje.
(1) Quando foi dado este oráculo? (v. 1)
(2) Qual poderia significar o fato de ele ter sido entregue nesse momento específico, especialmente para os exilados na Babilônia?
(3) Onde o Senhor escolheu mostrar esta visão a Ezequiel? (v. 2)
(4) Qual poderia ser a importância de seu contexto? (vide 17:22, 23; Miq. 4:1 e Isa. 2:2)
(5) O que o mensageiro angélico tem em suas mãos? (v. 3)
a. Nas profecias do VT, o que uma pessoa que segura uma corda ou vara de medir normalmente representa? (vide Lamentações 2:8; Amós 7:7)
b. Quão diferente será desta vez? (vide também Jeremias 31:39; Zacarias 2:2; Apocalipse 21:15 e ss.)
(6) O que o mensageiro angélico ordena que Ezequiel faça (por mais intrigante que nos pareça esta mensagem hoje)? (v. 4)
(7) O instrumento de medição (v. 5)
a. Que padrão foi usado para medir o templo de Salomão? (2 Crônicas 3:3)
b. Que padrão é usado para medir este novo templo?
c. O que sugere o fato de ele usar um novo padrão? (Block observa que o côvado usado aqui tinha um comprimento de aproximadamente 20,5 polegadas (52 cm), diferente do côvado de 1,5 pés.)
(8) Embora não possamos deduzir nenhum significado dessas medidas, utilizemos a tabela abaixo para observar e listar as medidas (cada côvado foi multiplicado por 20,5 polegadas) a fim de ter uma noção mais exata do desenho deste novo templo:
a. a parede (v. 5)
b. a porta externa que dá para o oriente (vv. 6-16; vide os elementos na figura 1 indicados com a letra A):
- a soleira da porta (v. 6)
- as salas dos guardas, as paredes salientes e a soleira da porta junto ao pórtico (v. 7)
- o pórtico da porta (vv. 8-9)
- dentro da porta voltada para o oeste:
1. a entrada da porta (v. 11)
2. o muro defronte de cada sala e as dimensões de cada nicho (v. 12)
3. a distância entre as salas (v. 13)
4. os tamanhos das paredes salientes ao redor da parte interna da entrada (v. 14)
5. o comprimento total da porta interna que dá para o oriente (v. 15)
6. Como eram decorados os pilares? (v. 16)
c. O pátio externo (vv. 17-19)
- Quantas quartos havia? (v. 17; vide item J )
- Qual é o comprimento do pátio externo? (v. 19)
d. A porta externa que dá para o norte (vv. 20-23)
- Os tamanhos são semelhantes aos da porta oriental (vv. 20-21)
- Sete degraus sobem até a porta (v. 22: isso significa que a porta oriental também tem 7 degraus)
- A distância entre a porta oriental e a porta que dá para o norte (v. 23, ou seja, aproximadamente 52m ou 170 pés)
e. A porta externa que dá para o sul (40:24-27)
- No que diz respeito ao seu desenho e medidas, a porta que dá para o sul parece ser idêntica às portas que dão para o oriente e o norte.
(9) Motivos para reflexão:
a. Por que Deus mostraria um esboço tão detalhado deste futuro templo?
b. Esta passagem inclui alguma órdem para construir o templo, ou somente as medidas?
c. O que essa visão teria significado para os exilados?
(10) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la à sua vida?
É útil consultar o diagrama abaixo (Figura 1. O recinto do templo) ao ler as várias medidas.
