Guia devocional da Bíblia

Dia 1

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Daniel 1:1–21

Prefácio:

Embora na Bíblia Hebraica o Livro de Daniel apareça entre os livros conhecidos como os "Escritos", em nossa Bíblia ele está agrupado com os "Profetas". O nome Daniel significa "Deus é (meu) Juiz". Daniel ainda era um jovem nobre de Judá quando foi levado para a Babilônia na primeira deportação (605 a.C.). Os eventos descritos no livro abrangem o período histórico que começa durante o Império Babilônico e termina nos primeiros anos da era persa. Daniel provavelmente viveu até os oitenta anos ou mais. A importância deste livro vai além de seu período histórico, durante o qual a soberania de Deus é claramente demonstrada, uma vez que contém profecias que se cumpriram na época (e na pessoa) de Jesus Cristo, e outras que se cumprirão no fim dos tempos. A incrível precisão de suas profecias, as quais incluem eventos que ocorreram ao longo de vários séculos depois da época de Daniel, tem levado muitos estudiosos modernos a dizerem que este livro foi escrito durante o século II a.C. No entanto, apesar de que esses estudiosos confessam não acreditar na existência de profecias preditivas, citam como evidência de seus argumentos o uso extensivo da língua aramaica (2:4b–7:28), o suposto uso de termos gregos (para se referir a instrumentos musicais) e outras supostas evidências, a fim de chagar à conclusão de que Daniel não poderia ter escrito este livro, muito menos durante o século 6 a.C. Permitam-me citar Goldingay, que, em minha opinião, apresenta uma perspectiva imparcial com respeito a isso:

“O tipo de aramaico usado no livro ... é uma forma do aramaico imperial, o qual funcionou como a língua internacional do Oriente Médio durante grande parte da época do VT ... Esta forma inclui um número considerável de palavras acádias e persas, e três palavras gregas no capítulo 3; isso está em sintonia com o contexto de suas histórias na diáspora oriental. Há uma diferença apreciável entre este tipo de aramaico e o aramaico tardio de Qumran, mas ele poderia ter sido escrito em qualquer instante entre os últimos anos do século VI e os primeiros anos do século II a.C.; no entanto, é possível que a grafia tenha sido atualizada posteriormente como consequência do desenvolvimento contínuo da língua viva ... As palavras gregas dificilmente exigiriam uma data muito tardia, uma vez que a cultura grega já estava difundida no Oriente, inclusive na Palestina."
(Word Biblical Commentary, Goldingay, xxv)

É fundamental ler o livro de Daniel para entender o livro do Apocalipse. De acordo com certa fonte: "O livro do Apocalipse cita ou faz alusão ao conteúdo de cada capítulo de Daniel" (The Hebrew-Greek Key Study Bible). O livro de Daniel também está ligado aos relatos do Evangelho: Lucas começa seu relato do Evangelho com a aparição de Gabriel na hora do sacrifício noturno; Marcos começa seu relato do evangelho com a proclamação de Jesus de que o reino de Deus prometido por Daniel está próximo; e João desenvolve a mensagem da ressurreição encontrada em Daniel 12.

Diferentemente dos nossos estudos dos outros livros da Bíblia, cada dia de nosso Guia Devocional abrangerá a totalidade de cada evento (até onde for possível); por isso, o conteúdo de cada dia será um pouco mais extenso do que o normal.

(1) Imagine que você fosse um judeu como Daniel. Que significariam para você os eventos dos vv. 1-2: a derrota da nação, a destruição do templo, junto com a pilhagem de seus artigos sagrados (os quais foram levados para o templo dos ídolos da Babilônia) e sua própria vida no exílio?

(2) Que tipo de vida você poderia esperar como um exilado? O que você poderia fazer pelo Senhor e por seu país?

(3) Qual pode ter sido o propósito da política que Nabucodonosor aplica nos vv. 3-5?

(4) Uma vez que Daniel cumpria os critérios estabelecidos pelo rei, que termo(s) moderno(s) usaríamos para descrevê-lo?

(5) Os novos nomes (babilônios) que foram dados aos quatro homens judeus provavelmente significam o seguinte:

- Beltessazar: Bel (ou seja, Marduk) protegerá

- Sadraque: Mandamento de (ou inspirado por) Aku, o deus sumério da lua;

- Mesaque: Pertencente a Aku;

- Abede-Nego: Servo de Nego (provavelmente uma corrupção da palavra Nebo, um deus babilônico)

Quais podem ter sido os objetivos do oficial ao dar-lhes esses novos nomes? Funcionou?

(6) Daniel sabia que a comida e vinho reais teriam sido sacrificados aos deuses da Babilônia; no entanto, será que ele e seus amigos, como exilados, podiam escolher consumi-los ou não? Ele estava disposto a enfrentar as consequências de fazer um pedido tão ousado?

(7) O resultado surpreendente foi a consequência natural de uma dieta vegetariana, ou foi um milagre de Deus?

(8) Que lição você pode aprender de Daniel e seus amigos com respeito a isso?

(9) Para que função Daniel e seus amigos estavam sendo treinados? Em que tipo de ambiente Deus tinha colocado Daniel e seus amigos, judeus que O temiam? Que desafios específicos enfrentariam?

(10) Baseado nos seus estudos dos livros de Esdras e Neemias, você consegue lembrar a data do primeiro ano do rei Ciro? Nessa altura, quanto tempo Daniel teria morado ali ("ali" provavelmente se refere à Babilônia)?

(11) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Deus honra aqueles que O honram

Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho  ...” (NVI-PT). ( Dn. 1:8)

Para mim, o livro de Daniel tem sido um dos livros mais intrigantes da Bíblia desde que eu era uma criança na escola dominical; as histórias de Daniel na cova dos leões e a estátua de ouro de Nabucodonosor causaram uma profunda impressão na minha mente. Mas desde que aceitei a Cristo como meu Senhor e Salvador em meus últimos anos do ensino médio, o aspecto deste livro que continua a me atrair são suas lições espirituais, especialmente aqueles que aprendo da vida de Daniel e de seus três amigos. Na minha opinião, suas próprias vidas são a definição do que é a verdadeira fé em Deus.

Não tenho ideia de quão jovens eram Daniel e seus três amigos quando foram escolhidos para aprender a língua e a literatura dos babilônios a fim de serem incorporados ao serviço do rei. Mas a oportunidade que essa oferta representava para eles era o equivalente da oportunidade atual de ser convidado a estudar em Harvard; era uma oportunidade única na vida, sem mencionar que a alternativa teria sido continuar vivendo como exilados oprimidos numa terra estrangeira.

Apesar disso, Daniel e seus amigos não permitiram que essa oportunidade de avançar e serem reconhecidos pela sua inteligência subisse à sua cabeça. Eles sabiam quem eram: membros de um povo que havia pecado contra seu Senhor e que estava experimentando o justo castigo de Deus de viver como exilados numa terra estrangeira. Seus corações não tinham saído de sua terra natal, e seus espíritos permaneciam firmemente dedicados a seu Deus. A queda de sua nação só serviu para fortalecer sua lealdade e arrependimento perante Javé. Essa lealdade foi demonstrada quando se recusam a serem contaminados pela comida e vinho reais.

À luz das práticas pagãs que eram comuns na Mesopotâmia daquela época, não é difícil entender que a comida real e o vinho teriam estado envolvidos nos ritos de sacrifício dos deuses babilônios, e que, ao consumi-los eles estariam participando efetivamente dos sacrifícios desses pagãos. Mas o ato de recusar a comida e o vinho fornecidos pelo rei teria sido mais que um simples suicídio político. À luz do caráter implacável de Nabucodonosor, esses jovens poderiam ter sido executados por sua insubordinação:

- Será que eles não deviam ter feito o mesmo que os demais? Será que Deus não entenderia que, uma vez que eram exilados, eles realmente não tinham escolha?

- Talvez eles poderiam ter primeiro ganhado a confiança do rei para então, de forma paulatina, evitar comer e beber as iguarias reais;

- Se eles realmente queriam influenciar seus companheiros a conhecerem a autenticidade de sua religião, esse tipo de alienação certamente prejudicaria sua causa!

No final das contas, seu compromisso de honrar a Deus e não serem contaminados foi recompensado. Deus certamente honrará aqueles que O honram, assim como Ele promete em 1 Samuel 2:30.

Dia 2

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Daniel 2:1–30

(1) À primeira vista, a exigência do rei parecia absurda. No entanto, se a interpretação realmente fosse verdadeira, ela precisaria vir de alguma fonte divina. À luz disso, sua exigência de que a fonte divina fosse verificada realmente era tão irracional? Por que ou por que não?

(2) Qual pode ter sido a razão que Daniel e seus amigos não tinham sido convocados perante o rei para uma ocasião tão importante?

(3) Por que será que o rei decidiu dar tempo a Daniel?

(4) O que Daniel e seus amigos fizeram durante o tempo que o rei lhes deu?

(5) A julgar pelo seu louvor a Deus nos vv. 20-23, você acha que Daniel esperava que Deus lhe revelasse o sonho do rei? Por que ou por que não?

(6) Reflita um pouco mais sobre o louvor de Daniel, e identifique o que ele aprendeu sobre Deus por meio das seguintes coisas:

a. A resposta de Deus à sua oração

b. O conteúdo do sonho que lhe foi revelado

(7) Antes de apresentar sua resposta ao rei, por que Daniel aproveitou a oportunidade para dar crédito a Deus e desviar qualquer glória de si mesmo?