Chave:
A Outer gates (Portas externas) (40:5-16, 20-27)
B Inner gates (Portas internas) (40:28-37)
C Altar (O altar) (43:13-17)
D Templo (O templo) (40:48-41:11, 15-26)
E Binyān (Binyān) (41:12-14)
F Priestly sacristies (Sacristias sacerdotais) (42:1-14)
G Priestly chambers (Quartos sacerdotais) (40:44-46)
H Chamber of offerings (Quarto para os holocaustos) (40:38)
I Outer chambers (Quartos externos) (41:9b-10)
J Worshipper's chambers (Quartos para os adoradores) (40:17)
K Kitchens (Cozinhas) (46:19-24)
L Lower pavement (Piso inferior) (40:18)
M Inner Court (Pátio Interno) (40:44)
N Outer court (Pátio externo) (40:17-19)
“Em visões de Deus ele me levou a Israel e me pôs num monte muito alto, sobre o qual, no lado sul, havia alguns prédios que tinham a aparência de uma cidade.” (NVI-PT) (Ezequiel 40:2)
Em relação às muitas interpretações que já foram feitas do novo templo da visão de Ezequiel, Alexander nos deixa as seguintes palavras sensatas:
"Pelo contrário, aquele que estiver disposto a (1) deixar de lado suas idéias preconcebidas, (2) acreditar que o texto bíblico foi revelado com precisão ... e (3) aplicar um método gramatical-histórico-cultural normal ao abordar o texto, descobrirá que esta passagem não é tão difícil quanto talvez tenha pensado."
(Alexandre, 129).
Segue uma expressão da própria opinião de Alexander:
“Embora a aplicação do método de interpretação gramatical-histórico-cultural normal não elimine todas as dificuldades de interpretação, são poucas as questões que permanecem: (1) o relacionamento entre Ezequiel 40-48 e Apocalipse 21-22, (2) a questão da realização de sacrifícios durante o Milênio, e (3) o caráter apocalíptico do texto de Ezequiel 40-48.
“A primeira questão diz respeito à posição de Ezequiel 40-48 no programa profético. Muitos expositores competentes chegaram à conclusão de que esses capítulos descrevem o estado eterno descrito em Apocalipse 21-22, enquanto outros eruditos das escrituras igualmente qualificados argumentam que a visão de Ezequiel faz parte do Reino milenial. O autor, com base no estudo e comparação dos detalhes de Ezequiel 40-48 com os de Apocalipse 21-22, concorda com esta última interpretação (o Milênio).
“Embora haja semelhanças entre as duas passagens (por exemplo, as doze portas da cidade de Jerusalém com os nomes das doze tribos de Israel, o fato de a visão ser recebida numa montanha alta, a vara de medir com a qual o mensageiro na visão mede as estruturas e o rio que corre para o oriente para curar a terra) as diferenças são ainda maiores e exigem sua separação.
"Por exemplo, embora ambos os trechos descrevam um rio (47:1-12; Apocalipse 22:1-2), o rio descrito em Ezequiel emana do templo de Ezequiel (que não está localizado em Jerusalém...), enquanto o rio descrito em Apocalipse vem da cidade de Jerusalém e o trono de Deus. Em Ezequiel, o trono de Deus está no templo (43:7), enquanto em Apocalipse está em Jerusalém (Apocalipse 22:3). Embora tanto a passagem de Apocalipse quanto a de Ezequiel expliquem que não há templo na cidade (Ezequiel 48:8-22; Apocalipse 21:22), em Ezequiel o Templo e Jerusalém são dois lugares distintos, cada um com sua própria identidade. Em Apocalipse não há nenhuma estrutura de templo.
“As medidas das duas cidades não são as mesmas, independentemente da maneira como se procura entender a forma da cidade de Jerusalém em Apocalipse (Ezequiel 48:30-35; Apocalipse 21:15-17). No contexto de Ezequiel, as tribos de Israel recebem a porção de terra cujo limite ocidental é o mar, mas o trecho de Apocalipse declara que o mar não existe mais (Ezequiel 7:15-20; Apocalipse 21:1b). Essas divergências são suficientes para concluir que as duas passagens se referem a duas realidades diferentes.”