(8) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A verdade revelada

" Quanto a mim, esse mistério não me foi revelado porque eu tenha mais sabedoria do que os outros homens, mas para que tu, ó rei, saibas a interpretação e entendas o que passou pela tua mente" (NVI-PT). (Dn. 2:30)

O Cristianismo se destaca por ser uma "religião revelada"; isso o distingue de outras religiões ou sistemas religiosos que não afirmam que sua origem se encontra fora da ordem criada; tais religiões podem ser descritas como "religiões feitas pelo homem". Deixe-me citar Gatiss para explicar por que esta verdade é importante:

“A teologia cristã afirma que ela não é um compêndio de sabedoria antiga, ou seja, das melhores reflexões da humanidade sobre as questões de sua época; nem é 'um exercício de autoexpressão religiosa' ... Ao afirmar que o cristianismo é uma religião revelada, o separamos automaticamente da noção aristotélica de um Deus inativo, que só pode ser descoberto por meio da argumentação. Geralmente, ela também se refere a uma divindade ativa que participa num ato intencional de revelação, ao invés de um Deus passivo que simplesmente se permite ser conhecido. Um componente essencial dessa afirmação cristã é que Deus mesmo é o agente e o objeto da revelação." (Lee Gatiss, Is Christianity a Revealed Religion)

Isso é precisamente o que Daniel tentou enfatizar pouco antes de contar a Nabucodonosor não só a interpretação de seu sonho, mas também o seu conteúdo.

"Quanto a mim, esse mistério não me foi revelado porque eu tenha mais sabedoria do que os outros homens, mas para que tu, ó rei, saibas a interpretação e entendas o que passou pela tua mente" (NVI-PT). (Dn. 2:30)

Embora Daniel fosse muito sábio e bem educado, ele manteve que tal conhecimento sobre Deus e Seu plano não pode vir da sabedoria humana. A prerrogativa de revelar ou não revelar essa informação pertence exclusivamente a Deus. Eu acho que, por mais que Daniel e seus três amigos acreditassem que Deus revelaria a todos ou a um deles o sonho e sua interpretação, eles sabiam que, em última instância, a prerrogativa de fazê-lo pertencia a Deus.

Nesse sentido, nosso Senhor repreende aqueles que pensam que podem conhecer o mistério de Deus por meio da sabedoria humana:

Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos(NVI-PT). (Mat. 11:25)

De fato, Deus escolheu se revelar a Daniel não porque ele era sábio, mas porque ele, assim como uma criança, reconheceu sua total ignorância diante de Deus e expressou sua total dependência de Deus.

Dia 3

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Daniel 2:31–49

Uma vez que este é um estudo devocional, não nos preocuparemos com todos os debates sobre quais são as potências mundiais representadas pela estátua; mesmo assim, é importante reconhecer que o sonho obviamente apresenta os reinos humanos e os contrasta com o Reino dos Céus que virá e destruirá todas as potências humanas.

Independentemente das diversas formas como podemos relacionar esse sonho com a história, é importante notar o seguinte:

(1) “... O Deus dos céus concedeu-te domínio, poder, força e glória; nas tuas mãos ele colocou a humanidade, os animais selvagens e as aves do céu”(NVI-PT). (2:37-38)

a. Esta declaração se aplica somente ao Cabeça de Ouro, Nabucodonosor?

b. Qual responsabilidade foi dada por Deus a cada uma das potências mundiais?

(2) Qual seria o significado da diminuição progressiva do valor ou preciosidade dos metais usados para representar os poderes sucessivos?

(3) Faça uma lista dos detalhes fornecidos pelo texto sobre a pedra, sobre a maneira como ela esmaga a estátua e sobre o reino em que se converterá. O que isso revela sobre Cristo, Sua vinda e o "fim dos tempos"?

(4) O que Daniel enfatizou ao encerrar sua interpretação no v. 45? (vide também Apocalipse 22:6.)

(5) Como o rei reagiu diante da interpretação de Daniel? Por quê?

(6) O que ele aprendeu sobre o Deus de Daniel?

(7) Qual era o propósito de Deus ao dar aquele sonho a Nabucodonosor? Devemos concluir então que Nabucodonosor cria no Deus de Daniel? Por que ou por que não?

(8) Reflita sobre as seguintes consequências da exaltação de Daniel a uma posição tão influente dentro de uma importantíssima potência mundial:

a. Quais teriam sido as consequências para seu povo que vivia no exílio?

b. Qual pode ter sido a mensagem para eles?

c. Qual poderia ser a mensagem para nós hoje?

(9) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota:

Muitos estudiosos conservadores consideram que podemos entender (sem distorcer o significado do texto) que este trecho reflete o curso real da história após a dinastia babilônica:

a. A Cabeça de ouro, como o próprio Daniel explica, é o império da Babilônia.

b. O peito e braços de prata - provavelmente Medo-Pérsia

c. O ventre e os quadris de bronze - provavelmente Grécia

d. As pernas de ferro - provavelmente Roma, com seus impérios oriental e ocidental

e. Os pés e os dedos em parte de ferro e em parte de barro - esta é a parte menos certa; talvez represente os vários governantes e dinastias que governaram o Império Romano, ou talvez as várias potências mundiais que finalmente cessariam quando chegasse o governo total de Cristo.

Reflexão meditativa
O conceito pagão de Deus

Então o rei Nabucodonosor caiu prostrado diante de Daniel, prestou-lhe honra e ordenou que lhe fosse apresentada uma oferta...” (NVI-PT). (Dn. 2:46)

A reação do rei diante da revelação de seu sonho por Daniel, e o significado dessa reação, não são totalmente inesperados, uma vez que a revelação tinha que ser de origem divina. Até mesmo os astrólogos tinham admitido ao rei que "ninguém pode revelar isso ao rei, senão os deuses ..." (NVI-PT) (2:11). Daniel também deixou claro quem é esse Deus, o Deus que está nos céus (2:28).

Mas eu suspeito que Nabucodonosor ficou mais cativado pelo sonho e sua interpretação pelo fato de ele mesmo ser a cabeça de ouro da estátua. Ele era o rei dos reis a quem foi dado "domínio, poder, força e glória", e em cujas mãos foram dados "a humanidade, os animais selvagens e as aves do céu" (2:37-38) .

E apesar de ele ter se humilhado diante de Daniel e reconhecido seu Deus como o Deus dos deuses e o Senhor dos reis, isso não queria dizer necessariamente que Nabucodonosor se submeteu a Ele. O fato de ele ter feito uma imagem para todos adorarem (mais tarde, no capítulo 3), independentemente de se foi uma imagem de um de seus deuses ou de si mesmo, mostra claramente que ele continuou a adorar seus próprios deuses e continuou reinando de forma implacável.

Talvez você se pergunte por que ele não quis adorar a somente Javé depois de ter testemunhado esse ato extraordinário no qual Deus lhe deu um sonho e permitiu que Daniel, e somente Daniel, lhe revelasse seu significado.

Acho que a resposta pode estar ligado ao seu sistema de crenças, ou melhor, com o sistema de crenças dos pagãos. De acordo com os sistemas de crenças pagãos de sua época, os deuses eram divindades que não necessariamente estavam interessados nos assuntos humanos; e mesmo quando chegavam a ficar interessados, esses deuses não participavam neles de forma muito ativa. Embora pudessem punir e recompensar as pessoas com base em seus atos, eles também podiam ser influenciados pela lealdade, a qual os homens expressavam principalmente pela construção de grandes templos e pela oferta de sacrifícios extravagantes. A maneira como Nabucodonosor tratou Daniel foi sua forma de expressar seu maior respeito por seu Deus. No entanto, isso não significa necessariamente que ele tenha mudado o seu comportamento ético, nem rejeitado todos os outros deuses, uma vez que Ele é chamado "o Deus dos deuses" (2:47).

Aliás, além de seu orgulho étnico, não seria fácil para Nabucodonosor livrar-se de suas noções "tribais", de acordo com as quais ele ainda pensava em Javé como o Deus de Daniel, uma vez que ele usava a expressão "seu Deus" (2:47) para se referir a Ele na presença de Daniel.

Isso me lembra de um erro que cometi quando não levei em conta a influência que o sistema de crenças pagãs tinha sobre certa pessoa que eu tinha guiado a Cristo e que vinha de um contexto de culto aos antepassados. Depois de se converter a Cristo, ela começou a orar ao Senhor Jesus em vez de orar aos seus outros deuses; no entanto, ele orava a Jesus queimando incenso. Por causa de sua crença pagã, essa era a única forma de oração que ela tinha conhecido durante toda a vida. Quando soubemos, imediatamente lhe ensinamos a forma correta de orar, a saber, em espírito e em verdade.

Dia 4

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Daniel 3:1–18

(1) Nesta passagem, Nabucodonosor constrói uma enorme estátua de ouro:

a. Com base neste capítulo, o que você acha que foi o impacto do sonho e sua interpretação no capítulo 2 sobre o rei?

b. O fato de o rei ter se humilhado e se submetido ao "Deus dos deuses" (2:46-47) realmente o ajudou?

c. A Bíblia não diz à imagem de quem esta estátua foi feita. Você acha que foi feita à imagem de um dos deuses da Babilônia, ou à imagem de Nabucodonosor? Por quê?

(2) É evidente que a construção de uma estátua tão grande teria levado tempo, o qual teria dado aos três amigos de Daniel uma oportunidade para pensarem sobre o que fariam na cerimônia de dedicação, à qual eles teriam que comparecer em função de seus cargos.

a. O que eles podem ter feito para se preparar para essa ocasião?

b. Quais seriam as vantagens e desvantagens nas quais eles teriam pensado?

c. Em que basearam sua decisão final?