(Alexandre, 130-131)
40:28-46—Características interiores do complexo do templo
(1) As portas do muro interno (vv. 28-37; vide o item B):
a. A porta sul do pátio interno (vv. 28-31)
b. A porta leste do pátio interno (vv. 32-34)
c. A porta norte do pátio interno (vv. 35-37)
d. Seus desenhos e medidas são basicamente os mesmos das portas do pátio externo, exceto que, em vez de 7 degraus, cada portão tem 8 degraus que levam ao pórtico (vv. 31, 34, 37).
- Qual seria a razão espiritual (se houver) para as escadas que levam ao pórtico dos pátios internos terem mais um degrau?
(2) O quarto dos holocaustos na porta norte (vv. 38-43)
a. Que funções sacerdotais devem ser desempenhadas nestes quartos (um de cada lado da porta)? (v.38; vide item H )
b. Para que servem as outras mesas? (vv. 39-41)
c. Para que servem as mesas de pedra lavrada? (v. 42)
(3) Os quartos sacerdotais (vv. 44-47; vide item G)
a. Para quem é o quarto que dá para o sul? (v. 45)
b. Para quem é o quarto que dá para o norte? (v. 46)
c. Qual o tamanho do pátio interno? (v. 47)
d. Onde fica o altar? (v. 47b; vide item C )
(4) O pórtico do templo (vv. 48-49): Este trecho nos dá uma visão do interior do templo em si, começando com a antessala: o pórtico do templo.
a. Observemos medidas dos seguintes elementos:
- as colunas em ambos os lados (v. 48)
- a largura da entrada
- as paredes salientes em ambos os lados
- o pórtico em si (v. 49)
- Como os sacerdotes entram ao pórtico?
(5) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Filho do homem, fixe bem os olhos e procure ouvir bem, e preste atenção a tudo o que vou lhe mostrar, pois para isso você foi trazido aqui. Conte à nação de Israel tudo o que você vai ver.” (NVI-PT) (Ezequiel 40:4)
“Alexandre [Ezequiel, p. 945-46] vê no livro de Ezequiel um retrato do milênio e no livro de Apocalipse um retrato do estado eterno; aquele representa uma espécie de 'primeiros frutos', um microcosmo, um começo, deste. A menção de sacrifícios em Ezequiel fornece a base para a insistência dispensacionalista de que os sacrifícios desempenharão um papel no milênio. Diante da rejeição no NT de todo e qualquer sacrifício após o sacrifício definitivo de Cristo, a função dos sacrifícios é redefinida. Em vez de serem percebidos como eficazes (uma vez que somente o sacrifício de Cristo realmente é capaz de expiar o pecado), os holocaustos mosaicos servem como 'lições pictóricas' que apontam para a obra do Messias. Uma vez que os sacrifícios mileniais de Ezequiel remontam ao mesmo evento, eles podem ser considerados 'lições pictóricas comemorativas...'
“No entanto… parece melhor interpretar os capítulos 40-48 de maneira ideacional. Para o profeta, a questão principal não é a geografia física, mas as realidades espirituais. Assim como em sua visão anterior, os eventos históricos são descritos num âmbito teológico, e o foco do intérprete deve ser o valor ideacional daquilo que é observado. Na inauguração da obra profética de Ezequiel, sua visão de Javé entronizado acima dos querubins lhe assegurou que Deus estava presente, até mesmo entre os exilados na Babilônia (1:1-28a). A visão na qual ele ingeriu o rolo enfatizou a importância de aceitar a mensagem divina e incorporá-la em sua própria experiência (1:28b-3:15). A visão das abominações no templo e a conseqüente partida do kabod divino são uma justificação e racionalização teológica da devastação de Jerusalém por Nabucodonosor (8:1-11:25). A visão da ressurreição dos ossos secos não é uma profecia de ressurreição literal e individual, mas uma afirmação da certeza de que uma nova infusão do sopro de Javé ressuscitaria Israel.