(3) Quais eram as posições oficiais dos três amigos de Daniel naquela época e quem foram os que se apresentaram para denunciá-los? Qual poderia ter sido sua motivação ao fazer a denúncia?

(4) Embora o rei estivesse cheio de raiva, ele executou imediatamente a sentença de jogar os três amigos no fogo?

(5) Por que o rei fez essa exceção tão rara, dando-lhes uma segunda chance? Ele tinha outra opção?

(6) Apesar de que ele lhes estava dando uma segunda chance, como o rei concluiu sua advertência? Ele estava falando a sério? Por que ou por que não?

(7) Os três amigos deram uma resposta que define o que é a verdadeira fé bíblica:

a. Eles criam no poder de Deus para resgatá-los da fornalha em chamas?

b. Eles acreditavam que Deus os resgataria da fornalha em chamas?

c. O que aconteceria se Deus, em Sua vontade soberana, decidisse não resgatá-los? Eles renunciariam à sua fé em Deus? Porque não?

d. Em que sentido sua decisão define o que é a verdadeira fé bíblica?

(8) Avalie a sua própria fé em Deus. Ela depende do fato de Deus responder ou não à sua oração, especialmente quando você quer que Ele o livre (ou um ente querido) da morte?

(9) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
Uma fé desinteressada

Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer” (NVI-PT) (Dn. 3:18)

Com frequência, a prova máxima da nossa fé em Deus é a morte, quer seja nossa ou a de um ente querido.

Já encontrei muitos cristãos que enfrentaram a morte com tanta calma que refletiam uma verdadeira fé no sacrifício expiatório de Cristo e Sua submissão à vontade dEle. Isso não quer dizer que eles não sentiriam a falta de seus entes queridos ou que não ficariam tristes com a dor que sua morte causaria para seus entes queridos, mas que a certeza da vida eterna e o perdão de seus pecados lhes haviam dado uma paz que transcendeu essas dores.

Por outro lado, também já encontrei muitos cristãos que enfrentaram a morte não só com tristeza, mas também com medo. Isso não quer dizer que eles não tivessem fé em Deus ou que duvidassem de seu destino eterno, mas que eles morreram de forma não muito diferente de qualquer descrente.

Porém, os casos mais tristes que já encontrei são aqueles de crentes que abandonaram sua fé em Deus porque Deus não curou um ente querido que realmente tinha nascido de novo em Cristo, mas permitiu que morresse. Minha intenção não é ser insensível com essas pessoas; no entanto, suas ações me levam a perguntar se sua fé no Senhor Jesus se baseava na condição de que suas orações fossem atendidas, uma noção que é típica das religiões pagãs.

Tenho tido a bênção de andar junto a alguns cristãos que, mesmo diante do que parecia ser a morte prematura de um de seus entes queridos - filhos ou cônjuges (check English text here) - foram capazes de dar graças a Deus apesar dessas circunstâncias. Esse tipo de fé é semelhante à fé de Jó e dos três amigos de Daniel, uma fé que alguns teólogos chamam de "fé desinteressada", ou seja, uma fé em Deus que não é baseada nos "próprios interesses".

Jó perdeu a grande maioria de seus bens, senão todos. Pior ainda, ele perdeu seus dez filhos; mesmo nessa extrema aflição e dor, ele disse: “Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” (NVI-PT). (Jó 1:21)

Da mesma forma, os três amigos de Daniel, apesar de estarem enfrentando a fornalha em chamas, recusaram-se com estas palavras a se curvar diante da imagem erguida por Nabucodonosor: “Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer". (Dn. 3:18)

Hoje, Deus ainda está buscando pessoas que estão dispostas a seguir os passos de Jó e dos três amigos de Daniel.

Que tipo de fé você tem?

Dia 5

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Daniel 3:19–30

(1) Quem censuraria Nabucodonosor por sua mudança de atitude para com os três amigos? Você o faria? Por que ou por que não?

(2) Por que ele deu ordens para que a fornalha fosse aquecida sete vezes mais que de costume? A temperatura normal do forno não teria sido suficiente para queimá-los até a morte?

(3) Ele realmente precisava usar "os soldados mais fortes" para amarrá-los?

(4) O que a morte desses soldados pelo fogo nos mostra?

(5) A quarta pessoa no fogo parecia "um filho dos deuses". O que isso significa? Quem é esta quarta pessoa?

(6) Como esta cena é uma ilustração da promessa de Deus em Mateus 28:20 de estar sempre conosco?

(7) A Sua presença significa necessariamente que nunca seremos prejudicados, como no caso dos três amigos de Daniel? Por que ou por que não?

(8) Além do fato de eles não serem prejudicados, o que nos mostra a descrição detalhada de suas roupas e seu cheiro?

(9) Como o rei mostrou sua reverência e submissão ao Deus dos três amigos?

(10) Como o rei descreveu a fé desses três judeus? Isso significa necessariamente que ele creu em seu Deus? Por que ou por que não?

(11) Que lição podemos aprender destes três amigos sobre não ceder à pressão que enfrentamos na sociedade?

(12) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Reflexão meditativa
A pressão da conformidade

Mas há alguns judeus que nomeaste para administrar a província da Babilônia ... que não te dão ouvidos, ó rei. Não prestam culto aos teus deuses nem adoram a imagem de ouro que mandaste erguer (NVI-PT). (Dn. 3:12)

Com frequência quando em pequenos grupos falamos sobre a pressão imposta pela cultura que busca nos conformar a ela, ouço repetidamente comentários como este: "Simplesmente não é possível sempre aplicar os ensinamentos bíblicos no mundo dos negócios."

Quando peço que me deem alguns exemplos "práticos", recebo respostas como as seguintes:

- Se você não pagar "por debaixo da mesa", não conseguirá o contrato;

- Se você não jogar Mahjong (ou frequentar o bar ou a discoteca) com eles, será considerado um estranho e não terá nenhuma chance de promoção;

- Todo o mundo faz; não é grande coisa (com referência a não informar parte da renda ou exagerar no relatório de despesas).

A verdade é que nenhum desses exemplos é uma situação de vida ou morte e, em última análise, em todas elas a questão central a se estamos dispostos a abrir mão de alguma receita extra ou sofrer alguma perda financeira.

Mas o que os três amigos enfrentaram ao não se curvarem à imagem erguida pelo rei foi uma situação de vida ou morte que, é claro, envolvia toda a família, sem mencionar a perda de sua alta posição e grande rendimento. A permissão especial que tinham recebido durante seu período de preparação para manter sua dieta especial certamente teria despertado os ciúmes de seus colegas. O fato de eles continuarem a observar sua religião, o qual provavelmente incluía guardar o sábado, não teria sido bem recebido por muitos dos influentes oficiais da corte. Agora, sua desobediência flagrante ao decreto real de se prostrar na cerimônia de dedicação da estátua de ouro deu aos seus adversários de longa data uma excelente oportunidade para acabar com eles. Mas eles não vacilaram, nem por um segundo!

Como eles conseguiram manter uma atitude tão firme e intransigente num assunto tão sério e num momento tão crítico? A resposta não deve ser difícil de entender, uma vez que Jesus nos exorta:

Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito(NVI-PT). (Lc. 16:10)

Nunca vi Deus usar ninguém que tenha cedido nas "pequenas coisas" para realizar algo importante para o Seu Reino.

Dia 6

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Daniel 4:1–37

(1) Qual poderia ser a razão que levou Nabucodonosor a decidir contar sua própria história?

(2) Uma vez que Daniel já havia lhe dado a interpretação de seu sonho (no capítulo dois), Nabucodonosor sabia que o Espírito de Deus estava em Daniel:

a. Por que, então, ele teria continuado a consultar seus outros magos, encantadores, astrólogos e adivinhos?

b. Por que, então, ele teria continuado a chamar Daniel de Beltsasar, o nome de seu próprio deus?

(3) Qual foi o propósito de Deus ao infligir essa doença estranha a ele? (vide a Nota abaixo.)

(4) Qual foi o conselho que Daniel deu ao rei quando interpretou seu sonho?

(5) Seu conselho teve algum impacto sobre o rei? Por que ou por que não?

(6) Por que é tão difícil para o rei se humilhar? É difícil para você também?

(7) O que Deus poderia ter feito com este rei arrogante em vez de causar-lhe o que provavelmente foi uma doença incomum que durou 7 anos (quer dizer, ele poderia ter cortado ou arrancado a árvore inteira, mas não o fez; por que Deus permitiu que o toco ficasse)?

(8) A história começa e termina com um poema de louvor (v. 3 e vv. 34-35):

a. Como o rei se dirige a Deus?

b. Qual ideia é repetida em ambos os poemas? O que isso nos diz sobre o que o rei tinha aprendido com esta experiência específica?

c. Com base no poema final, você consegue identificar o que o rei aprendeu sobre a soberania de Deus?

(9) Nabucodonosor lamentou o fato de que ele teve que passar por esse processo de humilhação? Como sabemos?

(10) Você já foi disciplinado ou humilhado por Deus? Você aprecia ou lamenta essa experiência? Por que ou por que não?

(11) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota:

"A doença descrita em Daniel 4:22-34 parece ter sido um transtorno delirante ... um desses transtornos é a licantropia, na qual os pacientes imaginam que são lobos." (Archaeological Study Bible, 1391)

Reflexão meditativa
A misericórdia persistente de Deus

Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres …” (ARC). (Dn. 4:27)

Embora seja questionável se Nabucodonosor finalmente se converteu e adorou somente a Javé  como seu Deus, o que é claríssimo é que Deus escolheu dar-lhe muitas oportunidades de se arrepender e conhecê-Lo.