“Embora mais complexo e extenso do que qualquer das visões anteriores, a visão de Ezequiel 40-48 deve ser interpretada de maneira semelhante. O profeta é iniciado nas realidades teológicas que aguardam o seu próprio povo. Enquanto os vv. 37:26-27 mencionaram que Javé estabeleceria uma residência permanente entre Seu povo após Sua volta, a visão atual retoma esse tema teológico e descreve a realidade espiritual em termos concretos...Ao apresentar esta constituição teológica para este novo Israel, Javé anuncia a correção de todos os velhos males e o estabelecimento de relacionamentos permanentes e saudáveis entre a divindade, a nação e a terra. A visão final de Ezequiel apresenta um elevado ideal espiritual: onde está Deus, está Sião... Com isso, Ezequiel lança as bases para a espiritualização paulina do templo. Sob a nova aliança, até mesmo as comunidades gentias podem ser transformadas no templo vivo de Deus (1 Coríntios 3:16-17). Além disso, através da presença do Espírito de Deus, os cristãos individuais tornam-se templos, a morada da divindade (1 Coríntios 6:19)”.
(NICOT, Ezequiel, 503, 505-6)
O mensageiro angelical continua medindo o templo
41:1-4—O espaço interior do templo
(1) A medida do Lugar Santo (vv. 1-2): Observe as medidas dos seguintes itens:
a. a largura dos pilares em cada lado (v. 1)
b. a largura da entrada (v. 2a)
c. a largura dos lados da entrada (expressão usada no ARC) (v. 2b)
d. o comprimento total do santuário exterior (v. 2c)
(2) O Lugar Santíssimo (vv. 3-4)
a. Observe as medidas dos seguintes elementos:
- a entrada e as paredes salientes (v. 3)
- o santuário interior em si (v. 4)
b. O que devia estar no Lugar Santíssimo (vide Hebreus 9:3-5)
c. Por que ela nem é mencionada?
(3) A parede e os quartos laterais (vv. 5-12): Observe o seguinte:
a. Qual é a espessura da parede do templo? (v. 5a)
b. Qual é a largura de cada quarto lateral? (v. 5b; vide item I)
c. Quais características são mencionadas em relação a esses quartos laterais? (vv. 6-7)
d. Como são descritas as suas bases e paredes externas? (vv. 8-9)
e. Como é descrita a área aberta? (vv. 10-11)
(4) O prédio no lado oeste do templo (v. 12; vide item E )
a. Qual é sua largura?
b. Qual é sua espessura e comprimento?
(5) As dimensões gerais do complexo do templo (vv. 13-15a):
a. Qual é o comprimento do templo, do pátio do templo e do prédio com sua parede? (v. 13)
b. Qual é a sua largura no lado leste? (v. 14)
c. E o comprimento do prédio no lado oeste (e também atrás) do templo? (v. 15a)
(6) A decoração e os móveis no interior (vv. 15b-26)
a. Decorações no interior (vv. 15b-20)
- Qual é o principal material usado para revestir a estrutura do templo? (vv. 15b-16)
- O que é usado para decorar as paredes? (vv. 17-18, 20)
- Qual é o aspecto das figuras dos querubins? (vv. 18b-19)
b. A Mesa da Presença e outras decorações (vv. 21-26)
- Qual é a função do altar de madeira? (v. 22)
- Onde é colocado? (vide Hebreus 9:1-2)
- Que decorações há nas portas duplas do santuário externo? (vv. 23-25)
- E nas janelas estreitas nas paredes laterais do pórtico? (v. 26)
(7) Qual é a mensagem principal para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?
“Depois o homem me levou ao santuário externo e mediu os batentes; a largura dos batentes era de três metros em cada lado.” (NVI-PT) (Ezequiel 41:1)
“Muitos leitores modernos que chegam a Ezequiel 41 têm a impressão de que estão lidando com uma porção das Escrituras que é quase inútil e com certeza tediosa. Além disso, também é desconcertante o fato de a descrição do templo e seus rituais nesta parte das Escrituras ser diferente de qualquer descrição que encontramos na lei ou em outras porções. No entanto, um famoso texto dos Manuscritos do Mar Morto nos mostra o quão importantes eram os temas e rituais do templo para os judeus antigos. Esse texto também mostra que os judeus estavam dispostos a aceitar a possibilidade de um novo conceito do ritualismo do templo. Esse importante texto é conhecido como o Pergaminho do Templo.
“Com suas 66 colunas de texto preservado, o Pergaminho do Templo (conhecido oficialmente como 11QTemple) é o maior dos Pergaminhos do Mar Morto. Sua autoria é desconhecida, e as datas de composição que têm sido propostas abrangem o período entre o século V a.C. e o século I d.C.; no entanto, há importantes razões para pensar que foi escrito durante o primeiro século a.C.
“Este texto é uma reformulação de várias passagens legais ao longo Pentateuco, começando com Êxodo 34 até o livro de Deuteronômio. Esses textos reescritos incluem instruções sobre a construção de um templo em Jerusalém e regulamentos para os sacrifícios e a pureza, bem como leis deuteronômicas (leis relacionadas com ou formuladas no estilo do livro de Deuteronômio). O pergaminho usa um tipo específico de exegese rabínica, com frequência chamada de "exegese no estilo midrash" para harmonizar as dificuldades do Pentateuco e criar uma nova lei unificada.
“Esta Torá reescrita não é uma simples paráfrase ou reformulação dos textos canônicos. Além disso, o autor fez várias omissões e acréscimos importantes para que essas leis mais antigas estivessem de acordo com as noções de sua própria comunidade. O pergaminho revisa o calendário das festas de maneira radical e inclui várias festas não mencionadas no antigo ciclo bíblico de dias santos. As instruções para a construção do templo, embora contenham certas semelhanças com aspectos do templo de Ezequiel, são diferentes daquelas que são encontradas em outras partes da Bíblia. Também é intrigante o fato de o autor ter alterado as palavras de Moisés para o povo, usando a primeira pessoa em vez de a terceira pessoa. O efeito disso foi colocar essas instruções revisadas na boca do próprio Deus!
“Esse estilo de interpretação bíblica tem levado alguns estudiosos a sugerir que os membros da comunidade de Qumran acreditavam que o Pergaminho do Templo tinha a mesma autoridade que o cânon do Antigo Testamento. De certa forma, o Pergaminho do Templo pode ser visto como uma nova iteração ou versão da lei. Ele parece imaginar um novo templo e uma nova forma de adoração no templo que substituiria o templo que existia na época, servindo como uma espécie de adoração provisória antes do início da Era Messiânica. O Pergaminho do Templo é evidência do fato de que uma ampla variedade de perspectivas religiosas fracassadas se desenvolveu durante o período intertestamentário, algumas das quais com razão poderiam ser chamadas de excêntricas. O rolo do templo provavelmente representa o ponto de vista de uma minoria extremista.
“Por outro lado, é importante perceber que a distribuição, os rituais e os dias santos do templo eram de vital importância para os antigos judeus. Esses assuntos podem parecer tediosos para os leitores modernos, mas isso só serve para revelar a diferença entre o nosso mundo e o deles. As leis rituais da época funcionavam como uma espécie de código que servia para transmitir os ideais religiosos entre os antigos judeus. Nesse sentido, é útil estar ciente da existência de textos como o Pergaminho do Templo ao estudar uma passagem como Ezequiel 41-48. Para os primeiros leitores de Ezequiel, uma nova visão do templo e seu ritualismo eram símbolos de uma nova era. O Pergaminho do Templo de Qumran transmitiu uma visão excêntrica e imperfeita do futuro do povo de Deus. Por outro lado, Ezequiel transmitiu uma visão canônica ortodoxa dentro do mesmo contexto cultural e usando o mesmo código usado no Pergaminho do Templo. Qualquer interpretação verossímil de Ezequiel 41-48 deve levar em conta a mensagem teológica que os antigos israelitas teriam extraído desta (para nós, misteriosa) descrição do templo."
(Archaeological Study Bible, 1371)