Embora Nabucodonosor possa não ter estado ciente disso, Deus o estava usando para disciplinar Seu povo por seus pecados de adorar os ídolos e se afastar dEle. Em outras palavras, sua ascensão ao poder não foi acidental, mas parte do plano eterno de Deus para trazer a salvação ao Seu povo. A destruição da nação de Israel, a qual foi realizada por meio de Nabucodonosor, durou cerca de 2.500 anos.

E, por alguma razão, Deus decidiu que era conveniente revelar-lhe, através do sonho da enorme estátua (Dn. 2), o Seu plano soberano para acabar com todas as potências humanos. Em preparação para esta revelação, Deus colocou Daniel e seus três amigos perto de Nabucodonosor, não só para fazê-lo entender o sonho, mas também para que ele percebesse, sem qualquer dúvida, que o sonho tinha vindo do Deus do céu. Infelizmente, parece que o sonho, em vez de convertê-lo para que adorasse o Único e Verdadeiro Deus do Céu e entendesse seu papel em Seu plano eterno, deu-lhe a ilusão de que, uma vez que ele era a "cabeça de ouro", seu poder estava assegurado, e que ele de alguma forma merecia ser o governante mais poderoso que já existiu. Eu acredito que a interpretação que Daniel deu de seu sonho tenha influenciado muito sua decisão de construir a imagem de ouro (Dn. 3).

No entanto, pela misericórdia de Deus, sua arrogância implacável o colocou face a face com o Deus dos três ousados amigos de Daniel. Mais uma vez, ele teve que se humilhar e reconhecer a grandeza desse Deus do céu. No entanto, pode-se presumir que ele não renunciou aos seus outros deuses, nem à sua maldade, nem à sua arrogância.

Em seguida, Deus lhe deu mais um sonho para adverti-lo sobre a disciplina que ele receberia nas mãos de Deus, a saber, uma doença que o converteria num ser semelhante a um lobo. Uma vez mais, foi Daniel quem interpretou o sonho, e esta vez lhe deu um aviso muito severo: “Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres ... ”. (Dn. 4:27)

É interessante notar que no sonho a árvore não é cortada totalmente, mas é deixado um toco. Por que Deus seria tão misericordioso com um governante tão cruel? Por que lhe daria uma chance após outra? Será que, desta vez, ele ouviria o conselho de Daniel e se arrependeria? A resposta é não, não mudou nada, e a profecia de Daniel se cumpriu depois de 12 meses.

Minha opinião pessoal é que Nabucodonosor finalmente aprendeu sua lição; minha convicção se baseia não tanto nas palavras de humildade que ele proferiu depois que sua sanidade e poder foram restaurados, mas no fato de ele ter reconhecido que o que Deus havia feito (punindo-o) era justo, e que Ele “pode humilhar aos que andam na soberba(ARC) (Dn. 4:37). Minha convicção é baseada na misericórdia de Deus. Não acredito que os esforços de Deus ao perseguir Nabucodonosor com tanta persistência tenham sido em vão.

Dia 7

Leia a passagem pelo menos duas vezes, refletindo sobre ela com cuidado. Em seguida, considere as perguntas abaixo:

Reflexão sobre as Escrituras
Daniel 5:1–31

(1) Não era tão incomum que um rei oferecesse um banquete suntuoso. Assim sendo, o que fez com que este banquete organizado pelo rei Belsazar fosse tão ofensivo a Deus?

(2) O que revela a declaração de que "beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra..." (ARC)?

(3) Embora seja compreensível que ele tenha se sentido assustado ao ver o aparecimento dos dedos que escreviam na parede, o que o tornou ainda mais assustador foram as circunstâncias em que isso aconteceu. Tente imaginar a cena imediatamente anterior ao aparecimento dos dedos para descobrir por que o rei ficou tão assustado que "os seus joelhos bateram um no outro" (5:6).

(4) À luz da forma como a rainha-mãe apresentou Daniel, e da forma como Belsazar falou com ele, o que parece ter acontecido com Daniel depois da morte de Nabucodonosor?

(5) Qual foi o nome que a rainha-mãe usou para se referir a Daniel?

(6) Por que Daniel respondeu de forma tão indelicada a esse rei quando ele (aparentemente) sempre foi muito respeitoso com Nabucodonosor?

(7) Por que Daniel considerou necessário mencionar o incidente da doença de Nabucodonosor a Belsazar nesse momento exato?

(8) Como isso aumentou ainda mais a culpa do rei?

(9) Os estudiosos ainda não conseguiram identificar o significado exato das três palavras escritas na parede, mas supõem que em essência são substantivos que se referem a unidades de medida. Mas a melhor explicação já foi dada pelo próprio Daniel:

a. Mene (mina): Daniel explicou que o significado desta palavra é que Deus já determinou o número dos dias do rei e pôs fim ao seu reinado.

b. Tequel (siclo): Daniel explicou que o rei já havia sido pesado na balança e achado em falta;

c. Parsim (metade): Daniel também profetizou que seu reino seria dividido entre os medos e os persas.

O que cada um desses termos significa para você?

(10) Qual é a principal mensagem para você hoje, e como você pode aplicá-la em sua vida?

Nota:

  1. Durante muitos anos, os estudiosos liberais afirmavam que Belsazar é um personagem fictício, uma vez que na história extra-bíblica da Babilônia não havia nenhuma menção dele como rei; esse argumento era usado junto com os outros cujo propósito era atacar a credibilidade do livro de Daniel. Hoje, como consequência de pesquisas arqueológicas, até mesmo os estudiosos liberais têm que admitir que esse rei realmente existiu, e que era filho de Nabonido, que estava liderando uma expedição na Arábia quando a "escritura na parede" ocorreu. É por isso que Belsazar só podia oferecer a Daniel a posição de terceiro em importância no governo do reino. Eu acredito que há nisso uma lição importante que devemos aprender: não precisamos ser tão rápidos para atribuir as aparentes discrepâncias entre a Bíblia e a história secular a erros cometidos por copistas.
  2. A última palavra na parede, Parsim, merece mais atenção, uma vez que Daniel não mencionou um reino persa unido, mas um reino que em sua época ainda estava dividido. Isso sugere que o Dario mencionado no livro de Daniel não tenha sido o mesmo homem que subiu ao trono 20 anos depois de Ciro, antes "pode ter sido um nome de trono usado por algum governante que nós conhecemos por outro nome" (Word, Goldingay, 112).

Reflexão meditativa
A palavra revelada de Deus

Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. E Dario, o medo, ocupou o reino, na idade de sessenta e dois anos” (NVI-PT). (Dn. 5:30-31)

Estes dois versículos do livro de Daniel (5:30-31) têm sido um objeto de controvérsia e especulação, e a base para os ataques de certas pessoas que procuram usar a história para destruir a credibilidade do livro.

Um dos detalhes que antes era considerado um erro óbvio é o fato de que por mais de dois mil anos, nenhum documento histórico existente, menos a Bíblia (exceto o Livro deuterocanônico de Baruch, que foi baseado no próprio livro de Daniel), mencionava o nome de Belsazar como rei da Babilônia, muito menos que ele teria sido o último rei da Babilônia.

Outro detalhe era que, uma vez mais, nenhum documento extra-bíblico mencionava um certo Dario que era conhecido como Dario, o medo.

Finalmente, o rei persa que derrubou o último dos reis babilônios foi Ciro, o Grande, não Dario.

No entanto, com o descobrimento do Cilindro de Nabonido em 1854 por J. G. Taylor, e a aquisição da Narrativa em Verso de Nabonido pelo Museu Britânico em 1879, a primeira pergunta sobre a existência de Belsazar foi silenciada.

Ambas as descobertas confirmaram que Belsazar era filho desse último rei da Babilônia, Nabonido, um rei que estava tão interessado na arqueologia que nomeou o seu filho como co-regente e partiu numa expedição à Arábia. Isso corrobora totalmente o relato de Daniel e explica por que Belsazar só poderia lhe oferecer a posição de terceiro em importância na nação.

Alguns leitores devem ter notado que com frequência incluo neste Guia Devocional citações da obra de Keil e Delitszch. Embora esses estudiosos tenham sido parte de uma geração mais antiga de comentaristas, eles produziram alguns dos melhores comentários em alemão que ignoram a crítica moderna e consideram o Velho Testamento e o Novo Testamento a "palavra revelada de Deus". Eles também consideravam que o desenvolvimento da ciência teológica alemã era uma fase de erro passageira.

No entanto, é interessante ler seus argumentos (que ocupam mais de 11 páginas) sobre a possível identidade de Belsazar. Seu tratamento abrangente dos relatos de historiadores como Heródoto e Josefo é extremamente erudito e equilibrado. No entanto, uma vez que o cilindro de Nabonido e a Narrativa em Verso de Nabonido ainda não haviam sido descobertos, eles chegaram à conclusão de que Belsazar provavelmente era o próprio Nabonido.

Embora eu admire o compromisso de Keil e Delitzsch de considerar a Bíblia como a "palavra revelada de Deus", esta questão específica me ensina duas lições importantes.

Se realmente estivermos comprometidos com a postura de que a Bíblia é a "palavra revelada de Deus", chegaremos às seguintes conclusões:

(1) É melhor seguir o conselho deste antigo ditado rabínico: Confessemos aquilo que não sabemos (especialmente em questões de aparentes discrepâncias entre a Bíblia e os relatos históricos seculares).

(2) É sábio avaliar a confiabilidade da história secular com base nos relatos bíblicos e não vice-versa; e é insensato ser rápidos em atribuir as discrepâncias a erros cometidos por copistas.